A-13 e A-14

O A-12 São Paulo, foi comissionado na Marine Nationale (Marinha Francesa) em 1963 como R-99 Foch. Foi transferido para a MB em 2001. A vida útil restante foi estimada em cerca de 15-20 anos. Portanto, por volta de 2015-2020 a MB já deveria estar testando o seu substituto chamado de A-13 no texto.

O A-13 poderá ser uma unidade nova, fabricado no Brasil ou no exterior, ou então uma unidade de segunda mão.

Podem ser estudados cinco cenários para o substituto do A-12 São Paulo:

- A MB consegue projetar e construir um NAe novo até 2020

- A MB compra um NAe de 2ª mão para substituir o A-12 devido aos atrasos no projeto do A-13

- A MB projetou e construiu um NAe novo até 2020 e tem condições financeiras de construir outro NAe (A-14)

- A MB comprou um NAe de 2ª mão e iniciou o projeto de um NAe novo após 2020 (A-14)

Neste artigo serão estudadas as duas primeiras opções mais detalhadamente.
 

ESPECIFICAÇÕES

Um NAe é um sistema de armas naval com várias outros sistemas sendo que a mudança em uma afeta todas as outras:
. Aeronaves, armas e sistemas de inteligência, reconhecimento e vigilância;
. O navio em si
. Sistema defensivo do GT
. Sistemas de comando e controle. O NAe costuma ser a nau capitania com sistemas C2 mais sofisticado junto com as escoltas de defesa aérea.
. Sistema logístico
. Pessoal e treinamento
. Operações conjuntas
. Base, reparos e doca

Os parâmetros observados no projeto de um NAe são:
. Razão de alvos atacados -  pico e sustentado
. Capacidade de sobrevivência
. Custo ciclo de vida
. Operações em estado de mar variados
. Flexibilidade ou potencial de transformação que está relacionado com o tamanho
. Eficiência.
. Tamanho da tripulação
. Eficiente x espectro de missões
. Mobilidade
. Sustentação
. Tecnologia

O tamanho do NAe está relacionado diretamente com o custo, tipo de aeronaves que irá operar, capacidade e quantidade de navios necessários. Um NAe grande pode operar qualquer tipo de aeronave e pode ter capacidade de lançamento e pouso de aeronaves simultaneamente, capacidade pouco usada para falar a verdade. O problema é que custará mais caro assim como o número de aeronaves a ser adquirido será maior e possivelmente será difícil adquirir mais de um navio.

Já os NAes menores são mais baratos para manter e comprar, mas tem limitações do tipo e tamanho de aeronaves que podem operar podendo ser adquiridos em maiores quantidades. Geralmente operam pequenas aeronaves ou aeronaves STOVL como o Harrier.

Para se estimar os custos de um navio de guerra é preciso fazer alguns cálculos simples. O casco em si custa cerca de US$ 20 mil por tonelada. Um caso de 15 mil toneladas custaria em torno de US$ 300 milhões. O NAe tailandês Chakri Naruebet de 11.500t custou US$ 360 milhões para cobrir o casco, propulsão e sistemas de navegação.

Economia com tamanho não é uma boa idéia pois estudos mostram que, com a diminuição do tamanho, a capacidade de aeronaves e armas de um NAe reduz muito mais rapidamente que seus custos. A capacidade de operar aeronaves em alto mar também esta relacionada com o tamanho.

O custo de um motor diesel custa em torno de US$ 1 milhão enquanto uma turbina a gás custa cerca de US$ 3-5 milhões. Um NAe seria equipado com pelo menos um par de motores diesel e um par de turbinas a gás no caso de propulsão CODOG podendo atingir o máximo de 55 mil HP com duas turbinas LM2500. Para comparar, o A-11 Minas Gerais tinha 40 mil HP de potência enquanto A-12 São Paulo tem 126 mil HP para atingir 32 nós.

Os sistemas eletrônicos e armamento são a parte mais cara do navio. Um sistema de defesa antiaérea de ponto (CIWS) como o Vulcan Phalanx ou o Goalkeeper custam cerca de US$ 2-17 milhões cada. Um radar de busca aérea custa no mínimo US$15 milhões, um radar de busca de superfície custa cerca de US$8 milhões e um radar diretor de tiro US$10 milhões. Um sistema de Comando e Controle pode varia de US$1 milhão a US$70 milhões.

Para comparação, a modernização das fragatas Niterói que compreendiam os armamentos antiaéreos (Albatroz e Trinity), radares de busca e direção de tiro, interferidores eletrônicos e sistema de Comando e Controle (incluindo o Siscota) custou quase US$70 milhões por navio. Os 13 canhões Trinity custaram US$60 milhões.

Quantidade

"Quem tem um não tem nenhum, quem tem dois pode ter um, e quem tem três geralmente tem um". Este ditado é uma base para a quantidade de NAes necessários para manter pelo menos um em operação. Geralmente enquanto um fica em prontidão/operação, os outros dois estão em adestramento, descanso ou reparos/modernização.

A França e Itália pretendem colocar em operação um segundo NAe para que sempre tenham um disponível. O projeto britânico CVF também planeja um par de NAes. Com a tecnologia atual é possível reduzir a quantidade para dois para manter um operacional.

Como a MB não tem condições de ter todos os navios que quer, é recomendável em pensar em dupla função para o NAe com os novos NAes da Itália, Espanha e Reino Unido. Os Invencible britânicos já foram adaptados para funcionar como LPH, podem receber 600 fuzileiros e um   centro de comando para apoiar operações anfíbias.

As opções de propulsão são bem variadas. Caldeiras a vapor são simples e baratas para manter e são necessárias para  as catapultas funcionarem, apesar de uma caldeira só para as catapultas ou uma rampa ski-jump resolver o problema. A propulsão CODOG ou COGAG pode ser padronizada com as escoltas.

Os reatores do submarino nuclear em projeto para a MB podem ser usados como base para um modelo para equipar o NAe. Como produzirá pouca energia será necessário mais de um reator e provavelmente auxiliado por turbinas a gás ou caldeiras a vapor (CONAG ou CONAS) para atingir velocidades maiores.

A propulsão nuclear é cara mas estrategicamente desejável. Os custos de instalação aumentam em 15-20% e os custos de operação aumentam em 5-10% em relação a propulsão convencional. O custo da propulsão nuclear do CVNX americano será 11% maior em toda a vida útil do navio em comparação com propulsão convencional, mas foi mantida por permitir manter altas velocidades por tempo prolongado e diminuir a necessidade de apoio logístico.

