FX-Br  Uma Proposta

Um dos requisitos do programa FX é a transferência de tecnologia. Apenas a fabricação / montagem do caça escolhido para o FX não permitirá que a FAB/CTA projete um caça totalmente novo. Para projetar um caça supersônico é necessário, inicialmente, participar de um projeto semelhante.

Atualmente existem apenas alguns projetos de caças supersônicos em estágio inicial: o PAK-FA russo e o AT-2000 Mako alemão.

O Mako é um jato de treinamento supersônico. Seu curto alcance o deixaria fora de questão com será visto abaixo.

O projeto de um caça novo envolve recursos que podem chegar a 5 bilhões de dólares, somente com custos de desenvolvimento. O Programa F-X estudo, inicialmente, por volta de 1992, o desenvolvimento de uma aeronave de caça no país, mas devido ao alto custo esta conduta não foi seguida. Também não havia nenhum  programa com os mesmos requisitos operacionais e logísticos em andamento para participação.

Esta situação já está mudando atualmente. A Rússia esta estudando o projeto de um caça de 5ª geração (PAK-FA) para concorrer com F-35 (JSF) americano. A aeronave deve entrar em operação até 2011-12, dependendo dos fundos disponíveis, ou seja, bem antes da retirada de serviço dos F-5BR. Os indianos estão interessados em participar do projeto.

Um caça de 5ª geração é caracterizado pela furtividade, supercruzeiro e supermanobrabilidade (TVC) além da capacidade multifuncional dos caças de 4ª geração. Estas capacidades estão nos requerimentos do PAK FA além do raio de ação de 1.200km e pode operar em pistas curtas.

Os russos falam em manter os custos baixos para tornar a aeronave competitiva. Isso significa uma aeronave monomotora para diminuir o tamanho e melhorar o perfil aerodinâmico.

A FAB poderiam participar do projeto tentando adaptar a aeronave, aqui chamado de FX-2 para os requisitos nacionais.

Para iniciar o desenvolvimento de um conceito de aeronave, os requerimentos de desempenho e alcance são os primeiros a serem definidos. Eles são usados para calcular os pesos da aeronave, vazio, de decolagem e combustível. Estes pesos preliminares estimados são necessários para iniciar o arranjo e para seleção inicial da área da asa, cauda e motores.

Segundo o autor, os requerimentos, para as condições brasileiras deveriam ser:

- Raio interceptação supersônico > 700km
- Raio interceptação subsônico >1.500km
- Supercruzeiro > Mach 1.5 em potência militar
- Furtividade otimizada para o aspecto frontal (mínimo)
- Carga de 4 mísseis ar-ar em um compartimento de armas interno - 2 de curto alcance e 2 de médio alcance - Um canhão com calibre entre 20-30mm com 150 cartuchos

Em missões de ataque os requisitos seriam:

- Ataque em perfil furtivo, com duas bombas 500kg internas: raio combate 1.000km
- Carga externa/interna de 1.800kg e raio combate 1.000km com tanques conformais na fuselagem e/ou no compartimento de armas interno e/ou tanques extras nas asas
- Poder levar armas embutidas ou em cabides sobre as asas
- Cabide central na fuselagem com capacidade de >2.000kg
- Container de sensores de reconhecimento no compartimento de armas interno

A configuração do FX-Br seria otimizada para vôos supersônicos usando a potência militar, sem o uso de pós-combustor, chamado de supercruzeiro. O motivo é permitir a interceptação de alvos numa grande área que só seria possível com o uso de um número muito maior de interceptadores em várias bases aéreas.

O raio de interceptação supersônica de um caça de curto alcance é de cerca de 300-400km com pós-combustor ligado. Com o supercruzeiro esta distância aumente em pelo menos o dobro pois o consumo cai cerca de 70% se o PC estiver desligado e a aeronave ainda manter a velocidade supersônica.

