POTENCIAL DE CRESCIMENTO DO FLANKER

O primeiro lote de caças escolhido para o programa FX será usado pelo 1º GDA em Anápolis com a função primária de defesa aérea e com capacidade secundária de ataque ao solo, como já ocorre com os Mirage III EBR. A partir do segundo lote, as aeronaves virão com todo seu potencial multifuncional, desenvolvido para equipar o 1º Grupo de Caça em Santa Cruz e o 14º Grupo de Aviação em Canoas.

O potencial de crescimento dos concorrentes do Projeto FX é um requisito importante para determinar as capacidades potenciais que podem ter no futuro e não só as que apresentam no presente.

Os sensores, armas e sistemas são uma das chaves para determinar o sucesso em uma campanha aérea. Este artigo explora o potencial de crescimento de muitas tecnologias básicas usadas para implementar sensores, armas e sistemas nas próximas gerações de caças e que podem estar disponíveis para os futuros caças do programa FX ou como possível ameaça. Os sensores, armas e sistemas são a base do desenvolvimento dos futuros caças.

Os custos de uma aeronave de combate atual são tão grandes que ela deve desempenhar mais de uma tarefa ao mesmo tempo. O requerimento de multifunção faz lembrar que é um sistema de arma e que o motor, estrutura e eletrônicos têm que trabalhar em conjunto, conversando de modo amigável com o piloto através do cockpit.

O FX em uma Campanha Aérea

O controle do ar é uma campanha onde as operações são conduzidas com o objetivo de ganhar a liberdade de ação no ar. Após estabelecer o controle, outras campanhas aéreas, terrestres e marítimas podem ser conduzidas quando e onde desejadas, sem prejuízo causado pela força aérea inimiga.

Conseguir o controle aéreo significa derrotar ou anular os efeitos do poder aéreo inimigo, tanto no ar quanto na superfície. Superioridade aérea é o domínio no ar restrito pelo tempo ou espaço, ou ambos.

O objetivo primário do FX será manter a superioridade aérea sobre o TOA ou outras áreas de operações.

O que acontecerá sem a superioridade aérea:
- As forças brasileiras podem ser atacadas pelo ar ou por terra;
- As aeronaves de transporte, reabastecimento aéreo e patrulha marítima podem ser atacadas
  no ar e no solo;
- Forças terrestres e marítimas podem ser atacadas pelo ar;
- Linhas de comunicações terrestres a marítimas podem ser atacadas, e
- Meios econômicos nacionais podem ser atacados.

Em uma campanha de superioridade aérea é necessário identificar os objetivos da campanha e as categorias de missões a serem desempenhadas para atingí-los.

Uma campanha de superioridade aérea é uma séria de operações coordenadas para manter o controle do ar. Tradicionalmente, o controle do ar era conseguido através da derrota da força de caças inimigos.

Nas décadas recentes, foi observada uma mudança na direção de desenvolvimento de Sistemas de Defesa Aérea Integrada (IADS). Nesses sistemas, as defesas do oponente estão baseadas na ligação e apoio mútuo do arsenal de caças, mísseis antiaéreos e sensores baseados em terra, principalmente o radar. O último desenvolvimento tem sido incorporar sensores aéreos e orbitais nesse conjunto.

O controle do ar demanda que seja obtida uma derrota decisiva nesse sistema integrado e complexo de sistemas baseados em terra e no ar.

Para conseguir-se isso, os atacantes devem ser capazes de serem superiores em várias tarefas, como:

- Combate aéreo ofensivo entre caças (caças, sensores e armas superiores, caças com
   persistência de combate superior);
- Operações aéreas ofensivas contra bases aéreas;
- Defesa aérea contra ataques aéreos inimigos;
- Supressão e destruição das defesas aéreas inimigas (SEAD/DEAD), ativa ou passivamente
  (hard e soft kill);
- Vigilância e reconhecimento (Sistema de Comando & Controle, alerta antecipado e vigilância
  superior);
- Doutrina, estratégia, táticas e treino superiores;
- Superioridade numérica em pilotos, caças, aeronaves AEW e REVO;
- Guerra de Informação e Combate Eletrônico (IW/GE)

A última tarefa pode ter a taxinomia questionada, mas é um componente essencial de uma campanha aérea de ter a capacidade de negar ao oponente a capacidade de usar seus sensores e sistemas de comando, controle, inteligência, vigilância, reconhecimento e designação de alvos (C4ISRT), enquanto tenta evitar que o inimigo de faça o mesmo.