Estudos para o CVNX americano mostraram que uma propulsão a gás/elétrica custaria US$1-2 bilhões a menos durante toda a vida útil do NAe. Porém, um NAe da classe Nimitz precisaria de oito turbinas General Electric LM6000 distribuídas no convés superior devido a instalação das entradas de ar e exaustores. Numa propulsão a diesel seriam necessários quatro motores de 70 mil shp cada entre a quilha e a base do hangar.

Não é possível projetar um NAe furtivo, mas as técnicas de redução do RCS podem ser adicionadas para que o NAe tenha o mesmo reflexo de radar dos navios escoltas e para dificultar sua identificação. O maior refletor de radar dos NAe americanos é a ilha que tem o mesmo RCS de um contratorpedeiro da classe Arleigh Burke.

Uma ilha pequena também diminui a turbulência no convés. Algumas áreas no convés do HMS Invencible não são usadas para pouso devido à turbulência causada pela grande ilha cheia de mastros e chaminés. Nestes casos a propulsão nuclear ou elétrica seria recomendável.

Conceitos Europeus

Quatro paises europeus, Itália, Espanha, França e Reino Unido, estão construindo NAes com requisitos bem parecidos, direcionados para novos requerimentos de força expedicionária. Os atuais NAes europeus foram projetados no fim da Guerra Fria e apos mudanças nos cenário passaram da função de controle do mar para priorizar projeção de poder em terra.

A missão de proteção das linhas de comunicações marítimas contra ameaças no mar, ar e submarinos requer a geração de um número relativamente pequeno de saídas, com poucas aeronaves voando ao mesmo tempo. Combustível e armas eram consumidos em pequena escala. Já as operações de ataque precisam de uma grande numero de aeronaves para gerar o volume de missão necessária. Isto implica em um grande espaço e volume no hangar e convés para lançar e recolher aeronaves e rearmar/reabastecer. As tarefas de apoio aéreo aproximado, interdição e ataque em profundidade precisam de grande quantidade de munição requerendo um grande paiol e ressuprimento freqüente.

Fora os EUA, nenhuma outra marinha é capaz de comprar e operar mais de dois NAes de ataque gigantes adequados a realizar projeção de poder contra qualquer tipo de ameaça.

O novo NAe italiano será o Cavour lançado em julho de 2004 e que deve ser comissionado em 2008 a um custo de US$781 milhões. Terá 242 metros de comprimento e deslocar 26,700 toneladas carregado. Comparado com o Giuseppe Garibaldi de 13.850 toneladas, o Cavour leva 80% mais aeronaves, tem um hangar 230% maior, leva 105% mais armas e 57% mais combustível de aviação. Foi projetado inicialmente com um porta-helicóptero (LHD) e passou para NAe com capacidade de operar como LPH acomodando 325 fuzileiros e com hangar configurável como garagem para levar veículos e equipamentos.

Tem espaço para um Estado-Maior de 140 tripulantes ou 225 em picos com instalações de C2 adequadas, alem de instalação médicas grandes. Uma grande porta na popa permite lançar e recuperar veículos de assalto rápido. O Cavour é capaz de levar 18 aeronaves como 12 F-35B, dois EH-101 AEW e quatro EH-101 ASW, ou um mix comparável. Como LPH pode levar helicópteros EH-101 ASH, NH-90 TTH e SH-3D. Não está planejado a aquisição de mais AV-8B Harrier até a entrada em operação do F-35B com a frota sendo dividia entre os dois NAes.

O convés de 220x34 metros tem seis pontos de decolagem para helicópteros e uma pista de 180m com rampa ski-jump de 12 graus para aeronaves STOVL. Até cinco AV8B e quatro EH-101 podem ser estacionados nas laterais do convés. O hangar tem 134x21m e pode levar 12 helicópteros ou seis helicópteros e seis aeronaves ou um mix de 8 aeronaves e dois helicópteros. Também poderá operar o UAV Predator da força aérea. Dois elevadores de 30 toneladas movem as aeronaves até o hangar e duas rampas de 60 toneladas leva cargas do hangar/garagem até o píer quando no o navio está no porto. Dois elevadores adicionais de 15 toneladas são instalados para levar munição.

O Cavour terá um lançador de mísseis vertical Sylver capaz de levar 16 mísseis Aster 15 e dois OtoMelara 76mm SR com projeteis guiados Davide. O centro de operações de combate (COC) será instalado no casco ao invés de próximo do convés para aumentar a capacidade de sobrevivência e evitar gastar espaço precioso no deck. O CMS (Combat Management System) terá 15 estações principais e 25 consoles multifuncionais, mas dois COC de emergência e um na ponte estão espalhados no navio.

A tripulação será de 528 marinheiros, mais 100-168 da tripulação aérea, 352 fuzileiros e 145-225 do estado maior. A propulsão será COGAG com quatro turbinas a gás LM 2500.

Cavour
Novo NAe Cavour italiano.

A Espanha está projetando o BPE (Buque de Proyecion Estratégica), ou navio de projeção estratégica,pelo estaleiro Navantia (ex IZAR). Deve ser lançado em 2007 e ser comissionado em 2008. Foi projetado inicialmente como um Galicia de convés continuo, e passou a ter 230 metros de comprimento e deslocar 25.500t. A designação ainda não conhecida, como LPH ou Nae, e nem o nome. O navio terá uma rampa ski-jump de 12 graus, convés de 202x32m, com seis pontos de pouso de helicópteros e dois elevados. Deve operar helicópteros SH-3H, SH-60 da marinha e CH-47, NH90 e Tiger do Exército. O hangar terá 3.000m2 e poderá acomodar 12 helicópteros, além de veículos e equipamentos. A garagem abaixo do hangar tem mais 3.000m2 e pode aceitar um LCAC (para outros operadores). 

Será propulsado por quatro motores diesel de 7MW cada podendo atingir uma velocidade de 21 nós. O navio é capaz de acomodar 1442 tripulantes, sendo 232 no navio, 203 do estado maior, 172 da aviação, 23 dos lanchões de desembarque e 902 fuzileiros.

O NAe nuclear francês R-91 Charles de Gaulle de 36 mil toneladas custou US$ 3,2 bilhões e levou 10 anos para sair do estaleiro. Leva um grupo aéreo de 35-40 aeronaves que será, futuramente, de 36 Rafale, 2 E-2 para AEW e 2 helicópteros utilitários NH-90. O navio poderia ser maior e suas dimensões foram limitadas pelas docas disponíveis em Brest.

