Uso Operacional das Aeronaves Furtivas
Operações de
aeronaves furtivas deixaram a
realidade dos simuladores de computador e testes de resistência
em 1991 durante a Guerra do Golfo. As operações aéreas na
Tempestade de Deserto mostraram que seu
pequeno RCS permitiu ao F-117 cumprir suas missões em um ambiente
de defesa aérea
que deveria ser extremamente perigoso para as aeronaves convencionais.
O F-117 realizou as missões
mais perigosas
na primeira noite da guerra. Os radares de alerta aéreo
iraquianos, que cobriam
o sul da fronteira além da Arábia Saudita, foram
designados para detectar
aeronaves de ataque que se aproximavam do espaço aéreo do
Iraque. O setor de
operações central deveria coordenar o acompanhamento das
aeronaves de ataque,
alertar baterias de mísseis SAMs e caças assim que fossem
detectados.
Um veterano descreveu que os F-117
"voavam através, entre e dentro do coração de uma
defesa aérea totalmente
operacional". Depois atacaram alvos que enfraqueceram
as
defesas aéreas e o comando e controle inimigo, com
efeitos
significativos nas operações aéreas subsequentes. A
superioridade aérea foi
conseguida ao se atacar o cérebro do inimigo e não sua
força aérea no ar ou em
terra como era feito antes do advento da furtividade.
No total, o F-117 realizou 1.297
sortidas
sem nenhuma perda. Sem nenhum atrito, o comando estava livre para
empregar o
F-117 contra alvos de alto valor.
F-117 Nighthawk
O F-117A se tornou operacional em outubro de 1983. As operações primárias
planejadas para o F-117A eram missões secretas e clandestinas similares as da Delta
Força do US Army e SEALS da US Navy. A aeronave poderia voar até o alvo
sobre países amigos ou
inimigos sem ser detectado. Seria usado sempre em pequeno número
contra alvos
como bases terrorismos. A USAF planejava um esquadrão para
missões tipo
"Delta Force" e dois esquadrões treinados contra alvos de alto
valor.
O Congresso autorizou mais aeronaves do que a USAF queria e em 1991 a decisão
provou ser
acertada quando o Iraque invadiu o Kuwait.
O papel do F-117 durante a Guerra Fria era atacar de surpresa alvo sensíveis,
difíceis, e altamente defendidos. O plano Downshift 02 era para a atacar as
dachas usadas para descanso pelos lideres soviéticos.
A primeira missão do F-117 deveria ser um ataque contra bases
terroristas da
OLP no sul do Líbano após o ataque contra uma base do
USMC em 1983. A aeronave
voaria da Carolina do Sul direto até o local. A missão
foi cancelada minutos
antes da decolagem. Os Comandantes não sabiam que o F-117 existia
e nem como
usá-lo. Acabaram usando aeronaves convencionais com algumas perdas.
Em 1986 ocorreu a segunda oportunidade de ser usado quando 8-12 aeronaves
iriam
atacar bases na Líbia na operação El Dorado
Canyon. Era considerado o melhor meio, mas na última hora o ataque foi cancelado
pois havia risco de ser descoberto. As aeronaves fariam
reabastecimento em vôo sobre o Atlântico, mas novamente o
Comandante do Teatro
não tinha conhecimento da aeronave e suas capacidades e acabou
usando os F-111
da USAF e A-6, A-7 e F/A-18 da US Navy.
A primeira operação real foi em 1989 durante a invasão
do Panamá. Era um ataque
de despistamento de um par de F-117 e podia ser feito por qualquer
outra aeronave. Foram
usados mais pela precisão e mesmo assim os efeitos foram
duvidosos.
O teste real foi na Guerra do
Golfo em 1991.
Nesta campanha, os F-117 voaram 1.297 saídas em 7 mil horas de
vôo sem nenhuma
perda. Foram 2% de todas as missões, mas atacaram 40% do alvos
estratégicos e eram
os mais bem defendidos.
