SPIKE - Um substituto para o polivalente Carl Gustaf M3?

 
por Alexandre Beraldi              

O canhão sem recuo (Can SR) modelo Carl Gustaf M3 é uma arma extremamente polivalente e de uso altamente difundido, podendo ser considerado “o RPG do Ocidente”. É um Can SR em uso em vários Exércitos, entre eles do Brasil, Estados Unidos, Canadá, Suécia e de algumas dezenas de outros países. Sua ampla gama de munições permite o combate a vários tipos de alvos, sejam eles tropas, fortificações, veículos blindados, embarcações e até aeronaves a baixa altura e em baixa velocidade, com um considerável alcance, que vai de 300m (veículos em movimento) a 1000m (fortificações e tropas).

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Canhão sem recuo (Can SR) Carl Gustaf M3 e suas diversas munições.

Ocorre que esta é uma arma cujos projéteis seguem um vôo balístico e não guiado até o alvo, ficando, portanto, dependente da boa pontaria do atirador para ser eficaz. As atuais experiências das tropas americanas no Iraque e no Afeganistão mostram que apesar de ser uma excelente arma, são necessários, por vezes, alguns disparos para atingir e inutilizar um determinado alvo, em razão do prejuízo que a adrenalina e a tensão do combate causam na precisão do atirador. Para sanar este problema, o Naval Air Warfare Center Weapons Division (NAWCWD) está ultimando o desenvolvimento de um míssil portátil lançado de ombro de baixíssimo custo, que pode tornar-se mais custo-efetivo que o Can SR Carl Gustaf M3, haja vista que com um único disparo colocaria fora de combate um alvo para o qual seriam necessários dois ou três disparos, e a um alcance até 12 vezes maior.

Trata-se de um míssil de baixo custo alojado em um pequeno e leve container que é acoplado a um lançador não-descartável, com aparência e modo de utilização bem similar ao Can SR B-300 de origem israelense e utilizado pelo Fuzileiros Navais dos EUA, o US Marines. Este míssil de baixo custo, do tipo dispare-e-esqueça, pode utilizar três sistemas de guiamento, quais sejam o inercial, o laser ou o eletro-ótico, para atingir alvos em movimento no ar, no mar ou em terra, cruzando a linha de mira com velocidades de até 100 km/h e manobrando até 2G, em alcances de até 3.500m. Não se destina a combater aeronaves de ataque de alto desempenho – para isso o Exército Brasileiro, por exemplo, utiliza o míssil IGLA – mas pode dar cabo de todo o restante do amplo espectro de alvos militares, sejam eles casamatas, veículos levemente blindados, lanchas de desembarque, helicópteros de ataque ou transporte, VANTs, etc. O míssil, que custa apenas US$ 4 mil, tem uma velocidade de 240 m/s e pesa apenas 2,3 kg, sendo que o lançador também tem o mesmo custo e peso, resultando em um peso total do sistema de menos de 5 kg e um custo de US$ 8 mil. É muito leve, se comparado com os 11 kg que pesa um Carl Gustaf M3 desmuniciado.

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Lançador do míssil SPIKE e o tubo que contém o míssil, sendo que este último é acoplado na parte traseira do lançador, quando do disparo.

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Corte interno do míssil Spike.

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Fuzileiro americano com um lançador Spike.

Este sistema é visto como o ideal para operações militares em cenários que vão desde os conflitos de alta intensidade até as operações de paz, trazendo um enorme custo benefício pois, hoje em dia, é comum as tropas norte-americanas empregarem um pesado míssil Javelin de US$ 100 mil para atingirem de uma distância segura uma caminhonete civil, de menos de US$10 mil, conduzida por guerrilheiros armados ou homens-bomba. É parte de uma nova visão dos Teatros de Operações modernos, pois antes todos os mísseis de uso da Infantaria eram projetados para enfrentarem carros de combate fortemente protegidos ou aeronaves de alto desempenho, que, na realidade, representam menos de 10% dos alvos numa campanha.

Assim, um fuzileiro em cada Grupo de Combate poderá transportar em sua mochila um lançador e mais três mísseis, ficando apto a atingir, com precisão e a longa distância, uma gama quase infindável de alvos. Estes alvos são postos fora de combate ou destruídos pela ogiva multi-propósito, que explode produzindo um efeito perfurante de blindagens por carga oca, e anti-pessoal por fragmentação. Também está em desenvolvimento uma ogiva termobárica.

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Já está prevista a instalação do sistema em diversas plataformas, entre elas Veículos Aéreos Não-Tripulados de Combate (VANT-C) e embarcações, para combater os mais variados alvos de forma “econômica”.


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