DESPISTADORES REBOCADOS

Um piloto de F-16 está sobre o território inimigo quando soa um sinal de alerta. O sistema de alerta radar (RWR) detectou um míssil se aproximando e com pouco tempo para reagir a aeronave é atingida. Porém, seu Fighting Falcon continua voando sem perigo, pois o míssil atingiu um despistador de radar rebocado (Towed Radar Decoy) há uma distância segura atrás da aeronave. O despistador rebocado estava transmitindo um sinal de radar, que fez a cabeça de busca do míssil pensar que era uma aeronave, e assim salvando o F-16, e o piloto.

Um míssil não precisa ser desviado para muito longe da aeronave. Uma distância de 100 metros pode ser suficiente para tornar sua ogiva inefectiva. Este efeito pode ser conseguido com pequenos despistadores rebocados num cabo atrás de uma aeronaves. Eles transmitem sua presença como um alvo mais atrativo para um míssil que se aproxima. A idéia, que parece simples a primeira vista, tem sido estudada desde a década de 80. Porém, só atualmente sua aplicação se tornou realidade.

Os despistadores rebocados, não mais considerados tecnologia secreta, estão sendo mostrados ao público. A Operação Allied Force em Kosovo, 1999, viu o primeiro uso com sucesso dos despistadores rebocados em combate. A primeira geração de despistadores rebocados obteve sucesso, criando um grande interesse na aplicação e desenvolvimento destes sistema de defesa.

ALE-50
Um despistador rebocado ALE-50 em funcionamento.
 
Um despistador rebocado ALE-55 em funcionamento.

Os transmissores de despistamento a bordo de aeronave também tem suas limitações. Os radares monopulso multimodo e com agilidade de frequência, com técnicas de cancelamento de erro e cabeças de busca com grande discriminação e grande envelope letal, vem ditando o emprego de interferências sofisticadas próximas a aeronave alvo. O resultado é o interesse em despistadores rebocados de radio-frequência.

Despistadores Rebocados 
Em 1997 os cinco despistadores rebocados existentes foram mostrados juntos. Da esquerda para direita: o ALE-55 americano, o Ariel britânico, o Sky Buzzer alemão e o ALE-50 americano. O BO2D sueco esta deitado. Os russos da empresa KNIRTI também estão desenvolvendo despistadores rebocados mas não há muitas informações disponíveis. A Dassault está desenvolvendo o Eletronique Towed Active Decoy (TDA) que também poderá ser de vôo livre.

Os despistadores rebocados são corpos aerodinâmicos rebocados a dezenas de metros atrás da aeronave a ser protegida. O objetivo dos despistadores rebocados é fazer o radar ou míssil pensar que ele é o alvo legítimo, protegendo a plataforma que o reboca. Os despistadores rebocados podem ser auto-contidos ou fazer parte de um sistema interno integrado.

A primeira geração de despistadores rebocados, o ALE-50, era um despistador repetidor. Ele só faz uma coisa: recebe o sinal do radar inimigo, amplifica e retransmite o sinal recebido com maior potência. O radar receberá dois sinais, o refletido na aeronave e um sinal idêntico e mais forte vindo do despistador. Não podendo distinguir os dois sinais, o radar tende a ir para o sinal mais forte. O despistadores rebocado também modula o sinal para imitar a assinatura da aeronave e a assinatura do motor da aeronave. Por ser muito simples ele não pode ser saturado por vários sinais de radares. Ele repete tudo que recebe.

A nova geração é mais inteligente. Ela usa uma biblioteca de ameaça que permite identificar sinais dos radares recebidos pelo RWR. Um gerador de técnicas pode gerar sinais de dispistamento específicos, dando ao radar inimigo informações erradas sobre a distância e direção correta da aeronave. O sinal é transmitido da aeronave até o despistadores rebocado por um cabo de fibra ótica.

Porém, os radares mais modernos podem discriminar entre dois sinais e determinar qual alvo esta na frente deduzindo que um é a aeronave rebocando o despistador. A resposta levou ao desenvolvimento de sistemas mais complexos, como o IDECM pela US Navy.

Estes sistemas dependem de outros sistema guerra eletrônico como o RWR para serem usados efetivamente. Em primeiro lugar é preciso saber de onde vem o míssil para posicionar o decoy para que a aeronave (ou navio) não seja o segundo alvo (não alinhar com o despistador) onde o míssil não passe pelo despistador e adquira e/ou acerte a plataforma rebocadora.

Só que a autoproteção de uma plataforma não pode ser desempenhada apenas pelo despistador. Quando usados contra ameaças radar, são mais versáteis se usados com um gerador de técnicas interno na aeronave e chaff. Fazer o inimigo pensar que esta olhando para um alvo mais fácil de ser atacado que a plataforma que a esta usando é apenas uma forma de contramedida.

Por exemplo, a USAF esta aproveitando a sinergia entre o casulo de contramedidas AN/ALQ-184 equipado com o ALE-50. O ALQ-184 interfere nos radares de aquisição na banda mais baixa. Se o interferidor não conseguir derrotar o radar de aquisição e ocorrer o disparo de um míssil, o despistadores rebocado pode seduzir o míssil para longe da aeronave. Um problema é saber quando parar de interferir e usar o despistadores rebocado.

Outra possibilidade é lançar o despistadores rebocado e continuar a usar o ALQ-184 para fazer "blinking jamming" onde o interferidor é ligado e desligado sucessivamente, contra um radar de rastreio e controle de fogo. Isto maximiza a efetividade do despistadores rebocado pois o interferidor pode quebrar o trancamento do radar temporariamente e levar o radar ou míssil a adquirir o despistadores rebocado ao invés da aeronave.

Na US Navy, o IDECM usa o RWR da aeronave para identificar a ameaça e enviar informações para o gerador de técnicas interno da aeronave. Estes gerador de técnicas envia sinais de interferência modulados por um cabo de fibra ótica no cabo de reboque. Com as técnicas de contramedidas sendo geradas dentro da aeronave, o ALE-55 só leva a fonte de força e uma antena.

A fibra ótica foi escolhida para passar os dados do gerador de técnica para o transmissor no despistadores rebocado por ser de banda larga. Ela reduz tamanho dos componentes, reduz os custos, faz o despistador ficar pequeno e é desejável por tornar descartaveis. Assim a aeronave pode levar mais ao mesmo tempo.

Enquanto o IDECM é muito avançado em relação a um simples despistador repetidor como o ALE-50, o despistador de fibra ótica é ainda mais simples, levando apenas o equipamento de transmissão.

