Outros Projetos Furtivos

Advanced Tactical Aircraft (ATA)

Um projeto de aeronave furtivo da US Navy que não vingou foi o Advanced Tactical Aircraft (ATA). O programa foi iniciado em 1985 para uma aeronave subsônica de ataque qualquer tempo para substituir o A-6E Intruder.

Na década de 1980, US Navy queria melhorar sua capacidade de ataque em profundidade modernizando o A-6 no modelo A-6F e A-6G. A US Navy não queria uma aeronave furtiva embarcada pois a tecnologia era imatura e os recursos escassos. Modernizar era rápido e barato. Mesmo assim o projeto foi ordenado pelo Pentágono em 1983 com entrada em operação prevista para 1994.

Duas equipes de fabricantes foram formadas para competir sendo uma formada pela General Dynamics com a McDonnel Douglas e outra com a Northrop-Grumman e LVT. A Lockheed participou sem formar time.

ATA
Uma das propostas da General Dynamics era uma asa voadora chamada "Sneaky Pete" e passou a ser base da proposta do ATA da empresa.

Em novembro de 1984, foi concedido um contrato para desenvolver conceito para as equipes da General Dynaimics e Northrop. Em junho de 1986, as duas equipes receberam um contrato para demonstração e validação de dois anos. As duas equipes proporam asas voadoras e US Navy concordou com esta abordagem.

Em 1986, as duas propostas foram consideradas indesejáveis. Em 1987 os recursos para os dois projetos já eram insuficientes.
A equipe da Northrop e da Lockheed disseram que completariam o programa com US$ 5,9 bilhões. A McDonnell Douglas e General Dynamics por US$ 4,8 bilhões. As propostas foram enviadas em 1987 para desenvolvimento e produção de oito protótipos. A Northrop se retirou do programa e a General Dynamics foi anunciada vencedora.

Em janeiro de 1988, o contrato de desenvolvimento de engenharia foi dado para a General Dynamics. A Northrop não aceitou o contrato de desenvolvimento com preço fixo e a Lockheed tinha saído do programa desde o inicio por este motivo.

O desenvolvimento foi iniciado em 1988 com vôo inicial previsto para 1990. A aeronave passou a se chamar A-12 Avenger II e era previsto a compra de 620 aeronaves para a US Navy e 238 para o USMC por US$100 milhões cada. Em 1986, a USAF estudou comprar 400 A-12 para substituir o F-111 com as compras iniciando em 1992. Os britânicos estudaram comprar o A-12 para substituir o Tornado IDS.

Na verdade os outros serviços não tinham interesse sério no programa. Em 1990, o USMC cancelou suas compras e a USAF atrasou as compras de 1992 para 1998 se separado do projeto da US Navy. Ainda 1990, o programa foi reduzido para 150 aeronaves devido a diminuição da frota de porta-aviões e da composição do grupo embarcado. Na época do inicio do projeto ATA, a US Navy planejava uma ala aérea embarcada em 2010 com 24 NATF, 24 MRF, 14 A-12, cinco EA-6B ADVACP, cinco E-2,10 S-3B e oito SH-60F/HH-60F.

O Pentágono já tinha tentado unir os programa ATA e ATF em 1994 sem sucesso. Tentaram novamente em 1996. A aeronave seria o substituto do F-111 Aardvark, do F-15E Strike Eagle e do F-14 Tomcat. O ATA substituiria o F-111 e F-15E e o ATF substituiria o F-14. Os estudos mostraram que pelo menos os aviônicos poderiam ser comuns em 90%.

O ATA foi mostrado ao público em janeiro de 1990 com um custo de US$ 96 milhões por aeronave. Em 1990, os problemas de orçamento ficaram sérios e foi cancelado em janeiro de 1991.

