Técnicas de Detecção Visual

As técnicas de detecção visual de aeronaves ainda são basicamente as mesmas da Primeira e da Segunda Guerra Mundial e as táticas de vôo noturno para evitar detecção ainda são usadas.

Existem relatos de pilotos de F-15 e mesmo de outros pilotos de F-117 que afirmam terem visto a silhueta do F-117 à noite durante o conflito do Golfo em 1991. Uma das hipóteses sobre a derrubada de um F-117 na Iugoslávia em 1999 sugere que os mísseis SA-3 que o atingiu estava sendo guiado oticamente.

Se uma aeronave opera de dia pode-se considerar que a furtividade não é necessária. O F-35C JSF nem leva canhão interno. Nas fases iniciais de um conflito as ameaças mais potentes são o alvo principal e só seriam usados mísseis e armas de precisão. Com o desenrolar do conflito as ameaças diminuiriam e o caça passaria a levar armamento externamente, pois a furtividade não seria mais necessária.

Um casulo de canhão é considerado uma arma de precisão e seria necessário, pois é provável que uma boa parte das munições mais sofisticadas e caras já tenham sido lançadas.

O F-35B JSF STOVL dos USMC também não tem canhão interno e para missões de apoio aéreo aproximado a furtividade não é requisito fundamental. Se for necessário, o JSF voa com casulo externamente.

Na Segunda Guerra Mundial eram usados postos de observação para detectar aeronaves pelo som e visualmente. São postos simples com dois homens com binóculos e equipados com rádio HF/VHF ou telefone. Os postos ficavam distanciados entre si de 25-45km informando a direção, quantidade, altura aproximada (alta, baixa), tipo (caça, helicóptero, transporte) e identifica se possível. É um sistema simples, barato e confiável de alerta antecipado.

Na década de 1950 a USAF iniciou o projeto Group Observer Corps (GOC) com milhares de voluntários civis com binóculos para serem usados como alternativa a rede de radar para preencher falhas na linha. O GOC britânico foi útil na Segunda Guerra Mundial e usado até 1959. A Índia usa até hoje um sistema equivalente.


Detecção Acústica

Os sensores acústicos detectam a energia acústica da aeronave que é bem grande. Os sensores também são baratos. A precisão é de menos de 10km e fornece a direção aproximada do som. Os sinais são enviados a  uma central e a rede de sensores deve ser numerosa para cobrir a passagem das aeronaves.

Os problemas são a detecção momentânea, não tem capacidade de acompanhar o alvo, são pouco precisos, tem que ter cobertura em profundidade para isso, o sinal é fraco contra alvos voando alto, pode dar alerta falso como aeronaves amigas, setor coberto pode ter central destruída e o trafego comercial confunde os sensores. O vento, chuva e neve também degradam o sistema. Sem dar muitos detalhes do alvo os interceptadores terão dificuldade de continuar a ação sem outros meios para auxiliar.

Vários países estão estudando sensores acústicos para equipar sistemas de defesa antiaérea para detectar helicópteros a curtas distâncias. No campo de batalha a assinatura acústica e térmica são as mais importantes para um helicóptero.

O projeto australiano AIR 5407 visa desenvolver tecnologia para detectar aeronaves pelo som. O USMC testou o Acoustic Target Acquisition System (ATAS) para o equipar o sistema antiaéreo Avenger  (blindado LAV com canhão de 25mm e mísseis Stinger). O sistema é capaz de detectar, classificar e identificar helicópteros e UAV, fornecendo a azimute do alvo para apontar armas. O desempenho do requerimento era de 70% de probabilidade de classificação de um helicóptero a 6km e identificação a 5km. O sistema devia ser capaz de localizar alvos a 360 graus com precisão de 10 graus em 90% das ocasiões. O campo de busca era de 30 graus e deveria acompanhar 10 alvos com alarme falso menor que 10 por hora.


Durante a década de trinta eram usados cones de concreto para ouvir o barulho de bombardeiros.O radar apareceu e logo substitui estes sistemas. O sistema alemão era eficiente e podia até ouvir bombardeiros decolando do outro lado do Canal da Mancha. Os alemães usavam dois conjuntos para medir distância e altitude.

Stealth
Sistema de detecção acústica usado pelo US Army na década de 1930. Um par é usado para determinar a azimute e outro a elevação.

Assinatura Atmosférica

Uma técnica para detectar aeronaves furtivas é usar os radares de baixa frequência para procurar padrões distintos de turbulência na atmosfera. É praticamente impossível suprimir a turbulência de uma aeronave, que é do tamanho de várias vezes o comprimento de uma aeronave.

Os radares de baixa frequência são capazes de detectar vórtices das pontas das asas. A turbulência e as variações de densidade da massa devido ao fluxo de alta velocidade dos vórtices mudam o índice de refração, que espalha as radiações eletromagnéticas e criam um eco. Os radares OTH são utilizados até mesmo para pesquisa atmosférica.

Os radares laser também podem detectar movimentos de partículas como a trilha de carbono do motor, mas o mau tempo limita seu uso. 


Imagem Térmica

Técnicas de Imagem infravermelha de plano focal estão aumentando o alcance de detecção dos sistema de imagem infravermelho para busca de volume. Eles já fazem parte de sistemas de vigilância de navios de guerra atuando em conjunto com os radares de busca.

São bons para detecção de alvos voando baixo e para medir a altitude do alvo em conjunto com o radar. Apesar da vantagem de serem passivos e não alertarem o alvo, os sistemas infravermelho têm em o desempenho limitado pelas condições atmosféricas que que pode ser explorado pelo inimigo.