Um total de 22 aeronaves do
415º TFS foram
deslocadas para a região inicialmente e o total chegou a 40 caças com
a chegada do
416º TFS. A disponibilidade foi de
86%. Foram
lançadas 2.567 bombas com 1.665 acertos, 418 erros e
mais 480 que não
foram lançadas. A combinação de aeronave furtiva com
armas guiadas de precisão foi
considerado oito vezes mais eficiente que as aeronaves não
furtivas. Em uma
noite, enquanto 8 aeronaves de ataque com 30 aeronaves de escoltas
atacavam um
alvo, 21 F-117 atacaram 37 alvos sem escolta.
Os F-117 estavam baseados em Khamas Mushait a cerca de 1.000km de Bagdá e bem longe das ameaças de mísseis Scud. Tinham que voar 8 horas até o Iraque. A distância fazia parte das defesas do F-117. Se tivesse que fazer um pouso de emergência, os pilotos tinham uma carta de um oficial General que permitia mandar o comandante da base fazer o que os pilotos quisessem.
Antes do inicio do conflito os
F-117
testavam as defesas iraquianas voando em direção a
fronteira. Os iraquianos
nunca reagiam enquanto contra aeronaves convencionais na mesma
situação eram
atingidas por feixes de radares tão logo entrassem no alcance
dos radares
iraquianos.
O F-117A voaram as missões mais difíceis na primeira noite. O objetivo inicial
era fragmentar as defesas integradas em camadas. Junto com outras
aeronaves,
foram destruídos 500 radares e mais de cem
posições de mísseis SAM.
Inicialmente foi planejado usar o F-117 mais o F-111 e A-6 com
proteção de
interferência eletrônica de escolta dos EA-6B e EF-111.
Simulações em computador previu uma perda
de 50% para os F-111. Então apenas nove F-117 atacaram os centros de
comando e
comunicações em Bagdá na primeira noite. Os B-52
ajudaram com mísseis cruise
CALCM. A primeira onda de ataque eram drones despistadores seguidos de
aeronaves equipadas com mísseis HARM. Logo depois o F-117 mostrou que
podia atacar
alvos muito bem defendidos.
Uma tentativa de ataque diurno contra alvos em Bagdá com os F-16 levou a poucos danos nos alvos e resultou na derrubada de dois F-16. Depois dessa missão, apenas os F-117 atacaram alvos ao redor de Bagdá.
Treinamento no local incluía voar em direção ao Iraque e ver se as defesas reagiam. Só havia reação no radar e nas comunicações quando aeronaves convencionais estavam juntas. Os pilotos ficaram mais confiáveis. Os iraquianos ficaram condicionados. Decolavam aos pares até o REVO e depois continuavam sozinhos. O sistema de planejamento de missão do F-117 considerava que só voa a noite e a única defesa é a invisibilidade.
As missões eram planejadas meticulosamente, aos mínimos segundos. Raramente a rota era reta, desviando sempre de baterias de mísseis SAM e artilharia antiaérea. O trabalho iniciou pouco apos a invasão preparando o sistema de planejamento de missão. Os centros de comando em Tallil eram os alvos principais. Planejaram ataques para as três primeiras noites e esperavam atacar os alvos não atingidos para na quarta noite.
Bagdá tinha 60 posições de mísseis SAM e 3 mil peças de artilharia. O Irã atacou Bagdá duas vezes. O primeiro ataque nem conseguiu disparar as armas e o segundo disparou no modo loft a distância sem danos substanciais. Os iraquianos ficaram confiantes.
Geralmente eram dois alvos por missão, mas podia ter dois caças para o mesmo alvo para garantir o resultado contra um alvo de alto valor. Alvos grandes ou reforçado precisavam de dois ataques, então cada aeronave atacava uma parte em um ataque simultâneo. Com o sucesso aumentaram a quantidade de ataques contra Bagdá.
