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História
A capacidade de sobrevivência de uma aeronave pode ser
considerada tão
importante quanto a sua letalidade. Uma aeronave que retorna de uma
missão irá
atacar novamente depois. Isto foi observado já na Primeira Guerra
Mundial. Nesta época
as aeronaves eram frágeis, mal projetadas e com manutenção inadequada, operavam
de pistas sujas
e esburacadas e com pilotos mal treinados. O resultado eram perdas altas
mesmo
fora dos combates.
Logo no inicio dos combates foi percebido que o engajamento tinha
três fases: detecção, engajamento e probabilidade
de destruição (Pk). Estas
fases formam a cadeia de destruição (kill chain).
Na fase de detecção, o
observador faz a detecção
quando o sinal do alvo é suficientemente grande para destoar do
ruído de fundo.
Para evitar detecção não é
necessário ser invisível, mas ter uma assinatura pequena
para se esconder no ruído de fundo. A história da
contra-detecção aérea iniciou
com as aeronaves se escondendo nas nuvens e com o uso de camuflagem.
A detecção na Primeira Guerra era principalmente visual. O alcance de detecção era de 18-27km no máximo. Era possível ouvir as aeronaves ou eram alertados pelos disparos de arma amigas. Não havia nem rádios para os pilotos reportarem a presença inimiga. A surpresa era o principal fator no sucesso. Quem via primeiro geralmente ganhava. As táticas eram usar as nuvens ou o sol para se esconder e se aproximar por trás e por baixo do inimigo. A camuflagem foi usada para se esconder no terreno voando mais baixo que a ameaça acima. A melhor tática furtiva da época era voar a noite, mas não tinham equipamento adequado.
O engajamento é a fase de pontaria
das armas. O
atacante deve detectar, localizar e identificar o alvo. O atacante pode ser
confundido
ou distraído com alvos falsos e guerra eletrônica. A baixa
assinatura diminui o
alcance do ataque expondo o atacante ao contra-ataque.
A mobilidade e o controle de assinatura
dificultam a
localização. Os dados podem ser imprecisos e aparecerem
intermitentemente. Quem ataca deve
ter certeza que o contato não é neutro, amigo, alvo falso, aeronave
comercial ou civil ou
um alvo sem importância militar. A identificação
pode ser atrasada com
modificação da assinatura parecendo ser pequeno ou menos
ameaçador.
Durante o engajamento, caças como o
Spad XIII
usavam a velocidade e a manobrabilidade para sobreviver e vencer. Os
bombardeiros como os Gotha e Handley Page tinham perfil de
missão diferente
para sobreviver. Usavam metralhadoras defensivas e blindagem. Voavam em
formação para proteção mútua.
O Pk
ocorre quando a aeronave é atingida. Se
o ataque teve sucesso, deve ter seu resultado limitado com
redundância,
distribuição de sistemas, seleção de
materiais e blindagem. O Pk depende de
onde os projéteis acertam. A maior parte das aeronaves da época
era de lona.
Cabos de comando, sistemas hidráulicos, piloto e motores eram os
pontos fracos e
recebiam blindagem. As características do projeto prevalecem no Pk.
Os
estágios citados são consecutivos e o defensor deve tentar
atrapalhar cada um. Se
detectado deve fugir, se engajado deve manobrar para atrapalhar a
pontaria e se
atingido deve resistir. A distinção das fases é
artificial e usada mais para
ilustrar o problema.
Na Primeira Guerra Mundial não havia defesas organizadas para
interceptar as
aeronaves inimigas a tempo. Logo foram iniciados estudos para criar
mecanismos
para ouvir caças inimigos. Depois da guerra, os investimentos
foram na melhoria
do desempenho das aeronaves.
Na década de 1930, a história começou a mudar quando
em 1937 cientistas britânicos
inventaram um meio eletrônico para detectar aeronaves a longa distância. Em
1938, a Telefunken
mostrou a técnica de detecção eletrônica aos
alemães. Em 1935, Watt detectou
uma aeronave a 70km. Começava a história do radar.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a superioridade aérea passou a
ser parte de
qualquer plano de ações combinadas.
A defesa da Inglaterra era considerada muito difícil. Os
bombardeiros tinham a
iniciativa e levavam 20 minutos para atingir qualquer alvo após
cruzarem o Canal da
Mancha. Os caça da época levavam cerca de 10 minutos para subir até
a
altitude necessária para interceptar os bombardeiros.
Para manter um patrulha de caças contínua em camadas
seria necessário uma força
gigantesca.