No IDECM, além dos sinal emitidos pelo despistadores rebocado, o gerador de técnicas pode gerar um pulso de cobertura, lançado pelo despistadores rebocado, que esconde a aeronave do radar. Se um operador estiver no comando, olhando o vídeo bruto sem processamento, e puder ver os dois alvos, e se souber que o inimigo esta usando despistadores rebocado, ele poderá saber que o alvo real é o que está na frente. Neste caso é desejável esconder a aeronave e ter certeza que o míssil vá para o despistador.

Quanto maior a capacidade do sistema, mais capaz, com o gerador de técnicas usando uma biblioteca de ameaças para gerar a resposta apropriada.

O uso de um interferidor interno tem a vantagem de dar proteção adicional em caso de uso de todos os despistadores ou se este ainda não tiver sido lançado.

Com interferidores e chaff, um piloto pode usar manobras para interferir na ameaça radar antes dela trancar no alvo, ou para interferir na cabeça de busca do míssil. O piloto pode até dispara chaff coordenado com o ala.

Os despistadores rebocado não substituem o chaff. Os mísseis podem distinguir os chaff do alvo, mas o chaff ainda pode ser usado para várias ameaças radar. Os despistadores ativos são mais efetivos se usados após o lançamento de alguns cartuchos de chaff. O chaff é usado para confundir o radar temporariamente, gerando mais confusão nos retornos do radar, para ajudar o radar a adquirir o alvo de maior RCS logo após.

Com despistadores ativos o operador pode controlar a assinatura do transmissor. O conceito é similar ao funcionamento de um rádio. Ele pode transmitir a música que você quiser, como rock ou reague. Ele pode fazer a aeronave se parecer até como um navio para o radar. Os despistadores ativos são preferíveis pois não são limitados em termos de assinatura ou RCS que produzem.

Uma técnica dos mísseis guiados por radar, na presença de contramedidas eletrônicas, é mudam para o modo só receptor (home-on-jam) para continuar seu ataque na presença de interferência, fazendo o sinal de interferência ser o sinal de guiagem. Foi uma contra-contramedida simples que tornou os sistemas de interferência por despistamento ativo praticamente inefetivos.

Em resposta a esta técnica, os sistema de guerra eletrônica foram colocados fora da aeronave (ou navio) em sistemas rebocados. Se os sistema de contramedidas eletrônicas não previnem mais o lançamento de mísseis eles podem ser usados como alvo preferencial. Esta técnica permitiu que os métodos de interferência de ruído se tornassem novamente úteis.

Outra técnica é tentar se mostrar como um alvo bem grande, como se a aeronave e o despistadores rebocado fossem um alvo só. Isto se deve a um fenômeno chamado ¨glint¨ - fenômeno que leva o radar a mudar o acompanhamento entre vários alvos na mesma distância (radares de pulso) ou mesma velocidade (radares Doppler) e próximos da linha de visão do feixe de radar.

O radar tende a trancar e um alvo, e depois no outro, de forma randomica. No caso de alvo muito grande, o radar muda de uma parte para outra do alvo continuamente. O míssil guiado por este radar mudará de curso continuamente guiando-se para diferentes alvos. Na fase terminal o míssil irá atingir um ponto próximo do centróide da massa de alvo, passando longe do alvo individual.

Este fenômeno pode ser explorado pelos despistadores rebocado como medida defensiva ou grupos de aeronaves em formações espaçadas chamadas de células.

Os sensores IR passivos também tem este problema tendendo a guiar para o centróide do grupo de alvos de várias fontes.


PROJETO

Os despistadores rebocados podem ser usados por todo tipo de aeronave e missão: vigilância, SIGINT, transporte, combate ou apoio de combate.

Um fator importante no projeto de um despistadores rebocado é a aplicabilidade e utilidade dependendo da aeronave: pequena x grande, veloz x lenta, combate x não combatente.

Para aeronaves grandes e lentas que realizam manobras lentas e tem mais espaço a bordo, um despistadores rebocado pode ser recuperado após o uso. Aeronaves rápidas e pequenas, com alto desempenho, tem menor capacidade de recuperar os despistadores rebocado e os danificam com mais frequência.

Grandes plataformas também precisam de alta potência por ter maior RCS. O alcance de frequência também é importante e deve ir até a onda milimétrica. A Raytheon testou um despistadores rebocados IR baseado no ALE-50 que pode ser usado junto com a versão de RF.

Uma desvantagem dos despistadores rebocados é que diminuem o envelope de vôo da aeronave, fisicamente ou operacionalmente para a aeronave não perder o despistador.

Quando usa um cabo de fibra ótica, o cabo reboque tem que ser protegido contra temperaturas da turbina. A aeronave também deve ser protegida do cabo como superfície de controles, pontos de lançamento de armas e antenas.

No fim da próxima década os despistadores rebocados podem se tornar a única forma de defesa/auto-proteção contra ameaças de armas guiadas. Os despistadores rebocados tem uma grande promessa de longevidade e especula-se que serão necessário 25 anos para a reação aparecer e derrota-los.


Foto de quatro despistadores rebocados existentes, da esquerda para a direita, o ALE-55, o Ariel, o Sky Buzzer e o ALE-50. Os russos estão desenvolvendo um despistador rebocado chamado Lobushka que tem capacidade similar ao AN/ALE-50 americano.

Sky Buzzer em vôo.
AN/ALE-50 Towed Decoy System / Advanced Airborne Expendable Decoy (AAED)  


 

 

 

 

 

 

 

 

O AN/ALE-50, produzido pela Raytheon Systems representa, a primeira geração de despistadores rebocados ativos, chamados também de despistadores repetidores. Foi projetado para realizar contramedidas contra ameaças guiadas por radar, aumentando a capacidade de sobrevivência da aeronave.

O ALE-50 tem dois elementos: um subsistema lançador/controlador, que leva o despistador antes de ser lançado e fornece força elétrica após seu lançamento, e um corpo aerodinâmico voador. Os despistadores ficam numa caixa que inclui o carretel e cabo de reboque. 

O controlador de lançamento contém um conjunto eletrônico de monitoramento/controle do despistador e suprimento de força. O lançador contém um armazenador de despistador e pode ser adaptado em várias aeronaves  plataformas sem modificação. O ALE/50 é um sistema efetivo com baixo custo e foi projetado para ser usado por qualquer aeronave.