O A-12 tinha forma de asa delta com 21m x 11 m, peso vazio de 17,7 toneladas e peso máximo de 36,3 toneladas. Seria propulsado por dois turbofan F412 com 5,900kg de empuxo seco cada podendo atingir 930km/h com raio de ação de 1.470km. Seria equipado com um radar multimodo AN/APQ-183, FLIR e IRST. O requerimento incluía carga de 5 toneladas e poder levar 24 bombas Mk82 além de armamento defensivo na forma dos mísseis HARM e mísseis ar-ar.

O turbofan F-412 era derivado do F-404. A potência era de 22 mil libras ou 38% a mais que a F-404. A potência teve que ser aumentada em mais 12-15% devido ao aumento do peso da aeronave.

Em 1989, foi feita uma revisão do projeto e o USMC cancelou suas compras. Isto retardou a compra da USAF em 5 anos. Os custos adicionais e problemas no projeto levaram ao cancelamento em janeiro de 1991.

ATA
Cockpit do ATA da General Dynamics.


ATA
A proposta do ATA da Northrop era bem similar ao B-2.

ATA
Proposta do ATA da Lockheed.


Bird of Prey

Em 18 de outubro de 2002, a Boeing revelou o demonstrador de tecnologia "Bird of Prey" para desenvolver tecnologias furtivas e tecnologias de projeto, desenvolvimento e produção avançadas de aeronaves. O projeto secreto durou de 1992 até 1999. A aeronave foi revelada pois as tecnologias e capacidades já se tornaram padrão da indústria. O projeto particular da Boeing custou US$ 67 milhões. Foi a primeira aeronave a usar grandes peças de estrutura de material composto e foi projetado com realidade virtual tridimensional.

A aeronave subsônica voou 38 vezes a partir de 1996. É propulsado por um turbofan Pratt & Whitney JT15D-5C com 12,9 kN (2900 lbs) de potência e atingiu a velocidade operacional de 480km/h e uma altitude máxima de 20 mil pés. O comprimento é de 14,3 m e a largura 7,0 m com um peso máximo de decolagem de 3.355 kg. Os conhecimentos adquiridos foram aplicados no projeto X-45 UCAV.


Bird of Prey
Protótipo do Bird of Prey.


O Quiet Bird foi um projeto furtivo da Boeing da década de 1980.

M-X / MC-X / AMC-X

A USAF foi autorizada a desenvolver uma aeronave de transporte furtiva para apoiar as missões de operações especiais. O programa se chamava Advanced Special Operations Force Air Mobility Plataforma (M-X), anteriormente chamado de Senior Citizen.

A aeronave deveria estar pronta em 2018 com capacidade de decolagem vertical ou decolagem curta. Deveria ser capaz de operar em uma pista de 305 metros com carga leve. Iria realizar transporte de tropas e suprimentos clandestinos para forças especiais operando atrás das linhas inimigas em território muito defendido. Seria um complemento dos MC-130 e CV-22, usando furtividade para passar por ameaças que não podem ser contrapostas pelas aeronaves convencionais. A capacidade de carga era de 18 toneladas com alcance de 7 mil km.

O compartimento de carga teria o mesmo comprimento doo C-130, mas seria mais largo para poder levar cargas mais volumosas como um Humvee blindado. A compra mínima seria de 24 aeronaves e não poderia ser uma plataforma modificada. Um dos requisitos é ter partes em comum com uma aeronave de transporte de carga do futuro que também seria um reabastecedor penetrante, aeronave artilhada de próxima geração e talvez um novo bombardeiro.

A Lockheed propôs o BMACK e a Boeing esta ofereceu o projeto Blended Wing para o programa M-X. As duas empresas já tinham participado do programa Advancet Transport Technology (ATT) para construção de uma aeronave de transporte aéreo intra-teatro com capacidade STOL.

O Comando de Transporte Aéreo da USAF está estudando uma aeronave de transporte avançada de decolagem e pouso curto chamada AMC-X que deve entrar em operação em 2020. O desempenho inclui alcance de 4.000km ou raio de 1.000km, velocidade de Mach 0.8 ou maior, controle de assinatura radar, IR e acústica, carga de 27 a 36 toneladas e capacidade de operar em pistas muito curtas. A aeronave deve ter o tamanho do C-130 com o dobro da capacidade de carga. A aeronave deve ter o máximo de partes em comum com o M-X. A aeronave poderá ser base para o substituto do AC-130 artilhado chamado provisoriamente de Persistent Surface Attack System os Systems (PSAS).

