Embarcações da TF-116
Quando a US Navy decidiu patrulhar os rios do Vietnã, logo perceberam que precisavam de uma embarcação rápida de patrulha. Os requerimentos resultou no PBR Mk I.
No início das operações foram usados botes de borracha e fibra. Eram lentos e vulneráveis. Alguns LCPL-4 armados iniciaram a patrulha do Delta em março de 1965. Eram lentos e tinham alguma blindagem. Foram trocados pela agilidade e velocidade do PBR. Os alvos eram as sampanas que contrabandeavam armas e suprimentos.
O River Patrol Boat (PBR) era uma embarcação civil modificada. A United Boatbuilders construiu 120 em 1966 por US$75 mil e mais outros 40 que foram usadas para treinamento nos EUA.
A primeira patrulha do PBR foi em 10 de abril de 1966 com o estabelecimento do River Squadron Five. O pequeno calado permitia ir em qualquer lugar. Realizavam patrulhas em pares que durava em média 12 horas e chamava os RAGs e MRFs se necessário.
As patrulhas noturna eram três vezes mais frequentes que as diurnas pois o Vietcong operava mais nestas horas. O PBR era silencioso e ideal para infiltrar equipes SEAL.
Os equipamentos incluíam um radar de navegação Raytheon 1900/W Pathfinder (SPS-66) e dois rádios URC-46.
A tripulação consistia do comandante, mecânico/artilheiro, artilheiro e timoneiro. Os tripulantes podia fazer a tarefa do outro para caso de baixa. A tripulação adicional era um oficial chefe da patrulha, um tradutor e um policial do Vietnã do Sul.
O PBR Mark I tinha problemas de corrosão e entupimento com os jatos de água propulsores. Também era de fibra de vidro que danificava facilmente ao abordar sampanas.
Logo no início da operação foram feitas algumas alterações. Foi retirada a blindagem da metralhadora frontal para aumentar visibilidade do piloto. Também foi trocada a metralhadora .30 traseira por uma .50 para diminuir os tipos de munição e adotado o lança-granadas Honeywell Mk-18. O sistema de acionamento elétrico da metralhadora da proa também foi trocado.
Em 1966 foram reavaliadas as táticas e equipamento o que resultou na entrega de outros 80 PBR Mark II em 1967.
O PBR Mk II era pouco maior com novo jato propulsão Jacuzzi que reduzia entupimento e aumentava a velocidade de 25 para 29 nós, novo sistema elétrico, metralhadora .50 dupla frontal, mais blindagem e estrutura de alumínio. Tinha um sistema flutuação com espuma nos espaços vazios para caso de perfuração do casco. Um PBR Mk I foi um afundado por único tiro de AK-47. Os PBR Mk I foram modificados com equipamentos do Mk II.
O PBR Mk I tinha blindagem na metralhadora frontal que foi retirada para aumentar visibilidade do timoneiro.
O PBR Mk II era amado com uma metralhadora dupla .50 na proa (foto com munição extra) e outra .50 na popa, mais dois tripés acima do motor para metralhadora M-60. As M-60 tinham placas blindadas de proteção mais ainda eram muito expostas.
A M-60 pode engajar alvos distantes, até 3.200 metros, com grande volume de fogo controlado e preciso. O alcance efetivo é de até 1.100 metros e o tiro tenso é de 100-300 metros.
A GAU-2 Minigun foi testada no PBR.
Lança-granadas Mk-18 de 40mm em um PBR.
Detalhes da cabine do PBR e do mostrador de radar. O Vietnã do Sul era controlado de dia pelos EUA e a noite pelo Vietcong. O Vietcong usava rios para movimentar e por isto a maioria das patrulhas eram a noite.
O PBR (ou Pibber) fazia uma curva de 180 graus no raio do seu comprimento. Podiam parar em 25metros ao inverter o fluxo dos jatos de água.