O despistador é um corpo aerodinâmico com transdutor, amplificador TWT e modulador. Ele fica embalado em uma caixa selada e tem vida útil de 10 anos. A caixa de lançamento tem um carretel e cabo de reboque.  O despistador é lançado quando necessário e descartado após usado ou antes do pouso.


Configuração do ALE-55.

O principio de funcionamento é muito simples. Após receber o sinal de uma ameaça, o despistador amplifica o sinal e retransmite, fazendo a aeronave ficar mais refletiva que o sinal de radar original. O radar recebe dois sinais: um refletido da aeronave e outro forte, idêntico, vindo do ALE-50. Como não é capaz de distinguir entre os dois sinais, o radar ou cabeça de busca do míssil assume o reflexo mais forte como sendo o alvo.

Além de repetir o sinal, o ALE-50 também adiciona uma pequena modulação para imitar a assinatura do motor da aeronave para enganar radares que procuram estes detalhes para identificação.

O despistador protege a aeronave e tripulantes de ataque de mísseis guiados por ser um alvo mais atrativo e atrai mísseis guiados por rádio frequência (RF) para longe da aeronave em direção ao despistador. 

O ALE-50 pode ser operado manualmente ou como um sistema autônomo, ou pode ser integrado a um RWR como o ALE-47.

O despistador foi testado rigorosamente e conteve vários mísseis ar-ar e superfície-ar em testes reais. O sistema não precisa de software de ameaças específicas e comunica sua situação de funcionamento para a aeronave num data bus padrão.

Os vôos de testes incluiu o disparo de 5 mísseis reais contra um QF-106 usando o ALE-50. Os F-15 que lançaram os mísseis não sabiam dos detalhes do teste.

Após um F-16 ter sido derrubado por SA-6 na Bósnia em junho de 1995, os F-16 foram alterados rapidamente para levar o ALE-50 para despistar radares monopulso. O cabide externo da asa foi modificado para levar dois tubos de cada lado. Os testes foram completados no F-16 em 1996.

O despistador também foi provado em combate contra ameaças monopulso. O ALE-50 conteve com sucesso vários ataques de mísseis na Operação Allied Force (Kosovo 1999).

O primeiro B-1B equipado com o ALE-50 voou em janeiro de 1999 e quatro aeronaves participaram da Operação Allied Force em Kosovo. Cerca de 30 mísseis foram disparados contra os B-1 na Yugosláveia sendo que 10 realmente "trancaram" no B-1B e foram desviados. Um despistador foi atingido diretamente. O ALE-50 foi apelidade "Little Buddy" pelos tripulantes.Toda a frota de B-1 Lancer deve ser equipada com o despistador até 2004. É uma medida provisória pois o despistador planejado é o ALE-55.  

Os F-16 Block 40/50 que atuaram em Kosovo também usavam o ALE-50 em cabides e foi depois integrados ao casulos de Guerra Eletrônica ALQ-184.

O ALE-50 mostrou ser aerodinamicamente estável ao ser rebocado atrás do  F/A-18, EA-6B, B-1, F-16, F-15, QF-4, QF-100, QF-106, P-3C, C-130E e U-2.

O projeto foi iniciado em 1987 pela Raytheon como AAED (Advanced Airborne Expendable Decoy) e foi selecionado pelo Naval Air Systems Comando da US Navy em 1993 para equipar o A-6 Indruder e F/A-18E/F Super Hornet. 

A USAF se junto ao programa e instalou o ALE-50 nos F-16C/D Block 40/50 e B-1B Lancer em 1999 num plano de emergência no valor de US$40 milhões.

O F-16 usa dois pares em um lançador no cabide externo de cada asa. O B-1B leva dois lançadores na cauda com um total de 4 despistadores e pode rebocar dois para gerar potência maior. O F/A-18 leva 3 lançadores na barriga.

A Raytheon desenvolveu o Multi Platform Launch Controller (MPLC) que será o controlador padrão para todas as instalações futuras. O MPLC leva 3 decoys e será usado inicialmente no B-1B e F/A-18E/F. 

A Raytheon venceu contrato para instalar a versão de fibra ótica do ALE-50 no Nimrod MRA.4 da RAF. Ele usará o RWR ALR-56M, gerador de técnicas da Racal, o módulo de potência de microonda (MPM) da Northrop Grummam para suprir o despistador. Como um interferidor, altos níveis de potência são necessárias para dar cobertura para grandes plataformas. A potência de saída é maior que o ALE-55. O MPM é pequeno o suficiente para ser instalado no ALE-50. Os testes foram entre 1999 a 2001.

O ALE-50 de fibra ótica também esta planejado para equipar o RQ-4 Global Hawk, C-130 e A-10.

O USSOCOM pretende instalar o ALE-50 variante de fibra ótica no AC/MC-130 usando o ALQ-172 como gerador de técnicas. A USN pretende instalar nos seus P-3 Orion quando voa próximo ao litoral.


O ALE-50 está disponível em vários configurações e pode ser instalado em praticamente qualquer aeronave.


Detalhes do MPCL.

Já foram assinados vários contratos para compra do ALE-50 . Em maio de 1997 foi assinado contrato US$41,8 milhões para a instalação de 957 ALE-50(V) no F-16 e 92 para F/A-18.

Em fevereiro de 1998 a Raytheon recebeu US$35,5 milhões para produzir 1.522 ALE-50V2, sendo 1.372 para o F-16 e150 para F/A-18C/D. Ao mesmo tempo a  Lockheed Martin recebeu US$ 33 milhões para fornecer 961 cabides de ALE-50 para equipar os F-16.

Em maio de 2001 a Raytheon recebeu US$61 milhões para fornecer o ALE-50 e infra-estrutura de apoio para a USAF e US Navy. Era o quinto lote para USAF e US Navy do contrato iniciado em 1996.O lote 5 inclui 2.477 despistadores, 11 lançadores/controladores para F-16, 57 para B-1B e 19 sistemas de testes.Um total de 76 ALE-50 de treino estão sendo fornecidos para USN. As entregues terminarão em 2003. Após completo, o número total de despistadores fabricados será de 15.740.

A Lockheed assinou contrato para fornecer 413 cabides em junho de 2000 para equipar os F-16 40/50 da USAF. A USAF precisa de mais 548 cabides para um total de 961 caças. Também serão instalados nos F-16 25/30 e 32.
 
 

ALE-50 Inteligente

Em 1993-1995 a US Navy se interessou no uso de uma versão inteligente com gerador de técnicas. O ALE-50 não foi escolhido para o sistema de contramedidas IDECM F/A-18E/F, mas a versão com fibra ótica acabou sendo usada em versões iniciais.