Depois dos primeiros ataques, os operadores de radar que sobreviveram detectavam as aeronaves de REVO, mas não viam as aeronaves saindo do REVO. Percebiam que era o F-117 e estimavam o tempo de chegada até Bagdá para a artilharia antiaérea disparar. O REVO era feito a cerca de 80 km da fronteira. Antes a artilharia antiaérea só disparava quando as bombas explodiam no alvo.
Testaram ataques contra alvos fora de Bagdá e funcionou pois a artilharia
antiaérea atirou. Então evitaram
ir direto para Bagdá e atacavam outros alvos antes o que confundiu os iraquianos.
Os F/A-18 Hornet do USMC estavam atacando pontes ao redor de Basra de dia e os
F-117 atacavam a a noite para atrapalhar a Guarda Republicana. As bombas GBU-27 penetravam
na ponte e explodiam na água. Com as GBU-10 com espoleta de contato conseguiam destruir.
Com a força aérea iraquiana se escondendo nos abrigos reforçados (HAS) chamaram os F-117 para atacar. Atacavam aos pares, seis ou oito por ataque. Atingiam dois abrigos simultaneamente e voltavam meia hora depois para um novo ataque. A bomba penetradora explodia ao atingir o assoalho do HAS e não deixava marcas de destruição a não ser a porta destruída. A inteligência só considera inutilizado se for totalmente destruído.
Os F-111 também atacavam os HAS com a inteligência mandando atacar um HAS já atingido. Os esquadrões de F-111 e F-117 passaram a coordenar as missões e só atacavam os abrigos intactos. Marcavam no mapa e enviavam para outro esquadrão ver. A inteligência não aceitava os vídeos do FLIR como prova.
No quinto dia da guerra aérea iniciaram os ataques contra as bases aéreas. No sétimo dia a base aérea de Balad foi atacada. A base aérea de Balad no sul de Bagdá tinha cerca de oitenta caças no local e 21 abrigos HAS. Foram ordenados atacar os abrigos HAS com bombas explosivas com espoleta de atraso mas os pilotos reclamaram. Realmente fracassou e eram alvos bem defendidos. Se arriscaram sem causar danos contra alvos bem defendidos.
As GBU-27 penetravam e só produzia um pouco de fumaça. As GBU-10 criavam uma grande
explosão sem penetrar os abrigos. Contra as bases aéreas funcionaram bem pois os
iraquianos pensaram que os HAS eram invulneráveis e logo esconderam seus caças
dentro. Antes estavam dispersos. Com as GBU-27 sendo usadas nos ataques
subsequentes foi ainda mais efetivo. Os F-111 atacaram as bases aéreas no primeiro de dia, mas
cancelaram devido a artilharia antiaérea intensa. Caças de outras bases também esconderam em
Balad, mas depois passaram a fugir para o Irã e foram derrubados pelos F-15.
A bomba GBU-27 era secreta e só foi mostrada pouco antes da operação iniciar. O
consumo de munição foi alto e as vezes tinham que usar as GBU-12 contra alguns alvos.
Aeronaves C-5 tiveram que buscar munição na Coréia e Reino Unido.
No inicio os F-117 tinham que voar mais baixo para atingir o angulo ideal da GBU-27 contra certos alvos e
era mais arriscado. A GBU-27 foi
projetada para atacar baixo mergulhando logo depois do disparo. Atingia o alvo
quase na vertical. Voar abaixo das nuvens para usar o FLIR era perigoso pois a
silhueta do F-117 ficava visível. Então
mudaram a programação para disparo balístico a média altitude como a GBU-12 e sem modo
"pitch down". A GBU-27 passou a cair a 45 graus atingindo os abrigos a 90 graus.
Duas ondas de ataque contra as bases H2 e H3 sincronizaram para inverter o alvo
após o primeiro ataque. Chamava "hit timing point" para voltar e ataca novo ou mais uma vez,
mas como eram bases próximas já iram para outra base.