Para comparação, o Tornado F.3 Britânico, um interceptador de longo alcance, tem raio de interceptação supersônica de 465km, e raio de interceptação subsônica de 1.600km.

A velocidade supersônica com cargas externas, incluindo um tanque extra, que os caças atuais conseguem atingir é de cerca de Mach 1.5-1.6 usando o PC. Uma aeronave limpa, com armas levadas internamente, e com um motor de BPR baixo (menor que 0,2), pode conseguir atingir esta velocidade sem usar o PC.

Atualmente apenas o F-22 tem capacidade de manter supercruzeiro podendo manter Mach 1,7 por pelo menos 1h (geralmente metade do tempo de vôo). Algumas aeronaves como os últimos modelos do F-16 e o Eurofighter (Mach 1,1) conseguem realizar o supercruzeiro mas numa velocidade muito menor.

Aeronaves antigas como o F-104, F-111 e até o F-4 tem capacidade de supercruzeiro residual em configuração limpa.


Mapa do Brasil com a cobertura de interceptação supersônica do FX-2.
Algumas regiões seriam melhor cobertas por caças de curto alcance devido a falhas na cobertura como Boa Vista e Cuiabá. O círculos são referentes a um raio de interceptação supersônica de 700km.

O desenho acima dá uma noção da quantidade de caças que seriam necessários para dar cobertura de interceptadores no território nacional. Considerando 11 bases com 10 caças em cada, o mínimo seria de 110 aeronaves sem contar com reserva e atrito.

O FX-2 também terá capacidade multifuncional e poderia realizar outras missões funcionando como caça de apoio. Alguns esquadrões poderiam ter missões ar-terra (supressão de defesas, ataque em profundidade, ataque antinavio, reconhecimento, etc) como capacidade principal, e realizar missões de interceptação como capacidade secundária. Outros esquadrões já teriam as missões ar-ar como sendo a capacidade principal e realizariam missões ar-solo como capacidade secundária.

A aeronave substituiria inicialmente o FX e/ou F-5BR e depois os AMX nas missões ar-superfície. Uma versão naval poderia ser estudada para uso pela MB.

Configuração

A configuração aerodinâmica lembra o F-104 (foto abaixo). Esta aeronave era capaz de atingir supercruzeiro de Mach 1.05 após acelerar com pós-combustor (PC) ligado. A sua turbina J-79 de 7.1t de empuxo (versão G) era um turbofan de razão de bypass (BPR) de 0,6. O F-104 era capaz de manter uma velocidade máxima de Mach 2,2 na potência máxima.

Com o desenvolvimento dos motores é possível projetar um caça com configuração parecida com o F-104 (comprido e com pequenas asas) e equipado com uma turbina do mesmo tamanho da J-79 e muito mais potente, com capacidade de manter supercruzeiro (manter velocidade supersônica por grandes períodos sem o uso do PC).

Por exemplo, uma turbina russa Lyulka-Saturn AL-31, que equipa o Su-27 Flanker, tem uma potência de 7.600kg sem o uso de pós-combustor. Ela é mais curta porém tem maior diâmetro que a J-79 de 7.100kg de empuxo (com PC ligado) usada pelo F-104 (ver tabela abaixo).
 
Turbina J-79 AL-31
Potência Máx. kg 7.900 12.500
Potência seco kg - 7.600
SFC seco - 0,68
SFC com PC ligado 1,92
BPR 0,6 0,7
Peso kg 1.600 1.600
Relação peso/potência 4.4 8.0
Comprimento 5,3 4,95
Diâmetro 0,99 1,18

Com uma observação superficial é possível perceber que o F-104 atingiria a velocidade máxima, sem usar o PC, se fosse equipado com a AL-31. Com um consumo especifico em torno de 0,7, a aeronave gastaria cerca de 5 toneladas de combustível por hora na potência militar máxima e voando em supercruzeiro (menos de Mach 2 se incluir tanques extras). Em uma hora a aeronave seria capaz de voar uma distância em torno de 2.000km.

