OPERAÇÕES RIBEIRINHAS

A operação ribeirinha (OpRib) é aquela realizada com o propósito de obter e manter o controle de parte ou de toda uma Área Ribeirinha (ARib), ou para negá-la ao inimigo. Entende-se por área ribeirinha (ARib) a área interior compreendendo hidrovia fluvial ou lacustre e terreno, caracterizada por linhas de comunicações terrestres limitadas e pela existência de extensa superfície hídrica ou rede de hidrovias interiores, que servem como via de penetração estratégica ou rotas essenciais ou principais para o transporte de superfície. 

O conceito da OpRib fundamenta-se no princípio de que é inviável o controle de hidrovias interiores sem o controle das áreas terrestres que lhe são adjacentes e vice-versa.

9-4. GENERALIDADES

a. Operações ribeirinhas são aquelas levadas a efeito em águas interiores e em áreas terrestres a elas adjacentes -  as regiões ribeirinhas - por forças militares que empregam, de maneira combinada, meios da Força Naval, da F Ter e da Força Aérea.

b. Tais operações são conduzidas, normalmente, com a finalidade de destruir forças inimigas e controlar áreas ribeirinhas.

c. Sua execução requer maior mobilidade do que a do inimigo e essa pode ser obtida mediante o emprego de forças aeromóveis ou explorando ao máximo a mobilidade fluvial.

d. O controle de áreas ribeirinhas pressupõe as seguintes medidas:

(1) Conquista, posse ou manutenção dos acidentes capitais que permitem controlar a circulação na área;

(2) Controle da população;

(3) Domínio dos cursos de água;

(4) Superioridade aérea local.

9-5. CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS RIBEIRINHAS

a. Áreas ribeirinhas são aquelas servidas por hidrovias interiores, que constituem as vias essenciais para o  transporte de superfície, e por uma limitada rede de estradas, cujo papel é complementar a sua estrutura de circulação.

b. Normalmente, as áreas ribeirinhas apresentam as seguintes características:

(1) Dominadas por linhas de comunicações aquáteis;

(2) Sujeitas a inundações periódicas, em conseqüência do regime das águas dos rios e/ou dos efeitos das marés, quando próximas do litoral;

(3) Superfície recoberta por vegetação típica de terrenos alagados, pântanos, manguezais ou florestas;

(4) População distribuída às margens das hidrovias, em cujas confluências principais podem existir núcleos urbanos de relativa importância;

(5) Grande instabilidade das condições climáticas e meteorológicas;

(6) Carência de recursos locais.

9-6. EFEITOS SOBRE AS OPERAÇÕES

a. Em face das restrições à mobilidade através do terreno, os movimentos ficam condicionados aos eixos disponíveis, sobretudo os hidroviários. Com essa servidão, adquirem grande significado os acidentes que permitem o controle da circulação na área. O papel fundamental das hidrovias impõe a utilização sistemática de meios fluviais para o transporte de tropas e de suprimentos. O transporte aéreo possibilita o desbordamento de obstáculos ao movimento e imprime rapidez às operações.

b. A gama de meios navais, terrestres e aéreos necessários ao cumprimento da missão impõe o emprego combinado das forças singulares, constituindo um sistema tático indivisível, sob comando único, com vistas à otimização de sua eficácia. Com o propósito de minorar o fator de complexidade inerente às operações combinadas, diversas medidas devem ser adotadas pelas forças envolvidas, tais como: a definição do comando operacional, das missões peculiares e das responsabilidades de cada força, a harmonização dos preceitos doutrinários, a permuta de oficiais de ligação e o aprestamento.

c. A existência de espaços vazios e não controlados favorece a infiltração e a obtenção da surpresa, por meio do emprego de forças de guerrilha e de tropas especiais na execução de emboscadas e incursões. Com isso, aumenta a necessidade de segurança das instalações, dos movimentos a cavaleiro dos eixos e do fluxo de suprimentos. Para minorar tais óbices, as forças amigas devem: manter eficiente sistema de inteligência militar; utilizar amplamente o reconhecimento aéreo; preservar o sigilo dos deslocamentos; prover escolta para os comboios; e proporcionar cobertura aérea de colunas e adequada proteção às bases de todos os escalões. Forças de segurança devem ser empregadas para assegurar a livre utilização dos eixos pelas tropas amigas, negando-a ao inimigo.

d. Os armamentos modernos, leves e de fácil manuseio, são ameaça constante aos meios fluviais militares. A vegetação ciliar proporciona excelentes posições de tiro camufladas para a utilização daqueles armamentos.

e. A carência de recursos locais exige o deslocamento, para a região de operações, de todas as classes de suprimentos, a serem estocados nas instalações logísticas desdobradas para apoiar os diversos escalões. A manutenção torna-se difícil e cara.

9-7. ORGANIZAÇÃO DAS FORÇAS RIBEIRINHAS

a. As forças ribeirinhas são organizadas em função da missão, das características da região de operações, do inimigo e dos meios e tempo disponíveis. Normalmente, as necessidades da força terrestre para o cumprimento de sua missão determinam o valor e a organização das forças navais e outras forças de apoio. As principais peças de manobra são de valor unidade, que podem ser organizadas e adestradas como equipes de desembarque ribeirinhos.
A equipe de desembarque básica tem o valor de um pelotão de fuzileiros reforçado; é transportada para o assalto em embarcação adequada à região de operações, o que facilita o desembarque da tropa e o apoio de fogo direto às ações.

b. Por vezes, em virtude da impossibilidade das forças navais atuarem em toda a área ribeirinha, a F Ter pode ser dotada de embarcações fluviais táticas velozes, de fácil manuseio e manutenção, para cumprir missões de nível tático e em seu próprio proveito.

c. As embarcações para as operações ribeirinhas podem ser fornecidas pelas forças navais e apoiadas por embarcações fluviais táticas da F Ter. Este último caso apresenta a vantagem de reforçar as ações navais e de simplificar o controle dos meios, deixando aos elementos navais as tarefas peculiares ligadas ao transporte tático dos efetivos, ao domínio dos cursos de água e ao apoio à F Ter, no que se refere a escolta de comboios, apoio de fogo aos desembarques, apoio logístico, patrulhamento fluvial, minagem e varredura.

9-8. CONTROLE DAS OPERAÇÕES

a. Os postos de comando das forças ribeirinhas, normalmente, localizam-se nas bases de combate dos diversos escalões. Essas bases constituem pontos focais, de onde se irradiam as operações e o respectivo apoio e para onde converge o apoio logístico dos escalões superiores.

b. O FA-M-20 - MANUAL DE OPERAÇÕES RIBEIRINHAS e a IP 72-1 - OPERAÇÕES NA SELVA abordam o assunto com maior profundidade. 


Operações Ribeirinhas - Site Tropas de Elite -
http://www.tropasdeelite.xpg.com.br/guerra_ribeirinha.htm

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