Helicópteros Navais Embarcados

Oportunidade Perdida

Em 2004, a MB operava 14 escoltas sendo 6 fragatas classe Niterói, 3 fragatas classe Greenhalgh, 1 contratorpedeiro classe Pará e 4 corvetas classe Inhaúma. Todos são capazes de operar as aeronaves Super Lynx.

O padrão mundial é ter 1,5 helicópteros para cada escolta para manter uma excedente em reserva, treinamento e manutenção. Isto significa que o necessário seria cerca de 21 helicópteros Super Lynx para equipar 14 navios. Foi considerando que as Greenhalgh só levariam 1 helicóptero apesar de poderem levar dois.

A MB só opera 13 Lynx atualmente e por isso é comum ver escoltas equipadas com os Esquilos. Por outro lado, as corvetas classe Inhaúma são apertadas para operar com o Lynx e os CTs da classe Pará não foram projetados para operá-lo. As 13 aeronaves parecem ser suficientes.

A MB não teria muitos problemas se tivesse seguido o exemplo de outras marinhas como a Canadense e Japonesa que equiparam suas escoltas com helicópteros médios-pesados da classe do Sea King/Sea Hawk.

Uma simples modernização no hangar e convôo permitiria que algumas escoltas da MB como as fragatas classe Niterói e Greenhalgh pudessem operar também com os SH-3A/B. Os 13 Sea King operados atualmente poderiam equipar quase 8 escoltas modernizadas segundo os cálculos acima. Atualmente essas aeronaves só podem operar a partir de NAes e navios maiores como os navios anfíbios da classe Ceará e Mattoso Maia. Por outro lado, os SH-3 tem baixa disponibilidade e 6 operacionais ao mesmo tempo pode ser considerado muito.

Os SH-3 tem elevado custo manutenção, estão obsoletos e tem problemas de falta de peças reposição e idade avançada. A MB já  desativou 7 das 13 unidades. Agora a MB quer um helicóptero com capacidade dupla ASW e ASuW e capaz de levar mísseis Exocet ou equivalente.


Os Sea King só podem operar a partir do A-12 São Paulo ou nos NDD ou NDCC. O Sea King acima esta estacionado no NDD G-31 Rio de Janeiro. (G. Poggio)


A marinha argentina modernizou seus contratorpedeiros Type 42 colocando um hangar para dois helicópteros Sea King. O radar de controle de tiro traseiro do Sea Dart foi retirado. O ARA Hercules também é capaz de levar uma companhia de fuzileiros navais reforçada e 17 lanchas Zodiac com capacidade de 15 tropas cada. O navio perdeu boa parte de sua capacidade com a retirada dos armamentos e se transformou em um transporte de tropas rápido.


Um Sea King da Armada Argentina pousando no contratorpedeiro Heroina.

Como a MB nem sempre tem um NAe disponível continuamente, os Sea King ou seu substituto poderiam operar a partir das escoltas, aumentando substancialmente a capacidade destes navios na guerra anti-submarina e guerra de superfície com os AM-39 Exocet e sem ter que ser acompanhado de um navio anfíbio que teria que ser desviado de sua tarefa principal. A MB poderia até formar dois GTs sendo que um sem o A-12 São Paulo e que também estaria equipado com helicópteros médios.

Mesmo quando existe a disponibilidade de um NAe, convém que as escoltas tenham capacidade de levar helicópteros médios. A Royal Navy está configurando seus NAes da classe Invencible para levar 14 Harrier GR.9 para ataque, 4 Sea King AEW e apenas 2 Sea King HAS.6 para guerra anti-submarina. Os Sea King adicionais para guerra anti-submarino e outras missões são levados nas escoltas e navios auxiliares.

A conseqüência foi o aumento de aeronaves disponíveis para missões de ataque que é a missão principal atual dos navios britânicos. Os franceses também costumam levar seus destacamento de AS 565MA Panther para resgate em missões de "Pedro" e "Paulo" (apoio as operações aéreas) nas escoltas.

Como citado anteriormente, os Sea King são uma opção para serem equipados com um radar de vigilância aérea (AEW) e poderiam ser aproveitados mesmo que o NAe estivesse inoperante. A marinha tem capacidade de formar mais de um GT ao mesmo tempo e, dependendo da missão, nem sempre é necessário ter um GT nucleado em um NAe.