A Luftwaffe achava que a RAF dividiria suas defesas em setores e
poderia atacar
de dia em um único setor para saturar a defesa local com uma
grande formação de
bombardeiros. A RAF patrulharia todos os setores com seus caças
divididos e só
seria eficaz se os alemães atacassem com forças divididas
em uma frente ampla.
Porém,
os britânicos colocaram em ação a rede de radares
“Chain Home” que detectava
aeronaves a até 180km de distância. Os dados eram passados para centrais de
comando
que direcionava as forças de caças na quantidade necessária de acordo
com a ameaça. A RAF
sabia o número e a direção do ataque em tempo
útil. A direção de missão vetorava
forças em patrulha ou mandava decolar. No inicio da guerra, em
1939, já havia 20
estações operando.
A RAF conseguiu equiparar forças durante todo o conflito com o
radar
compensando a inferioridade numérica total e conseguindo
superioridade local. A
invasão alemã da Inglaterra, operação
anfíbia Sea Lion, não poderia ser
realizada sem superioridade aérea e foi cancelada. Os
britânicos já tinham
superioridade no mar.
O radar permitiu que uma força pequena e bem coordenada, a RAF, enfrentasse uma força numericamente superior. Quando os ataques
aéreos alemães
eram detectados os meios apropriados podiam ser colocados no lugar
certo e na
hora certa. Os pilotos de caças recebiam a
designação de alvo após levantarem
vôo para não perderem tempo e os bombardeiros inimigos
eram interceptados bem
antes de atingirem os seus alvos. Os ataques aéreos
alemães eram detectados
rapidamente e os defensores
não tinham que depender da imprecisa e lenta vigilância
visual. Os pilotos
podiam subir rapidamente nos aviões sem correr risco de serem
bombardeados,
podendo atacar o inimigo antes de chegaram ao objetivo
A Oitava Força Aérea americana, que atuava na Europa,
tinha como missão atacar
a Luftwaffe. As outras funções eram secundárias. Em 1943,
os alvos eram as
fábricas de aviões e bases aéreas. Os alemães
também tinham uma rede de radares
com o radar Freya. Os bombardeiros aliados eram atacados várias vezes
por interceptadores na rota
de ingresso e regresso do alvo ao invés de apenas sobre o
alvo.
O ataque de bombardeiros contra a fábrica de Me109 em Rogensburg, em 17 de agosto de 1943, resultou em ataques contínuos por 3 horas contra caças de 14 bases alemãs. Este tempo é chamado de tempo em comprometimento. Os caças sabiam o tempo todo onde estavam as formações graças aos controladores de caças que recebiam dados da rede de radares alemães.
No mesmo dia, a formação que
atacaria Schweinfurt ficou sobre
ameaça por 4 horas. No alvo havia artilharia antiaérea
que usava radares para
determinar a altitude e direção do alvo. A primeira
força voltou pelo mesmo
caminho com mais 3 horas sobre ataques contínuos. O segundo
ataque foi para o
norte da África para evitar defesas na volta. No total perderam
16% das
aeronaves para as defesas. Esta taxa de perdas resultaria em perdas de
50% da
força em 5 dias de saídas diárias. Em duas semanas
a força cairia para 20% do
número de aeronaves originais. Com esta taxa de atrito a Oitava
Força Aérea
perderia duas forças e meia completa de aeronaves por ano
considerando
substituição.
As táticas de formação para autodefesa não
eram suficientes. Era necessário
escoltas de caças. Primeiro foi iniciado o uso de tanques
ejetáveis nas asas em
1944. Adolf Galland citou que quando a escolta apareceu foi quando a
Alemanha
começou a perder a guerra. O alemães é que
passaram a contar perdas e o
problema principal passou a ser a perda de pilotos treinados que
eram mais
difíceis de repor que as aeronaves.
Em maio de 1940, a RAF iniciou o bombardeio noturno da Alemanha. Os
alemães
podiam detectar e acompanhar as aeronaves, mas não tinham como
atacar. Achar
alvos no solo também era difícil à noite para a
RAF. Apenas 1 de 5 bombardeiros
lançava suas bombas a menos de 8km do alvo. Os meios de
navegação eletrônica melhoraram
a precisão em 1942 com o aparecimento do sistema H2S. Os
alemães responderam
com a instalação de radar em caças noturnos. Tinham
alcance de 7km, mas não
serviam para controle de tiro.
As contramedidas eletrônicas (ECM) logo apareceram para tentar negar o uso
dos radares. Foi iniciado com a geração de ruído de
fundo, jamming (interferência)
e fazer o objeto parece maior do que é.