O despistador inteligente precisam de fonte de interferência de um sistema de contramedidas eletrônicas complexo instalado na aeronave para gerar técnicas de interferência.

O ALE-50 foi integrados ao casulos de interferência AN/ALQ-184 V(9) usado na Europa. O AN/ALQ-184 usado nos F-16 Block 40/50 tem 4 lançadores. Um sistema de gerenciamento determina se o ALQ-184 ou o ALE-50 será o mais efetivo contra a ameaça que apareceu.

Um contrato em 1996 de US$5,2 milhões foi assinado para integrar ALE-50 no ALQ-184. O F-16 Block 25/30 precisa do ALQ-184 para usar o ALE-50. O ALQ-184 também pode ser integrado ao sistema de alerta de aproximação de mísseis AAR-58 CMWS.

O Northrop Grumman AN/ALQ-131 é o casulo interferidor padrão da USAF na Europa, equipa o F-16 e outros caças da OTAN, também será integrado ao ALE-50. Também é usado pela Guarda Nacional e Reserva da USAF além de outros onze países.


O casulo de interferência Raytheon’s AN/ALQ-184( V)9 combina as capacidade doAN/ALE-50 e do sistema de CME AN/ALQ-184. O AN/ALQ-184( V)9 irá usar o MPLC.
 

Um ALQ-50 adaptado em um casulo de guerra eletrônica AN/ALQ-184(V)9.


ALE-50 IR

Para melhorar a capacidade do ALE-50 a Raytheon esta adicionando o espectro IR no despistador e cabo de fibra ótica no cabo de reboque. 

A Raytheon pretende desenvolver uma família de despistador que usam o mesmo lançador MPLC do ALE-50.  Uma aeronave pode misturar despistadores IR e de RF e empregá-los simultaneamente. O despistador IR é rebocado mais próximo da aeronave.  

O ALE-50 IR terá pulso variável para imitar fumaça do exaustor e pode se tornar tão comum quanto chaff e flare atual. Os testes já foram feitos com o QF-4.

Os últimos desenvolvimentos nos flares estão direcionados para que possam repetir o movimento da plataforma lançadora. Estas medidas incluem disparar o flare para frente, colocar propulsão nos flares e rebocar o flare atrás da plataforma. A versão IR do ALE-50 segue a última medida.

Um míssil com um sensor de imagem infravermelho pode distinguir entre um flare de primeira geração lançado de uma aeronave da sua própria assinatura. As características de identificação do alvo podem ser baseadas na sua cinemática e movimento característico do alvo real, bem diferentes do flare.

Um despistador rebocado repete o movimento do alvo a ser protegido, atrapalhando este meio óbvio de discriminação. Além disso, os jatos quentes do motor é uma boa fonte de calor constante e intensa, enquanto os flares são pontos de energia térmica de curta duração, cerca de 1,0-1,5s. Então o lançamento sequencial de flares é necessário para emular os jatos quentes do motor.

Um detetor de imagem IR (IIR) usado nos mísseis pode ser um elemento único que faz algum tipo de varredura ótica para produzir imagem bidimensional, um arranjo de elementos mais um eixo de varredura, ou um arranjo em duas dimensões (FPA). O sensor IIR pode ser programado para escolher alvos que correspondam a uma forma particular para que enganar o sensor. Mesmo com um flare ou despistador multi-temperatura ou imitador de cinemática, será uma grande desafio enganar sensores deste tipo.

O ALE-50 IR tem sistemas de controles não disponíveis no flare. Ele pode ser colocado onde é necessário: atrás da aeronave. Pode ser mantido neste local e trocar dados com a aeronave. Quando o flare é lançado ele não tem mais ligação com a aeronave.

As cargas do ALE-50 IR serão várias "rosquinhas" de 1,5mm  de folhas metálicas de material pirotécnicos (uma substância que entra em combustão espontaneamente quando exposta ao oxigênio da atmosfera).

O ingrediente ativo é um material ferroso coberto com plástico. Este material é rodeado por um pirotécnico que queima em contato com o ar. O resultado é um flare rebocado de queima lenta que supera a discriminação de cinemática, espectro e tempo das cabeças de busca IR inteligentes.

As folhas metálicas são instaladas dentro do cartucho junto com um pistão dispersador e um motor. Quando os sistema é acionado, a traseira é aberta, o motor gira e faz o pistão mover, forçando as folhas metálicas no fluxo de ar.

Ai é que a flexibilidade do sistema aparece. A assinatura de um motor é de 1.500 watts na banda 3-5µ.  O material lançado por ser controlado por unidade de tempo. Por exemplo, mais material por curto período para uma assinatura mais brilhante.

Quanto mais lento funcionar o motor menor será a assinatura. Isso permite modular a assinatura. A assinatura pode ser mais brilhante ou "turva". Isso é devido ao fato de algumas cabeças de busca, na presença de duas fontes, escolher o mais brilhante, e as mais espertas sabem que as mais brilhantes são flares, mas tem curta duração. Elas então irão rastrear a fonte menos clara.

Como o algoritmo da cabeça de busca não é conhecido, o despistador pode ser clareado ou escurecido sucessivamente. O efeito é confundindo o algoritmo de contra-contramedidas. O míssil tende a rastrear o centróide da fonte de energia e o centróide do despistador é muito maior que o da aeronave.

Além da modulação, a taxa de queima bruta deve ser controlada para vencer uma cabeça de busca inteligente. Um pirotécnico exposto a atmosfera baixa queima mais do que o mesmo exposto a grandes altitudes com menos oxigênio. Mais oxigênio significa queimar mais e rápido. A velocidade também altera a razão de queima. Outra variável é a intensidade da assinatura IR da plataforma protegida.

Estas propriedades são parte do algoritmo do despistador. A assinatura da plataforma pode ser carregada antes do vôo (F-16 ou B-1B por exemplo). Porém, a altitude e velocidade são dinâmicas e entram no algoritmo continuamente. O padrão de databus Mil-Std-1553B é usado no cabo para passar os dados.

Esta técnica de modulação foi demonstrada inicialmente usando o MOSAIC, um modelo de ameaça IR baseada em computador e testada em campo em 1997 pelo Naval Research Laboratory. A demonstração/validação foi em 1999. O tempo de queima foi de 20-25 segundos. Uma unidade operacional miniaturizada terá tempo de queima de pelo menos 1 minuto, dependendo da assinatura da plataforma protegida.