MC-X
O programa M-X foi uma continuidade do programa MC-X Commando Spirit iniciado com o mesmo objetivo em 1997.

BMACK
BMACK
Conceitos do BMACK da Lockheed.

AMC-X
Conceitos do AMC-X.
 

A USAF estuda uma aeronave de reabastecimento furtiva para apoiar as operações do F-35 e F-22. As aeronaves furtivas são muito vulneráveis e estariam no alcance de mísseis SAM de longo alcance como o S-400. Uma aeronave REVO furtiva poderia operar até dentro do espaço aéreo inimigo e aumentaria em muito a autonomia e alcance dos caças furtivos.


Projetos Europeus

Os Europeus estão atrasado em relação aos EUA na tecnologia e começaram taridamente a investir em furtividade nos seus projetos de aeronaves de combate não tripuladas (UCAV). Os UCAV devem estar operacionais após 2020. Os Europeus tem acesso a tecnologia furtiva americana desde 1985, mas sem muita oportunidade de aplicar.

A EADS alemã trabalha no UCAV Barrakuda e no Unmanned Reconnaissance Air Vehicle (URAV) para desenvolvimento de tecnologias. Outra tecnologia da EADS é a assinatura ótica "tunable" com uma aeronave muito escura que irá iluminar a superfície para brilhar mais e fundir com o fundo. Deve usar TV de tecnologia de tela plana pois a energia necessária é pouca e permite uso aeronáutico.

A DASA passou a estudar oTechnology Demonstrator for Enhancement and Future Systems (TDEFS) no meio da década de 1990 para aeronaves tripuladas e UAV. O orçamento era insuficiente e foi direcionado para outras atividades.

Dornier LA-2000
O Dornier LA-2000 Zukünftige Luftgestützte Waffensysteme (sistema de armas aéreo do futuro) foi um Estudo da Dornier de 1986 sobre uma aeronave subsônica de ataque furtiva. Depois de mostrado se tornou um projeto secreto. Seria desenvolvida como um demonstrador de tecnologia. Era uma asa voadora bimotora com compartimento interno de armas.

EADS
Maquete de túnel de vento de um conceito de caça furtivo da EADS.

MAKO
Em 1989, a DASA e a Aermachi iniciaram o programa de um treinador jato e caça leve supersônico. A Aermachi se retirou do programa em 1994. O programa virou o Mako. As formas facetadas dão um RCS frontal de 1m2. O programa está paralisado e em busca de um parceiro comercial.

Lampyridae

Os alemães iniciaram em 1981 o programa de um interceptador supersônico chamado Lampiridae (vaga-lume), ou Medium Range Missile Fighter, da empresa MBB (agora DASA). O programa deixou de ser secreto em 2003.

O programa foi cancelado em 1987 pois os EUA queriam ser líderes na tecnologia furtiva e ameaçavam os aliados por isso. Se o programa fosse descoberto os russos poderiam deduzir como a tecnologia furtiva funcionava. Os americanos viram as maquetes do Lampiridae um ano antes da existência do F-117 ser reconhecida.

O Lampyridae foi concebido apos estudos da década de 1970 que mostraram que as defesas aéreas do Pacto de Varsóvia ao longo da fronteira da Alemanha eram tão densas que a Luftwaffe não suportaria as perdas em um conflito de alta intensidade. Para diminuir a taxa de atrito, os técnicos alemães foram obrigados a identificar os alcances dos radares soviéticos de defesa aérea e dos interceptadores e concluíram que uma aeronave furtiva seria a única solução aceitável.