As tarefas acima podem ser realizadas por aeronaves especializadas ou não. A incorporação de algumas dessas capacidades em quaisquer aeronaves resulta em custos proibitivos em maquinário e treinamento. Os avanços tecnológicos têm levado ao desenvolvimentos de caças multifuncionais capazes de cobrir uma grande porção do espectro de capacidades ao explorar sensores especializados em casulos e armas de uso específico.

As demandas dos caças modernos devem ser as seguintes:

- Ter capacidade de derrotar os mísseis BVR (Beyond visual range - longo alcance) inimigos, o que é feito com aerodinâmica superior, sensores melhores, baixa assinatura e tempo de reação
curto;

- Capacidade de se defender do inimigo em combate WVR (with visual range - curto alcance),  com  mísseis ou outras armas, sendo necessários aerodinâmica superior, contramedidas efetivas,
sensores menores, baixa assinatura e tempo de reação superior;

- Capacidade de destruir os meios aéreos do oponente no solo e destruir sua infra-estrutura de
apoio, o que requer a capacidade de penetrar nas defesas e lançar armas com precisão, e

- Capacidade de derrotar as defesas aéreas inimigas baseadas em terra (GBAD) com redução
de assinatura, interferência/despistamente e ataque direto.

A implementação dessas capacidades dependem de disponibilidade de tecnologias críticas. Quanto mais tecnologia possa ser adicionada ao caça, maior a letalidade e a flexibilidade operacional.

Tecnologias Básicas e Evolução

A importância da tecnologia básica está no fato de impor limites nas capacidades e no potencial de crescimento nas capacidades possíveis de uma certa plataforma, sensores, armas ou sistemas.

Nas décadas de 70 e 80, o combate aéreo foi aperfeiçoado com o aparecimento de conceitos e sistemas como HUD, HOTAS, MFD e relação peso/potência maior que 1.0 de caças como F-15, F-16 e F-18. As melhorias estavam ligadas com a interface homem-máquina e combate aéreo a curta distância.

A década de 90 foi caracterizada pela evolução significativa do crescimento em várias áreas chaves de tecnologia básica:

- computação
- semi-condutores de alta densidade
- semicondutores de microonda
- Antenas em fase(phased array)
- GPS e navegação
- Sensores infravermelhos optrônicos em fase (Focal Plane Arrays)
- Displays planos
- Displays montados no capacete (HMD)
- Lasers de alta energia
- Tecnologia de microonda de alta potência
- Propulsão turbofan com supercruzeiro
- Propulsão Ramjet
- Controle de assinatura do radar
- Fusão de sensores

Todos têm importância em uma campanha de superioridade aérea no futuro. Os caças com capacidade de evolução devem ser prioridades em relação aos que não têm essa capacidade de serem continuamente atualizados, seja com chips, software e outros componentes. Os países detentores dessas tecnologias, principalemente os EUA, a estão usando para direcionar o combate aéreo para doutrinas de combate a longa distância (Stand-off Warfare) e guerra furtiva (Stealth Warfare).

Computadores

A computação é de importância central por estar incluída, em graus variados, em quase todos os componentes e subsistemas de tecnologia militar.

No hardware de computador, a lei de Moore permanece válida no futuro previsível. Ela prediz que a potência dos computadores por dólar dobra a cada oito meses. Em 2010, é esperado que uma memória DRAM de chip terá capacidade de 10 Gb.

O futuro está no uso de processadores centrais redundantes, como o JIAWG/PI usado no F-22 e o IEEE SCI proposto para o JSF. Nesses sistemas, todos os sensores, sistemas e mostradores estarão acoplados ao processador central para realização das rotinas. Data bus de alta velocidade conectará os sensores ao processador central.

Os processadores 486 têm sido suficientes (a maioria dos caças nem têm essa capacidade) e foi escolhido para equipar o Flanker no lugar de CPUs mais potentes por não ter seus circuitos muito próximos, o que os torna vulneráveis a ataque eletrônico e podem até se tornar inoperantes em    grandes altitudes devido à interferência de raios cósmicos, um problema comum nos que tentam usar o Pentium do seu laptop em vôos comerciais.

O velho 486 é altamente resistente ou imune a esses problemas e também é usado por israel em seus eletrônicos. Ele realmente não se compara aos poderosamente blindados CPUs dos computadores militares encontrados nos F-22, Rafale e Typhoon. É bom lembrar que os primeiros modelos do F-15, F-18, F-16, F-117 e B-2 usavam 8086.

