Datalinks Americanos

O uso de datalinks implica na transmissão de informação digitais transmitidas em protocolos chamados de Tactical Digital Information Links (TADIL) na OTAN. O TADIL é um padrão de comunicações que pode ser lido pela maquina. O programa TADIL aplica formato a mensagem para apoiar o uso em operações combinadas para o Joint Interoperability of Tactical Command and Control Systems (JINTACCS).

Os sistemas mais prevalentes na OTAN são o TADIL-A, TADIL-B e TADIL-C. Entraram em serviço na Guerra da Coréia. Estão sendo substituídos pelo Link 16 ou TADIL-J. O Link-16 é chamado de TADIL-J apenas nos EUA. Foram os primeiros sistemas baseados em protocolos.

O Link 1 é um datalink digital duplex para o sistema de defesa aérea da OTAN - NATO’s Air Defence Ground Environment (NADGE). Foi projetado na década de 50 para comunicação ponto a ponto. O Link 1 permite a troca de dados entre o Control and Reporting Centres (CRCs) e Combined Air Operation Centers (CAOCs)/Sector Operation Centers (SOCs). A taxa de transmissão de dados é de 1200/2400 bps. O sistema não é criptografado e limitado a vigilância e gerenciamento de link em mensagem série "S".

O Link 4 é um sistema não seguro para vetorar comandos de caça. Funciona em rede (time division link) operando em banda UHF com taxa de transmissão de 5kbits/s. O padrão de mensagem do Link 4 é definido no STANAG 5504 enquanto o padrão de operação é definido no ADatP 4.

O Link 4 é dividido em Link 4A e Link 4C. O Link 4A faz comunicação superfície-ar, ar-superfície e ar-ar. Originalmente chamado Link 4, iria substituir a comunicação por  voz para controle de caças. O uso foi expandido para troca de dados entre plataformas de superfície e aéreas. Entrou em operação no fim de cada 50 nos F-106 e SAGE. É considerado confiável mas não é segura e nem tem resistência a interferência. É fácil de operar e manter sem problemas de perda de conexão.

O Link-4C é um link caça-caça para complementar o Link-4A, embora não se comuniquem entre si. Sua mensagem usa padrão "F" com alguma capacidade de resistência a interferência. É usado no F-14 que não pode se comunicar com link 4A ou 4C simultaneamente. Até 4 caças podem participar de uma rede Link 4C. O Link 16 irá substituir o Link 4A e 4C em controle de caças, porém, não será capaz de substituir as funções do modo ALCS do Link 4A para pouso automático em porta-aviões.

O TADIL-C (Link-4) usado rádios UHF para conectar  NAes, aeronaves E-2, E-3 e caças. O E-3 e E-2 franceses usam o TADIL-C para comunicar com a  frota, postos comando em terra e ate com caças. Também é usado para pouso automático no NAe Charles d´Gaulle.

O datalink do SAGE da década de 50 iniciou com o modo Frequency Division Data Link (FDDL-fiddle) e não era confiável. Foi substituído pelo Time Division Data Link (TDDL-tiddle) bem confiavel. O FDDL permite que o operador silencie o sistema se achar que esta recebendo dados falsos de um enganador.

O Semi-Automated Ground Environment (SAGE) era uma rede de radar e comunicações ligada por computadores usada para defender os EUA e Canadá. Entrou em operação em 1958. Nos testes iniciais foi concluído que poderia derrubar apenas 10% de uma força de bombardeiros.

Para alerta aéreo antecipado o SAGE usava o EC-121 Warning Star em 11 esquadrões. Era o predecessor dos E-3 Sentry e E-2 Hawkeye.

Os dentes o SAGEN eram os interceptadores  F-94 Starfire, substituídos em 1950 pelo F-89 Scorpion e pelo F-86D Sabre Dog. O Canadá usou o F-89 e o CF-100 Canuck. Em 1955, 70% dos 1.400 interceptadores eram F-86D, a maioria F-86L modernizado e que recebeu um datalink para controle a partir de terra.

Os caças eram pouco confiáveis e tornaram-se obsoletos rapidamente. O F-102 Delta Dagger iniciou operação em 1956 e também não preencheu os requisitos. Era supersônico, tinha melhor armamento e era controlado por datalink. O F-102B entrou em serviço em 1959 e renomeado de F-106 Delta Dart. Foi usado até a década de 80.  O F-102 e F-106 também tinham capacidade de serem guiados pelo SAGE. Podiam atacar alvo sem apertar um único botão ao ser adicionado uma conexão com o piloto automático. O piloto se tornou gerenciador de sistemas.

O interceptador F-101 Voodoo entrou em serviço em 1959 e serviu até década de 80. O F-104 foi adquirido em 1956 mas tinha curto alcance. Foi retirado em 1960.

