Assinatura Térmica

O radar não é o único sensor de busca naval. Sistemas de imagem térmica em navios e aeronaves podem detectar navios facilmente, assim como sistemas instalados em submarinos e estações em terra.

Os sensores térmicos, ou infravermelhos (IR), são passivos e os tripulantes não sabem que estão sendo vigiados. O alcance é menor comparado com o radar, mas são passivos e identificam o alvo facilmente. Os mísseis usam sensores térmicos que também podem ser usados em conjunto com radar para evitar contramedidas eletrônicas.

Motores, exaustores e fumaça são fontes de calor em uma plataforma naval.  No futuro, estas fontes deverão usar refrigeradores leves, principalmente no exaustor. No mínimo seria colocado isolamento térmico na sala de maquinas e outros espaços com calor. Pelo menos deveria ser possível diminuir temperatura do interior e exterior por algum tempo.

A maior parte das medidas de supressão térmicas estão relacionadas com a diminuição da temperatura do exaustor do motor. Uma media simples é misturar ar frio. A refrigeração pode ser feita com fonte de água do mar na forma de spray fora do exaustor. Os motores diesel emitem exaustão mais fria que turbina a gás e pode ser eliminada debaixo d água. Por outro lado, tem assinatura acústica maior e gasta mais espaço. As turbinas regeneradoras como a WR-21 irá reusar este calor e ter mais vantagem que os motores diesel.

Um candidato futuro como fonte de energia fria são as células de combustível. São sistemas frios, eficientes e não produzem som, mas ainda com um custo muito caro.


A colocação das chaminés deve ser feita em um ponto pouco crítico do navio, para diminuir danos caso seja atacado por míssil guiado por calor. Os gases do exaustor também causam alteração no
RCS por formarem uma capa refletiva na freqüência de 5-30MHz.

A concentração de calor deve ser evitada. A cobertura de algumas partes com material de proteção térmica será essencial. A cozinha não deve ser ativada durante o combate. Até a tripulação é fonte de calor.



A US Navy adotou uma nova pintura que diminui a radiação solar. As imagens térmicas mostram a diferença do caça-minas USS Dextrous após receber a pintura com outro navio da classe. A nova tinta tem alta proporção de dióxido de titânio, mais reflexivo que o material que absorve calor a base de carbono das tintas comuns. -O objetivo das técnicas de assinatura térmica é uniformizar calor em todo navio. A emissão IR também é mais aparente a noite ou no frio. Um navio sempre é mais quente que a superfície onde se encontra e é detectado por esta diferença de temperatura. Reduzir a temperatura do exaustor é evitar que um sensor térmico inimigo pegue uma imagem. Irá ver apenas pontos de alta temperatura.

O projeto Sea Whrith usa spray como técnica de diminuir assinatura IR. Esta técnica foi testada década de 20, mas foi considerada muito complicada e causava incrustação de sal na superfície do navio. Outros exageros são a utilização de produtos químicos para refrigerar a esteira como o nitrido de amônia ou a instalação de aspersores de nitrogênio líquido para eliminar temporariamente a assinatura refletiva IR.

Assinatura Acústica e Magnética

A assinatura acústica (hidroacústica) também é considerada no projeto de navios e submarinos. Um navio barulhento pode ser detectado por outro a mais de uma centena de quilômetros com o uso do sonar.

As medidas de supressão são óbvias como motores silenciosos com módulos a prova de som, a suspensão dos motores e o isolamento acústico do seu compartimento, instalações elásticas, bombas silenciosas, compressores de ar silenciosos, a utilização de propulsores silenciados como hidrojatos com redução acústica ou hélices anti-cavitação (ventiladas e de superfície pontiagudas), modelos de hélice avançada e sistemas como o prairie-masker.

No casco deverá ser considerado o revestimento nas obras vivas com borracha absorvente e SAM (sound absorbing material). Os decoys submarinos poderão ser usados na fase de ataque (ou contra-ataque).

As hélices tem assinatura acústica considerável, sendo 110-130dB o limite de referencia de 10Hz a 10 mil Hz a 15-20kts. As escoltas anti-submarina de alta assinatura são rejeitados. Algumas fragatas novas têm assinatura de 160dB e algumas chegam a 190-200dB em baixa freqüência. Para comparar, projetos de jatos de água de propulsão do futuro são -20dB mais silenciosos a alta velocidade. Em baixa velocidade, propulsão elétrica ou jatos de água serão a solução.