PBR
Mark I
Mark II
Deslocamento
8,1 toneladas
6,8 toneladas vazio
Comprimento
9,5 m 9,73 m
Boca
3,5 m
3,53 m
Calado
0,8 m
0,81 m
Propulsão
2x Detroit Allison 2 6V-53 diesel de 250hp
2 x GM 6V53N diesel, 216 hp, 2 jatos de água
Velocidade
25 nós
29 nós
Armamento
1 x .50 BMG dupla, 1 x .50 BMG singela e 1 x metralhadora 7,62mm, 1 x lança-granadas Mk-18 de 40mm
1x .50 BMG dupla, 1 x .50 BMG singela e 2 x metralhadora 7,62mm
O armamento de um PBR varia muito de um para outro. O armamento adicional pode ser canhão de 20mm, canhão sem recuo de 90mm, morteiro 60mm, lança-chamas, lança-granadas Mk-19 e canhões de 20mm.
O PBR estavam equipados com óculos de visão noturna, armas leves como lança-granadas M-79, fuzis M-16, escopetas e pistolas .45 para abordagem, pirotécnicos para sinalização e iluminação e granadas de demolição.
O Mark II levava 160 galões de combustível o que permitia navegar 150 milhas a 23 nós. Alguns PBR de exportação usavam motor G.M. 6V53T com 550hp atingindo a velocidade de 30 nós.
Os PBR realizavam 70.000 hora de patrulha por mês em média, resultando em cerca de 80 combates por mês, com baixas de até 6% ao mês. Isto resultava em 75% de baixas no geral. O River Disivion 531 sofreu 7 danos de RPG-2 (B-40) em 10 PBR em apenas 40 dias. No geral 1 em 3 marinheiros morria durante o estágio no Vietnã.
PBR com dano de RPG-2 (B-40). O PBR realizava patrulha do trafego dos rios principais e canais. A velocidade era a defesa do PBR. Metralha o alvo e foge rapidamente. O PBR podia ir em águas bem rasas mas também eram usados os ATC blindados nos canais estreitos.
OS PBR da TF-116 operavam em duplas e checavam carga e identificação de juncos e sampanas aleatoriamente, realizavam emboscadas noturnas em pontos de passagens e apoiava os SEAL. Operavam até 35 milhas da base.
130 PBR Mk II e 120 PBR Mk I foram passados para a Marinha do Vietnã do Sul. A US Navy ainda usou o PBR na Guerra do Golfo em 1991. Outros 24 foram usados no Panamá até o fim da década de 90 que podiam ser transportados no C-5 Galaxy.
A varredura de minas também era essencial para a TF-116. A RPF controlava o Mine Squadron 11 Alpha (Mine Division 112 a partir de maio de 1968). Os 12-13 varredores Minesweeping Boats (MSB) foram reativados e despachados para o Vietnã do Sul. O MSB era feito de madeira, tinha 19 metros de comprimento, pesava 44 toneladas, tinha sete tripulantes e era armado com duas .50, duas .30 e um lança-granadas Mk-18. Os MSB eram constantemente atacados. Um par de MSB conectados por corrente eram usados para cortar minas ancoradas no leito dos rios.Depois do cargueiro Eastern Mariner ser afundado por uma mina no rio Long Tau em maio de 1966, foram adicionados navios varredores de minas a força com base em Nha Be.
Em julho de 1967 os MSB passaram a ser apoiados por seis LCM(M) configurados para varredura de minas e chamados River Minesweepers (MSR). Tinham blindagem pesada para limpar minas nos rios e eram armados com duas torretas Mk48 Mod 0 laterais e um metralhadora .50.
Outra embarcação usada para varredura de minas era o Minesweeping Drone (MSD) radiocontrolado.
O US Army usava embarcações como a baleeira Boston e o PAB (Plastic Assault Boat). Eram usados como taxi entre navios e praia. O PAB faziam patrulha a noite com timoneiro, fuzileiro e Sniper com M-14 equipada com mira noturna Starlite. O motor era desligado e seguia a correnteza procurando alvos nas margens. Fugia rápido depois de atirar. Era difícil errar a curta distância.