O armamento inicial eram metralhadoras e canhões. Em 1950 os caças passaram a usar foguetes. Eram potentes, podendo derrubar um bombardeiro com único acerto, mas imprecisos. Mesmo disparados em salva não garantiam que iriam acertar.

O míssil Hughes AIM-4A Falcon iniciou sua operação em 1955. O AIM-4A era guiado por radar SARH e o AIM-4B por guiagem IR. A primeira geração teve desempenho muito ruim. O Falcon foi considerado o pior míssil ar-ar americano. O AIR-2 Genie era um foguete não guiado com ogiva nuclear de 1.5kt. Podia ser detonada sobre area povoada a grande altitude a 4.5km

O SAGE também usou mísseis SAM. O Nike Ajax iniciou sua operação em 1953 e o Nike Hercules em 1958. Um SAM de alcance ultra longo, o Boeing BOMARC, era praticamente um UAV com motor foguete de aceleração e dois motores ramjet. Tinha radar interno e alcance de varias centenas de quilômetros. A ogiva podia ser convencional ou nuclear. Cerca de 500 BOMARC fora usados e como outros sistemas da época tinha muitos defeitos.

O Canadá tentou desenvolver seu próprio interceptador, o Avro CF-105 Arrow. Os custos mostraram ser muito altos e comprou o BOMARC e F-101 Voodoo.

O SAGE tinha 8 regiões de defesa aérea com 22 centros de comando, comandando 54 esquadrões de interceptadores e 66 baterias de mísseis SAM Nike. Cada centro de comando tinha dois computadores IBM FSQ-7, cada um com 50.000 tubos de vácuo e dois Mb de memória. Eram confiáveis, mas gastavam muita energia. O SAGE foi substituído pelo NORAD que adicionou defesas anti-míssil e guerra espacial.

A US Navy usou vários terminais Link 4 nos seus caças. O terminal  AN/ASW-25 datalink de via única era usado nos F-4B/N/J da US Navy para defesa de frota. A US Navy pretendia conectar caças, navios e aeronaves AEW em rede de datalink de duas vias acoplando o piloto automático aos controladores nos navios e aeronaves AEW. A intenção era realizar interceptção automática sem comando de voz e permitir pouso automático em NAes. Os F-4 perderam um tanque de combustível para o equipamento de datalink.

Datalinks como Link 11 e Link 16 são usados para comando e controle. Para passar imagens e outros dados de maior tamanho são usados datalinks dedicados de banda larga.

Os casulos AN/AWW-7, AN/AWW-9, AN/AWW-12 and AN/AWW-14 permitem que o operador selecionar ponto de impacto de armas guiadas por imagem como o SLAM, AGM-142 e AGM-130.

O AN/AWW-13 Advanced Data Link da US Navy tem interface 1553. Foi usado para Rapid Targeting System (RTS) na operação Allied Force em 1999. Um caça F/A-18D equipado com o casulo enviava imagem e informações para outro F/A-18D. O tripulante traseiro podia ver as mensagens, mapas, fotos de U-2 e vídeos de UAV, pode usar as imagem para planejar rota durante o vôo ou trocar de alvo. Também era usado para guiar os mísseis SLAM

O casulo Raytheon (ex Hughes) AN/AXQ-14 Data Link Pod é um datalink de via dupla para controlar e guiar armas como EGBU-15 e AGM-130. O operador controla a arma com dados mostrados nas telas multifuncionias. O casulo usa frequências múltiplas na banda 1710-1855MHz para vídeo e link de comando. O casulo tem antena mecânica, com varredura eletrônica rastreia a arma em modo manual ou automático. A antena frontal é fixa.

O casulo AN/ZSW-1 Improved Data Link Pod (IDLP) de banda larga é o casulo usado no F-15E a partir de 1990. Usa a interface do AN/AXQ14 EOGB para passar dados e imagem.

O RF-4C usava o datalink UPD-8 com antena móvel para passar imagens do radar SLAR AN/APQ-102 para estação em terra em tempo real.


O helicóptero naval SH-60B Seahawk opera com o datalink AN/SRQ-4 sob controle do COC do navio-mãe quando está na linha de visada. Opera autônomo fora da linha de visada na banda C. Com o datalink o helicóptero funciona como extensão de armas e sensores do navio. O datalink tem dois modos de operação. No modo ASW o datalink baixa dados das sonobóias. No modo ASST o datalink baixa dados de radar, FLIR e outros fontes de vídeo. O datalink equipará o MH-60R.