AN/ALE-55 FOTD - Fiber Optic Towed Decoy

O FOTD era um programa secreto da Sanders (agora parte da BAe Systems britânica) do fim da década de 80. Em 1993 a Sanders iniciou o programa Camelot para um despistador rebocado comum para as plataformas da USAF e USN, usando a arquitetura do ALE-50 como a forma, instalação e funções. O AN/ALE-55 FOTD seria o rival do ALE-50 AAED.  

Em 1995 a USN se interessou por um decoy inteligente para o programa AN/ALQ-214 Integrated Defensive Electronic Countermeasures/RF Countermeasures (IDECM/RFCM) do F/A-18E/F. O Sanders AN/ALE-55 Fiber-Optic Towed Decoy (FOTD) foi escolhida em novembro de 1995 concorrendo com o ALE-50.

A Sanders assinou um contrato de 5 anos no valor de US$26,8 milhões para integrar o FOTD no AN/ALQ-214 IDECM. O contrato total pode exceder US$110 milhões. O FOTD usa o conjunto de contramedidas eletrônicas da aeronave para gerar técnicas de interferência para o despistador rebocado através de um cabo de fibra ótica.

IDECM 

O IDECM foi planejado para ser um interferidor externo com o FOTD. O interferidor interno seria introduzido em modenizações posteriores. Os atrasos levaram a instalações do interferidor interno em 1999.

O IDECM devia ser a resposta da USN para as novas ameaças. Seria integrado inicialmente no F/A-18E/F. O FOTD da USAF terá maior potência e usara componentes do IDECM no F-15 e B-1B.

O IDECM integra sistema de autoproteção da aeronave como o Common Missile Warning System (CMWS), também usado Harrier e F-16C/D Block 40/50, a contramedida IR Advanced Strategic and Tactical infrared Expendables (ASTE) da Tracor, o ALE-55 FOTD e o Radio Frequence Countermeasures (RFCM).

Estes sistemas são adicionados aos sistemas de guerra eletrônicos já usados como o alerta radar (RWR) AN/ALR-67 e o dispersador de chaff/flare/Gen-X AN/ALE-47 e o lançador do ALE-50 CCDS (countermeasures decoy dispensing set) compatível também com o ALE-55. O ALE-55 é o componente externo do IDECM. O CMWS, ASTE e o RFCM são projetos conjuntos das três forças (USAF e USN).

O IDECM seria mais efetivo com a melhora da consciência da situação usando sistemas de alerta de aproximação de mísseis CMWS, fusão de informações em tempo real e planejadas.

As melhorias cobrem ameaças de mísseis guiados por IR com despistadores cinemáticos e algoritmos de lançamento, e melhorando as contramedidas de RF contra radares monopulso com rastreio de ângulo, coerência de sinais e rastreio com operador no comando.

RFCM

O IDECM protege contra ameaças IR e de RF. Porém, o maior programa é o RFCM. O RFCM é um programa da USN e USAF. O objetivo inclui melhorar a consciência da situação ao integrar os sistemas defensivos da aeronave. A previsão é para 700 geradores de técnicas e 35 mil FOTD.

O sistema consiste num gerador de técnicas da ITT Avionics, receptor de sinais de ameaça, sistema processador, repetidor de banda larga independente (usado se o gerador de técnicas falhar) e transmissor, o FOTD e a caixa lançadora. O transmissor usa o sistema de contramedidas da aeronave para gerar técnicas de despistamento passadas pelo cabo de fibra ótica.

O RFCM usa uma combinação de transmissores internos e externos no FOTD para enganar radares e mísseis guiados por radar. O FOTD suplementa e não substitui os interferidores internos.

As técnicas de contramedidas são sintetizadas no gerador de técnicas e traduzidas em frequência ótica para ser passada para o FOTD. Então são convertidas em RF para amplificação e transmissão. O repetidor de banda larga é uma fonte de alternativa pra passar sinais de ameaças para o FOTD similar ao usado no ALE-50. A combinação de geradores de técnicas internas e transmissão pelo FOTD irá melhorar as coordenação de técnicas .

O sistema tem uma biblioteca de ameaças para aprimorar o uso de técnicas para manter os mísseis no lançador ao conter radares de aquisição e rastreio. A capacidade adicional de desviar mísseis ativos e semi-ativos já disparados será feito também com o FOTD.

O IDECM funciona em três modos. Na fase de supressão (suppression), o gerador de técnicas interno do IDECM recebe sinais do ambiente ao redor pelo RWR. O gerador examina os sinais e determina qual ameaça precisa ser interferida. O gerador envia os sinais para os transmissores a bordo da aeronave, se o FOTD não foi lançado, ou para o FOTD se foi lançado. O transmissor do FOTD emite sinais para atrasar a aquisição da aeronave.

Na fase de engano (deception), o IDECM emite sinais do mesmo modo da fase de supressão, mas desta vez para quebrar o sinal de radar de rastreio de alvo que  trancou na aeronave. Na fase final, quando o míssil foi lançado, o IDECM lança contramedidas para seduzir o míssil para longe da aeronave em direção ao FOTD.
 
O FOTD é descartado após uso assim como o ALE-50.  Em aeronaves grandes um guincho pode ser instalado para retrair o TD antes do pouso. Se o cabo for cortado pelos menos US$ 10 mil são jogados fora.

O problema encontrado até agora é a queima do cabo de reboque de fibra ótica. O ALE-50 opera em baixa voltagem. O FOTD fica montado entre os motores do F/A-18 e o cabo esta sujeito a gases quentes do PC. O isolamento do cabo de força quebra antes das partes físicas resultando em curto circuito. O despistador parece não funcionar e o sistema corta o cabo, e ao operar no modo automático, lança o próximo despistador. Uma versão do ALE-50 com fibra ótica poderá ser adotada se o problema do ALE-55 não for resolvido.

IDECM

TESTES

O Naval Research Laboratory usou um Learjet e um Draken como bancada de teste em abril de 1999. O programa ALQ-214 IDECM foi reestruturado em julho 1999. O desenvolvimento foi completado em março de 2000 no F/A-18D com aviônicos do F/A-18E/F.

O IDECM Block I é uma versão modernizada do ALQ-165 ASPJ com o ALE-50. O MPLC foi instalado em dezembro de 1999 num total de 65 unidades do primeiro lote. Um MPLC melhorado ira levar o FOTD.