Alguns exemplos de evoluções em outros subsistemas devido à computação foram os modos de radar para identificação de alvos a longa distância e o projeto de aeronaves furtivas que também depende de computação para planejamento de missão.

Radar e meios de Micronda

Nos semicondutores de microonda o uso mais importante está nos módulos transmissores / receptores para antenas em fase (Phased Array - PA) através dos Monolithic Microwave Integrated Circuits - MMIC. O preço é de centenas de dólares por unidade, mas o uso comercial deve reduzir o preço.

Os MMIC de GaAs empregados nos módulos TR de banda X usados nos caças e cabeças de busca de mísseis ainda são limitados em termos de potência de saída. Porém, um radar com 2.000 (dois mil) módulos TR libera várias vezes a potência de um radar convencional. Os radares PA permitem projetos reais de baixa probabilidade de interceptação (LPI) com estrutura de baixo RCS.

Em termos de desempenho, os radares contemporâneos produzem menos de 40 a 50 dB de lobo principal. Os módulos TR de 6,7 ou 8 bits de fase e controle de amplitude podem baixar em muito esse limite.

Radares PA também permitem o uso de modos de radares múltiplos, simultaneamente. Os sistemas atuais levam milisegundos para mudarem de modo. Os módulos TR melhoram essa capacidade por um fator de MIL.

A disponibilidade de um radar PA é várias vezes superior ao de uma antena rotativa devido à  probabilidade insignificante de falha catastrófica do sistema todo. Falhas em alguns módulos TR não atrapalham em praticamente nada o desempenho do radar.

As antenas PA podem ser usadas como data link com potencial de enviar centenas de Megabits/s a centenas de quilômetros de distância, podendo ser usadas para guiar mísseis a longa distância.

A disponibilidade de computadores de alta potência permitirá o uso de algoritmos poderosos. Os radares atuais podem usar modos de abertura sintética para mapear com resolução de 30 cm a dezenas de quilômetros de distância. Essa capacidade pode ser usada para identificar o modelo de uma aeronave pela sua forma com grade segurança através de técnicas de abertura sintética invertida que é usada para alvos móveis.

Fatores meteorológicos não interferem no desempenho e esses modos podem ser usados para pontaria de armas ar-terra de forma mais acurada e identificar formas relacionadas com sistemas SAM, plataformas AAA, tanques, caminhões e outros veículos.

Algoritimos de processamento adaptativo no espaço e tempo (STAP) estão sendo desenvolvidos e podem ser usados para diminuir o clutter de superfície e rejeitar interferência.

Um caça com radares PA e com grande capacidade de processamento terá um sensor formidável, difícil de ser identificado e capaz de detectar e identificar alvos com grande facilidade.

Designação de Alvos com Micro-onda Passiva

Os progressos na tecnologia MMIC levaram ao desenvolvimento de receptores multicanais altamente sensitivos de equipamentos de alerta radar. Junto com a tecnologia de antena interferômica, esses receptores permitirão a medida da direção e elevação de um emissor com precisão da ordem de um décimo de arco ou menos.

Outros refinamentos na última década foram a mudança de razão de fase, Doppler diferencial e o tempo de chegada diferencial.

Os receptores que usam essas tecnologias podem medir em segundos o alcance, direção e elevação de um emissor fixo ou móvel ao analisarem o comportamento do seu sinal. Isso permitirá que um caça engaje um alvo emissor de grandes distâncias e sem emitir sinais.

O desenvolvimento de variantes do AAM russo R-27 com cabeça de busca passiva anti-radiação indica que um caça convencional sem capacidade LPI se tornará um alvo fácil nos próximos anos.

A combinação de sistemas de aquisição de alvo por microonda passivos e AAM anti-radiação permitirá que um caça emitindo seja extremamente vulnerável a ataque.

Arranjos em plano Focal/Focal Plane Arrays - FPA

Os arranjos de foco plano (FPA) são várias câmera de imagem térmica formando um conjunto único. É mais leve, menor, precisa de menos resfriamento, é mais confiável e potencialmente mais barato que os sistemas eletromecânicos.

O ASRAAM e AIM-9X são os primeiros AAM a empregarem essa tecnologia com um arranjo de InSb. As imagens de onda longa por HgCdTe prometem aumentar o alcance de detecção. Para aplicações de ondas curtas, os arranjos de PtSi são outra alternativa.