O Charles de Gaulle foi projetado para ter uma capacidade de lançar 100 saídas de combate por dia. Pode ser na forma de pelo menos cinco "ataques alfa" (pacotes de ataque) de 20-25 aeronaves contra alvos a 720 km de distância ou ciclos de 1,5 horas para apoio aéreo aproximado e/ou defesa aérea para cobrir áreas a 80-320km do navio com 4-8 aeronaves ("chained wave").

Os Franceses pretendem construir mais um NAe para um requerimento de manter um grupo de combate pronto em 48 horas após acionado. Os dois NAes operariam em ciclos de 40 meses, sendo 32 operacionais e mais  8 meses em reparos. O Charles de Gaulle gasta 70 dias por ano no cais para manutenção de rotina e a cada 7,5 anos troca combustível nuclear numa operação que chega a durar 15 meses. Quando os dois estiverem operacionais, um seria usado para treinamento ou operações anfíbias.

Em maio de 2000 o Senado francês reconheceu a necessidade de outro NAe chamado de PA2 (Porte Avions Deux) ou R9X. Em setembro de 2002 foi aprovado o plano de aquisição de um NAe convencional. A propulsão convencional foi escolhida para poder participar do programa CVF britânico.

As propostas do CVF permitem operar com aeronave STOVL ou CTOL, podendo ser reconfigurado em 18 meses. O PA2 será CTOL com catapulta e cabos de frenagem.

Em junho de 2004 a Thales e DCN se juntaram para criar um programa chamado MOPA2 (Maitrise d´Oeuvre PA2). A fase de projeto foi iniciada em janeiro de 2005. O Charles de Gaule estará na doca entre 2014-2015 para trocar o combustível do reator e o PA2 deve estar pronto nesta data. Assim o projeto deve estar pronto em 2006 com a construção iniciando em 2008.

A DCN oferece o conceito chamado “Romeo” similar ao Charles de Gaule, porém maior e com ilha única e a Thales trabalha com o conceito “Juliete” que lembra a proposta do CVF com duas ilhas.

Já está decidido que o comprimento total será de 284 metros, 72 metros de boca com deslocamento de 59 toneladas (com 65 mil para o Juliete). O Navio será bem maior que o Charles de Gaulle  de 40.600t. As lições do Afeganistão mostraram a necessidade de um navio maior, com mais espaço no hangar e convés e catapulta maior, e grande volume de combustível, carga e mantimentos.

Dois LHD Mistral irão permitir que os NAes operem apenas como NAe de ataque, sem requerimentos secundários de porta-helicóptero. Ainda assim poderá levar 100 comandos. O navio irá levar 32 Rafale-M, três E-2C e 4-5 helicópteros para guerra anti-submarina e busca e salvamento. Os dois elevadores têm capacidade de 70t.

A propulsão ainda está em estudo. A DCN quer usar caldeira e turbina que é ideal para operar a catapulta. A Thales prefere motor elétrico com turbina gás. A propulsão a diesel pode ser avaliada. O navio deve atingir 26-27 nós com alcance de 10 mil milhas a 15 nós. O custo deve chegar a 2,4 bilhões de Euros sem considerar o grupamento aéreo.

Com o fim da Guerra Fria os Britânicos perceberam que seus três NAes da classe Invencible não serviriam mais para as novas missões de projeção de poder (Guerra Expedicionária). Eles foram concebidos para escolta de comboios no Atlântico Norte no caso de um conflito com a URSS que iriam levar tropas e armas até a Europa. Dariam cobertura contra submarinos com helicópteros Sea King e contra aeronaves de reconhecimento de longo alcance com os Sea Harrier.

Em janeiro de 1999 o ministério da defesa britânico lançou um RPI do CVF ou projeto de NAe do Futuro. Em 2001, quatro conceitos foram avaliados, de um conceito STOVL operando JSF, um navio CTOL operando o F-35C, F/A-18E/F ou Rafale-M, um navio STOBAR com o Sea Typhoon (ski-jump e cabos) e um híbrido com ski-jump e catapulta. As duas últimas propostas foram logo descartados como impraticaveis e em 2002 sobrou os dois primeiros com projeto adaptativo podendo mudar de um para outro.

Os Invencible britânicos serão substituídos por dois NAes de ataque convencional de 52-58 mil toneladas para o programa CVF britânico que deverá ficar entre US$ 3,2-3,9 bilhões nos primeiros cinco anos que inclui projeto, construção e apoio nos primeiros anos de operação, o mesmo valor do Charles de Gaulle. O custo de ciclo de vida do CVF giram em torno de US$ 9 bilhões, durante a vida útil, incluindo pessoal (600 tripulantes), manutenção, operação e modernizações.

O custo do grupamento embarcado de custaria mais US$15 bilhões no total em 50 anos incluindo desenvolvimento, aquisição, infraestrutura e operação. O grupamento embarcado será baseado na versão STOVL do JSF (F-35B). A RN terão sempre a disposição quatro esquadrões de 12 aeronaves. Dois serão especializados em operações ofensivas e dois em operações defensivas.

A BAe Systems e a Thales foram selecionados como contratantes. O custo de construçao foi estimado em 2 bilhões de libras em 1998 e passou para 3,5 bilhões de libras em 2005. O custo total pode chegar a 6-7,5 bilhões de Euros.

O conceito da Thales chamado de Alpha tinha 288m e 65 mil toneladas podendo operar 46 aeronaves, além de dois elevados e duas ilhas para facilitar a visibilidade, menos espaço no convés e gera menos turbulência. A propulsão elétrica IFEP foi escolhido com três ou quatro geradores por turbinas a gás MT-30 de 36 MW podendo atingir uma velocidade de 27-28 nos.

A proposta Bravo tinha tamanho menor para diminuir os custos com deslocamento de 55 mil toneladas e 265m podendo operar 34 aeronaves. A proposta Charlie era ainda menor e foi logo descartada pois o custo 25% menor significava uma limitação de aeronaves de 25-30. A decisão final ficou com o projeto maior Alpha. 

O projeto atual chamado de Delta tem características do Alpha e Bravo, com deslocamento 64,500t, 280m e 40 aeronaves. Foi escolhido para ser o proposta da Thales Juliette para o NAe francês.

O projeto Delta terá propulsão CODLAG com duas turbinas a gás MT30 e quatro motores diesel podendo atingir 26 nós. A tripulação será de 1.400 homens. O navio deverá passar no máximo 6 meses no estaleiro num período de 6 anos.