O IDECM Block II terá os elementos internos mais o ALE-50. O IDECM Block III usará o ALE-55 FOTD. Os custos da fase de desenvolvimento subiram de US$170 milhões para US$222 milhões.

Nos testes iniciais o FOTD foi desenrolado de um carretel num casulo sobre as asas de um F/A-18D. O FOTD será ejetado da parte de baixo da fuselagem traseira como planejado para as aeronaves operacionais. O decoy detectou, identificou e irradiou, via o FOTD, sinais de interferência contra ameaças priorizadas.

Os testes de separação completo no F/A-18 foi realizado em outubro 2000 em Patuxent River. Os testes no F-15 foi realizado em Eglin até 2001. O FOTD também foi testado no F-16.

O FOTD foi testado entre 3.000-32.000m a bordo do U-2R em 1996, com o FOTD montado no casulo do GPS da aeronave. A aerodinâmica mudada para alta altitude e por isso terá barbatanas maiores se for usado no U-2 e no RQ-4 Global Hawk.  

USUÁRIOS

A Sander recebeu subcontrato da Raytheon para integrar o ALE-55 com o alerta radar do B-1B. Em outubro de 1996  foi assinado um contrato para a modernização dos sistemas defensivos do B-1B Lancer pela Sanders que irá integrar o FOTD com o RWR ALR-56M.

A USAF também pretende usar o ALE-55 no F-15C e F-15E. A USAF pretende modernizar o interferidor ALQ-135 do F-15C e F-15E para padrão V5 com o FOTD da BAe Systems. A Boeing irá completando a integração com o F-15 em 2005 a um custo de US$74 milhões.

A produção foi iniciada em 2001 para um sistema de 30 ALE-55. O segundo lote consistia de 14 sistemas e 30 decoys. O valor total de mais de US$10 milhões.

Os F/A-18E/F irão levar um lançador com 3 despistadores ALE-50. A partir do quarto esquadrão será equipado com o ALE-55 FOTD.

O FOTD está planejado ou estudado para ser instalado no F-16, AC/MC/C-130, E-3 AWACS, E-8 JSTAR, B-52H, U-2R e RQ-4 Global Hawk da USAF e será introduzido posteriormente no modelo F/A-18D da US Navy após integrado nos F/A-18E/F. E em aeronaves grandes será usados dois decoys rebocados em cada lado da aeronave. Cada um com um lançador, num total de oito decoys por aeronave. A BAe espera vender 34 mil FOTD para USN e USAF.

A US Navy também pretende desenvolver um interferidor de banda baixa equipado com o ALE=55 no mesmo estilo do ALQ-184(V)9 da USAF equipado com o ALE-50.

O IDECM de próxima geração em desenvolvimento para o F-22 e F-35 usa a furtividade ao invés de interferência ativa como o ALE-50 e 55.  O F-22 e F-35 terão um sistema de Guerra Eletrônica integrado que enfatizam a furtividade ao invés de interferência ativa do IDECM.

 


Fotos do ALE-55 FOTD incluindo detalhes internos.
 
 
BAE Systems Ariel e TRD

O primeiro sistema de despistador rebocado operacional foi o Ariel - Airborne Towed Radar Decoy (TRD) da BAe Systems britânica. O Ariel é um sistema de contramedidas externo desenvolvido em meados dos anos 80 pela GEC-Marconi, agora parte da BAe, para proteger aeronaves grandes como cargueiros e patrulha marítima contra armas guiadas por radar, embora uma variante para jatos esteja disponível.

Os vôos foram iniciados em 1988 e em 1989 foi testado no Experimental Aircraft Prototype (EAP), precursor do Eurofighter Typhoon.

O Ariel, nome de um duende alado no romance "A Tempestade" de Shakespeare que tinha o dom da imitação, é otimizado para mísseis de guiagem monopulso na banda 2-20GHz (banda E até J), com o uso de despistamento de ângulo, seduzindo o míssil para longe da aeronave assim como o Ariel de Shakespeare usava a música para afastar Ferdinando de suas companhias.

Após ser testado originalmente no Jetstream e Buccaneer, o Ariel entrou em serviço no Nimrod MR.2 na operação Tempestade do Deserto em 1990-1991. Chegou a ser usado por mais de 90 minutos nos testes e recuperado depois sem problemas. O decoy foi montado na cobertura de antena de satélite no topo da deriva do Nimrod, com cabo fibra ótica, e cobria ameaças de 6 a 20GHz.

Após conflito foi usado num programa de demonstração de tecnologia para um depistador de alta potência, que poderia operar em alta velocidade. A versão modificada usa um casulo BOZ com dispersadores de 55mm no cabide externo da asa do Tornado. Os testes foram em Holloman e Nellis EUA entre 1994-1995.

Já foi rebocado por mais de 5 horas continuamente e puxando 4G's. O despistador continuava funcionando quando entrava no vórtice do Tornado e voava em padrão de espiral de 3 metros de diâmetro.

Entrou em serviço em janeiro de 1995 e foi usado nos Tornados F.3 da RAF que operaram no conflito da Bósnia em 1996. Foi adotado a recuperação com pára-quedas e capacidade de operar por longos períodos continuamente.

A GEC produziu duas versões do Ariel para RAF e Royal Navy. Uma autônoma, de alta potência, para interferência com link com a aeronave. A outra é uma versão inteligente com transmissor de radio frequência (RF) ligado ao RWR da plataforma. A carga do despistador age como transmissor escravo.

A instalação da aeronave tem um sistema de suprimento de força de alta voltagem, um guincho, um módulo de interface e um tubo de lançamento-recuperação (com guincho em aeronaves grandes). O cabo de reboque tem um data link de fibra ótica, condutor elétrico e é reforçado com Kevlar. Esta conectado ao RWR e gerador de técnicas da aeronave que usa a fibra ótica como data link até o corpo voador.

O corpo aerodinâmico tem um fotodetector, pré-amplificador, amplificador TWT, antena transmissora e unidade de condicionamento de força. O despistador com data link, que é um interferidor de repetição/despistamento, depende apenas que a aeronave tenha um sistema de suprimento de força, guincho e caixa de controle. A carga do decoy é aumentada com um arranjo de antenas transmissoras, amplificador e unidade de força, junto com o modulador de sinais capaz de realizar repetição simples, ajustador de repetição e arranjo "set-on-noise".

O Ariel pode gerar vários ruídos, repetição e técnicas de contramedidas avançadas contra radares monopulso, radar ativo e semi-ativo além de radares antigos de comando de guiagem CLOS (command-to-line-of-sight) e sistemas home-on-jam. O modo de repetição funciona de forma autônoma quando acionado.