Uma técnica era o Window (agora chamado de chaff) para
confundir. O cientista britânico R.
V. Jones percebeu em 1937 que
tiras de metal produziam um blip no radar. Duas mil destas tiras
criavam um RCS
similar a de um bombardeiro.
Em 1941, um bombardeiro Wellington com
antenas
especiais foi atacado sistematicamente enquanto voava junto de outras
aeronaves. Deduziu-se que as antenas criavam um eco maior que atraia o
fogo. No
próximo ataque, este bombardeiro usou pacotes com barras de
alumínio com
tamanho das antenas, mas sem observar mudanças nos ataques.
Um ano depois foi notado que um pacote com 240 tiras de alumínio
produzia um blip do tamanho
de um bombardeiro Blenheim. Se lançado por uma milha,
dificultava a
aquisição do eco pelos radares. Os
britânicos levaram 18 meses para
decidir sobre o uso do Window devido ao medo dos alemães também
usarem. Foi usado pela primeira vez na
incursão de 2 de agosto de
1943. Foram lançados 2 milhões de tiras de 30x1,5cm por
746 bombardeiros da
RAF. No primeiro ataque perderam 12 aeronaves contra as
esperadas 50
perdas. As defesas ficaram cegas segundo os alemães. A 8a Força Aérea americana
iniciou o usou em
dezembro de 1943.
Os operadores de radar logo começaram a aprender a
diferenciar as lôminas e dos
alvos voando rápido. Os radares começaram a usar
técnicas para separar alvos
móveis dos chaff caindo lentamento (projeto Wurzlaus). Outras
técnicas detectavam
modulação das hélices. Os radares de caça
passaram a operar na banda de 90MHz
que não era afetado pelo chaff que era cortado para onda de
50cm.
Os britânicos usavam sensores para detectar radares de alerta
traseiro Monica
nos bombardeiros que serviu de fonte de detecção e outros
caças alemães se
guiavam pelas ondas dos sensores de navegação. A RAF
reagiu com novos chaff,
não usou mais o Monica e só usava o H2S se
necessário.
Foram iniciados vários projetos de contramedidas
eletrônicas como o carpet,
dina, rug e lighthouse. O Carpet era um ECM contra radares. O mandrel
era
contra o radar Freya, o Piperack contra o Lichtenstein, o Perfectos
ativava o
IFF dos caças para revelar sua posição e o Moonshine
era para imitar uma grande força
de ataque fazendo uma aeronave parecer uma grande formação.
No Dia D, o aliados colocaram 325 mil tropas em poucos dias, mas ainda
era uma
força muito inferior as tropas de Rommel na região. Os
aliados tinham que usar
a superioridade aérea para evitar que se movimentassem. O
objetivo era
balancear as força em terra com superioridade no ar. As aeronaves
atacaram pontes,
estradas, ferrovias e assim os alemães não podiam
reforçar suas tropas. Usavam
as estradas a noite e mesmo assim sob ataque.
O Pós-Guerra
As
pesquisas sobre mísseis superfície-ar (SAM) iniciaram com
os alemães ainda na
Segunda Guerra. Os EUA e URSS seguiram as pesquisas com mísseis
guiados por IR
e radar. O SA-2 russo (V-75 Dvina) apareceu em 1953. O Bomarc americano
usava
um radar em terra e era radio-controlado. Depois recebeu um radar
interno. O
radar agora estava sendo usado na fase de engajamento e Pk.
A reação foi o uso de aeronaves a jato cada vez mais
rápidas, mas que ainda
eram fáceis de detectar pelo radar. O projeto de
caça-parasita para escolta de
bombardeiros mostrou ser inviável. Os bombardeiros a jato teriam
que atacar a
URSS sem escoltas. O tamanho do B-52 permitiria levar um grande
interferidor. Só realizaria uma missão com bombas
atômicas e não operações
sustentada e por isso não era esperado atritos de longa
duração (consideravam que não teria mais bases quando voltassem). Os mísseis
balísticos passaram a ser a resposta adequada as defesas
aéreas que poderiam
tornar os bombardeiros obsoletos.