Com a turbina J-79, o F-104ASAM italiano em configuração limpo e com apenas dois mísseis AIM-9 Sidewinder era capaz de decolar em 1.000m e atingir 35 mil pés (cerca de 12 mil metros) em 90 segundos. Com mais 3 minutos e meio ele acelerava até Mach 2. Depois subia para 50 mil pés em dois minutos e meio.

A manobrabilidade era ruim mas subia como o F-15 (250-270m/min) e acelerava mais rápido que o F-16. A 40 mil pés conseguia manter uma curva de 2G's a Mach 1,8 sem perder velocidade.

Os russos oferecem motores ainda mais potente como outras versões da Saturn AL-31 (AL-35 e AL-37) além de um novo motor otimizado para supercruzeiro chamado AL-41F. A AL-41 tem um empuxo máximo com pós-combustor de 17,8 toneladas. Ela usa ciclo variável podendo funcionar com turbojato para supercruzeiro ou turbofan para vôo subsônico. Foi projetada para equipar os novos caças de 5ª geração russos como os demonstradores de tecnologia Su-47 e Mig 1-44. A AL-41 é 15% mais leve, tem um SFC 10-13% melhor e o custo total em toda a vida útil é 50% melhor se comparado com a AL-31.

Outra opção é a Klimov VK-10M, um desenvolvimento da RD-33 usada pelo MiG-29. O empuxo esperado é de 12 toneladas.

Um caça F-104 poderia ser até equipado com a turbina para testes e experimentos. O uso de sistemas já desenvolvidos diminuem o custo e riscos do projeto.


O FX-Br teria uma configuração convencional com as dimensões do F-104 (abaixo a direita) e formas furtivas parecidas com o AT-2000 (abaixo a esquerda). As configurações incluem cauda em V (acima a direita) e cauda furtiva (no centro a direita). As configurações também lembram o F-22 e o F-35. A asa delta é uma opção por ser boa para vôo supersônico e curvas sustentadas a grande velocidade. Inovações seriam pouco usadas para diminuir custos e riscos.

Combate Aéreo

A configuração do FX-2 é de uma aeronave de grande carga alar e pode ser considerada pouco manobrável se comparada com os caças de última geração. Porém, os estudos atuais sobre combate aproximado (dogfight) vem mostrado que este tipo de confronto deve ser evitado ao máximo.

A incríveis manobras do Flanker não tem muita utilidade contra mísseis de superagilidade de última geração. O TVC só tem utilidade abaixo de 500km/h. Os americanos não equipam suas aeronaves com TVC pois estudos e testes mostraram que é muito mais interessante instalar o TVC nos mísseis de curto alcance.

Enquanto o ser humano suportam cargas de 9G's, os mísseis atuais já chegam a 100G's. Para superar um caça manobrando, um míssil só precisa "puxar" 3 ou 4 vezes a carga de um caça, ou seja, cerca de 27 a 36g's o que é relativamente fácil com a tecnologia atual.

O FX-Br deverá ser equipado com mísseis ar-ar de última geração apontados por capacete para a arena de curta distância. Suas formas esguias lhe dão uma pequena assinatura visual que é a mais importante a curta distância.

Já no combate a longa distância os requisitos favorecem a furtividade e a velocidade. A furtividade, pelo menos no setor frontal, permite ver o inimigo sem ser visto e conseguir surpresa. Já a velocidade permite aumentar o alcance dos mísseis ar-ar em até 50% e fugir dos mísseis inimigos.

Por outro lado, voando a velocidades supersônicas a aeronave aumenta sua assinatura térmica o que favorece sua detecção a maiores distâncias por sensores IR inimigos, incluindo os que equipam mísseis ar-ar.