Eram realizadas duas a três ondas de ataque de doze caças F-117 por noite. A terceira onda podia ter pilotos da primeira onda. Os pilotos recebiam três fotos dos alvo. Uma distante com visão geral, outra a média altitude e uma bem próxima do alvo. Atacavam geralmente do oeste para leste para aproveitar o jetstream local que podia chegar a 350km/h.
Treinos incluíam tempo sobre o objetivo de seis segundos.
O tempo sobre o alvo era importante pois a explosão atrapalhava o FLIR de outra
aeronave atacando um alvo próximo e a artilharia antiaérea atirava nos que vinham depois.
Se estivessem adiantados ou atrasados a ordem era ir para o segundo alvo.
Os F-117 realizaram missões de reconhecimento armado contra mísseis Scud e
mísseis SAM. Eram chamadas de "Scud night" e "SAM
night". Os ataque contra as baterias de mísseis SAM em Bagdá permitiu que os B-52 chegassem perto.
O disparo de mísseis SAM foram poucos após a terceira noite devido a efetividade
dos mísseis HARM.
Os
russos gastaram US$ 225 bilhões IADS iraquianas, então EUA tiveram que se
preparar muito antes das operações.
Logo após a Guerra do Golfo, o
Pentágono se
opôs a compra de 72 caças F-16 citando que o F-117 era
oito vezes mais efetivos
e poderia comprar menos caças para ter o mesmo efeito.
Porém, o F-117 é
especializado e a maioria da missões o F-16 pode fazer melhor e
mais barato. O
F-117 não tinha o alcance, flexibilidade de
munição e era mais caro de operar.
Já nas missões em que foi planejado ninguém o
superava. A USAF acabou não
comprando mais F-117.
O F-117 foi usado na zonas de
exclusão aérea
no Iraque na década de 1990. Em algumas ocasiões foi
armado com mísseis
anti-radar AGM-88 HARM. Enquanto os F-16 voavam fora da área
onde se considerava ter defesas, os F-117 eram designados para voar no local. Se o radar ligava
para atacar ou
acompanhar os F-16 o F-117 era alertado e disparava seus mísseis.
Os F-117 voaram mais de 800
saídas contra a
Sérvia em 1999. Ocorreu uma perda para uma bateria de mísseis SA-3 em 27 de
março de 1999 e outro foi danificado em primeiro de maio.
Os pilotos de
aeronaves convencionais têm que se
preocupar com as defesas, tendo que realizar manobras evasivas e
lançar
contramedidas, ficando as vezes incapazes de atacar na
posição e direção ideal,
diminuindo sua eficiência. Os pilotos de F-117 devem ser bons
em
interpretar fotos de reconhecimento para garantir que estão
atacando o alvo
certo. Só disparam se tiver certeza. Por isso tendem a ser os
melhores pilotos
de ataque do mundo pois só se concentram nesta tarefa. Mesmo
assim acabaram
tendo pouca efetividade em Kosovo devido ao mau tempo e as regras de
engajamento.
Depois deste conflito passaram a receber armas guiadas por GPS como a EBGU,
JDAM e WMCS.
O F-117 voltou a ser usado como força de reação
rápida na invasão do Iraque em
2003 contra bunkers. Era armado com bombas penetradoras.
O F-117 tem um histórico de cerca de 2.100 surtidas de combate com uma única perda. Com uma taxa de perda de 0,047 % ele está bem abaixo das perdas de outras aeronaves no Golfo e no Kosovo, e se for considerado que só voa contra alvos muito bem defendidos melhoram.
Derrubada do F-117
Na derrubada do F-117 da USAF na Servia em 1999, os sérvios usaram um radar P-18 para busca dando apenas a indicação de direção e alcance do alvo. Depois passava a busca para um radar Low Blow de guiamento que também determina a elevação e velocidade do alvo e pode passar para o modo de disparo.