O convés inclui área de lançamento de 150m (o projeto alpha tem dois). O elevador leva dois F-35. O hangar terá 163 x 29 x 7,1-9 metros, podendo levar 20 F-35, 26 Harrier ou 45 Sea King com o dobro do espaço da classe Invencible. A capacidade de aeronaves deverá ser de 30 caças, ou pico de 36, além de quatro helicópteros AEW e seis Merlin anti-submarinos. Em tempo de paz levará apenas 12-24 caças. O navio poderá funcionar com LPH operando com helicópteros Chinook, Merlin e Apache. Poderá operar com o UAV Watchkeeper e futuramente com UCAVs com o X-47B Pegasus.

A força conjunta da RAF e RN poderá ser de 75 F-35B para cada força, ou F-35C para a RAF. A escolha final será em fevereiro de 2006 com a configuração do CVF escolhida em março. O navio pode ser modificado em 18 meses entre a configuração STOL e CTOL com catapulta e cabos. Um Nae tem vida útil muito longa, mais de 40, e os cadetes que formaram quando o navio iniciou sua operação estarão reformando enquanto o NAe ainda estará operando. Os requerimentos devem ser bem flexíveis para poder ser útil por tanto tempo.

A configuração STOVL tem maior razão de saídas para operações de curto alcance e as aeronaves podem operar em pistas improvisadas. A aeronave CTOL tem melhor desempenho com maior  carga e alcance. A aeronave AEW provavelmente será o Merlin se o F-35B STOVL for escolhido assim como o E-2C Hawkeye será o favorito se for escolhido o F-35C CTOL.

A construção de três navios para britânicos e franceses pode chegar a 6,5 bilhões de Euros. Em 2005, um estudo do MOPA2 mostrou que era possível alcançar 80-85% de parte em comum entres os navios britânicos e franceses. A principal diferença será os sensores e sistemas de C2. O requerimento francês é de 75 saídas por dia em sete dias, comparável ao requerimento britânico com 72 saídas por dia sustentado, ou até 108 em pico de 24 horas. Estes requerimentos determinaram o tamanho do hangar, elevadores, capacidade de carga e configuração do convés.


NAe nuclear francês Charles de Gaulle. Um NAe nuclear seria a plataforma ideal para substituir o A-12
mas seus custos são proibitivos. O estaleiro DCN que fabricou o navio teria oferecido uma versão convencional de 28 mil toneladas para a MB.

Escolha da Aeronave

O tipo de aeronave a ser operada pelo NAe também é importante devido aos requisitos de tamanho e acessórios. Uma aeronave de pouso convencional precisa de uma pista de pouso do maior tamanho possível e terá que decolar com auxílio de uma catapulta (CTOVL - Conventional Take-off and Landing) como o F-14, Rafale e F/A-18 ou rampa ski-jump (STOBAR - Short Take-off but Arrested Recovery) como o Su-33 e MiG-29K.

A US Navy já realizou testes com o F/A-18A Hornet em rampas ski-jump na década de 80. Com um peso de decolagem de 15.900kg (configuração de defesa aérea), e com vento relativo de 20 nós (37km/h) a aeronave podia decolar normalmente em 290 metros. Com uma rampa de 6 graus a distância de decolagem diminuiria para 168 metros e com uma rampa de 8 graus para 106 metros. Ventos relativos de 30 a 40 nós podem ser conseguidos se o NAe acelerar a até 28 nós.

Um projeto convencional tem a vantagem de aceitar a operação de aeronaves convencionais e STOVL (Short Take-off Vertical Landing). Já os pequenos NAes do tipo "Porta-Harrier" usam ski-jump, apesar de não serem obrigatórias, e uma aeronave convencional teria que usar um convés corrido e não inclinado para operar em uma plataforma deste tamanho. 

Como previsto no programa CVF britânico, o NAe será equipado com rampa ski-jump para operar o F-35B, mas terá espaço para instalação de catapulta e convés inclinado (convés adaptável) para aceitar todos os tipos de aeronaves pois a vida útil do navio é maior que o da aeronave e poderá ser necessário ou desejável operar aeronaves convencionais, incluindo UCAVs.

As aeronaves STOVL também precisam de teto bem menor para pouso e outras plataformas podem ser usadas para pouso de emergência. As aeronaves STOVL também têm a vantagem de gerar mais missões por dia que as aeronaves CTOL e são mais flexíveis, enquanto as aeronaves CTOL costumam ter desempenho melhor e serem mais capazes. As operações com rampa ski-jump não estão condicionadas com a velocidade do vento e o NAe pode estar até parado.

Durante o conflito das Malvinas o HMS Hermes tinha 13 de 14 Sea Harrier prontos no inicio do dia e 10 no fim. Voavam cerca de 45 saídas por dia. As manobras anti-submarinas forçavam a aeronave pousar com ventos em todas as direções. A recuperação com visibilidade de 200m e teto de 30m era normal. O estado do mar não influenciava as operações. Flares eram lançados da popa para guiar as aeronaves durante o mau tempo. Ao redor dos navios havia zonas de engajamento de mísseis com vias para pouso. A área limite de 100km era controlada e depois era livre para voar.

Nos estudos de alternativa do projeto CVNX americano, a escolha foi em manter o uso de aeronaves convencionais (CTOL) em grandes NAes. A razão de surtida planejada é de 140 em 12 horas, mantida por 30 dias, ou 210 surtidas diarias mantidas por quatro a seis dias.

Entre as alternativas estudadas, além de grandes NAes, estavam o navio arsenal armado com mísseis cruise (Arsenal Ship), o conceito Mobile Offshore Base (MOB) de base aérea flutuante, uma classe Nimitz melhorada, um super NAe 150 mil toneladas, um NAe convencional com vida útil 35 de anos, o Charles de Gaulle, o programa CVF britânico, os LHD da classe Wasp e pequenos porta-harrier (projeto Sea Archer). O custo operacional de cada um foi praticamente o mesmo durante uma semana de uma campanha militar. Porém, a capacidade de um NAe CTOL grande de sustentar operações de ataque por longos períodos mostrou ser mais atraente com a progressão da campanha.

O Sea Archer/Corsair era um NAe de 13 mil toneladas com velocidade de 100km/h. Levaria 7 aeronaves e seria necessário 7 navios para comparar com um NAe grande. A capacidade de sobrevivência aumentaria devido a velocidade, mas diminuiria devido ao menor tamanho. Seria uma plataformas especializada para apoiar aeronaves não tripuladas e UCAV. O Arsenal Ship teria custo muito baixo, mas seria limitado a 500 disparos. Teria tripulação bem pequena e grande capacidade de sobrevivência, mas demora a recarregar.