A velocidade também pode ser usada para táticas defensivas e ofensivas. Os Tornados F.3 britânicos enfrentavam os MiG-29 alemães, em treinamentos, em ataques coordenados usando o data link (JTIDS). Eles usavam seu radar e mísseis Skyflash para superar os MiG-29 em combates de longo alcance. Os F.3 atacavam em velocidade supersônica e não entravam em combates aproximados, onde os MiGs se sairiam melhor, e fugiam também a toda velocidade. Os Tornados F.3, a princípio inferiores aos MiG-29, conseguiam uma razão de vitórias de 2:1.

Os Tornados tinham a iniciativa e colocavam os MiGs na defensiva. Estudos mostraram que os F.3 equipados com mísseis ar-ar de 5ª geração como o ASRAAM nem precisaria de uma mira no capacete para superar os MiGs que teriam perdido a consciência da situação se conseguissem se livrar dos mísseis BVR (AMRAAM ou Skyflash).

Cruzando a velocidades supersônicas sem o PC a letalidade será aprimorada, a vulnerabilidade a inimigos na traseira será diminuida e o tempo de reação do inimigo será reduzida. A velocidade supersônica usada para fugir também evita que a aeronave seja furtiva na parte traseira. Aeronaves como o F-117, B-2 e F-35 tem pequeno RCS na parte traseira por não poderem fugir em velocidade supersônica.

Mesmo com pouca manobrabilidade o FX-2 poderia entrar em um dogfight usando sua capacidade de aceleração e subir rápido para sobrepujar um adversário assim como fazia os F-104, que era respeitável em combate aproximado nas mão de um piloto que sabia usar suas capacidades.

A capacidade de combate a curta distância nunca deve ser esquecida pois num cenário onde só existem aeronaves furtivas, o combate tende sempre a ser a curta distância devido ao curto alcance dos sensores.

As táticas do futuro estão sendo direcionadas para combates do tipo "atire e fuja". A tecnologia furtiva e os mísseis ar-ar com alcance de mais de 50 km são uma das tecnologias importantes junto com outras como data link e fusão de sensores.
 

Sensores

A aeronave deverá ser equipada com um radar de varredura eletrônica e ter pelo menos a provisão para receber um IRST. Um casulo designador laser ( PDL) pode ser levado internamente ou em cabide nas asas para guiar armas ar-superfície.

Os sistemas de CNI (comunicação, navegação e identificação) devem incluir rádios de curto e longo alcance, navegação por INS/GPS/GLONASS e IFF.

Os rádios devem usar salto de frequência e serem capazes de transmitir informações para o data link com estações em terra e intra-flight data link (IFDL) entre aeronaves de caça.

A cabine deve ter visores multifuncionais com fusão de dados e o piloto equipado com um visor no capacete (HMD) que pode até substituir o HUD.

Uma versão biposto pode ser usada para comando e controle local comandando uma esquadrilha de até 4 aeronaves através do IFDL.

Os sensores e aviônicos devem ter capacidade de serem adaptados para que a aeronave possa voar sem piloto, como um UCAV, para missões de alto risco, sendo controlada a distância por estações em terra, aeronaves AEW ou como ala de outro caça.

Outra capacidade de aeronaves de 5ª geração é a fusão de sensores. Enquanto os primeiros jatos exigiam grande abilidade na pilotagem, os jatos a partir da década de 70 como o F-15, F-16 e Tornado equipados com controles de vôo por fly-by-wire e sensores computadorizados passaram a exigir que o piloto fosse abilidoso em gerenciar sensores. A fusão de sensores permite que o piloto se concentre em gerenciar batalhas tendo que ter um pensamento tático primoroso.

Sistemas Ofensivos

O armamento fixo deve ser um canhão de 20-30mm com apenas 150 cartuchos para economizar espaço. Os sistemas de pontaria atuais são semi-automáticos e a precisão aumentou muito resultando numa menor necessidade de munição.

Os pilotos tendem a não disparar o último míssil se a aeronave não tiver um canhão. O canhão é ideal para alvos no solo baratos e sem blindagem quando a ameaça for pequena. Um canhão Vulcan com 500 tiros pesa 380kg mais 140kg na estrutura. Sua troca por combustível aumentaria o alcance em 150km numa aeronave como o F-35. A alternativa de canhão em casulo significa um peso ainda maior e alcance menor que com canhão interno.