O Ariel pode ser montado na fuselagem, instalado na cobertura da fuselagem ou lançado de um casulo ou cabide nas asas.

A ejeção do Ariel a partir de aeronaves grandes era feito entre 352 e 463km/h, enquanto era rebocado numa velocidade de 278 a 667km/h. A variante para jatos pode ser rebocada a Mach 1.2. Quando lançado, fica rebocado a 200m atrás da aeronave com cobertura hemisférica. O sistema é ativado assim que a aeronave entra numa área de ameaça e permanece operacional por cerca de dois minutos.

Após sair da área de perigo, o Ariel é recuperado, se possível, embora a empresa veja o decoy como sendo descartável, podendo ser destruido durante o uso, e algumas aeronaves ou missões não permitem a recuperação do corpo voador após ser usado.

Nos Nimrod e C-130 ele podem ser recolhido com o guincho. Os jatos usam um sistema  de ejeção com pára-quedas.

O Ariel ainda equipa os Tornado F-3 da RAF e também opera no Nimrod MR.2 e R.1 abaixo da fuselagem e em alguns C-130 da RAF. A variante de jato pode ser usada no Jaguar, Harrier, Mirage 2000 e Rafale e foi testada no F-16 da USAF. Foi planejado para Nimrod MR.4 mas não foi escolhido. Uma versão de segunda geração será parte do sistema defensivo DASS no Eurofighter da RAF (TRD). A Dassault Electronic e BAe/GEC-Marconi estão desenvolvendo um decoy de fibra ótica para Mirage 2000 e Rafale.

Por já estar disponível pode ser usado rapidamente se necessário. Em agosto de 1995 USAF na
Europa estava enfrentando ameaça de mísseis SAM contra C-130 na Bósnia. Foi lançado um requerimento para aquisição rápida de um despistador rebocado e em 1996 um C-130 estava testanto o Ariel em Eglin. O despistador estava integrado ao casulo de interferência/ruído AN/ALQ-131 e foi testado contra algumas ameaças.

O Ariel continua sendo desenvolvido na forma do TRD que equipará os Eurofighter Typhoon da RAF. O TRD será parte do sistema defensivo DASS que levará um ou dois TRD no casulo da ponta da asa direita. O número depende de outros sistemas como o Cross Eye (MAWS). O TRD pode ser recolhido ou ejetado dependendo da situação.


TRD usado no Eurofighter Typhoon.

O TRD é baseado no BAe Systems Ariel já usado no Tornado e Nimrod, sendo um despistador rebocado de segunda geração. A diferença é diminuição do tamanho para ser acomodado no casulo da asa to Typhoon e o uso de um link por fibra ótica. O cone de arrasto também foi modificado para se ajustar a diferentes velocidades.

O cabo de Kevlar® tem 100m e inclui cabo de linha de força. O TRD pode ser lançado em velocidades subsônicas e supersônicas e ser rebocado por várias horas. Ele não pode ser rebobinado e é descartado após o uso. O caça pode trazê-lo de volta para a base e cortar o cabo antes do pouso, e o TRD pode ser recuperado e reusado.

A ameaça é detectada, localizada e identificada  pelo sistema de ESM e o gerador de técnicas DAC pode enviar comandos para o emissor de RF do TRD. Ele produz várias técnicas de ruído e despistamento para engajar e despistar mísseis para longe da aeronave e trabalha nas frequências entre 4,5 e 18 GHz. 

Um feixe de radar típico tem 2 graus de largura e mede 100m a 3km de distância - é o alcance mínimo de um míssil SAM guiado por radar como o OSA-AKM (SA-8) russo. com uma célula de alcance de 150m em profundidade. O alvo e o TRD irão aparecer na mesma célula, produzindo uma distância de erro que é independente do alcance.

O sinal do TRD tem potência modulada para igualar o sinal do radar e o RCS do alvo, que muda de acordo com o angulo de aspecto. Os testes mostraram que sistemas de acompanhamento automático são relativamente fáceis de derrotar. Os radares com modos "varre enquanto rastreia" são praticamente incapazes de distinguir o alvo do TRD. Os sistemas semi-ativos sempre apontam para o TRD, o os sistemas CLOS (command-to-line-of-sight) podem ser confundidos combinando o TRD com chaff. A letalidade dos mísseis podem ser reduzidos em até 80% com o TRD e o TRD pode dobrar a capacidade dos interferidores internos.

Os Eurofighter de outros países poderão usar outros despistadores rebocados como o Sky Buzzer da DASA. A França se interessou no TRD para equipar seus Mirage 2000.

Quando o TRD entrar em serviço já estará disponível na forma do Ariel Mk2. Entre as melhorias planejadas estão o aumento da potência de 150W para mais de 500W, para igualar picos de ecos de radar a curta distância e uma nova antena. Também será mais barato que a versão anterior.

O Ariel Mk3, ainda esta na fase de protótipo, será um TRD ainda mais sofisticado e poderoso com uma antena "Phased Array". Terá uma cobertura hemisférica com 1,2KW de potência. A potência é tanta que o calor gerado o faz parecer um despistador IR.


Casulo do TRD na asa direita do Eurofighter. Em abril de 1998 o TRD foi testado em velocidade supersônica no protótipo DA.2. Deve entrar em serviço em 2002.

Detalhe do TRD do Eurofighter. O TRD é um dos componentes do sistema defensivo DASS que é formado por um alerta radar (RWR), lançador de chaff/flare, alerta laser (LWR - laser warning receiver e alerta de aproximação de mísseis (MAWS).
 
Um Eurofighter biposto rebocando um TRD. O cabo está facilmente visível.

Sky Buzzer

A DASA, agora parte da EADS, esta desenvolvendo despistadores rebocados desde fins da década de 80. O resultado foi o Sky Buzzer para aeronaves grandes e caças.

É um sistema de interferência/repetição de alta potência. Ele introduz erro angular no ciclo de rastreio do radar de busca ou guiagem de mísseis SAM e ar-ar guiados por radar. Pode operar sozinho ou em conjunto com outros interferidores internos da aeronave.

Também usa técnicas de repetição e mascaramento sendo efetivo contra radares pulso, Pulso Doppler e onda contínua (CW). Opera em bandas altas e baixas, com transmissor de mais e 100W. Um modulador de interferência esta sendo usado com dados obtidos após a unificação das duas Alemanhas.