O estudo também mostrou que um NAe STOVL tem um custo total 6% menor com um método lançamento e recuperação mais flexível. Porém, estes NAes não poderiam operar aeronaves já em serviço como o F/A-18C/D e E-2C.

A segunda fase do estudo comparou tamanho e propulsão dos NAes. O componente aéreo era de 40-80 aeronaves com 70% de caças. Dois NAes com capacidade de 40 aeronaves custariam 50% mais caro que um NAe capaz de levar 80 aeronaves. Aumentando a capacidade de 55 para 75 aeronaves, o deslocamento aumentaria 14% e o custo total em 8%. A ala maior geraria o dobro de missões de ataque em uma campanha pois o número de aeronaves em missões defensivas seria constante.

Um NAe com capacidade de operar 75 aeronaves, mas equipado com apenas 55 aeronaves, poderia gerar 40% mais saídas de combate graças ao espaço extra. A capacidade de sobrevivência e navegabilidade também seria superior ao de um NAe menor.

Atualmente, um NAe americano é capaz de lançar 5 mil armas guiadas numa campanha de 30 dias, dependendo do cenário, numa média de 200 saídas de combate por dia, e atacar quase 700 alvos específicos. Em 2010, uma ala aérea embarcada será capaz de gerar 215 saídas de combate por dia e atacar 1.080 pontos específicos a capa 24 horas.

Os NAes gigantes americanos podem sofrer grandes danos como mostrado em 1969 quando nove bombas de 225kg (equivalente a seis mísseis cruise soviéticos da época) explodiram no convôo do USS Enterprise durante um incêndio resultante da detonação de um foguete Zuni. Apesar dos grandes danos, o Enterprise reiniciou as operações de vôos em algumas horas. Os NAes atuais são bem mais resistentes e com melhor capacidade de sobrevivência.

Durante a Guerra dos Petroleiros no Golfo Pérsico na década de 80, 260 navios petroleiros ou de carga foram atingidos por mísseis Exocet ou bombas lançadas de caças. 150 navios sofreram danos sérios e menos de 20 foram afundados ou colocados fora de serviço pois seu tamanho era uma boa proteção contra estas armas. Os navios também foram reforçados e os tanques vazios eram preenchidos com gás carbônico para diminuir a possibilidade de incêndio.

Tomando como exemplo o projeto do CVN-76 da US Navy com uma vida útil de 50 anos, os custos totais serão de US$ 21,3 bilhões (dólar de 1998). Na realidade americana, os custos de pessoal será de 40% ou US$ 9,3 bilhões para 3.246 conscritos (US$ 51 mil por ano cada) em 50 anos e 160 oficiais (US$ 101 mil por ano cada).

A manutenção custa US$ 5,2 bilhões no total num ritmo operacional bem maior do que o da MB. O custo inicial é de US$ 4,3 bilhões. A modernização de meia vida custaria US$ 2 bilhões e os custos de retirada de serviço gira em torno de US$ 500 milhões. O programa CVX americano inclui o projeto do navio e planos para tripulação, reparos, modernização e sucateamento para diminuir os custos.

O formato final de um NAe novo vai depender da missão que a MB pretende para ele como escolta de comboios, controle de área marítima, mostrar bandeira e intervenção em crise sem apoio de bases amigas incluindo projeção de poder em terra que inclui operações especiais e guerra anfíbia. A MB obviamente almeja ter todas estas capacidades.

O programa CVF britânico estudou o uso de um navio capaz de operar aeronaves convencionais e de pouso vertical (CTOL, STOBAR e STOVL). O objetivo é poder operar aeronaves aliadas como os EUA, França e talvez Alemanha. A escolha final foi de um NAe com capacidade STOVL com capacidade de modernização para CTOL.

O número de tripulantes é um problema para os países do primeiro mundo devido à dificuldade de preencher os postos necessários nas suas forças armadas. As populações destes países preferem empregos civis com melhor remuneração. O resultado é um nível de automação elevado para reduzir a mão de obra. Isto não é problema no Brasil onde a oferta de mão de obra é grande e um nível de automação pequeno traria vantagens em termos de redução de custos e benefícios sociais. Operação manual também libera o país de dependência de peças de reposição vindas do estrangeiro. O CVF britânico será altamente automatizado e terá apenas 600 tripulantes. O mesmo número dos NAes da classe Invencible que é três vezes menor.
 

PROJETO NOVO

Uma opção para substituir o A-13 São Paulo é a compra de um NAe novo, projetar aqui ou comprado um projeto existente, ou adquirir um NAe fabricado em outro país. Desde a década de 80 que a Marinha vem estudando projetos de NAes de ataque de tamanho médio, ou cerca de 35-40 mil toneladas.

O ideal pode ser um NAe de ataque de tamanho médio devido aos custos. A US Navy já pensou em NAes de até 45 mil toneladas para substituir seus NAes atuais. Seria o tamanho mínimo para operar aeronaves de todos os tamanhos como o F-14 e permitir o lançamento e recuperação simultânea.

Os NAes maiores tem a vantagem da proteção passiva maior e como o número de aeronaves necessárias para defesa é constante, o número de aeronaves adicional é usado para operações ofensivas. Uma pequena adição de aeronaves pode significar a multiplicação da capacidade ofensiva.

A MB poderia também participar de projetos já em andamento com o CVF britânico e o Cavour italiano, CVF britânico ou PA-2 francês.

Outra opção é o novo navio-aeródromo indiano, Project 71, ou Air Defense Ship (ADS), deverá ser completado em 2008 e ser incorporado na esquadra naval da Bharatiya Nau Sena em 2012 com custo estimado em US$725 mil. O corte metal foi iniciado em abril de 2005. A Fincatieri italiana está auxiliando no projeto. Terá 37.500 toneladas de peso, 252 metros de comprimento e 55 metros de largura. Será propulsado por quatro turbinas GE LM2500 atingindo uma velocidade máxima de 28 nós. A autonomia será de até 7.500 milhas náuticas com logística para 45 dias. A tripulação será composta por 1.400 marinheiros e 160 oficiais. O armamento defensivo será composto por quatro canhões de fabricação italiana Oto Melara calibre 76 milímetros. O número máximo de aeronaves que este novo navio-aeródromo poderá embarcar será de 30 unidades, sendo 12 MiG-29K "Fulcrum-D" e 8 LCA ou Sea Harrier, além de 10 helicópteros. O sistema de pouso será do tipo STOBAR ou decolagem curta com rampa ski-jump e pouso enganchado. Deverá substituir o NAe indiano INS Vikrant descomissionado em 1997.

