Datalinks Suecos


A Força Aérea Sueca (Fygvapenet) é considerada a mais experiente com datalink que qualquer outra força aérea.

A Suécia é um pais neutro entre dois blocos durante a Guerra Fria. Estava ameaçada pela supremacia esmagadora do arsenal Soviético que ameaçava usar seu território para atingir outros objetivos estratégicos. A Suécia passou a desenvolver um sistema de comunicações sem voz para facilitar o trabalho dos interceptadores. Canais de voz eram lentos e fácies de interferir.

Devido a proximidade com a URSS, o serviço reconheceu a vulnerabilidade da comunicações por voz a interferência, e adotou um datalink terra-ar no J-35B e J-35D Draken em 1963. Iniciou a operação com o J-35F em 1965. Além de evitar interferência, o datalink diminuía a carga trabalho do piloto.

O datalink do Draken era capaz de enviar, do solo para o caça, altitude do alvo, distância, direção e comandos como subir, virar, engajar ou abortar.

O sistema era tão secreto que era misturado com outros mostradores do cockpit e nunca podia ser mencionado em transmissões de voz. Os dados ficavam embutidos nos mostradores tipo relógio. Eram bem escondidos e foto do cockpit não denunciava. O da bússola indica direção do alvo. O indicador de velocidade mostrava a velocidade da aeronave e do alvo e assim por diante.

No altímetro foi instalado um sistema de comando por palavras chaves series de três palavras combinavam para formar uma lista de comando, como mergulhar, esquerda, direita, sobe etc. O caça era totalmente controlado pelo solo até a posição de disparo.

Poucos conheciam o sistema. O piloto só dizia "voando por instrumento" quando engajava o link. As melhorias aumentaram o alcance e a proteção contra interferência.

O primeiro "link de caça" (fighter link), incluindo aeronave a aeronave de duas vias, foi desenvolvido secretamente, a bordo do JA-37 Viggen no inicio da década de 80.  Em 1982 ligava dois caças e a partir de 1984 o Viggen já estava ligando quatro caças entre si. O sistema esta em uso no Gripen e com novas tecnologias é capaz de manter inúmeros na forma passiva.

O Viggen introduziu os mostradores de dados HSD (Horizontal Situaltion Display) capaz de mostra muito mais dados para o piloto e de forma clara. Mostra dados como cada alvo que esta atacando, combustível, armas e outros dados. O JA-37 manteve o datalink com o solo. Em 1995 passou a ter capacidade de transmitir pequenos textos. O JA-37D, modernizado a partir de 1998, recebeu a capacidade do datalink do Gripen de manter vários receptores passivos na rede.


Os mostradores monocromáticos do JAS-37 Viggen (e primeiras versões do Gripen) mostravam bem menos dados.

CDL39 - TIDLS

Vital para a capacidade de combate do Gripen é seu datalink CDL39 (Communication and Datalink 39) da CelsiusTech, considerado o melhor datalink de caça do mundo. O CDL39 também é chamado de Tactical Information Datalink System (TIDLS). O hardware é da Rockwell Collins.

Os outros sistemas são instalados em poucas aeronaves e geralmente são sistemas dirigidos por comando, usados para guiar outras aeronaves. Eles não permitem um fluxo livre de informações entre plataformas, e são limitados no tipo de dados que podem transmitir e com taxa de transmissão muito lenta comparado com o do Gripen.

Como Intra-Flight Data Link (IFDL) o TDILS é considerado melhor e mais capaz que o Link 16 da OTAN ou o IDM bem mais simples e barato do F-16 MLU.

O CDL39 consiste de dois rádios Fr41analogicos, um rádio Fr90 digital, unidade de gerenciamento de áudio, amplificador de comunicações terrestres, painel de controle de áudio, e mostrador de controle de comunicações. Os dois últimos ficam na cabine e servem como interface para piloto. O radio Rockweel Collins Fr90 trabalha na banda 960-1215MHz e usa técnicas de contra-contramedidas como salto frequência, e codificação.

O CDL39 será integrado com novos rádios TARAS usados no JAS-39C, JA-37D Viggen, S-100B Arugs, S-102 Korpen e centro de comando Stridlednings (StricC). O fabricante FMV pretende fazer os rádios se comunicarem com o Link 16 para operações internacionais.

O JAS-39C está equipado com dois rádios alemães Rohde & Schwarz serie 6000 UHV e VHF (30-400Mhz) compatível com modos de proteção Have Quick I e II , SECO e padrão de encripitação SATURN. É o mesmo rádio usado no A-29A/B e R-99 da FAB.

O TIDLS tem dois elementos: o link bidirecional externo ar-terra e ar-ar entre caças. Para exportação estão disponíveis três níveis de funcionalidade com conexão individual entre os Gripen, conexão do caça com aeronave AEW e integrado a rede completa em terra e no ar como na Suécia. O JAS-39 passou a trocar informações com caças, aeronaves S100B Argus, radares no solo, navios e baterias de mísseis SAM.

O TIDLS pode conectar até 4 aeronaves em link de banda larga e duas vias em tempo real, e sem limites passivas recebendo dados de fontes ativas. As aeronaves enviam dados em canal apropriado selecionado previamente pelo sistema de planejamento de missão. 

O alcance é de 500km, mas pode ser estendido com retransmissão. Tem alta resistência interferência, transmitindo em pequenos períodos. Cada um dos quatro participantes usa 25% do tempo transmitindo. Outra conexão é feita com o solo por centro de comando. Os suecos dizem que só é possível interferir se colocar o interferidor entre dois Gripen o que é difícil de sustentar taticamente.