Lamprydae
Lamprydae

O Lamprydae chegou a passar por testes de túnel de vento. Os estudos alemães levaram ao uso das mesmas tecnologias de facetamento usadas no F-117. Usaram as equações do físico James Maxweel como os americanos. Os alemães já estudavam o assunto desde a década de 1960. O Lamprydae era uma aeronave VLO1 com padrão Pacman. Atacaria de surpresa aproveitando a furtividade frontal e fugiria rápido sem se preocupar em ser detectado por trás. Teria curto alcance e não precisaria se preocupar em entrar dentro do território bem defendido.


Estudos Britânicos

Os britânicos trabalhavam em programas furtivos bem antes de EUA, mas com uma exceção, não avançaram muito. A exceção foi diminuir o RCS de navios aplicados em duas gerações de navios da Royal Navy.

O Reino Unido mandou dados de material RAM para os EUA no meio da década de 1960 e obteve acesso aos projetos secretos americanos, além do apoio ao ataque americano contra a Líbia em 1986. Um piloto britânico voou o F-117 em 1986. Tiveram acesso ao programa Advanced Tactical Fighter e A-12 e se interessou pelo último para substituir o Tornado.

Um programa furtivo britânico foi o HALO (High Agility, Low Observability) da BAe e ministério da defesa. Não há nada de contreto a respeito. Poderia ser o HALO (Hawk Low Observable) da BAe da década de 1990 que seria um treinador Hawk modificado para demonstrar tecnologia furtiva. Não parece ter voado.

No fim da década de 1990, a BAE trabalhou com o Experimental Aircraft Programa (não confundir com EAP que virou Eurofighter).

O Future Offensive Aircraft (FOA) estudou aeronaves furtivas para substituir o Tornado. Um modelo mostrado em 1996 era um biposto bimotor que lembrava F22  e outro com forma de flecha.

Replica
Um dos resultados práticos dos projetos britânicos foi o Replica que era uma bancada de testes e não deveria voar.

Replica
Desenhos do Replica.

FOAS
Conceito de uma aeronave furtiva do FOAS britânico já cancelado. Deveria se um conceito de sistemas de incluía o Comando & Controle, caças, mísseis cruise e lançadores de mísseis cruise não penetrantes. Os britânicos se juntaram ao programa JSF.

Gripen
Os suecos realizam alguns estudos de aeronaves furtivas como mostram esta maquete do Gripen com formas furtivas e casulos de armas nas asas.


Projetos Russos

Os projetos de caças avançados russos não parecem estar tão avançados em termos de tecnologia furtiva. Os russos parecem investir mais em material RAM e tecnologia de plasma para diminuir o RCS ao invés de técnicas da forma como facetamento.

Mig 1.44
O Mig 1.44. é o resultado do requerimento MFI - Mulfirorole Frontoline Figher em 1983. O Mig 1.44 é apenas um demonstrador e sem capacidade de armas ou tecnologia furtiva. Mostrou a capacidade de supercruzeiro de Mach 1.6. A falta de fundos atrasaram o desenvolvimento. Voou em fevereiro de 2000.

Su-47 Berkut
O Su-47 é um demonstrador de asa enflexamento negativo. Parece ter perdido a competição para o Mig 1.44 no programa MFI. O SU-47 tem compartimento interno de armas.


O mais novo caça russo será o Sukhoi Su-57. A aeronave tem furtividade priorizada no aspecto frontal. Os russos sempre citaram que a aeronave não seria tão furtiva como os caças ocidentais.

Os chineses já colocaram em operação seu caça furtivo J-20.


O drone RQ-170 Sentinel é uma aeronave de reconhecimento da USAF. Já tinha sido visto nas bases do Afeganistão e um foi derrubado pelos iranianos. A após a colisão em 2001 de um caça SU-27 chinês com um EP-3E, o interesse em UAV HALE furtivo foi reiniciado. Em 2002, a Lockheed foi contratada para desenvolver o RQ-170. Ficou pronto em 2006 e 20 foram comprados como recurso temporário até uma aeronave maior ficar pronta.

 

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