Essas tecnologias prometem equipar os caças com IRST de alta sensibilidade para navegação
e identificação de alvos. Combinados com sistemas óticos e algoritimos, eles podem detectar alvos a centenas de km.

Colocando-se um FPA no capacete do piloto seria possível obter um FLIR de baixo custo sem as limitações dos atuais NVG.

GPS e Navegação

Técnicas de GPS diferencial de área larga (WADGPS) permitem localizar uma aeronave com erros de menos de 1 metro. O custo de adicionar WADGPS nos atuais GPS é muito baixo. A disponibilidade de WADGPS traduz-se na melhoria da letalidade das armas guiadas contra alvos fixos. Também permitirá melhorias em radares de abertura sintética (SAR), cuja resolução e precisão dependem do posicionamento acurado da aeronave.

Os giros e acelerômetros de silicone permitem a produção de GPS/navegação inercial altamente acurado a um custo de centenas de dólares. Os mísseis guiados por GPS cairão de custo e as armas guiadas por eletro-óticos se tornarão caras no futuro.

Painel de Display Plano

Os displays de matriz de cristal líquido ativo (AMLCD) estão substituindo os tubos de raios catódicos como a principal tecnologia dos displays de cockpit. Sendo coloridos, com alta resolução, consumindo pouca energia e com pequeno volume, são o sonho de todos os projetistas de cockpit.

As pressões do mercado atual resultam na introdução da TV de alta resolução resultara em melhorias nos AMLCD em termos de resolução com diminuição dos custos.

Outra tecnologia é o polímero emissor de luz (LEP), que é um semicondutor orgânico que pode ser imprimido na tela em um substrato e emite ativamente luz quando uma corrente passa por ele. Integrada com o AMLCD, ele diminui os custos enquanto melhora a disponibilidade, ocontraste e os ângulos de visada.

O painel de liberação de placa (PDP) é outra tecnologia sendo amadurecida e usda para o mercado de HDTV, que pode competir com o LEP nas melhorias dos AMLCD.

Apoiados por computadores potentes, os displays terão gráficos rápidos e elaborados, tecnicamente, possíveis e desejáveis.

O cockpit do futuro irá explorar essas tecnologias com limitação apenas pela disponiblidade de espaço e pela necessidade de local para colocar botões e controles. Os requisitos são de LCD do maior tamanho possível para mostrar o máximo de informações.

As cores são importantes, mas as viseiras de capacete com filtro laser não deixam passar
certas cores e a simbologia é o mais importante. As manobras de alto G também atrapalham a visualização de cores.

Displays Montados no Capacete

A tecnologia de mira montada (Helmet Mounted Display - HMD) no capacete também está progredindo, dramaticamente, com forte pressão resultante da proliferação de mísseis ar-ar (AAM) de curto alcance (WVR) de 4ª geração.

Existem 5 famílias de HMD atualmente no mercado. O Israel DASH III e US/Israel JHMCS, o Topsight/Topnight francês, o UK/Holanda Viper, o Capacete optrônico Pilkington do EFA e os modelos russos e Sul Africanos, que deram o primeiro passo no setor.

Os primeiros visores que usam laser para projetar imagem diretamente na retina estão aparecendo no mercado agora devido à tecnologia da indústria de jogos de computador.

A tecnologia de micro-mecânica de espelho usada em projetores comerciais é outra tecnologia potencial básica dos HMD.

Os rastreadores de inércia comercial têm sido recentemente patenteados e vários fabricantes podem suprir tecnolgia de rastreio de olhos.

Um HMD do futuro com essa tecnologia pode projetar diretamente na visão do piloto uma combinação de simbologia sintética colorida e imagens do capacete montada no FPA ou NVG. Com o rastreio do olho e rastreadores de inércia, os HMD podem ser mais acurados, mais baratos e livres de limites de "apontar a cabeça" dos modelos atuais.

Apoiados por computadores poderosos, os HMD podem ter um cockpit sintético completo, onde as funções do HUD e outros displays da cabine podem ser assumidas pelo HMD.

Até mesmo aeronaves antigas, cujo cockpit seja difícil de modernizar com painéis planos, podem ter essa capacidade usando apenas o HMD.

Os testes realizados em Israel mostraram que um caça equipado com HMD tem 3 vezes mais chances de vencer um combate aéreo em relação a um caça que não tem HMD.

Laser de Alta Energia / High Energy Laser (HEL)

Os exemplos mais recentes de HEL são o USAF YAL-1A laser anti-balístico aerotransportado (ABL) e o Laser tático de alta energia (THEL) do US Army.