 


Modelo CTOL do ADS indiano mostrado na Defence Expo 99 oferecido pela DCN francesa.
O navio custaria US$ 476 milhões, teria uma rampa ski-jump de 12-14º e a construção modular diminuiria o tempo de construção de 9 para 6-8 anos.

A Rússia, Espanha, Itália e EUA são outros países que tem experiência no projeto e construção de NAes e poderiam ajudar no projeto. A China também esta planejando a construção de um NAe de ataque médio.


O estaleiro espanhol Izar ofereceu o projeto BSAC220 de 27 mil toneladas e 240m de
comprimento para a marinha Argentina, Brasileira e Chinesa. O navio tem versões com catapulta (CTOVL) mostrado acima e com ski-jump (STOBAR). O número de aeronaves levadas dentro do hangar é importante pois o ar marinho causa danos nas aeronaves estacionadas no convôo. É um luxo que só a US Navy pode ter e por longos períodos.

NAEs USADOS

Entre as opções de NAes usados são poucas as possibilidades. Os gigantes americanos são muito caros para operar apesar de altamente desejáveis. Só a tripulação chega a 5.000 homens e levam até 90 aeronaves. O USS Constellation e Kitty Hawk entraram em serviço em 1961 e devem sair de serviço por volta de 2008 com 47 anos de uso. O USS John F. Kennedy sairá de serviço por volta de 2018 com 50 anos de uso. O USS Independence (CV-62) e o USS Forrestal já foram oferecidos para a MB por US$ 100 milhões cada.

A Marinha Indiana aquiriu o NAe russo Admiral Gorskov de 45 mil toneladas. O navio foi na verdade doado com a condição que fosse modernizado na Rússia e equipado com caças MiG-29K ou Su-33. A Índia escolheu o MiG-29K. O reforço do convés, que foi projetado para receber o YAK-141, bem mais leve que o MiG-29, e a reforma da proa deve sair relativamente cara, por volta de US$600 milhões. O navio se chamará INS Vikramanditya e deve ser entregue por volta de 2008-2009.
O Admiral Gorshkov foi comissionado em 1987 na Marinha Russa. O navio será transformado num NAe convencional para a Marinha Indiana. O navio tem capacidade de levar 1500 toneladas de combustível e 260 toneladas de armas para apoiar as operações aéreas.

Um caminho semelhante poderia ser seguido pela MB. O único NAe de ataque de 2ª mão, fora os americanos, que estará disponível futuramente será o Admiral Kusnetsov (Type 1143.5/6). O navio iniciou testes em outubro de 1989 e foi comissionado em 1992. O navio está sendo pouco usado devido a faltas de recursos.

O Admiral Kusnetsov poderia entrar em operação na MB com 30-35 anos de uso, por volta de 2020, e com uma vida útil respeitável de 25-30 anos. É capaz de operar qualquer tipo de aeronave e junto poderiam ser adquiridos os Su-33 em operação pela Marinha Russa e com poucas horas de uso. A aquisição de caças Su-33/Su-33UB ou MiG-29K estaria condicionada a transferência do navio como ocorrido na Índia.

O NAe russo Admiral Kusnetsov é um possível candidato para ser o A-13. Um contrato provavelmente incluiria uma modernização nos estaleiros russos e a aquisição de aeronaves russas como o MiG-29K ou Su-33 a exemplo da aquisição indiana do Admiral Gorshkov. Ele não precisa de uma reforma extensa no convés como o Adm Gorshkov e por isso deve ter um preço mais em conta para a MB. O orçamento atual da MB não é suficiente para manter um NAe do porte e capacidade do Kusnetsov. Apenas o A-12 São Paulo e o VF-1 gasta cerca de 20% do orçamento para manter um núcleo de aviação de caça sem capacidade operacional.

NCAM

Um tipo de NAe que deverá estar disponível futuramente são os NAes de convés contínuo que operam aeronaves STOVL, no caso aeronaves da família Harrier, e por isso também são chamados de "porta-harrier".

Estes navios são também chamados de Navios de Controle de Área Marítima - NCAM. O conceito de NCAM permite que um navio pequeno possa controlar uma área marítima contra ameaças de média e pequena intensidade.

Os três NAes da classe Invencible britânica devem sair de serviço por volta de 2015-2020 com uma média de 35 anos de operação. O Invencible foi retirado de serviço prematuramente em 2005. Foram comissionados entre 1980 e 1985. Eles foram concebidos para operar inicialmente em GTs anti-submarinos no Atlântico, principalmente na falha GIUK. Operavam com os helicópteros Sea King para dar proteção anti-submarino. Cerca de sete Sea Harrier eram embarcados para dar cobertura aérea contra aeronaves de reconhecimento marítimo de longo alcance soviéticos que apoiavam os submarinos com função secundária de proteger contra ameaças aéreas e de superfície. Eles agora são usados para projeção de poder em terra com 8 Sea Harrier FA.2 para defesa aérea, 8 Harrier GR.7 da RAF para ataque, quatro Sea King AEW e dois Sea King para guerra anti-submarino. A capacidade de projeção é limitada mas a Royal Navy geralmente opera em conjunto com outras marinhas como a US Navy o que contorna em boa parte este problema.

Os NAes da classe Invencible podem levar no máximo 24 Sea Harrier ou 20 Harrier GR7/9. O espaço no convés é limitado e só permite que 10 aeronaves pousem até que alguma seja levada para o hangar. Isto levou ao requisito de um novo NAe com grande área de pouso (CVF).

Quando os britânicos decidiram deixar de usar aeronaves CTOL no fim da década de 70, eles consideravam que as operações seriam do tipo guerra de coalizão com apoio aéreo embarcado vindo principalmente da US Navy. Como a realidade estratégica britânica agora esta voltada para projeção de poder ou guerra expedicionária, o CVF, substituto da classe Invencible, será um NAe de ataque médio.

Os NAes britânicos só podem operar aeronaves STOVL, mas talvez seja possível uma modernização para operar aeronaves como o MiG-29K e LCA-M em convés corrido ou inclinado.

Outro país que usa um NCAM é a Itália que usa o Giussepe Garibaldi de 13.850 toneladas, comissionado em 1985 e equipado com 16 AV-8B Harrier II e helicópteros SH-3D Sea King. 