A principal técnica de sobrevivência nesta época
ainda era o desempenho,
principalmente a velocidade e a altitude, como na Primeira Guerra. Os
melhores
exemplos era o U-2 de 1955 que voaria acima do teto operacional dos
caças da
época. Em 1960, um U-2 foi derrubado por um ataque de 14
mísseis SA-2 enquanto
espionava sobre a URSS. Logo apareceu o SR-71 que combinaria teto de 27
mil
metros com velocidade acima de Mach 3 para penetração em
profundidade. A
aeronave também usava alguns conceitos furtivos. Os SA-2
não manobravam bem a
grande altitude e era muito impreciso. O XB-70 Valkyrie seria
equivalente ao
SR-71 com capacidade de bombardeio, mas falhou nos testes por só
poder operar
muito alto e muito rápido.
Com os radares operando em todas as fases do engajamento, as ECM se
tornaria
ainda mais importante. Os interferidores da Segunda Guerra
forçaram os canhões
88mm alemães a usar pontaria visual que era muito imprecisa a
8-10 mil metros.
Foi estimado que as ECM reduziram o atrito dos aliados em 25%.
Cinco anos após o U-2 ser derrubado, um F-4C Phantom II foi derrubado
no
Vietnam do Norte. O problema para os caças era muito pior pois
eram otimizados
para velocidade, alcance e carga de bombas e eram bons refletores
radar. Os
pilotos sempre consideravam que seriam detectados mais cedo ou mais
tarde. A
velocidade, táticas e manobrabilidade não garantiam a
sobrevivência contra
mísseis voando a mais de Mach 2.
Durante as operações Rolling Thunder entre 1965-1968, os
SAM ofereceram novos
desafios para os caças. Os SA-2 reagiam lentamente quando voavam e os
pilotos
desenvolveram táticas para manobrar agressivamente. Os pilotos
geralmente
apontavam para o míssil e faziam manobra evasivas de alto
desempenho que o
míssil não conseguia anular. Primeiro tinham que saber
que eram atacados e
usavam detectores radar (RWR) que indicavam a direção do
ataque. O míssil tinha
que ser detectado visualmente para as manobras serem executadas corretamente.
Se os pilotos voassem a média altitude eram atacados por mísseis SAM e se
voavam baixo para se proteger dos SAM eram atacados por artilharia
antiaérea.
Havia 4.400 peças de artilharia antiaérea na
região. O Vietnã do Norte tinha a
terceira melhor defesa aérea da época, ficando
atrás da URSS e EUA.
Os interferidores de apoio (Stand-off Jammers - SOJ) conseguiam
atrapalhar a
detecção por algum tempo. Os interferidores de autodefesa dos
caças
tinham que cobrir
muitas bandas de radar e os caças não tinha potência suficiente
para alimentar os casulos tendo que voar em formação
para funcionar. Logo apareceu os caças otimizado para
supressão de defesas.
Todos os recursos disponíveis eram reunidos em um pacote para
proteção mútua e
saturar as defesas. Os pacotes na Linebaker I consistiam de
20-40% de
aeronaves de ataque e 80-60% de escolta como supressão de defesas, MiG-CAP, Escort-CAP,
lançadores de chaff e interferidores SOJ. Eram camadas
múltiplas de defesas
contra todas as ameaças.
Na Linebaker II era esperado perdas de 5% devido as defesas dos alvos.
Os
ataque foram iniciados com caças F-111 atacando baixo as bases
de mísseis SAM e
de caças. Os F-4 lançavam cortinas de chaff para mascarar
as rotas dos B-52 e
os F-105 escoltavam o pacote realizando supressão de defesas. Um
total de 67
B-52 atacaram junto com pacotes de 20-61 aeronaves em várias ondas.
Doze
aeronaves foram perdidas sendo 9 B-52. Os corredores chaff dispersavam
rápido e
passaram a ser lançados continuamente. No final da campanha foram 27 perdas
em 729 saídas
sendo 15 B-52 e todos para os SAM. A taxa de atrito dos B-52 foi de 2%
que
seria difícil de sustentar em vários meses. Cerca de 900
SAM foram disparados e
Hanói ficou sem reposição. As
operações Linebaker passaram a ser o exemplo de
conflito futuro esperado.
Os interferidores de longo alcance se tornaram importantes e a USAF
logo
incorporou o EF-111 para escoltas dos seus pacotes. Interferia nos
radares nas
bandas de VHF até a banda J a uma distância de até 200km.
Cinco EF-111 poderiam cobrir
uma região equivalente ao mar Báltico ou mar
Adriático.
