GUERRA ANTI-SUPERFÍCIE (GSup - ASuW)

 

A guerra de superfície (GSup ou ASuW) é mais complicada que AAW (ou GAA), devido a necessidade de se investir mais tempo em definir a intenção hostil do inimigo e refinando a solução de alvo além do horizonte (OTH – over the horizon). Vários fatores devem ser considerados quando se contempla um ataque GSup, incluindo a composição do alvo, plataformas lançadas, qual a melhor armas irá realizar o trabalho e sincronização. Devido ao fato das unidades terem um número limitado de armas de GSup, é aconselhável economizar estes recursos se um grupo aéreo está disponível para executar o ataque.

Não é um grupo aéreo qualquer que constituirá um ataque apropriado. O próprio plano de ataque requer a consideração das defesas e o total de armas que devem ser lançadas para conseguir o objetivo do ataque. O tipo de arma deve estar relacionado com o tipo de alvo, mas a aeronave de ataque deve ter uma chance razoável de atingir seu ponto de lançamento.

Nas outras seções, um ataque GSup foi visto do ponto final, com o resultado da destruição do alvo antes de se tornar uma ameaça séria. Nesta seção, será feito o contrário e usar os meios AAW para explorar outros propósitos. Será necessário saber como avaliar as defesas e desenvolver um plano para superá-lo em apoio as missões de GSup de área, primeiro com meios aéreos e então com meios de superfície.

Aquisição de Alvos Além do Horizonte (Over-The-Horizon Targeting - OTH)

Desde que o GT inimigo seja móvel, o primeiro passo para destruí-lo será encontrá-lo. Alguns aspectos de guiamento já foram dados sobre a triangulação, que é a aquisição OTH, na seção de Guerra Eletrônica. Assim, esta seção será destinada a suplementar a informação ao se discutir o papel dos helicópteros navais em aquisição OTH.

Como uma plataforma de busca solitária sem qualquer informação da força inimiga, o helicóptero tem efetividade limitada. Armado com uma única emissão de uma plataforma de interesse detectado pelo ESM, o helicóptero pode iniciar  uma linha de marcação de busca para tentar adquirir o alvo. Se o helicóptero voa fora da linha de marcação além do raio máximo de detecção e não descobre nada, isto não foi perda de tempo. Pelo menos existe uma boa razão para assumir que a plataforma inimiga esta além do alcance máximo.

Os helicópteros são melhores empregados quando uma área irregular de probabilidade foi obtida sobre as forças inimigas, como a que ocorre quando ele irradia intermitentemente. Nestas circunstâncias, o helicóptero se aproxima da área de probabilidade de outro eixo para não dar ao inimigo uma linha de direção da plataforma de lançamento para sua busca posterior. Assim que o piloto estima que ele pode estar acima do horizonte radar do (veja na seção de strikeW para uma explicação melhor do conceito) grupo inimigo ele deverá descer e reduzir a altitude.

Durante a aproximação, o helicóptero deve voar devagar e abaixo de 15 metros para dificultar sua detecção, também usando seu pequeno tamanho e pequeno RCS para ficar sem ser detectado, mesmo quando a formação já foi adquirida, e enquanto manter um datalink direcional com a nave mãe. Se este helicóptero for capaz de conduzir ataques GSup com mísseis, como o Lynx, ele pode ser usado para realizar a primeira onda do ataque de sua posição escondida em curto alcance. Ainda, esta tática provou ser devastadora contra a Marinha Iraquiana durante a operação Desert Storm.

Por outro lado, o helicóptero pode conduzir uma busca tática conhecida como "jumping jacks". De um perfil de busca de 50 metros de altura sobre o mar, em velocidade de cruzeiro, o helicóptero realiza um “pop-up” para 150-300 metros de altura, faz uma varredura visual e algumas varreduras como radar. Se nada for detectado ele mergulha novamente. O processo é repetido a cada 12-15 km durante a busca, segundo o critério do piloto. Esta tática aumenta o risco contra o helicóptero, mas também aumenta a área de busca.

Avaliando as Defesas Inimigas

Após o esforço de refinar a solução do alvo para conduzir um ataque GSup, é necessário determinar a composição da força inimiga da melhor maneira possível. Quanto melhor a avaliação, que é baseada na correlação dos sensores e informações de direção (como explicado na seção de GE), mais precisão poderá ser definida a força defensiva da formação do alvo.

Com várias possibilidades possíveis, é prudente assumir o pior caso possível. Aplicando esta lógica para todas as plataformas que sejam detectadas, se chegará a uma visão da força inimiga. Munido dos dados dos sistemas inimigos como os navios de GAA, o comandante pode estimar o nível de saturação necessário para determinar a composição da força de ataque.

Munido destas informações, é possível iniciar o planejamento inicial do ataque. Uma nota de precaução deve ser mencionada: a saturação estimada são tão precisas quanto a classificação dos tipos de alvos. É possível superestimá-las, gastando armas preciosas, ou subestimá-las, arriscando os elementos de ataque.

O Grupo de Ataque ASuW

Uma vez que o alvo seja classificado e adquirido, uma força de ataque deve estar pronta para assumir o ataque. O melhor meio de conduzir ataques GSup é com meios aéreos, sempre que for possível. Será considerando um ataque a um CVBG, para ilustrar uma possível composição e abordagem. Primeiro, será necessário lançar 4-8 caças em dois grupos em missão de patrulha na área onde poderá ser encontrado CAPs. Não devem ser lançadas na missão de ataque pois seu armamento não serve para o alvo.