O sistema AN/AVX-3 Fast Tactical Imagery (FTI) usado pelo F-14 transmite imagem de qualquer tela da cabine como LANTIRN, IRST, TCS, HUD, radar, mostrador do RIO e TARPS com coordenadas do alvo do F-14 para todos F-14 e entre F-14 e para COC do NAe. O sistema foi testado em Kosovo. O sistema pesa 11kg. Pode usar outro F-14 para transmitir além da linha de visada. Os dados podem ser usados para fazer pontaria de bombas guiadas por GPS. O casulo de reconhecimento TARPS CD tem datalink embutido para enviar imagens para estação em terra. O datalink foi instalado no espaço do scanner linear IR. O F-14 também está equipado com o datalink de via dupla AN/ASW-27 compatível com Link 4 para trocar dados com o E-2 Hawkeye, navio-aeródromo e navios piquete radar. Também permite operar em conjunto com o F-15 da USAF. Na operação Enduring Freedom no Afeganistão, os F-14 já estavam equipados com o Link -16.


O TBM Avenger (foto), o Skyraider e o Gannet receberam um radar AN/APS-20 para atuarem como aeronave de alerta aéreo antecipado. Usavam um datalink Bellhop. Os transmissores VHF tipo AN/ART-28, AN/ARR-27 e ART-23 transmitiam para o receptor AN/SRR-1 no navio. O Bellhop transmitia um fax da tela de radar para um indicador de posição no COC do NAe. O fax permitia ver o que estava além do horizonte do radar do navio. Navios escoltas de direção de caças também tinham equipamento receptor.


O F-117 recebeu capacidade de receber alvos na cabine. Foi testado em 1998. O sistema foi chamado Integrated Real-time information into the cockpit/Real-time information out of the cockpit for Combat Aircraft (IRRCA). Ao receber as informações por satélite, o caça faz planejamento de missão dentro da aeronave em poucos minutos. O piloto avalia as informações automaticamente e muda o plano em rota. O piloto aceito ou não a proposta sugerida junto com o alvo.


O programa de modernização do Link 16 do JSTAR tem quatro fases. A capacidade atual é baseada no TADIL-J Upgrade (TJU), Theater Missile Defense (TMD), and Attack Support Upgrade (ASU). O TJU terá capacidade Link 16 basica para passar alvos no solo para os participantes da rede. O TMD terá três mensagens mais outra para identificar, monitorar e notificar a presença de lançadores de mísseis balísticos (TEL por exemplo). O ASU terá 25 mensagens de Link 16 para o banco de dados do JSTARS. O JSTARS poderá realizar apoio de ataque ao passar informações para os atacantes como designação de alvos, seleção de alvos, relação de acompanhamento e gerenciamento de tarefas de comando e controle. O Link 16 irá permite que o JSTARS contribua para defesa de mísseis balísticos de teatro, interdição, supressão de defesas e apoio aéreo aproximado. A capacidade atual é limitada. O JSTARS recebe mensagens de posição (PPLI), contatos aéreos, e transmite parte dos alvos em terra. O Surveillance and Control Data Link (SCDL) foi usado para passar dados para estação em terra Ground Station Modules (GSMs), que é componente do US Army do JSTAR, durante a Guerra do Golfo em 1991, junto com o Link 16.


CDL

Em 1991 o Pentágono iniciou o desenvolvimento do Common Data Link (CDL), agora chamado MC-CDL (Multipurpose Common Data Link), como padrão para sistemas de inteligência de sinais e imagem. O CDL consistem de uplink resistente a interferência e seguro, opera a 200kbits/s, e downlink de 10.71kbtis/s, 137Mbit/s ou 234Mbit/s. A apenas o canal de 10,71kbtis/s é seguro. Estava previsto cinco classes de link de linha de visada e além da linha de visada (com restransmissão). O classe I equiparia aeronave que voa a até 80,000 pés e velocidade Mach 2,3; o classe II equiparia aeronaves que voa  a 150,000 pés e Mach 5; o classe III equiparia aeronaves que voa  a 500,000 pés; e o classe IV equiparia satélites a 750nm; e o classe V equiparai satélite de retransmissão.

O MC-CDL atual é um datalink digital ponto a ponto duplex, que opera na banda X/Ku, resistente a interferência e com taxa de transmissão de 1 MB/s para estação terrestre. Será instalado nos E-3 AWACAS e E-8 JSTARS em 2008, seguido do Global Hawk, U-2 e Rivet Joint. O fabricante será a Cubic.

O MC-CDL irá equipar aeronaves não tripuladas (UAV) para passar imagens de vídeo, mas os EUA já está estudando o uso de técnicas de reconhecimento automático de alvos para que apenas as imagens de interesse sejam mostradas. Isto se tornará viável com processadores mais poderosos.

Próxima Parte: Link 11, Link 14 e Link 22


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