O sistema consiste de uma antena, processador, gerador de técnicas, suprimento de força de alta voltagem, data link de fibra ótica, TWT e pré-amplificador. O sistema é modular podendo ser fornecido com um ou todos os subsistemas.

O corpo aerodinâmico é uma unidade cilíndrica com quatro barbatanas estabilizadoras de grande ângulo. Para melhorar a estabilidade em vôo, foi instalado um sistema um sistema de quatro flaps com molas num arranjo que funcionam como freio aerodinâmico.

Ao entrar na área de ameaça, o piloto ejeta o despistador, com transmissão de RF instantânea fornecida logo a seguir. No fim da missão, bem antes do pouso, o piloto ejeta o despistador que esta equipado com um para-quedas permitindo recuperação segura. O despistador pode ser consertado e reutilizado. Pode estar pronto para uso em 1-2h. A versão de caça esta equipada com pára-quedas e as aeronaves maiores usam um guincho.

A aeronave voa com o despistador lançado de altitudes de 1.500 a 7.000 metros, com velocidade de 170-620kts incluindo velocidade supersônica com manobras de mais de 5G's.

O Sky Buzzer já vou a velocidade de Mach 1.4. A tensão do cabo atingiu 18% ta tensão máxima em vôo reto e nivelado, aumentando para 30% em manobras de 5G's. A carga máxima não excedeu 40% da resistência. Foi projetado para uma velocidade máxima de Mach 2, mas ainda não foi testado nesta velocidade. Também já voou em velocidades de 90 milhas/h pois esta previsto para equipar aeronaves de carga.

Os resultados sugeriram que pode ser integrado e várias aeronaves como o Tornado, Eurofighter e C-160 Transall.

A DASA iniciou os testes num Learjet em 1995 após estudos teóricos e simulações. Uma versão menor foi testada no F-4F Phantom no deserto de Mojave, EUA, em outubro de 1997. A variante de produção foi testada no F-4 e Tornado.

Foi usado nos exercícios Red Flag pelo Tornado. Mostrou ser eficiente em cenários reais em vários vôos. Os Tornados estavam voando sozinhos ou em grupo contra ameaças simples e múltiplas, seguida de perfis de missão táticas em baixa e alta altitude sem restrição aos despistadores. O despistador se mostrou efetivo logo após ser lançado e operou com sucesso contra todas as ameaças.

Também realizou testes contra radares em solo a distância muito curta (menos de 10km, ao invés de várias dezenas de km) e confirmou eficiência ao operar dentro do envelope de mísseis SAM.

No Tornado, ele esta instalado no casulo BOZ padrão dos Tornados da Luftwaffe com dois lançadores de lado a lado atrás do casulo. O BOZ  também contém o controlador de interferência, gerador de técnicas e suprimento de força.

Futuramente os Tornados alemães terão o Sky Buzzer combinados com o interferidor TSPJ (Tornado Self-Protection Jammer), que substituirá o Cerberus II usado atualmente. Dois dispersadores serão instalados no casulo TSPJ. Esta combinação será oferecido para exportação.

 
Sky Buzzer rebocado de um F-4 da Luftwffe. O link de fibra ótica tem 2mm diâmetro. 
O Sky Buzzer tem 56cm de comprimento e 6cm de diâmetro pesando 3,5kg. As antenas ficam na traseira e no nariz. Uma cintura de barbatanas é usada para refrigeração. Os estabilizadores e quatro barbatanas com ângulo variável são usadas para estabilizar de acordo com a velocidade.


Casulo sueco BOZ equipado com o Sky Buzzer na asa de um Tornado.


BO2D Towed Decoy

 

 

 

 

 

 

 

 

A CelsiusTech Electronicas projetou o despistador rebocado BO2D para proteger caças contra mísseis com cabeça de busca de radar ativo (ARH) ou semi-ativa (SARH).

O despistador é ejetado por pirotécnicos de um lançador padrão de 55mm de chaff/flare como o dispersador BOZ/BOP e pesa menos de 2kg. A instalação é simples e barata. O cartucho tem um cabo de reboque e um mecanismo de parada, sendo 10cm mais comprido que um cartucho de flare padrão. O carregamento e operação são similares aos cartuchos de flares.

O veículo aerodinâmico é um despistador repetidor de alto ganho, banda larga (banda H, I e J - 8-20GHz), multimodo com capacidade de modulação de frequência. Ele usa bateria interna e se comunica com aeronave pelo cabo de reboque reforçado com Kevlar.

A transmissões RF podem ser ligadas e desligadas e modos de contramedidas diferentes podem ser escolhidas enquanto o despistador estiver rebocado. Isso permite que o piloto lance o despistador sem transmitir enquanto se aproxima de uma ameaça. O piloto pode lançar o BO2D sem transmitir e ligar quando ameaça aparecer. Após uso o cabo é cortado. O sistema é descartável e sem necessidade de manutenção. O manuseio também é fácil.

Como foi projetado especificamente para caças, ele pode ser lançado e utilizado durante o vôo supersônico.

O BO2D é um sistema de proteção de baixo custo que teve o desenvolvimento iniciado no inicio da década de 90 em um contrato da Força Aérea Sueca para equipar o JA-37 Viggen e JAS-39. Foi qualificado para produção em 98 e já esta em uso. Vai ser lançado dos dispersadores BOP e BOZ.

O sistema vem interessando vários países como a África do Sul, Itália, Alemanha, França e Reino Unido.


O BO2D é rebocado 100 metros atrás da aeronave e cria um RCS de 200 m2. É efetivo contra radares Pulso-Doppler.


O lançador BOP/B instalado nos cabides externos das asas do JAS-39 Gripen leva chaff , flare e o despistador BO2D.
Também pode ser instalado nos casulos BOL e BOP/C.

X-Guard

A empresa israelense Rafael anunciou que desenvolveu o despistador rebocado X-Guard para proteger aeronaves de combate de ameaças guiadas por radar ativo e semi-ativo como mísseis ar-ar e superfície-ar. O X-Guard ilude os mísseis protegendo a plataforma criando um alvo falso. O sistema é capaz de enganar radares monopulso e LORO. O sistema é ligado ao sistema de guerra eletrônico da aeronave por um cabo de fibra ótica. O sistema é reutilizável e pode ser usado vários vezes durante a missão. O projeto foi iniciado em 1996 para proteger contra mísseis S-300, R-77 e MICA.


O X-Guard tem 60 cm de comprimento e 10 cm de diâmetro do corpo.

 


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