O NCAM Espanhol R-11 Principe de Asturias de 17.188 toneladas foi lançado em 1982 e comissionado em 1988. O R-11 faz parte do conceito de Grupo Alfa espanhol. É capaz de levar 6-12 AV-8S (AV-8Bs),  6-10 SH-3 Sea King, 2-4 AB-212, 2 SH-60B Seahawks e 3 Sea Kings AEW (radar Searchwater). A Espanha iniciou o projeto de um navio de projeção estratégica de 20 mil toneladas com capacidade de levar aeronaves Harrier e complementar o R-11.

A Tailândia usa o OPHC Chakri Naruebet de 11.485 toneladas comissionado em 1997. O navio é baseado no Principe de Astúrias (BSAC 160) espanhol. Foi equipado com os 9 AV-8S Matadores adquiridos da Espanha com permissão dos EUA por US$90 milhões.

Navios de controle de área marítima (NCAM) R-11 Principe de Asturias Espanhol e OPHC Chakri Naruebet Tailandês.

Os porta-helicópteros classe Iwo Jima e navios de assalto múltiplo Classe Tarawa americanos são navios pouco considerados nos planos de modernização da Marinha. Os navios americanos adquiridos de segunda mão sempre estiveram presentes na Esquadra e atualmente podem ser lembrados pelos CTs classe Pará e os NDD e NDCC.

Os porta-helicópteros da classe Iwo Jima de 18 mil toneladas nunca foram considerados por não permitirem o uso de aeronaves convencionais pois a MB já estava pensando na aquisição deste tipo de aeronaves.

Sete navios foram comissionado pela US Navy na década de 60 e cinco desincorporados na década de 90. O LPH-9 Guam continua em operação e o LPH-12 Inchon é usado como navio de apoio de guerra de minas e redesignado MCS-12. O MCS-12 deve ser retirado de serviço em 2002.

Cinco navios da classe Tarawa de 39 mil toneladas foram incorporados entre 1976 e 1980. Os EUA pretendem usar estes navios por 35 anos e não pretendem realizar uma modernização de meia vida. Os LHD devem sair de operação entre 2011 e 2015. Podem levar o equivalente a 46 helicópteros CH-46 mais 1.890 tropas e tem doca alagavel para lanchões de desembarque.

Estes navios operam o AV-8B Harrier do USMC. O Tarawa é um navio grande e que talvez possa ser convertido em NAe de ataque com pista de pouso inclinada e catapulta/rampa ski-jump.

O congresso americano já liberou US$ 800 milhões para o inicio do projeto e construção do LHD-8 para substituir o primeiro LHA a sair de operação. A encomenda deve sair em 2002 com entrega em 2006. O LHD-8 será baseado no projeto atual da classe Wasp porém otimizada. Ele será propulsado por duas turbinas LM2500+ de 36 mil shp cada e dois motores elétricos de 5 mil shp. Os motores elétricos podem manter uma velocidade de 12-13 milhas que é o regime usado em 60-70% do tempo.
 
Tarawa
LHD-5 Bataan da Classe WASP. A Classe Wasp é uma versão melhorada da Classe Tarawa. A classe Tarawa não costuma ser estudada para substituir os NAes brasileiros mas é uma opção com potencial para operar aeronaves convencionais e com capacidade adicional para operações anfíbias. O USS Belleau Wood (LHA-3) foi retirado de serviço em 2005 com 27 anos de uso.

ESTRATÉGIA

O gráfico abaixo dá uma idéia geral para a estratégia de substituição do A-12 São Paulo. Foram considerados os NAes em operação atualmente com uma vida útil (em azul) de 40-45 anos com possibilidade de extensão para 55-60 anos (em verde).

Os NAes gigantes americanos (Constellation, Kitty Hawk e JFK) tem pouca vida útil de sobra além de serem caros de manter. O Admiral Kusnetsov é o NAe convencional com maior potencial de uso além de ser a única opção além dos NAes americanos. Com a crise da Marinha Russa ele poderia ser até repassado para a MB bem antes de chegar no fim da sua vida útil na marinha russa.

Entre os "porta-harrier", apenas os Tarawa e Invencible estão com as datas de desincorporação previstas coincidindo com o período de desincorporação do A-12 São Paulo. A aquisição de um "porta-harrier" significa a aquisição do AV-8B americano ou Sea Harrier/Harrier GR.7 britânico para substituir os AF-1 nas operações embarcadas. A outra opção seria o F-35B JSF americano.

A aquisição de um "porta-harrier" ou NAe de ataque pode ser adicionado ao projeto de um NAe novo para substituição do A-12 para formar uma dupla de NAe de ataque e/ou navio de assalto de acordo com os cenários possíveis já citados acima.

O tempo entre a decisão de desenvolver, projetar e testar um NAe pode chegar a 15 anos ou 1-3 ano para reforma de um navio de 2ª mão. A aquisição de um NAe de 2ª mão daria mais fôlego para a MB desenvolver um NAe próprio ou para manter a aviação embarcada no caso de uma crise financeira que evite que um projeto próprio siga o cronograma adequado.

Os estudos de um projeto novos estão condicionados a escolha do tipo de aeronave a ser usada (STOVL, STOBAR ou CTOL). É o mesmo problema do CVF britânico com os programas FJBA e FOAEW. Os britânicos estão em uma janela de oportunidade para substituir seus NAes e caças embarcados simultaneamente. A aquisição ou projeto do novo NAe deve ser coerente com a substituição do AF-1.

Imagem da Guerra das Malvinas. Uma Type-22 escolta um NAe britânico (provavelmente o Hermes) onde um Sea Harrier está estacionado. Um Sea King acaba de decolar para uma surtida anti-submarino. Esta imagem poderá se repetir futuramente na MB. O Reino Unido ofereceu o Harrier para a Argentina. Em 1969, durante a entrega do ARA 25 de Maio na Holanda, o Reino Unido testou o Harrier no navio durante os testes de catapulta em Portsmouth. A Argentina preferiu comprar 14 Super Etandart armados com o AM-39 Exocet. 

OUTRAS OPÇÕES

Apesar dos NAes serem ótimas plataformas de relações públicas e para mostrar bandeira no exterior, os NAes são controversos e caros. O argumento de que é necessário para fornecer defesa aérea para a esquadra em alto mar é compreensível no nível tático, mas questionável no nível estratégico se confrontado com as possíveis ameaças.