O comandante da unidade restringia o uso do radar Low Blow a apenas 20 segundos para evitar ser atacado por mísseis anti-radar HARM. No dia que o F-117 derrubado, o mau tempo impediu que a escolta de F-16 e Tornado de SEAD o apoiasse. O EA-6B que faria interferência eletrônica foi reposicionado para apoiar um B-2.
Ao ser notificado da presença de um ataque, o P-18 foi ligado e quatro alvos foram adquiridos a 25-30km de distância. O retorno era fraco, típico de aeronave furtiva e não havia escolta de aeronave convencional ao redor. Um dos alvos entrou no alcance do radar Low Blow e conseguiram retornos intermitentes até conseguir um trancamento firme. Sem aeronave convencional ao redor, não esperavam um ataque de mísseis HARM e o radar Low Blow continuou emitindo por mais de 20 segundos.
O F-117 foi alertado por um E-3 AWACS da ativação de um SA-3. O F-117 não tinha alerta radar e o piloto estava concentrado em adquirir seu alvo com o FLIR. Depois de atingir seu alvo, o F-117 virou e dificultou a aquisição pelo radar do SA-3. Dois mísseis foram disparados e foram vistos pelo piloto do F-117. Um passou próximo e outro atingiu a asa.
Em um cenário mais atual, com o F-35 no lugar do F-117, o resultado ia ser bem mais complicado para os Sérvios ou outro operador na mesma situação. O F-35 não só tem um alerta radar, como também um sistema de apoio a guerra eletrônico (MAGE) bem mais sofisticado para apoiar as ações furtivas. Não precisaria do alerta do E-3 e teria suas próprias indicações da ameaça. Seu MAGE era suficiente para determinar a posição do radar P-18 para poder atacar.
Se não tomasse medidas contra o radar P-18, teria o alerta da emissão do radar Low Blow e logo tomaria medidas como manobras evasivas e acionaria contra-medidas eletrônicas. Se a bateria disparasse mísseis seriam logo detectados pelo MAWS. Não seria um disparo contra uma aeronave voando praticamente reto e sem defesas.
O MAWS e o MAGE do F-35 podem determinar o ponto de disparo dos mísseis e o
local passaria a ser vasculhado pelo FLIR da aeronave. O local passa a ser um
alvo prioritário para os outros F-35 ao redor e pode ser rapidamente atacado por
uma JDAM. Se o alvo a ser atacado não for prioritário, o SA-3 é que passa a ser
prioridade pois todos os F-35 são supressores de defesa e a superioridade aérea
é priorizada, incluindo atacar bastrias de mísseis SAM.
B-2 Spirit
O B-2 entrou
em combate pela primeira vez em 24 de março de 1999 na
Sérvia, na operação Força
Aliada, sendo umas das primeiras aeronaves a entrar em combate no
conflito. Foi
seguido antes por mísseis cruise.
A USAF disponibilizou nove aeronaves B-2 para o conflito sendo dois
indo, dois
voltando, dois preparando para a missão e mais três na
reserva. A disponibilidade
foi de 75% durante a campanha sendo duas missões canceladas pela
OTAN. Uma
missão foi atrasada em 30 minutos devido a falhas
técnicas. As aeronaves voaram
cerca de 45 missões, ou cerca de 1% do total (30 mil), em 78 dias.
Os B-2 lançaram 8% das bombas durante a campanha contra 39% de
todos os alvos
com 87% de acerto. Foram lançadas um total de 650 JDAM sendo que
384 foram disparadas
em 12 noites. Na Sérvia, os B-2 usavam o radar para diminuir o
erro de aquisição
e aumentar a precisão. Próximos do alvo o radar
"fotografava" os
alvos e comparava com as fotos tiradas antes. Os tripulantes
verificavam as
coordenadas do GPS para atualizar os dados das JDAM. Em 90% das vezes as JDAM
acertavam
a menos de 9 metros do alvo. Também foram disparadas quatro
GBU-37B
"bunker baster" de 2.131 kg.