O TIDLS transmite de forma diferente do datalink Link 16. Serve a poucos usuários, em distância menor, com mais dados e em tempo real. É possível transmitir leitura de sensores para outro avião ou qualquer um na cadeia de comando como a tela do radar. Os modo básico inclui a capacidade de mostrar a posição, direção e velocidade das quatro aeronaves na formação, incluindo estado como combustível e armas.


O conceito do "link de caça" sueco consiste na ligação de aeronaves entre si e com estações em terra.  

O TIDLS permite acessar os dados do radar  SAAB-Ericsson 340b Erieye e outros sistemas de comando e controle no solo. O custo é alvo, mas bem mais barato que similares. O Erieye envia quadro mais complexo da situação tática e cobrindo uma distância maior.

As informações do TIDLS, junto com os dados do radar, sistema de guerra eletrônico e mapa móvel, aparecem no MFD central do Gripen (TSD - Tactical Situation Display). O mostrador faz fusão de sensores: uma alvo rastreado por várias fontes é apenas um alvo na tela. O sistema avisa a chegada de novos dados.

Outros dados são mostrados no HUD. A simbologia distingue entre amigos, hostil, e não identificados e mostra quem esta mirando em quem. Se dois pilotos selecionam o mesmo alvo, o sistema mostra qual é o melhor para atacar e o outro muda de alvo. A designação de alvos é otimizada evita dois caças ataque a mesma aeronaves (overkill) ou que um inimigo deixe de ser atacado (under kill).

Os caças podem coordenar táticas a qualquer distância e tempo. A formação pode se espalhar em grande distância e atacar inimigo de varias direções. Em um exercício, seis aeronaves foram capazes de defender metade da Suécia.

O ataque silencioso em combate além do alcance visual (BVR) é o uso básico do datalink. Um adversário pode estar alertado da presença de um radar de caça que está longe do alcance de disparo de mísseis. Mas não pode estar sabendo de outro, mais próximo, que esta recebendo dados e preparando o disparo de um míssil sem usar o radar. Os dados podem ser transmitidos de um Erieye com mais chance de não serem detectados.

Outra tática é usar um Gripen para atualizar a pontaria de um míssil AMRAAM disparado a longa distância. A aeronave que disparou deu meia volta para não ser engajado e não tem condições de atualizar os dados. Isto permite ligar o radar do AMRAAM muito mais tarde e diminuindo o tempo de reação do alvo. A Força Aérea Sueca chama estas táticas de "samverkan", ou cooperação aproximada.

O "radar-samverkan" usa dois radares PS-05/A do Gripen para triangular um alvo a longa distância em modos que não dão boa resolução de distância.

Para guerra eletrônica, um caça pode realizar busca enquanto o ala interfere no alvo usando o radar. Isto dificulta que o inimigo intercepte ou interfira no radar que o está acompanhando. É uma forma de contra contra-medidas.

Outra forma é usar quatro radares para iluminar um alvo em diferente frequêcias e "burnthrough" a interferência inimiga. O inimigo pode não ter potência suficiente para interferir em todos os radares. É uma forma de espalhamento de espectro com apoio do datalink. Os caças que obterem contato passam os dados para os outros.

Se o radar e o RWR de dois caças detectam o mesmo alvo, eles podem localizar com triangulação. Isto permite rastrear mais eficientemente com menos sinais e fazer identificação do alvo. Três ecos são necessários para rastrear o alvo em modo TWS. O datalink permite que o radar troque os dados dos ecos e se uma aeronave na formação tem ecos suficientes o alvo pode ser rastrado coletivamente.
 
O datalink também funciona com a aeronave no solo. Um Gripen pode estar em alerta na pista com todos os sistemas e APU funcionando e o piloto está ciente do que acontece no ar.

Em missão da ataque uma aeronave de reconhecimento envia dados de alvo de oportunidade, com as coordenadas indo direto para outro aeronave. Pode ser enviado para um Gripen no solo que se atualiza da situação tática. Os dados podem ser recebidos do solo para atualizar missão. Um pacote ataca um alvo e pode tirar imagem radar do alvo e enviar para cockpit da próxima onda de ataque. Eles ficam sabendo dos alvo que foram atacados. Também pode ser reenviada para o StricC para tomadas de decisões.

A Saab e BAE Systems estão tentando integrar o TDILS com o Link 16 nas versões de exportação do Gripen em 2004. Uma opção, e mais fácil, é trocar o TDILS pelo Link16. A Suécia pretende manter a capacidade de Intra-Flight Data Link (IFDL) nos seus caças. O problema será integrar os dois sistemas juntos.

A versão mais nova é o Advanced Tactical Information Data Link System (TIDLS) que deve ser entregue em 2004 nos JAS-39 da Suécia.


Cabine do JAS-39C Gripen. Uma imagem vale mais do que 1000 palavras.

Tela central de situação horizontal (TSD - Tactical Situation Display) com fusão de sensores do Gripen. A simbologia pode mudar de acordo com missão e configuração, além de outras não mostrados para o público.
1 - Alvo no solo primário
2 - Ala
2a - Alvo secundário sendo atacado pelo ala e alcance dos mísseis ar-ar do ala (2b)
3 - Objetivo secundário no solo
4 - contato hostil fora do mapa
5 - contato amigo fora do mapa
6 - Própria aeronave, mostrando alcance dos mísseis ar-ar em verde (6a) e alcance do radar em preto (6b)
7 - Indicação de situação passadas para outras aeronaves


Mostrador da direita mostrando dados do radar. A parte superior mostra a visão longitudinal. A legenda é a mesma da foto anterior.


Mostrador esquerdo completando o mostrador central.

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