Antifurtividade

Depois que iniciaram o uso de aeronaves furtivas os EUA logo passaram a testar tecnologia para detectar aeronaves furtivas. Estas armas poderão estar em uso no futuro por outros países. Depois do fim da Guerra Fria a ameaça passou a ser países do Terceiro Mundo que podiam ter acesso a tecnologia furtiva.

A contrafurtividade, chamado de CLO (counter low observable) em inglês, inclui mais de 50 propostas de sistemas para detectar aeronaves furtivas com alguns testados experimentalmente como sistemas acústicos, radares biestáticos, infravermelho, interação com raios cósmicos, detecção de sombra radar, detecção de anomalias magnéticas, radar espacial biestático, radares OTH, MAGE, detecção radiometrica, detecção de turbulência, radar de banda ultralarga, conceitos de rede distribuída, estudo do retorno e propagação e exploração da assinatura com processadores de sinais avançados. Estes sistemas são usados em conjunto pois tem deficiências e a capacidade de um cobre a deficiência de outro. Os sistemas de defesa aérea de certa forma já fazem isso pois usam radar, laser, sensores IR e TV ao mesmo tempo.

Plataformas furtivas como o F-117, B-2 e F-22 e até os submarinos não são invisíveis. São difíceis de serem detectados, acompanhados e atacados a não ser a curta distância. O B-2, por exemplo, não é invisível e pode ser detectado. Deve ser detectado a longa distância de 35km a 350km. Os sinais são fracos nestas distancias e podem se esconder no ruído de fundo.

Como mostrado anteriormente, a tecnologia furtiva é otimizada para radares monoestáticos de alta frequência. Esta diminuição de assinatura deve ser igualmente reduzida até o nível em que a aeronave seja vulnerável à detecção por outros sensores. A batalha contra a esta tecnologia não é trabalho difícil e já existem tecnologias simples capazes de torná-la quase obsoleta.

Os alvos da contra furtividade são mísseis de cruzeiro e sea skimmer, plataformas furtivas, alvos escondidos no solo, periscópios e outros alvos marítimos difíceis.

Os meios antifurtivos devem cobrir todo o espectro de assinatura: radar, térmico, visual, sonoro e detecção de sinais.
 

Radares Monoestáticos

O sensor de busca aérea primário ainda é o radar que pode ser melhorado de três formas: aumento da potência de saída, melhorar a capacidade de processamento de sinais e técnicas para separar o ruído e interferência eletrônica e usar banda de baixa freqüência onde a tecnologia furtiva é menos eficiente. Aumentar a potencia significa usar uma antena maior, aumentando os custo, tamanho e peso e diminuindo a mobilidade. Aumentar a sensibilidade significa aumentar a detecção de mais interferência e ruído de fundo. O resultado final é que os radares convencionais não podem ser modificados para detectar aeronaves furtivas a mesma distâncias que as aeronaves convencionais.

-  O radar detecta com ângulo e distância. A recepção tem que ter o mesma angulo.
-  O radar tem limite de distância de detecção.
-  O feixe do radar vai em linha reta e reflete como uma bola de bilhar.
-  O radar vê o alvo em uma posição limitada no espaço (setor de busca).
-  O projeto tem que limitar o RCS no local visto ou geralmente o aspecto frontal da aeronave. 

A diminuição das células de busca pode ser feito com pulsos curtos, compressão de pulso e ondas complexas, para diminuir o ruído fundo, mas diminuem a dimensões da azimute da célula com feixe estreito. O uso de radar de alta freqüência diminui o alcance ou tem que usar uma grande antena. Também é necessário grande potencia e precisa diminuição dos lobos laterais.

Um radar operando em 3000MHz e 500MHz pode aumentar o RCS de um alvo em 2,5  e 1,6vezes respectivamente. Uma onda métrica de 150MHz chega a aumentar o RCS em 4,5 vezes. O RAM tem que ter dezenas de centímetros nestas bandas o que torna ruim para equipar aeronaves.