Em 1973, Israel perdeu 40 aeronaves para mísseis SAM e artilharia
antiaérea
guiada por radar nas colinas de Golan em um dia de combate. Esta taxa de atrito de
10%
forçaria parar as operações mesmo sem perder todas
as aeronaves. No total foram
109 aeronaves pedidas em 18 dias. O conflito mostrou a necessidade de
desabilitar as defesa aéreas integradas inimigas (IADS). Em 1982, na batalha do Vale de Bekka no sul do
Líbano,
Israel usou aeronaves AWACS, de inteligência eletrônicas,
aeronaves não
tripuladas, drones despistadores, mísseis anti-radar, todos
coordenados e com
pilotos treinados para destruir as defesas aéreas no local.
Em março de 1986, dois caças F/A-18 da US Navy que
patrulhavam a linha da morte
na Líbia foram atacados por mísseis SA-5. Os
mísseis erraram. Em abril, a US Navy contra atacou contra bases terroristas. Os interferidores de longo
alcance
(SOJ) seriam a chave para cegar as defesas aéreas integradas
Líbias que foram
fornecidas pelos russos. Os líbios usavam defesas aéreas de
cobertura densa e
redundante com varias freqüências. O objetivo era dificultar
a tarefa de jamear
e atrapalhar os ataques com mísseis anti-radar. As linha de
comunicações entre
os sistemas eram blindadas. Os vietnamitas tinha dificuldade de alertar
as
baterias de mísseis SAM, mas a Líbia não.
A tática principal da operação Eldorado Canyon era
um ataque rápido, à noite e
voando baixo. Os radares teriam menos de 3 minutos para detectar,
identificar,
localizar e designar armas antes do caça voar sobre o site
(considerando que
não haveria cobertura do terreno). O jammer das aeronaves SOJ
(EF-111 e EA-6B)
diminuiria o tempo de comprometimento.
As ameaças futuras esperadas são os sistemas russos S-300
bem mais
sofisticados. As contramedidas eletrônicas podem não ser
eficientes como
ocorreu no inicio do conflito de 1973 em Israel. Outro tipo de resposta
passou
a ser necessária.
Furtividade entra em Cena
Em 1938, Robert Watson-Watt, inventor do radar, antecipou que os
bombardeiros
(e por extensão os caças) deveriam ser projetados de
forma a reduzir o eco de
radar.
No fim da década de 50, material absorvente de radar (RAM) foi
incorporado no
projeto de aeronaves convencionais. Ele tinha dois propósitos:
reduzir o RCS
contra ameaças específicas e isolar antenas
múltiplas par prevenir comunicação
cruzada. O Lockheed U-2 é um exemplo de aeronave nesta
categoria.
Em 1960, já havia conhecimento suficiente que formas e
componentes influenciavam
no RCS. Já era fato concreto que um plano liso em ângulos
retos atingida por
uma onda de radar tinha um sinal de radar bem grande, e uma cavidade,
com
localização similar, também tinha um grande
retorno. Então, a entrada de ar e o
exaustor de uma aeronave a jato devia ser os principais contribuidores
para o
RCS no nariz e na cauda nas direções observadas, e a
deriva vertical dominava a
assinatura lateral. Uma aeronave podia ser projetada com forma e
materiais
apropriados, e a não ser que um projeto completamente
balanceado, sempre haveria
um componente que dominava o retorno em alguma
direção particular. Estas técnicas foram usadas no SR-71 Blackbird.
Dez anos depois, foram desenvolvidos métodos numéricos
que permitiram projetar
uma aeronave com RCS balanceado para diminuir o retorno de refletores
dominante. Isto levou ao desenvolvimento do F-117A e do
B-2.
O desenvolvimento
da furtividade contemporânea iniciou em 1975 para contrapor a
complexa e
sofisticada IADS soviética. Até a década de 1970,
não foi dada muita atenção para
diminuir o RCS ou o retorno radar. A guerra do Yom Kippur em 1973 e as
perdas
israelenses para a IADS árabe levou a DARPA a desenvolver o
programa Have Blue
que resultou no F-117. A tecnologia furtiva pode ser considerada a
tecnologia
mais importante depois do motor a jato para a guerra aérea. Com
um RCS 1000 vezes
menor que uma aeronave convencional, o F-117 é capaz de passar
através das
defesas russas, tornando inúteis um investimento de US$100
bilhões gastos em 20
anos pelos soviéticos.
Nos
últimos 25 anos tem havido
melhorias nos métodos
analíticos e experimentais, particularmente com respeito a
integração de formas
e materiais. Ao mesmo tempo, a facção anti-furtiva
está
desenvolvendo um grande
conhecimento destes requerimento, forçando a comunidade furtiva
em outras
melhorias.
Próxima
parte:
Fundamentos do Projeto Furtivo
Atualizado
em 10 de Outubro de 2005
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