Com o fim da Guerra Fria, a furtividade
passou
a ser considerada indesejada para as novas ameaças e devido ao alto custo.
O fim Guerra Fria levou a um objetivo de compromisso como o uso de RAM de baixo
custo sendo instalado nas aeronaves de caça existentes e os
projetos furtivos
sendo atrasados ou cancelados.
Os requerimentos de furtividade resultaram
em
configurações não convencionais e o desempenho,
controle de vôo, fabricação e
manutenção se enchem de desentendimentos.
Os efeitos adversos da
redução da assinatura
são os custos aumentados, manutenção adicional e
peso e volume maior, levando a
perda no desempenho. A furtividade também leva a "acesso
especial" de
segurança que custa tempo e dinheiro.
Os gastos com a furtividade tem algumas vantagens. O F-22 não tem
sistemas de guerra
eletrônicos defensivos caros que tem que ser atualizados
continuamente e não
precisa de mísseis ar-ar de longo alcance pois o AMRAAM pode ser
lançado ainda
fora do alcance de detecção dos caças inimigos.
Se considera o custo por alvo ao invés de custo por arma ou
plataforma pode ser vantajoso. O F-117
pode realizar suas missões com menos apoio externo e os custos finais podem ser mais baixos
por necessitar de uma frota menor.
O F-117
também é considerado barato, fácil de manter e com
alta razão de saída.
Penalidades na aerodinâmica
Os problemas aerodinâmicos de uma
aeronave
furtiva, principalmente se for instável, são:
- Redução do L/D se a forma para baixo RCS comprometer a aerodinâmica. As formas facetadas do Have Blue contribuíram pouco para seu baixo L/D (7,5). Os mais importantes foram o enflechamento das asas de 72,5 graus e a baixa razão de aspecto da asa. O baixo L/D afeta o alcance. A falta de meios de alta sustentação e a trimagem da aeronave resulta em altas velocidades de pouso e decolagem.
- A estabilidade e controle são alterados pela necessidade de redução ou remoção das superfícies de controle e é necessária uma grande confiança nos sistemas de controle de vôo. Controle de vetoramento dos motores(TVC) pode ser necessário para reduzir o tamanho da cauda e dos profundores.
- A necessidade de levar armas e combustível internamente aumenta o tamanho da fuselagem e o arrasto.
-
Problemas de lançamento e aerodinâmica do paiol de bombas.
Penalidades na propulsão
Os problemas de propulsão de uma
projeto
furtivo são:
- Efeito na aeronave e desempenho do motor devido ao posicionamento e forma da entrada de ar devido aos requerimentos de furtividade. Resulta em perda de potência devido a forma do ducto e controle da assinatura IR. Perda de 100% da linha de visada da face do motor através de ducto de duplo-S resulta em perda de pressão o que leva a perda de potência.
- Geometria fixa do ducto resulta em perda de pressão em Mach alto. O grande aspeto de ângulo de ataque necessário também será perdido.
- Entradas de ar com redução do RCS levam a perdas de pressão que podem ser inaceitáveis. A necessidade de entradas de ar, vãos e defletores em velocidade subsônica reduzem a pressão e adicionam peso. Geradores de vortex são necessários para suprimir a separação do fluxo em entradas de ar fixas em grandes ângulos de ataque.
-
O exaustor de duas dimensões é pesado e menos eficiente.
-
Grandes peças tridimensionais e únicas integradas
aerodinamicamente,
eletromagneticamente e estruturalmente são possíveis com
novos métodos de
produção, mas custam caro.
Penalidades no volume
Os caças já levam pouco
combustível e levar
armas internamente apenas piora o problema. Um compartimento interno de
armas leva
a incertezas na estrutura, furtividade e lançamento de armas. O
problema piora
em aeronaves de ataque que devem levar um grande número de armas de
longo alcance
internamente. Armas guiadas por GPS foi a solução
encontrada pela USAF.
Uma aeronave que leva armas e
combustível
internamente necessita de uma fuselagem grande, tendo componentes
maiores e
mais pesados o que leva a um aumento no peso total. A carga X raio
é menor
comparado com uma aeronave do mesmo tamanho, mas o problema é
bem menor em uma
aeronave grande como o B-2. A entrada de ar e o escape do motor tendem a ser
mais
pesados e caros que os convencionais. O F-22 leva 5 toneladas de
combustível
internamente, ou seja, a mesma quantidade do F-15 e o dobro do F-16.
Penalidades na
fabricação
Os requerimentos de furtividade levam a
um nível de perfeição nunca antes usado na
indústria aeroespacial. Assegurar um
baixo RCS leva ao cuidado de milhares de detalhes. O número de
painéis de
acesso do F-22 foi reduzido em 1/3 e 80% (200 para 44) dos furos de
drenagem
foram eliminados. O B-2 foi a primeira estrutura de engenharia que
não precisou
de acertos finais após a montagem final.