Se um alvo tem uma redução no RCS de 0,001m², a potência do radar tem de ser aumentada por um fator de 1.000 para detectar uma aeronave furtiva no alcance de uma aeronave não furtiva (1m²). Contudo, o aumento da potência é mais fácil em comprimentos de ondas longas que nas frequências altas usadas nos radares de controle de tiro. Assim fica fácil detectar, mas continua difícil atacar.

Outros maneiras menos "brutas" são os radares de varredura eletrônica que fazem varredura muito rápida, examinando contatos suspeitos rapidamente. O radar Giraffe AMB sueco faz isso e pode detecta um alvo com RCS de 0,1m2 a 1/3 do alcance normal do radar. O moto "track before detect" tenta considerar todos os contatos como reais sendo que os reais serão detectados. Os contatos falsos são rapidamente eliminados devido ao comportamento não esperado.

Radares de banda ultra-larga (Ultra-Wide Band - UWB), cobrindo a banda de 0,5 a 10GHz, pode emitir ondas em várias frequências diferentes para pegar uma aeronave furtiva no ponto de pico na redução do RCS. Contudo, transmitindo em uma banda larga diminui a potência de cada banda, cortando a eficiência do radar. O sistema também explora pontos fracos na cobertura RAM que não consegue cobrir todas as freqüências.

Radares de Baixa Frequência

A freqüência do radar tem papel vital na detecção. Como uma aeronave tem dimensões determinadas, qualquer que seja a forma ela foi feita para refletir. O comprimento das asas e fuselagem que for próximo da meia onda de uma feixe radar irá ressonar e refletir com grande energia.

O F-117 pode ser detecção com um radar de comprimento de onda de 50cm e pode ser invisível a microondas de 23 cm. São freqüências de radares da década de 1930 e 1940. São sistemas antifurtivos são muitos simples. A fuselagem do B-2 tem dimensões que irão ressoar a 7MHz e a asa a 2.8MHz.

Os radares de baixa freqüência são simples e baratos, por isso usados nesta freqüência inicialmente. Naquela época eram usadas ondas de rádio de comprimento de onda da ordem de metros para localizar navios e aeronaves lentas.

Para diminuir o tamanho, diminuir os lóbulos laterais, detectar alvos a baixa altitude e discriminação de alvos foi introduzido o uso dos radares de microonda. Mas para detectar aeronaves furtivas as ondas longas levam vantagens.

As finas coberturas de RAM não afetam ondas de radares de baixa frequência e a capacidade furtiva está limitada as ondas curtas (3 -10 GHz).

Com as ondas longas, na frequência menor que 1 GHz, o manto da invisibilidade se revela rapidamente. Ondas longas são pouco afetadas por pequenos detalhes na forma e estruturas absorventes. Quando a onda de radar se aproxima do tamanho de uma estrutura de uma aeronave, como cauda, asa ou fuselagem - estes elementos agem como antenas, absorvendo e então retransmitindo as ondas de rádio.

Este efeito é aumentado quando o comprimento de onda do radar é duas vezes o tamanho da "antena". Nesta situação, as ondas de rádio são absorvidas e re-emitidas mais eficientemente, fazendo a aeronave aparecer maior do que realmente é. Este fenômeno é explorado pelo chaff.

A tecnologia furtiva pode frustrar os modernos radares de defesa aérea, mas não os antigos sistemas mantidos em operação. Eles são mantidos não devido à ameaça de aeronaves furtivas, mas para evitar que a defesa aérea seja confiada a um único tipo de radar e sobrepor muitos tipos de sistemas de defesa aérea para dificultar a interferência eletrônica.

Existe um grande número de radares chineses e russos de comprimento de ondas longas em uso pelo mundo. Aprimorados com computadores atuais, eles podem fornecer um meio poderoso de localizar aeronaves furtivas. Embora estes radares sejam fáceis de destruir por serem grandes e difíceis de camuflar, seu sinal é difícil de interferir.