O nível estratégico também deve ser considerado. Um GT nucleado em um NAe, com sua capacidade de alcance e manter operações independentes a longas distâncias sem a ajuda de bases em terra e projeção de poder, tem que estar de acordo com a política externa brasileira que sempre tentou resolver seus problemas pela diplomacia e evitou uma mentalidade intervencionista do tipo "Big Stick" americano (agora chamado pelo termo politicamente correto de "projeção de força expedicionária").

Um NAe com capacidade de projeção de poder pode ser usado para coerção com o objetivo de prevenir conflitos através da dissuasão ou como base móvel para operações ofensivas quando bases em terra não estiverem disponíveis. Estas capacidades são os motivos que levam os EUA e Reino Unido a investirem em NAes de ataque de grande capacidade. Estes países também têm uma função clara para os NAes e uma política coerente com seu uso.

Se a plataforma e as aeronaves não forem bem balanceadas ela poderá ser subdimensionado ou superdimensionada para as necessidades previstas. Um exemplo é o GT britânico que manobrava para evitar a ameaça de aeronaves de patrulha e caças argentinos que partiam do continente durante o conflito das Malvinas. O GT britânico também estava exposto aos submarinos argentinos que por sorte não foram efetivos.

A necessidade de um NAe também não é geralmente questionada e nem comparado realisticamente com outras plataformas como aeronaves baseadas em terra e submarinos nucleares em outras funções de negação ou controle de área marítima e até projeção de poder no continente.

A defesa da frota ou GT é sua missão principal, de acordo com a MB, e os custos devem ser comparam com outras opções. Por exemplo, os submarinos nucleares não precisam de escolta ou navios de apoio logístico para realizar ataque terrestre com mísseis de cruzeiro. Podem atingir qualquer lugar do mundo sem considerar as defesas do inimigo. O número de tripulantes expostos ao fogo inimigo também é dezenas de vezes menor.

O NAe é considerado uma plataforma de controle marítimo e de projeção de poder a longa distância, junto com unidades anfíbias, escoltas e sistemas de C2 naval, capaz de sustentar operações aéreas independentes por períodos relativamente prolongados.

Não é necessário para missões de negação do mar. Considerando também os cenários de baixa intensidade a necessidade de superioridade aérea não é necessária na maioria das vezes.

Isto é conseguido com apoio logístico móvel que atualmente é restrito a dois navios tanques de capacidade limitada. A MB também terá que investir em navios de apoio logístico para apoiar seus NAes, escoltas e aeronaves embarcadas. Sem isso ela fica dependente de bases em terra e limitada a operações costeiras.

Outro item necessário para considerar uma capacidade global é um sistema de Comando e Controle (C2) seguro, principalmente com comunicações por satélite.

No futuro estarão disponíveis outras plataformas para cumprir missões dos NAes como mísseis cruise embarcados em submarinos e escoltas. A marinha francesa está projetando uma nova classe de fragatas multifuncionais com capacidade de ataque terrestre com mísseis cruise (provavelmente o SCALP/EG) que também armará seus submarinos. Os mísseis cruise são adequados para atacar alvos fixos. Sem caças embarcados o apoio de fogo naval ficaria restrito aos canhões embarcados, mas com as munições atuais estas armas estão tendo alcance de mais de 100km. Aeronaves não tripuladas podem ser usadas em operações ofensivas, defensivas e de vigilância.

Os mísseis superfície-ar também estão se tornando mais eficientes e até os EUA já estão usando suas escoltas antiaéreas para realizar tarefas de patrulhas de combate aéreo de caças em alguns cenários.

Os espanhóis já usam um NCAM com caças AV-8B Harrier II Plus equipados com radar APG-65 e mísseis AMRAAM. Apesar disso eles estão construindo quatro fragatas antiaéreas com sistemas AEGIS para dar cobertura aérea à frota para um sistema de defesas em camadas (alerta antecipado, controle de caças, médio alcance, área curta e defesa de ponto) e adicionar capacidade anti-mísseis balísticos e ataque com mísseis cruise através dos lançadores verticais MK 41. Os navios de defesa aéreos também têm sistemas de comando e controle que permitem que sejam o navio de comando de um grupo tarefa.

Baseando-se numa disponibilidade média de 40% em tempo de paz (padrão da Marinha alemã que mantém 15 fragatas para ter dois GTs de 3 navios), a esquadra brasileira com 18 escoltas e 1 NAe teria disponibilidade de 7 escoltas continuamente e um NAe disponível 40% do tempo. Seria o suficiente para ter dois GTs pequenos com 3 ou 4 navios ou um GT grande com o NAe. Em 60% do tempo uma escolta antiaérea faria falta.

OPERAÇÃO TRIDENT

As operações do Foch (atual A-12) no conflito de Kosovo em 1999 podem ser uma boa referência  da capacidade do A-12 São Paulo. O navio operou no Mar Adriático com 16 Super Etandard modernizados (SEM 3), quatro Etandart IVPM para reconhecimento e dois helicópteros Super Frelon para SAR. Estes meios faziam parte da operação "Trident" francesa. O NAe operou nas águas territoriais de Montenegro a cerca de 150 km da fronteira de Kosovo.

O Super Etandard pode ser considerado da mesma classe do AF-1 em termos de capacidade e desempenho. No caso do AF-1 serem modernizados os dois podem ser considerados equivalentes.

Os Super Etandard realizaram 415 saídas de ataque em 78 dias (menos de 6 saídas por dia) atingindo 85 alvos com 74% de sucesso. As aeronaves realizavam principalmente operações de apoio aéreo aproximado com 20 minutos de alerta e ataque contra alvos na Sérvia e Kosovo.

Os Super Etandard geralmente operavam aos pares com uma aeronave equipada com duas bombas GBU-12 de 227kg guiada a laser e a outra aeronave com um casulo designador laser Atlis. Dois mísseis AS-30 foram disparados com sucesso contra alvos bem protegidos.

Cerca de 30% dos Super Etandard estavam configurados como aeronaves tanque em alerta de uma hora. Os Super Etandard sempre entravam na área de conflito com os tanques cheios após realizarem um buddy-buddy com outros Super Etandard.

No meio do conflito os Super Etandard IVPM iniciaram missões de reconhecimento para avaliação de danos de ataque (BDA).

O Foch não levava aeronaves de interceptação e de alerta aéreo antecipado. As missões de defesa aérea foram realizadas por E-3 AWACS e caças F-15, F-16 e Mirages 2000 baseados em terra.

Próxima parte: Escoltas

Atualizado em 06 de Dezembro de 2005

 


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