Proposta de modernização das fragatas da classe Niterói junto com o programa MODFRAG para operarem um helicóptero naval médio. O convôo reforçado deve ter pelo menos 24 metros de comprimento. O hangar deveria ser capaz de hangarar um SH-3 ou similar. Os lançadores de mísseis Albatros foram instalados acima do hangar. Os SH-3 já operaram de navios menores que as Niterói como as fragatas canadenses da classe Anápolis de 2.600t. A capacidade de operar o SH-3A/B seria um grande multiplicador de força para Guerra Anti-submarina (busca com sonar) e Anti-Superfície (ataque com o AM-39 Exocet) o que não é possível com o Lynx.


O helicóptero pesado Merlim pode operar a partir de plataformas pequenas como as Type 23 britânicas de 4.500t. O Merlin foi projetado para operar de escoltas de até 3.500 toneladas.


Os gastos para manter os SH-3 podem ser rapidamente compensados pela compra de 8 aeronaves modernas como o SH-60. A disponibilidade dos SH-3 da MB é de cerca de 30% com a frota de 13 aeronaves podendo manter 3-4 aeronaves operando. Uma frota de 8 helicópteros novos pode manter cerca de 6 aeronaves sem dificuldade.
 
    Características Técnicas

Daqui a 15 anos os Super Pumas da Marinha devem ser retirados de serviço. Neste mesmo período os SH-3 estarão atingindo o fim da sua vida útil ou serão substituídos bem antes. Poderá ser uma janela de oportunidade para padronizar as plataformas de asa rotativa de médio peso da MB.

Neste período as fragatas Niterói e Greenhalgh também estarão sendo substituídas e a capacidade de operar helicópteros de médio porte poderá ser considerada ou adquirida.

Os helicópteros médios podem realizar uma vasta gama de tarefas com uma grande variação de sensores e armamentos.

Os 7 helicópteros SH-3A possuem o sonar de profundidade variável AQS-13B capaz de dipar até 150 metros de profundidade. Os SH-3A podem lançam o AM-39 Exocet. A MB planejava modernizar seus SH-3A para uso exclusivo ASuW, com a retirada do sonar e a inclusão de FLIR, MAGE, novo radar digital, lançador de chaff e provavelmente uma metralhadora de cada lado para salvamento em combate (CSAR) como as usadas nos SH-3H. O radar LN-705 será mantido. Com a modernização será chamado AH-3.A modernização foi cancelada e a MB planeja comprar um helicóptero médio multi-emprego. Também pode levar 25 tropas equipadas.

Os 6 helicópteros SH-3B possuem o sonar AQS-13F (também chamado AQS-18) mais moderno e também usado pela US Navy nos SH-60F Oceanhawk. Este sonar atinge profundidade de até 500m com alcance bem superior ao AQS-13B. Os seis sonares custaram US$14 milhões.

Os SH-3B foram modernizados recentemente recebendo novo painel com novos equipamentos de comunicação e navegação, EHSI (digital), novo radar Doppler de 4 eixos (o antigo era de 3) facilitando a aproximação automática ASW, computador tático interligado com o Doppler e GPS. Também está equipado com o radar LN-66.

Os 7 Super Puma/Cougar usados para transporte de tropas e cargas foram modernizados recentemente para poderem permanecer em serviço por mais 15 anos. Alguns também têm capacidade de lançar o AM-39 Exocet.

Requisitos

Poucos países possuem NAes, mas praticamente todas escoltas modernas tem pelo menos um convôo para aeronaves de asa rotativa.  A maioria das aeronaves navais são helicópteros embarcados em navios de 1000 a 6 mil t. Por exemplo, as novas corvetas alemãs K-130 foram planejadas para operar apenas um UAV Seamos (cancelado), mas seu convôo pode receber um helicóptero NH-90.

Os helicópteros são parte importante do poder de um navio, sendo uma extensão dos seus sensores e sistemas de armas, operando sob comando ou de forma autônoma. Uma escolta leva poucas aeronaves e por isso eles têm que ser versáteis. Operam em alto mar, na costa e sobre a terra. 

Entre as tarefas dos helicópteros navais temos:

- Guerra anti-submarino realizando busca e ataque a submarinos de forma independente ou vetorado. Durante uma patrulha ASW, um helicóptero fica sempre de prontidão no convôo para identificar contatos detectados pelos sonares dos navios. É um meio de reação mais rápido disponível para detecção e identificação de longo alcance.