Alguns radares russos de vigilância de longo alcance operam no comprimento de onda ideal para localizar aeronaves como o F-117.

Os radares VHF e UHF do ocidente usam banda D de 1 a 2GHz e a banda E de 2 a 3GHz, mas os russos usam a banda C de 0,5 a 1GHz, a banda B de 250 a 500MHz e até a banda A de 100 a 250MHz.

Um dos radares de alerta que os russos têm para vigilância é o 1R13 EWR, que pode interceptar facilmente um F-117 e guiar interceptadores para derrubá-lo. O radar Type 965 das fragatas britânicas que operavam no Golfo Pérsico operando na banda A e B conseguiram detectar o F-117 durante a guerra do Golfo de 1991. 

Ligando-se dois ou mais radares operando em comprimento de onda bastante separadas - um radar multibanda - pode-se colher dados de pontos específicos no espectro eletromagnético. Praticamente, qualquer alvo tem um "ponto doce"  onde pode ser identificado sem erro.

Por outro lado, ondas de radar de grande comprimento tem precisão ao redor de 50 metros, e assim os sistemas de defesa aérea ainda têm que confiar em radares de comprimento de ondas curtas para guiar mísseis até o alvo. Assim, todos os alvos aéreos detectados por radares de vigilância de longo alcance devem passar sobre caças ou posições de SAM.

As baterias de mísseis SAM são equipados com radares de alta frequência e radares de aquisição de alvo, que podem ser derrotados pela forma e material RAM das aeronaves furtivas. A transferência do alvo do radar de vigilância para o radar de controle de tiro ainda não é possível com eficiência e é o principal argumento para se investir em furtividade.

Os radares de baixa frequência também tem alcance menor que os radares de média frequência. Por outro lado, isso dificulta sua detecção pelos sistemas de alerta radar (RWR) de radares inimigos. Sua interferência também é difícil pois a fonte de interferência tem que usar muita potência e pode ser facilmente localizada.

Apesar de todas as suas vantagens, os radares de ondas longas têm um desafio para superar, não os das coberturas RAM ou sistemas de interferência eletrônica, mas de DJs, telefones móveis e transmissores de televisão. Os radares de ondas longas operam na mesma frequência de estações de TV e FM, sistemas de navegação e telefones celulares. Estes sinais criam uma sopa de ruído eletromagnético em que os mísseis e aeronaves furtivas podem se esconder.


Radar VHF P-14 Tall King.

O radar P-14 Tall King de alerta antecipado funciona na banda VHF de 30-300 MHz. Usa uma antena parabólica de 30m de largura por 11m de altura montada num mastro assimétrico. Todo o conjunto refletor é apoiado por um poste de 5m onde é amarrado o cabo que mantém o conjunto em pé. A grande antena é necessária para produzir um feixe estreito e de alto ganho. Tem pouca resolução em azimute e é pouco móvel, ilustrando os pontos negativos dos radares de baixa freqüência. Os russos gostam de citar o baixo custo, bom desempenho com mau tempo e resistência a interferência.

O P-14 entrou em serviço na década de 50 na URSS para dar alerta antecipado de ameaças aéreas voando alto. O sistema de identificação amigo-inimigo ( IFF ) chamado Scoreboard B é associado ao conjunto, assim como o radar de determinação de altitude Side Net. Foi designado para ser um radar fixo, mas é capaz de mudar de posição. Apoiado por um computador podia detectar uma aeronave SR-71 facilmente. 

O sistema passou a ser substituído por sistemas mais modernos no fim da década de 70. Porém, muitos continuam a ser operados na Federação Russa, estados associados e países do leste Europeu.

O radar usa frequência de VHF (150-180MHz). Tem alcance efetivo de 500-600km, varre em uma taxa de 2-4 rpm e detecta alvos até 45km de altura.