O FX-BR deve ser capaz de levar mísseis ar-ar internamente em um compartimento de armas interno. Cerca de 2 mísseis de curto alcance e 2 de longo alcance seria mínimo necessário. Esta configuração seria para supercruzeiro e quando a furtividade for importante. Eles estariam em compartimentos de armas interno com várias configurações possíveis (ver desenho acima). O compartimento de armas interno devem ser capazes de levar pelo menos um par de bombas de 500kg.

Uma medida de paiol padrão considerado pelos americanos é um formato trapezoidal com 4m de comprimento e 0,5m de altura com base de 1,8m e 2,5m.

Um paiol de 3,5m de comprimento aceita uma Mk 83. Para levar um AIM-120 AMRAAM ou uma Mk 84 o paiól deve ter 4,5m de comprimento. Uma paiol maior aumenta o peso e arrasto o que resulta na diminuição da velocidade e alcance. Bombas de alto arrasto e com menor comprimento podem ser projetadas para otimizar o espaço no paiol.

Os paióis abaixo da fuselagem não são ideais para mísseis ar-ar de curto alcance pois a fuselagem cria uma zona cega para a cabeça dos mísseis a frente e acima da aeronave. O campo de visão dos mísseis não coincidiria com o do piloto. Os mísseis ar-ar tem melhor campo de visão quando colocados num paiol na lateral da aeronave.

Os paóis laterias também facilitam a furtividade pois o paiol a ser aberto pode ser escondido dos radares inimigos.

Cabides nas asas podem ser equipados com mais mísseis ar-ar se for necessário.

Os paióis internos dão uma proteção aos mísseis ar-ar contra atritos aerodinâmicos e térmicos dos vôos aumentando sua vida útil. Mísseis em cabides conformais são uma opção caso a instalação de um compartimento de armas interno seja impraticável devido ao tamanho.

A aeronave também poderá levar tanques externos no caso de patrulhas de combate aéreo de longa duração.

O FX-2 também pode ser usado em operações de ataque. A baixa carga alar é bom para vôo a baixa altitude. A aeronave terá capacidade de fugir em velocidade supersônica após lançar suas armas.

O F-22 esta sendo testado com compartimentos de bombas sobre as asas nos cabides internos, semelhantes a tanques de combustível externo. Cada casulo é capaz de levar duas JDAM de 454kg. O casulo irá permitir que o F-22 leve 6 JDAM, 2 AIM-120 e 2 AIM-9X.

Casulos furtivos também podem ser aproveitados para levar armamento e combustível externamente no lugar de um compartimento de armas interno. Os mísseis ar-ar de curto alcance poderiam ser instalados em casulos nas pontas que também pode ser aproveitado para a instalação de sensores de alerta radar e guerra eletrônica.

Sem o compartimento interno de bombas o comprimento e peso podem ser reduzidos e o combustível interno e alcance aumentado. A velocidade seria prejudicada. Os armamentos seriam levados em casulos furtivos como o F-22.

No caso de ameaças de alta intensidade a aeronave voaria com as armas carregadas internamente para manter um perfil furtivo. No caso de defesas mais amenas ou após a destruição das mesmas, a aeronave voaria com armas externamente.

A prática tradicional é projetar uma aeronave para uma missão de ataque a uma distância moderada mantendo a manobrabilidade e adicionar combustível externamente para missões de longo alcance com diminuição da manobrabilidade.

O F-104 era uma boa aeronave ofensiva, considerando as limitações de carga e alcance, devido a sua pequena assinatura visual e radar o que melhorava sua capacidade de sobrevivência. Sua velocidade compensava sua pequena manobrabilidade.
 

Sistemas Defensivos

Os sistemas defensivos devem ser integrados com o outros sistemas da aeronave. Os caças mais modernos tem sistemas que até indicam manobras para o piloto realizar em caso de ataque por mísseis.