- Guerra de Superfície, realizando vigilância, esclarecimento, designação de alvos além do horizonte (OTH-T) operando de forma avançada ou a grande altitude (guiamento de meio curso de mísseis anti-navio) e ataque.

- Ataque terrestre e Apoio de fogo para tropas em terra. A aeronave também pode designar alvos para outras aeronaves ou artilharia naval.

- Transporte de tropas e carga em desembarque anfíbio. Transferência de cargas e pessoal entre navios (VERTREP ou VOD - Entrega de cargas no modo vertical). Estas capacidades podem ser usadas em operações anfíbias e operações de paz. O transporte de tropas é usado em operações de abordagem de navios suspeitos em caso de embargo marítimo.

- Alerta aéreo antecipado - AEW.

- Busca e salvamento (SAR), busca e salvamento de combate (CSAR) e guarda de aeronaves.

- Guerra Eletrônica realizando missões de vigilância, interferência e despistamento de mísseis além de retransmissão de comunicações.

- Evacuação médica (EVAM).

- Combate aéreo contra outros helicópteros e aeronaves voando lento.

- Varredura de minas/lança minas.
As novas missões de baixa intensidade adicionadas são embargo (vigilância e abordagem), contra-narcóticos e proteção de força.

Os helicópteros embarcados têm participado de combate desde a década de 60. Durante a Guerra do Vietnã eles eram usados para designar alvos de superfície para navios e aeronaves.

Nas últimas guerras os helicópteros embarcados tiveram participação ativa na forma de ataque anti-navio (Malvinas e Golfo Pérsico), anti-submarino (Malvinas), ataque terrestre (Golfo Pérsico e Kosovo) e varredura de minas (Golfo Pérsico e  Mar Vermelho).

Helicópteros embarcados no navio patrulha polar HMS Endurance transportaram forças especiais para as ilhas Georgia do Sul no conflito das Malvinas em 1982.

No conflito de Kosovo, os SH-60 da US Navy recebiam imagens da TV dos mísseis SLAM lançados de P-3C Orion ou F/A-18 e realizavam o guiamento terminal. Os alvos estavam próximos à costa.

Na Guerra das Malvinas os helicópteros britânicos foram usados para despistar mísseis ao serem equipados com casulos de interferência.

As escoltas atuais estão sendo armadas com mísseis cruise com capacidade de ataque terrestre e o helicóptero poderá ser uma fonte de aquisição de alvos próximos a costa caso exista superioridade aérea. Radares SAR, FLIR e eletro-óticos de longo alcance e ESM podem adquirir alvos e realizar reconhecimento a dezenas de quilômetros no litoral para serem atacados pelos mísseis lançados de navios e até do próprio helicóptero.

Depois de várias perdas para defesas aéreas e caças, os helicópteros também passaram a ser equipados com sistemas defensivos cada vez mais sofisticados.

Uma missão freqüente dos helicópteros navais é participar de missões de transporte e evacuação em missões de paz após ter seu equipamento especializado retirado. Por voarem em território inimigo constantemente, os equipamentos defensivos se tornaram prioridade como blindagem, alerta radar (RWR), alerta de mísseis (MAWS), chaff, flare e contramedidas infravermelhas (IRCM).

Entre os equipamentos necessários para realizar estas missões temos:

- Radar busca com capacidade de varredura de 360 graus. Os modelos atuais tem modos ar-ar e são capazes de realizar busca de alvos móveis em terra (MTI) e imagem radar (SAR)

- Sonar de profundidade variável para operações autônoma, MAD e sonobóias para operações ASW. O sonar é melhor em locais rasos. Lançadores de fumígenos também são necessários para marcar contatos. Os sonares dos helicópteros costumam ser os únicos a operar no modo ativo, para não denunciar as posições dos navios e até dar indicações falsas da trajetória futura do GT.

- Armamento externo como torpedos e bombas de profundidade, mísseis anti-navios, anti-superfície, ar-ar, foguetes e canhões/metralhadoras.

- Sensores passivos ESM/MAGE e FLIR. O FLIR pode ser necessário para navegação e localização de alvos estacionários, como navios no porto ou escondidos no litoral.

- Sistemas defensivos completo com alerta radar (RWR), de aproximação de mísseis (MAWS), de laser ( LWR), contramedidas IR ( IRCM ), contramedidas eletrônicas (CME), blindagem, chaff e flare. São necessários principalmente para operar próximo à costa ou sobre terra.