Armado com 16
bombas JDAM,
cada B-2 podia fazer o trabalho de até oito F-117. O B-2 leva
uma carga 10 vezes
maior a uma distância cinco vezes maior que o F-117, resultando em uma
carga x
raio 50 vezes maior.
As aeronaves voavam sempre a noite e as vezes em duplas. Participavam
dos
pacotes da OTAN sendo geralmente os primeiros a atacar. Os B-2 atuavam
coordenados
com outros meios de apoio como EA-6B, supressão de defesas,
MiG-CAP, RC-135
Rivet Joint, E-3 AWACS e outros. O mau tempo as vezes os deixavam sem
apoio
pois não afetava suas operações.
Uma das missões foi perfurar as pistas das bases aéreas servias que
eram atacadas
depois por B-52 e B-1 com bombas convencionais. Em uma saída, um
B-2 atacou duas
bases aéreas em uma única missão. Em um ataque os B-2 atingiram
um vão de ponte de
12x12 metros com seis JDAM e mais duas no vão norte. Antes, a mesma
ponte tinha sido
atacada por duas AGM-130 disparadas pelos F-15E e depois por bombas
guiadas a
laser disparadas pelo F-117 sem sucesso.
A primeira vez que os B-2 dispararam bombas guiadas por GPS foi em 8
de outubro de 1996
quando dois B-2 equipados com a GPS Aided Munition (GAM) foram
disparados a 12.800 metros de altura
contra 16 alvos separados em um campo de testes em Nellis. Cada aeronave lançou oito
GAM a 10km do alvo e a precisão
tão foi alta que os alvos se desintegraram.
Antes de Kosovo, os B-2 voaram
poucas missões
de longo alcance e havia preocupação com as
características furtivas que
poderiam se degradar, mas a pratica mostrou que não seria
um problema. Não
houve indicação que os B-2 foram detectados ou
acompanhados. Na altitude de cruzeiro,
acima do mal tempo, o ar fino não alterava a furtividade. Nos
primeiros 58 dias
do conflito que durou 78 dias apenas o F-117 e B-2 voavam sobre
Belgrado, a
região mais bem defendida.
As missões
na Sérvia duravam cerca de 30 hora incluindo o briefing e
debrefing Os pilotos davam
cochilos de 2-6 horas durantes as missões. Uma peça levada
foi um colchonete estendida no espaço entre os assentos. Devido a
duração da
missão, os pilotos se despediam da famílias,
iam para a guerra,
e voltam dois dias depois. Foram as primeiras missões de combate
lançados dos
EUA contra outro continente. A família era avisada que estavam
voltando para
casa. O B-2 mostrou a importância das aeronaves de combate de
longo alcance.
Os B-2 realizaram duas missões contra a Líbia no inicio das operações em 2011. Atacaram bases aéreas disparando 82 bombas JDAM cada um.
F-22A
Raptor
O F-22A nunca foi usado em combate aéreo, mas os testes do protótipo YF-22 contra um
F-15 pilotado por veterano já mostrou a superioridade clara do
F-22A. Os dados
destas simulações não estão
disponíveis.
A avaliação operacional (OPEVAL) do F-22A Raptor foi
iniciada em abril 2004. O
requerimento era ser duas vezes mais efetivo que F-15C que iria
substituir. O
F-22A Raptor foi testado em cinco cenários com
variações em cada um:
- Primeiro: um x um contra o F-16.
- Segundo: dois F-22A deveriam destruir um E-3 Sentry defendido
por quatro
F-15 ou F-16.
- Terceiro: dois F-22A tem que proteger um B-2 contra quatro F-15
ou F-16.
- Quatro: quatro F-22A defendendo um E-3 sendo atacado por 8 F-15 ou
F-16.
- Quinto: quatro F-22A protegendo quatro F-117 contra oito F-15 ou
F-16.