Casulos nas pontas das asas podem ser equipados com sistemas de alerta de mísseis (MAWS), alerta radar (RWR) e despistadores rebocados. Estes casulos teriam formas furtivas e ajudariam na aerodinâmica da aeronave.

Os lançadores de chaff e flare devem estar presentes em grande quantidade, no mínimo 300, de acordo com a experiência israelense.

Além das formas furtivas, o FX-2 poderá usar coberturas RAM para diminuir ainda mais o RCS. Estas coberturas devem ser modulares para facilitar a manutenção e baixar os custos. Elas só precisam ser colocadas em caso de situações de crise ou missões reais. São aplicadas preferencialmente nas bordas de ataque das asas e estabilizadores e na entradas de ar.

A cobertura da cabine deve ser coberta por uma película metálica para dar uma forma furtiva ao canopi. Sem esta cobertura o piloto, acento ejetor e HUD passam a ser refletores que atrapalham as características furtivas da aeronave.

A furtividade é importante para conseguir surpresa em engajamentos ar-ar ou ar-solo. Após a aeronave ser descoberta o importante é o desempenho para lutar e/ou fugir.

Como a aeronave não terá um nível de furtividade muito alto ela precisará de sistemas de guerra eletrônicos ativos para auto-defesa.
 

Desempenho

Nos projetos de caças até a década de 70 os projetistas tinham que balancear requisitos incompatíveis de ataque e combate aéreo. Uma aeronave de ataque tinha que ter a menor asa possível para suportar vôos turbulentos a baixa altitude. Já um caça tinha que ter a maior asa possível para otimizar a manobrabilidade.

Já um caça de 5ª geração tem os requisitos voltados para velocidade e furtividade. Ele não precisa de uma asa grande pois ela atrapalharia a furtividade e velocidade. A manobrabilidade seria concentrada nos mísseis. A penetração no território seria confiada a furtividade com opção de vôos a baixa altitude.

Por ser baseado no F-104 o FX-2 teria dimensões parecidas: comprimento de 17m e largura de 7m aproximadamente.

Uma asa pequena é leve e dá melhor alcance, porém o pouso, decolagem, subida e manobrabilidade são prejudicadas. Para manter uma grande razão de curva sustentada a aeronave precisaria de uma asa grande um motor potente.

As asas não deveriam ser tão pequenas como a do F-104 para diminuir a velocidade de pouso. O F-104 sofreu um número muito grandes perdas durante o pouso, apesar de não ter um índice de perdas muito diferente de outras aeronaves da época, e o motivo foi, principalmente, devido ao treinamento e não a aeronave em si.

Uma asa maior e as formas furtivas não garantem que teria o mesmo coeficiente aerodinâmico do F-104 por isso a velocidade deve ser inferior.

Configurações mais complexas como canard/delta ou asa de enflexamento positivo podem ser adicionadas. Seriam ideais caso a manobrabilidade fosse importante mas a possibilidade de surgir problemas durante o desenvolvimento é alto, principalmente no sistema fly-by-wire.

As características furtivas, o paiol interno e a necessidade de levar o combustível internamente aumentariam o volume da fuselagem (diâmetro) e com isso o peso vazio. Enquanto o F-104 pesa cerca de 6,5t o FX-2 deve pesar pelo menos 8 t. O peso máximo deve girar em torno de 15t incluindo, se possível, 4-5 toneladas de combustível internamente. Para comparação o F-22 leva 5t de combustível internamente contra 6 toneladas do F-35, 5 toneladas do F-15 e 2,5 toneladas do F-16.

O peso e a potência são uns dos principais determinantes do desempenho. Com um empuxo de 17 t da AF-41 e um peso de decolagem de 13 t em configuração ar-ar, a relação peso/potência seria de 1,3. O pós-combustor só seria usado por alguns segundos para decolagem, aceleração e em subidas. A potência seca de cerca de 11t da AL-41 permite manter uma boa aceleração e velocidade supersônica com reserva.