O casco gera muito barulho que piora em mar agitado. Ter um fluxo laminar será o objetivo. Diminuir ondas e esteira também resultará na diminuição da assinatura visual. A forma em V do casco diminuiu em 10-15dB contra sonar de submarinos em relação a uma forma arredondada e chega a -28dB em algumas freqüências.

A assinatura sonora aérea também deve receber cuidados. Lanchas torpedeiras da Segunda Guerra Mundial tinham escapamentos debaixo da água para diminuir a assinatura acústica no ar.

Em águas rasas, a assinatura magnética deve ser considerada contra minas. Material não magnético podem ser usados para navios de até 100 metros de comprimento. Em navios maiores é possível diminuir a assinatura magnética com degaussing.  As assinaturas magnéticas são a AC/DC e fluxo de Eddy. A assinatura de pressão também é considerada para atuar contra minas, mas muito difícil de controlar.

Proteção Eletrônica

Todos os navios de guerra deveriam ser projetados para terem controle de suas assinaturas de radar, térmicas, acústicas, visual e magnéticas, assim como gerar o mínimo de esteira.

Também deve ser considerado que devem operar com um mínimo de emissões ativas. Para os futuros combatentes de superfície, o balanceamento da assinatura e controle de emissões será um dos objetivos do projeto.

Todas as assinaturas e emissões devem ser direcionadas de tal modo que nenhuma singularidade comprometa a eficiência operacional. A atual dependência da maioria das marinhas em emissões ativas e de comunicações facilmente detectáveis é exclusiva com as operações e projetos de furtividade. Isto significa que as plataformas de superfície devem se tornar mais dependentes em dados fornecidos por plataformas remotas, que transmitiriam os dados por data link e com o uso de sensores passivos ou de baixa probabilidade de detecção (LPI). O alcance em que os navios de superfície podem ser detectados, classificados e rastreados certamente não deverá exceder o alcance de suas próprias defesas ativas.

Os níveis de assinatura e emissões dos navios de guerra atuais dão a iniciativa ao ataque dos mísseis anti-navio. Qualquer defesa pode ser sobrepujada por um ataque pré-planejado. Mas a furtividade, combinada com mobilidade, torna tais ataques pré-planejados ficarem difíceis, particularmente quando operando além do horizonte.

O controle do feixe de radar com compressão de pulso diminui o pico de potência e muda a forma da onda. Um radar com codificação de fase ao invés de codificação de freqüência são mais difíceis de detectar. Usam pulsos mais numerosos e menos potentes.

Radares em rede é outra técnica pois usa fonte de sensor de outro navio sem emitir. É chamado na US Navy de Engajamento Cooperativo (CEC). A furtividade fica para as comunicações.


Conclusão

Com o aparecimento do radar e das medidas de apoio eletrônico capazes de varrer grandes áreas, o problema de detecção de navios em alto mar ficou mais fácil de resolver. A reação foi a furtividade, sendo que o problema passou mais a ser a fase de ataque.

Operacionalmente, a furtividade tem se tornado o único e mais importante característica contribuindo para a sobrevivência do navio, devido a necessidade do engajamento necessitar primeiro da detecção, classificação e rastreio, e devido a sua grande e facilmente classificada assinatura que fazem o uso de despistadores e contramedidas virtualmente impraticáveis. Uma recente ênfase no campo das armas reafirma a noção que "você só pode atingir o que pode ser visto". Um contato que permanece indetectado até a fase terminal leva a maior probabilidade de sucesso de completar a sua missão. Daqui por diante, os futuros sistemas de armas e as plataformas que os transportam terão que reduzir significativamente sua característica de serem distinguidas (e detectados). As classes de armas assim produzidas são chamadas de pouco observáveis(LO em inglês) e fazem uso das últimas técnicas e materiais para reduzir suas características de assinatura-tecnologia furtiva.



O ataque ao USS Stark poderia ter sido facilmente evitado se o navio tivesse tecnologia furtiva.

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