Os sensores infravermelhos já estão fazendo parte dos caças atuais. Os russos usam sistemas de busca e rastreio infravermelho (IRST) em seus caças desde a década de 80.

O calor natural da superfície devido ao atrito com o ar torna um aeronave visível a esses sistemas. Quanto mais rápido uma aeronave voa, mais quente ela fica e mais fácil será para ser detectada. O alcance de detecção pode chegar a 100 km, em condições ideais.


Sistema Phoenix russo que pode ser instalado em plataformas terrestre e marítimas para detectar alvos sem revelar posição ou presença. O sistema realiza detecção acurada, rastreia e classifica alvos. Opera no espectro de 8-12µm, detecta mísseis a baixa altitude a 5-7km, helicópteros a 8-9km, caças a 15-18km e aeronaves de carga a 20km. Pode rastrear mais de 50 alvos simultaneamente.


Se a temperatura de uma aeronave tiver 1 grau de diferença com o ambiente ele já pode ser detectado, tanto de dia quanto a noite.

Sensor Air Defence Alert Device ADAD da Thales/Pilkington Optronics em um lançador RBS-70 ASRAD oferecido para a Finlândia. O sensor é usado para detecção passivas de aviões e helicópteros para engajamento posterior de mísseis superfície-ar. O ADAD também é usado no lançador autopropulsado do lançador de mísseis antiaéreo Starstreak britânico.

Os radares laser (LADAR) são outra fonte promissora de detecção de aeronaves furtivas. Eles já são usados para detectar janelas e sensores óticos com técnicas de retroreflexão. Podem ser usados para rastreio e designação de alvos, mas assim como os sensores infravermelhos, têm limitações em relação às condições atmosféricas, que podem espalhar o feixe.

O US Army está estudando um LADAR de 5 kg com alcance de 200 km a grande altitude. Equiparia sensores e cabeças de busca para sistemas antibalísticos.

IRST
O IRST do F-14 é usado para detectar e identificar aeronaves fora do alcance visual. Pode ser usado contra aeronaves furtivas apesar das limitações.

PDL
Os casulos de designação de alvos atuais podem ser usados para detectar alvos aéreos como mostra esta demonstração do ATLIS II francês. Na imagem dá para distinguir uma formação com um Mirage 2000, um Mirage F1 e um Jaguar.

 

MAGE - Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica

Durante o conflito do Golfo em 1991 os radares do Iraque emitiam muito. Os raides da coalizão faziam emitir mais ainda. Os RC-135 Rivet Joint e EP-3 Reef Point detectavam e localizavam os sites de radar e bateria de mísseis SAM. Em Kosovo, 1999, os Iugoslavos não emitiam e não podiam ser localizados. Algumas baterias SA-3 modernizadas com TV de alcance de 25km e outras radares mais modernos acabaram tendo sucesso contra algumas aeronaves aliadas incluindo um F-117.

A Iugoslávia pode ter usado um sistema Checo de coleta de sinais eletrônicos (SIGINT) chamado Tamara fabricado pela companhia Tesla. O sistema rastreia emissões eletrônicas que podem ser analisadas para determinar a posição de uma aeronave, a fim de detectar aeronaves furtivas americanas em Kosovo.

O sistema foi adquirido pela Rússia, Kazaquistão, Alemanha, Irã e Iraque. O Iraque adquiriu cinco sistemas por US$ 375 milhões. O sultanato de Oman adquiriu um sistema de primeira geração em 1989. A Bósnia também usa modelo antigo com software atualizado. É um modelo vendido para russos antes de 1990 e repassado par a Iugoslávia.

O sistema usa "princípios de sincronização hiperbólica" para três unidades espaçadas a quilômetros de distância rastrearem aeronaves furtivas a 20 km de distância e 180 km no caso de aeronaves convencionais.

É capaz de rastrear 72 alvos de cada vez. Outras fontes relatam que o sistema pode rastrear aeronaves furtivas a 450 km. O sistema fica montado em caminhões em arranjo triangular. É totalmente passivo e não emite, apenas detecta as emissões das aeronaves.

O sistema foi considerado supervalorizado, segundo os americanos. O B-2 emite regularmente, mas o F-117 não. O sistema também tem alcance curto contra aeronaves furtivas. O sistema detecta, mas não tem capacidade de atacar. O F-22 e o JSF também irão emitir com certa regularidade.

Outro sistema no mercado é o sistema MAGE Kolchuga da empresa Ucraniana Topaz. Tem alcance de 600 km contra alvos aéreos, usando antena de varredura mecânica com cobertura de 360º . Usa antenas na banda VHF, UHF e SHF (0,1-18 GHz) com cobertura de 45º e arco estreito de 1-5º.

Cada destacamento tem dois veículos. Uma unidade tem quatro destacamentos separados em 80 km para triangular e determinar posição de alvos. Cada receptor pode rastrear 30 alvos, simultaneamente, em um uma única azimute, detectando e analisando sinais de emissores de superfície e aéreos.

O sistema pode dar alerta de decolagem de aeronaves a distâncias maiores que os radares convencionais e fornecer dados de indicação de alvos para sistemas de defesa aérea a partir de dados dos emissores dos alvos, como radares de controle de fogo e seguimento do terreno, TACAN e IFF.

Antena de varredura mecânica do Topaz Kolchuga.

Próxima Parte : Defesas Aéreas Contra Aeronaves Furtivas

Atualizado em 17 de Abril de 2006


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