Os raios laser viajam na velocidade da luz e depositam centenas de Kilo Watts ou Mega Watts de energia no alvo, levando a falhas estruturais da cobertura e ignição do combustível.

Duas tecnologias chaves têm permitido que esses meios se tornem viáveis.

O primeiro é o Laser de óxido de iodo químico (COIL) e o segundo é o desenvolvimento de óticos adaptáveis, que são espelhos flexíveis que permitem que a onda de frente do raio seja pré-distorcida para compensar os efeitos atmosféricos que podem tornar o raio difuso.

Laser de infra-vermelho com os COIL, lasers de halogênios e os laser gás-dinâmicos (GDL) são limitados pelo tempo e não penetram nuvens, efetivemente. Porém, são capazes de cobrir grandes distâncias e podem ser destruídos apenas nos seus sistemas de rastreio e designação de alvos.

Lasers de superfície podem ser um dos meios de defesa aérea nas próximas décadas.

A minituarização desses lasers  e seus óticos pode ser incorporada nos caças do futuro. Podem ser empregados como armas de curto alcance, suplantando e suplementando o canhão e os mísseis WVR, com capacidade quase instantânea de danificar ou destruir outras aeronaves. Não menos importante é poder destruir AAM e SAM inimigos.

Os HEL têm desempenho melhor à média e grande altitudes, condições onde os designadores IR e óticos passivos trabalham melhor. Nesse meio, o desempenho da assinatura do caça é vital para sua sobrevivência.

A aplicação prática dos HEL nas missões de superioridade aérea está se materializando  no projeto NMD americano na forma do Laser Aerotransportado (ABL) e no Laser Baseado no Espaço (SBL).

Microndas de Alta Potência / High  Power Microwaves - HPM

A dependência dos sistemas de armas modernos em seus aviônicos, assim como da infra-estrutura militar e civil nos computadores, tem estimulado a exploração das suas vulnerabilidades às armas de microndas de alta potência (HPM).

Com fontes de pulsos reutilizáveis da classe de Giga Watts, como os ociladores de onda retrógradas ou fontes de disparo singulares como o Vircators, tornou possível construir armas de raios de microondas aéreos e de superfície e bombas de microondas descartáveis.

Várias cabeças de guerra têm sido desenvolvidas nos EUA para equiparem o AGM-86C CALCM e o AGM-154 JSOW. Essas armas são capazes de atrapalhar, neutralizar e até destruir, eletricamente, vários alvos de superfície, incluindo sistemas C3, sistemas de defesa aérea e aeronaves no solo.

As armas HPM podem ser usadas em aeronaves de combate se antenas adequadas forem usadas. Armas HPM levadas em caças podem ser usadas para atrapalhar aeronave e mísseis inimigos. Um acerto em uma aeronave inimiga poderia ser vital ao danificar seus sistemas de controle de vôo, controles do motor e inutilizar a fiação do sistema de combustível. As espoletas das armas também podem ser disparadas em condições adequadas.

Assim como as armas a laser, armas HPM tem desempenho melhor a grande altitude e podem ser apontadas por meios passivos. A melhor defesa também é negar informações para designação de alvos através de controle de assinatura.

Propulsão de Mísseis e Caças

A tecnologia de propulsão tem visto dois avanços na última década, com grande implicação no combate aéreo.

A primeira é o desenvolvimento de turbofans projetados para operar em cruzeiro supersônico seco (sem ligar o pós-combustor). Esse regime demanda muito dos motores que têm que operar em um perfil de temperatura maior que o normal. Técnicas de materiais e resfriamento são críticos para o sucesso e melhorias em tecnologia antiga não é viável. Os motores de supercruzeiro melhoram a persistência em combate supersônico, que oferece muitas vantagens táticas principalmente se usada junto com tecnologia furtiva. Um caça sem essa tecnologia necessita ligar o PC, que consome muito combustível e torna a aeronave muito susceptível à detecção e engajamento por sensores e mísseis com IR.

Outro desenvolvimento importante são os motores de foguete ramjet usados nas variantes do R-77M e Meteor, melhorando a energia cinética disponível para aumentar o alcance, velocidade  e manobras na fase final. Combinando esta tecnologia com data link é possível expandir o envelope letal de mísseis ar-ar de médio alcance. Caças pequenos poderão realizar missões que só eram possíveis com caças pesados como o F-14 e o MiG-31.