No fim de 1988, a empresa Iugosláva SDPR ofereceu um conjunto de atualização que inclui interface da antena P-14 com a instalação do radar P-12 Spoonrest, instalação do subsistema K-14 de emissor ativo para despistar mísseis anti-radiação e instalação de um amplificador de HF para aumentar a sensibilidade do receptor.

Os radares P-12 Spoonrest e P-18 da Iugoslávia foram retirados da reserva durante o conflito em Kosovo. As cabeças de busca dos mísseis anti-radiação HARM e ALARM usados pela OTAN não eram capazes de localizar os radares com precisão e sempre caiam a dezenas ou centenas de metros dos mesmos. Mesmo com esta proteção mais o uso de emissores ativos como o K-14, os iugoslavos perderam 2/3 de seus radares por não serem muito móveis.

Os radares VHF e UHF tem uma antena muito grande o que torna difícil instalar uma grande antena receptora em um míssil. Os russos citam que apenas os radares VHF iraquianos sobreviveram aos ataques aliados em 1991, mas nao citam se detectaram o F-117 ou se era mais um alvo no radar. A reação americana esta sendo colocar uma antena de radar ativa em seus mísseis para detectarem o alvo pela imagem radar e aumentar a precisão. 

Modelos antigos de radares de baixa frequência ainda continuam em uso com atualizações, e novos projetos estão sendo oferecidos no mercado. A empresa russa Academician AL Mints Radiotechnical Institute (RIAN), de Moscou, está desenvolvendo um radar de vigilância VHF capaz de detectar satélites em órbita, mísseis balísticos e aeronave furtivas a longas distâncias. Usa frequência de 140 MHz, largura de banda de 1 MHz e potência de saída de 30 kW, com potência total de 300 kW. A antena de varredura eletrônica pode cobrir 2.000 km de distância contra alvos de 1m².

408c
Os chineses operam o radar VHF Type 408-C. É um radar móvel chinês que opera na banda de 150 a 180MHz e 100 a 120MHz. As antenas são de dipolos e muda de freqüência rapidamente para evitar interferência.  

55Z6
O radar 55Z6-3 produzido pela empresa russa NNRRTI. Ele opera na banda VHF que o torna capaz de detectar aeronaves furtivas além de torna-lo praticamente imune a mísseis anti-radiação.Porém, o seu tamanho o torna praticamente um radar fixo reduzindo em muito sua mobilidade.

O radar Nitel 55G6 russo, ou NEBO 3-D, é um radar VHF móvel operando na banda de 30 a 300MHz. A antena tem 30 metros de comprimento. A largura do feixe em azimute é de 3 graus. Os russos citam um desempenho similar ao TPS-70 da banda E/F, com precisão de 100m em alcance e 600 m em altitude. O alcance chega a 500km, 40 mil metros em altitude e 16 graus em elevação ou  300km com alvo voando a 10 mil metros. Contra um alvo voando a 500m o alcance é de 65km. Os erros de detecção são de 500m em alcance, 850m altitude e 24m em azimute.O NEBO pode operar autônomo ou em rede.

IL13
O radar 1L13 é um radar móvel VHF (30 to 300 MHz) bidimensional com alcance de 300km. A antena tem 18 dipolos verticais e gira a 10-20 RPM.

Os franceses testaram o radar VHF Parasol que opera na banda bem mais baixa a 3-30MHz, para detectar alvos furtivos e mísseis anti-radar. Os testes foram em 1994.

No ano 2001 a Índia adquiriu 30 radares antifurtivos 2-D ILIS-3 e 3 radares 3-D 5576-3 por US$ 133 milhões mais a produção de mais 50 por US$ 167 milhões. A Índia planeja usar seus radares em 80 sistemas de defesa aérea para os mísseis Prithvi de alcance de 250km até 2007.

Próxima parte: Radares Biestáticos e multiestáticos

Atualizado em 17 de Abril de 2006


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