Penalidades na manutenção
O controle de assinatura afeta o sistema de apoio
da aeronave. O uso de RAM na estrutura e como cobertura precisa de apoio, testes
e processo de avaliação adicionais para verificar a
continuidade do
desempenho na assinatura. O demonstrador Have Blue foi detectado uma
vez a 25km
do radar de teste devido a três parafusos de um painel de
segurança na
superfície inferior que não foram bem apertados e
apareciam na superfície com
menos de 3mm. Até superfícies não visíveis
são cobertas com RAP.
É necessário balancear a
furtividade com
a manutenção e os custos de apoio. O primeiro passo é
diminuir a necessidade de
remover e restaurar as vedações. As aeronaves furtivas
têm sistemas de
diagnóstico que informam qual painel abrir para ir direto no
sistema defeituoso.
O compartimento interno de armas e a área do trem de pouso
têm painéis que
asseguram a manutenção de itens mais problemáticos
sem comprometer a "bolha de baixa visibilidade".
Os aviônicos principais são
agrupados em
poucos cabides para acessar os que precisam ser inspecionados
freqüentemente. O
F-22 tem equipamentos de falhas freqüentes com locais mais
acessíveis com a
porta da cabine, compartimento de armas e trem de pouso além de
outros painéis
de acesso freqüente. Se um sistema falha muito tentam melhor
ou colocar em um painel
de acesso rápido.
O material RAM é de
manutenção difícil e
sensível e tem que satisfazer os requerimentos
eletromagnéticos, térmicos,
vibratórios e estruturais de acordo com o local em que
será usado. O pessoal de
manutenção tem que usar pantufa para pisar na estrutura
sem danificar. O
F-117 costuma voar sem alguns painéis RAM para
diminuir a manutenção.
Qualquer arranhão descuidado ou excremento de pássaro
pode aumentar o RCS.
O RAM pode ser danificado pela chuva,
nuvens e gelo. A meteorologia passou a ter mais importâcia durante o
planejamento da
missão. O problema era mais complicado com aeronaves e
tecnologia antiga. O B-2
já não tem problemas de cancelamento de missão
devido a manutenção relacionada
com tecnologia furtiva. A tecnologia furtiva do F-22 foi baseado nas
lições
aprendidas com o B-2 e o F-117.
O B-2 não teve prioridade na
manutenção e
sim na tecnologia furtiva. Foi projetado para voar uma ou duas
missões na
Guerra Fria com a força dividida em alerta e treinamento e não
precisaria de manutenção
após a missão. A agora pode voar quase todo dia durante
um conflito e teve que
ter alterações na tecnologia furtiva para facilitar a
manutenção.
Um problema no inicio da
operação das
aeronaves furtivas era a falta de meios para medir o RCS de uma
aeronave no
solo. No inicio era usado uma área de teste externa. Na
década de 1980 foi
iniciado o teste no solo.
A frota de 59
caças F-117
tem vários padrões diferentes de RAM. Era todo coberto de
RAM para evitar
descontinuidades eletromagnéticas. O RAM pesava 900kg no total.
O resultado era
um gasto de mais de 100 homens/hora de manutenção
por hora voada (MMH/FH).
Em cerca de 90% das saídas a aeronave volta com necessidade de
manutenção do
sistema furtivo. Em 1989, este índice melhorou para 45 MMH/FH
após várias modificações.
O RAM foi
removido de toda a
aeronave e substituído por um RAM em spray, mais resistente ao
tempo que as
folhas antigas. Em 1996, foi iniciado o programa Single Configuration
Fleet
(SCF) para padronizar a frota. Também foi instalado databus um
1760A para poder
usar armas JDAM. O programa foi completado em no ano 2000.
O B-2 usa uma
abordagem diferente
no projeto furtivo e não usa RAM em toda a superfície. A
superfície também é
continua com um RAM em spray para evitar corrente de
superfície.
O B-2 gasta 40% da
manutenção com a
tecnologia furtiva ou 31% do total se não considerar
manutenção não esperada (outra fonte cita que 85% da
manutenção do B-2 era com a cobertura furtiva).
O MMH/FH chegava a 70-100 no inicio e agora chega a 55-60 no block 30,
sendo 20
para a tecnologia furtiva. Os dados se aproximam de outros bombardeiros.
É bom
lembrar que carga de armas é 10 vezes a de um caça que
teria que ter um MMH/FH
5-6 vezes menor para colocar a mesma quantidade de armas no alvo.
O F-22 segue a mesma abordagem
do B-2
usando RAM o mínimo possível pois tem que agüentar o
atrito do ar e as altas
temperaturas das velocidades supersônicas. O F-22 deve ter um
MMH/FH de
mais de 20.
Atualizado
em 11 de Dezembro de 2005
2000-2005
©Sistemas de Armas
Opinião |