Após estas aeronaves, aeronaves para SEAD armadas com mísseis anti-radiação são necessárias para engajar qualquer radar que fique ativo no alvo. Se estas unidades sucedem em cegar o alvo, as outras unidades serão um alvo fácil.

A seguir virá o corpo principal de força de ataque que empregarão armas guiadas de longo alcance e PGM. Bombas burras seriam reservadas para acabar com alvos feridos mortalmente durante o ataque principal ou, no caso de recursos aéreos limitados, como armas de último recurso. Junto com a varredura de caça, mas formando um grupo pequeno, aeronaves de apoio eletrônico também são necessárias, como o EA-6B, aumentando a capacidade de sobrevivência de toda a força de ataque. Se muitas aeronaves de ataque serão usadas, cada uma deve ser lançada como um grupo separado, para complicar o esforço de GAA inimigo e maximizar as chances do grupo atingir seus objetivos.

ASuW entre Navios

Quando os meios aéreos não estão disponíveis para atacar o alvo, as forças de superfície devem considerar outros fatores para maximizar seus ataques. É importante assegurar que se dispões de uma solução de alvo refinada para comprometer os meios limitados do paiol.

Além disso, é necessário ter certeza da composição do grupo alvo. Eles são hostis? O número de armas empregadas garantirão a saturação do alvo  baseando-se nas informações disponíveis naquele momento? Se alguma resposta a alguma dessas questões for não, é necessário suspender o ataque. Se as condições forem corretas para execução, o próximo passo é estabelecer um prazo e o eixo do ataque.

O prazo é fácil de calcular usando o método descrito na seção de Strike Warfare. Como citado acima, quando coordenando várias plataformas de disparo, o objetivo deve ser obter um tempo simultâneo sobre o alvo para saturar as defesas inimigas. Ao considerar o eixo do ataque, disparando diretamente para o alvo pode ser o meio mais rápido de atingi-lo, mas também permite ao inimigo disparar em contra-bateria (bearing only attack) em direção contrária aos mísseis que o atacaram após serem detectados. Isto é conhecido como "tiro rápido" (quick shot) e é praticado rotineiramente pelos navios de superfície.

Raramente é um ataque efetivo, mas se disparado na direção correta (se o adversário não dispara fora do eixo de ataque), ele pode forçar o inimigo a ligar os radares de GAA. Esta tática pode permitir aos sobreviventes do grupo alvo original a contra atacar com seus mísseis restantes de GSup.


Exemplo de tática para evitar contra-bateria. O navio disparou 4 mísseis anti-navios contra o alvo. Seu He fez aquisição OTH e correção da trajetória apos a fase inercial(1). Na etapa de engajamento(2) os mísseis estão em direção diferente de onde foram lançados e devido a diferença entre o tempo de disparo e distâncias percorridas por cada cada um, também conseguem um TOT. Pelo desenho é possível perceber que os mísseis nunca são lançados no alcance máximo. Geralmente são lançados a 70% de seu alcance.
 

Composição e Emprego de Grupos de Ação de Superfície (SAG)

Se as forças inimigas tem alcance de lançamento equivalente aos seus mísseis anti-navio, é prudente considerar o envio de um grupo de ação de superfície (SAG - Surface Action Group) ao invés de arriscar seus HVU.

Os SAGs são ideais para levar a guerra ao inimigo. Como regra, eles podem transitar mais rápido que todo o Grupo Tarefa e executar o ataque mais rapidamente. Também é necessário assegurar que a composição do SAG seja adequada para cumprir a missão e se defender contra ameaças em potencial.

Um SAG poderoso deve ser capaz de projetar uma ameaça viável a um CVBG. Para atingir este objetivo, o SAG deve incluir pelo menos quatro navios com mísseis anti-navio de médio alcance, um navio de GAA de longo alcance, um navio de GAA de médio alcance e, se houver ameaça submarina, um par de navios com helicópteros para conter os submarinos e prover aquisição de alvos OTH. Sonares rebocados (Towed Array) não são necessários pois o SAG transita em altas velocidades deixando estes sensores inúteis. Esta composição idealmente resulta num grupo com quatro navios de capacidade de GAS, não oito no total, pois cada navio deve ser multimissão. Dois ou três navios do SAG podem ser usados contra pequenos grupos ou contra navios menos capazes com uma expectativa de sucesso correspondente.

A formação ótima do SAG é uma linha de exploração de 18-20 km de espaçamento entre as unidades. Isto permite uma cobertura de varredura máxima da área designada, cobertura de comunicações via bandeiras e sinais luminosos, e também uma separação ótima para triangulação ESM, como descrito na seção de GE. Além disso, quando o grupo localizar e classificar o alvo, esta formação permitirá um eixo múltiplo de ataque para assegurar um ataque de mísseis de sucesso.

Sumário

Uma GSup efetiva requer a triangulação do alvo e outras técnicas de aquisição OTH. Uma vez detectado as forças inimigas, classificadas e adquiridas, é necessário conduzir uma estimativa detalhada do tamanho da salva necessária para saturar o alvo. Finalmente, na execução do ataque, é necessário ocultar a origem do ataque para evitar ataque de contra-bateria.


 

Voltar ao Sistemas de Armas


 

2000-2009 ©Sistemas de Armas


     Opinião

  FórumDê a sua opinião sobre os assuntos mostrados no Sistemas de Armas
  Assine a lista para receber informações sobre atualizações e participar das discussões enviando um e-mail
  em branco para sistemasarmas-subscribe@yahoogrupos.com.br