Os cenário foram testados várias vezes e poderia haver
apoio ou não de EA-6B e
ameaça de mísseis SAM. O F-22A prevaleceu em todos os
engajamentos contra um número
superior de adversário. O F-22 superou os
inimigos consistentemente, detectando e disparando sem ser visto, e
voava mais
em um dia. As vezes voava com inferioridade de 8 x1. Contra 2x1 a
vitória é
garantida. Geralmente quatro F-16 podem vencer seis inimigos enquanto o
F-22A diminuiu
a relação para dois contra seis.
Em um cenário eram cinco F-15 contra um Raptor. A batalha durou
3 minutos com
todos os F-15 sendo derrubados e nenhum F-15 viu o Raptor. Em uma
missão de
dois F-22A contra seis F-16 os adversários foram derrubados em
3,5 minutos.
No total foram voadas 188 saídas com seis F-22A durante a
avaliação. Eram
geralmente quatro aeronaves e mais uma de reserva em cada missão.
Foram testadas
a confiabilidade, razão de saídas, disponibilidade e
armamento necessário para
derrubar os inimigos. Os resultados foram usados para simular o
desempenho de
um esquadrão de F-22A e então comparar com os
requerimentos. O F-22A não
foi testado contra alvos em terra.
A Lockheed calcula que uma combinação de F-22A e F-35
é cinco vezes mais
efetiva que caças da geração anterior na maioria
dos cenários e pode destruir o
mesmo número de alvos com 50 a 70% menos aeronaves. A
superioridade aérea pode
ser garantida mais rápida com a destruição rápida dos alvos
relacionados com a superioridade aérea. Uma
guerra mais longa significa mais perdas. Em 2009, as novas
versões devem ser quatro vezes melhor que os caças antigos.
A USAF tem uma média de 1,25 pilotos por aeronave de caça
e o F-22A deve ter
2,5 pilotos por aeronaves por poder voar mais missões (maior disponibilidade).
Assim
381 aeronaves poderia substituir 880 aeronaves do tipo F-15,
F-16 e F-117.
Depois de entrar em operação em 15 de dezembro de 2005
foram realizadas duas
operações tipo Global Strike Missions. Oito pilotos
conquistaram 33 vitórias
sem perdas. Atacavam junto com os F-117 e B-2, seguidos depois pelos
B-52, F-16
e F-15E com as defesas destruídas. Caças Su-27 e Su30
eram simulado por caças
F-15.
Nos treinos do F-22A são incluídos ameaças com
baterias de mísseis SA-10 e
SA-12 simulados e atacados com bombas JDAM. O F-22 treina contra
caças F-15,
F-16, F/A-18 e até outros F-22. O F-22 simula o Flanker com o datalink informando
a
posição para outro F-22 para aumentar o RCS. Uma piada na
USAF é que os F-22
estão tendo dificuldade para conseguir adversários nos
exercícios.
O F-22 mostrou ser superior também em outro tipo de treinamento.
Enquanto um
piloto de F-15 gasta cerca de 1.000 horas de vôo para aprender a
usar a aeronave
taticamente, um piloto de F-22 precisa de apenas 100h para ter a mesma
capacidade graças as novas interfaces, não precisando
compilar os dados dos
sensores.
Os resultados dos treinamentos do F-22 nas operações Red Flag foram ainda mais surpreendentes. Contra uma grande força de caças inimigos, os F-22 em missões de varreduras de caças conseguiram uma razão de 100 kills ou mais para cada F-22 perdidos contra os F-15 e F-16 simulando agressores. Era bem melhor que o requisito de 10:1 da década de 1980.
Durante as operações na Síria, os F-22 realizaram ataques contra alvos em terra em um cenário de baixa ameaça.
F-35
As operações do F-35 na Red Flag também tiveram bons resultados. A razão de troca chega a 20:1 ou o dobro especificado para o F-32. Na primeira operação em 2017 foi uma superioridade de 15:1 e destruíram 49 dos 51 mísseis SAM na região sem perdas. Caças convencionais são engajados em 50% dos ataques contra baterias de mísseis SAM.
2006
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