Patrol Air Cushion Vehicle (PACV)
Em julho de 1965, a US Navy comprou três hovercrafts SR-N5 modelo 7232 da Bell Aerosystems Company. Eram embarcações importados da British Hovercraft Corporations e foram modificados com blindagem e um posto de metralhadora, e trocado o motor por uma turbina T-58 da General Eletric que desenvolvia 1300 HP e o radar por um modelo americano .
Em 1965, os hovercrafts foram designados pela US Navy como PACV (Patrol Air Cushion Vehicle). Foram extensivamente empregados pela TF-116 em missões de busca e destruição nos terrenos do Delta do Rio Mekong 1966 a 1967 na divisão PACV 107.
A US Navy operou sete PACV (Patrol Air Cushion Vehicle) no Vietnã. A TF-116 empregou três entre 1966-1967.
Os PACV eram rápidos e operavam facilmente em canais planos e pântanos, passando facilmente por obstáculos e sobre terra. Porém, eram muito barulhentos e sofisticados para as operações ribeirinhas. Por usar tecnologia de aviação eram caros e difíceis de manter. Consomem combustível em quantidade excessivas. Os projetos atuais tem padrão automobilístico e motores a diesel e são bem mais confiáveis e baratos.
Estes modelos 7232 podiam desenvolver 52 nós e transportar 17 combatentes equipados. Os custos de manutenção dos 7232 eram semelhantes ao de uma aeronave a jato. O preço de cada hovercraft foi próximo a um milhão de dólares. Em 1967 a US Navy modificou extensivamente estes hovercrafts os dotando de decks retos (os anteriores eram arredondados ), saias melhoradas, maior estoque de combustível e um motor atualizado .
Em 1968 foram transferidos para a área costeira de Danang. Depois foram repassados para a Guarda Costeira de São Francisco.
O resultado foi além do esperado, tanto que o US Army decidiu por em uso no Vietnã seus próprios ACV ( Air Cushion Vehicles ). O US Army encomendou uma versão aperfeiçoada do modelo 7232 , denominada SK-5 Modelo 7255. Os AACV ( Assault Air Cushion Vehicle ) teve três modelos além de um na versão de transporte (carga e pessoal ) chamado o TACV ( Transport Air Cushion Vehicle ).
Ao contrario dos modelos da US Navy que foram "militarizados ", os modelos do US Army foram construídos especificamente para uso militar. O armamento era mais pesado com 2 metralhadoras Browning .50 e um lançador de granadas de 40mm automático modelo M5 igual aos utilizados nos Bell AH-1 Cobra. A versão de transporte era armada apenas com 2 metralhadoras M-60 de 7.62 mm. A blindagem foi adicionada nas laterais e em especial nas posições do piloto, do operador de radar e dos artilheiros do M5 e das 2 metralhadoras .50 bem como para os componentes mecânicos mais sensíveis.
Os modelos do US Army representaram um importante avanço na utilização bélica dos Hovercrafts pois suas "saias" eram secionadas, permitindo uma melhor substituição e reparo. Possuíam também uma rampa, que lhes possibilitava melhor carga e descarga de pessoal e equipamento. Podia carregar uma mula mecânica ou um Jeep equipado com um canhão sem recuo de 106mm.
O SK-5 foi equipado com uma turbina General Eletric LM-100-PJ102 que desenvolvia 1250 Hp a 21.000 rpm. Transportava 300 galões de combustível e operava com um raio de ação de 165 milhas náuticas. Sua dotação era de 7 tripulantes e podia carregar 12 infantes totalmente equipados. Entraram em ação em 1968 com 39ª Cavalaria da 9ª Divisão de Infantaria. Operaram em áreas alagadas e pantanosas bem como em terreno firme. Em 1968 havia 4 Divisões PACV no US Army.
A Marinha do Brasil experimentou os Hovercraft da Bell em 1968. No climas da Amazônia não conseguem desenvolver mais que 20-24 nós. Também não podiam adentrar as margens pois a floresta não permitia.
Próxima parte: Os SEAL no Vietnã
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