O uso do TVC é opcional. Seria útil em manobras a baixa velocidade e para diminuir a distância de pouso.

A decolagem vai ser curta devido a grande aceleração. A aeronave atingiria a velocidade de decolar rapidamente em pouca pista se usar o pós-combustor.

Para diminuir a velocidade de pouso poderia ser usado um sistema de sustentação semelhante ao do F-104. O F-104 usa um mecanismo que desvia o fluxo ar quente para asas para aumentar sustentação. Um canard retrátil também serve para aumentar o ângulo de ataque e diminuir a velocidade de pouso.

Um sistema de pouso enganchado pode ser usado para diminuir a distância de decolagem. Com características de decolagem curta e pouso enganchado a aeronave seria do tipo STOBAR - decolagem curta e pouso com barreira.

Com reforço na estrutura ela pode ter uma versão embarcado, provavelmente com uma asa de maior para diminuir a velocidade de pouso para cerca de 230-240km/h que é a ideal.

Para aumentar a autonomia a aeronave deve ser equipada com uma sonda de reabastecimento em vôo e provisão para tanques conformais sobre a fuselagem e tanques externos em cabides sobre as asas. Os paióis de armas também devem ter capacidade de receber tanques extras.


FX-2 biposto.


Mercado

Os russo pretendem projetar uma aeronave de baixo custo para competir com o F-35 chamado PAK-FA. Este custo gira em torno de US$ 35 milhões que é o mesmo do Mirage 2000 oferecido para a FAB no Programa FX.

Várias empresas russas estão concorrendo para participar do projeto. A Sukhoi está planejando uma aeronave de 23t (peso normal de decolagem) e a RAC MIG um caça de 18t. O principal critério é o peso pois uma aeronave grande pode ser muito cara e uma aeronave leve pode ser inefetiva.

O F-35 é otimizado para ataque para não concorrer com o F-22 nas encomendas da USAF e nem com o F/A-18E/F da US Navy. A aeronave não tem capacidade de supercruzeiro e foi otimizada para ser furtivo e com grande capacidade de alcance e carga bélica. O FX-Br pode ser otimizado para as missões ar-ar com supercruzeiro com capacidade secundária de ataque como esta sendo planejado para o PAK FA russo.

A EMBRAER daria garantia de logística e manutenção que é o ponto fraco russo. Enquanto os russos usam o princípio de quantidade, simplicidade e robustez para ganhar guerra, a Embraer puxaria para o princípio ocidental de qualidade e baixo custo de operação para manter a paz.

Projetar uma aeronave em conjunto com outro país com experiência no assunto é importante de acordo com experiências recentes. Os indianos estão a tentando fazer seu caça leve LCA entrar em operação há mais de 20 anos. Já a Coréia do Sul fez o protótipo do seu T-50 Golden Eagle voar cinco anos após o inicio do projeto com entrada em operação prevista para daqui a quatro anos. Isso se deve a participação da Lockheed Martin no projeto e que também participara na produção da aeronave.

O mercado de aeronaves leves é muito maior que o de aeronaves médias/pesadas de longo alcance como o Rafale, Eurofighter e Flanker.

O número de países pequenos que precisam de uma aeronave de reação rápida para interceptação é muito maior do que países extensos que precisam de um caça de longo alcance para cobrir grandes distâncias.

Uma aeronave que combine reação rápida, com boa capacidade ofensiva e baixos custos teria boas chances de vendas no mercado.

Os aviônicos são a parte mais cara dos aviônicos atualmente. Para manter os custos baixos a aeronave pode vir com aviônicos de procedência a gosto do cliente. Aviônicos russos, franceses, americanos, israelenses, etc, poderiam ser escolhidos a gosto do clientes. A aeronave usaria barramento de dados 1553B para poder usar aviônicos de várias procedências ao mesmo tempo e facilitar padronização e modernizações.


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