Esses desenvolvimentos têm sido acompanhados pela adoção de motores foguetes de grande impulso em mísseis ar-ar de curto alcance, combinados com superfícies de controle complexas e/ou vetoramento de impulso para atingir performances que excedem 50 g's. Esses mísseis são equipados com cabeças de busca de grande ângulo de visão e são muito ágeis.

Controle de Assinatura

A tecnologia furtiva, ou controle de assinatura, compreende uma grande redução da assinatura de radar, infravermelha, sonora, visual e eletrônica, sendo a maior inovação  do combate aéreo dos últimos 20 anos. Os desenvolvimentos das últimas décadas têm refinado a tecnologia de material, as técnicas de forma e as técnicas de medidas para permitirem que os caças atinjam grande desempenho nesses requisitos.

Os programas F-22 e JSF prometem assinaturas de radar do tamanho de insetos e, se cláusulas de vendas foram aceitas, o controle da assinatura de radar pode ser restrita a pedaços da  borda de ataque, componentes da entrada de ar e da seção do nariz.

Os caças atuais têm potencial de evoluirem no desempenho de controle de assinatura. O    supercruzeiro com tecnologia de turbofan permite uma vantagem clara em relação às aeronaves atuais em termos de assinatura IR.

Futuras modernizações devem permitir busca, detecção e rastreio passivo, com a melhora da assinatura. Duas capacidades básicas serão operar de modo biestático (o retorno de um radar é seguido por outro que não transmite) para detecção de aeronaves furtivas ou realizar interceptações passivas e a capacidade de gerenciar a potência de saída  (LPI).

Fusão de Sensores

A disponibilidade de tecnologia de sensores de alto desempenho e meios de computação de altíssima  velocidade criaram condições nas quais a fusão de  saída de dados de sensores torna-se possível e bastante prática.

O piloto não precisaria preocupar-se em interpretar saídas de vários sensores, integrando as informações colhidas e então buscando conclusões sobre identificação e intenções dos alvos    rastreados. Essas funções podem ser passadas para os software da aeronave. O piloto pode ter sua mente focada em táticas ao invés de observação e interpretção de dados de várias telas de sensores.

Como os critérios de identificação de alvos estão inseridos no software, a capacidade de identificação de alvos de forma confiável e consistente torna-se possível.  Esses critérios podem ser atualizados com dados colhidos da inteligência.

As técnicas de fusão de sensores ainda estão em fase de evolução, asim como as técnicas de inteligência  artificial.

O HUD foi o primeiro mostrador a realizar fusão de sensores. Os MFD iniciaram essa função com  o mostrador de situação horizontal usado para navegação. Os data links são um sistema que necessitam de uma tela com fusão de sensores para operar de forma mais efetiva.

Datalink

O data link é uma forma de comunicação de dados digitais. Ele existe desde a década de 50,
mas devido a outras inovações, vem evoluindo e se tornando um sistema sofisticado, relativamente, barato e de uso comum.

Os rádios de salto de frequência tornaram as comunicações seguras e os canais de satélite aumentaram a distância de operação. A fusão de sensores e os mostradores de cristal líquido tornaram as informações disponíveis de fácil leitura e o alcance dos sensores de bordo foram aumentados por sensores de outras plataformas. A qualidade dos dados captados por outros sensores melhoraram a disponibilidade de imagens a serem enviadas. Os CPUs mais rápidos permitiram o planejamento de missão durante o vôo para aproveitar as informações recebidas imediatamente.

O Link 16 da OTAN é o sistema atual  mais conhecido e usado e que vai equipar a maioria dos caças ocidentais. O sistema tem limitações de largura de banda e é relativamente lento, mas devido a problemas de padronização, os países da OTAN usam sistemas menos sofisticados que os de outros países e mais caros. Sistemas especializados e baratos estão resolvendo esse problema, provisoriamente.

O data link é composto de hardware e software que permite ao piloto melhorar a consciência da situação e otimizar certos procedimentos e táticas.

Todos os assuntos citados serão detalhados, separadamente, no Sistemas de Armas. A próxima parte mostra como o Flanker pode fazer uso de algumas dessas capacidades.
 

Próxima parte- Potencial de Crescimento do Flanker - segunda parte

Voltar ao Sistemas de Armas


2001 ©Sistemas de Armas
Site criado e mantido por Fábio Castro


     Opinião

  FórumDê a sua opinião sobre os assuntos mostrados no Sistemas de Armas
  Assine a lista para receber informações sobre atualizações e participar das discussões enviando um email
  em branco para sistemasarmas-subscribe@yahoogrupos.com.br