- Sistema de navegação e comunicação avançados. Um datalink pode ser usado para operar sob comando do COC do navio. Rádios de longo alcance são necessários para operar de forma autônoma e fora da linha de visada com o navio mãe.
Sea King
Os Sea King canadenses foram armados com FLIR, Flare, Chaff, RWR e metralhadoras para operar no Golfo em 2001.

ALQ-167(V)
Os helicópteros Lynx HAS Mk 3 da Royal Navy podem ser equipados com o casulo de guerra eletrônica ALQ-167(V) para distrair mísseis anti-navio. Os mísseis passam a guiar no modo "home-on-jam" indo na direção do helicóptero que faz interferência e passa debaixo da aeronave que está bem longe do navio.

Entre as características necessárias para operar sobre o mar e em navios apertados temos:
- Sistema de pouso automático e enganchado.

- Proteção contra corrosão.

- Grande resistência a choque contra o convés.

- Sistema de flutuação de emergência.

- Grande espaço interno para cargas, tropas e eletrônicos.

- Capacidade de ser reabastecido pelo navio em vôo - IFIR.

- Rotores e cauda dobráveis para diminuir tamanho.

- Guincho de carga.

- Ser bimotor é ideal para segurança em operações sobre a água.

Os helicópteros levam no mínimo um piloto e um coordenador tático (TACCO). As vezes leva um operador de Sonar que também é mergulhador e operador do guincho de salvamento.

Entre as características da plataforma necessárias para operar um helicóptero embarcados temos:

- Casco, convôos e hangar o maior possível.

- Capacidade de pouso enganchado.

- Convôo mais próximo do centro e o mais baixo possível para diminuir balanço.

- Paiol e reservatório de combustível de aviação.

Os helicópteros navais podem ser classificados pelo peso máximo de decolagem como leves, médios e pesados. Os leves pesam até 3t como o Esquilo. Os médios pesam entre 4-12 toneladas como o Lynx e SH-60. Os pesados pesam mais de 12 toneladas como o CH-53. Esta classificação não inclui os helicópteros de ataque e está relacionada diretamente com o alcance e capacidade de carga e passageiros. Operar uma aeronave maior resulta em maior área de busca ou sensores maiores e melhores ou mais armas. Uma aeronave maior também ocupa pouco mais espaço que uma aeronave menor e menos capaz. As aeronaves menores são geralmente usadas para treinamento e tarefas simples.

As aeronaves leves podem ser usadas para guerra anti-submarino levando torpedos e vetoradas pelo navio mãe. Podem ser armadas com armas leves como metralhadores e foguetes e até mísseis anti-carro. Podem ser usadas para operações especiais, evacuação médica, observação e apoio aéreo aproximado. A Guarda Costeira americana usa o Agusta A109 contra lanchas rápidas de traficantes.

O Lynx, Panther e SeaSprite são exemplo de helicópteros médios com armas e sensores mais sofisticados que os helicópteros leves. Ainda na classe dos helicópteros médios tem os que ficam no limite superior como o SH-60, Sea King e Cougar ainda mais capazes podendo levar armas maiores como o Exocet, mas tem que operar de navios maiores navios maiores. Os helicópteros pesados são geralmente usados para apoiar operações anfíbias e transporte de carga como o CH-53 e CH-47.

    Futuras Aquisições

A MB também precisará substituir os Sea King futuramente em missões de Guerra Anti-submarina (GAS), Guerra de Superfície (GSup) e talvez AEW, e complementar ou substituir futuramente os Cougar para transporte de tropas. A aeronave também poderá realizar missões de resgate e salvamento de combate (RESCO) para os AF-1 e Operações Especiais.

Os helicópteros no mercado e que entrarão em produção num futuro recente são o Cougar, NH-90, Merlin, S-92, Ka-32 e SH-60. Existem também aeronaves de segunda mão como Sea Kings de várias nacionalidades e o SH-60.

Os helicópteros de última geração são bem mais capazes. Os Sea King MF.6 britânicos realizavam missões anti-submarino de no máximo duas horas de duração e não iam a mais de 100km do navio mãe. Helicópteros modernos como o Merlin e NH-90 realizam missões de mais de 4 horas de duração e podem ir a mais de 100km do navio-mãe.

As aeronaves de asa fixa são ideais para cobrir área (ASW de longo alcance) e são mais rápidos para fugirem de possíveis ameaças. Os helicópteros geralmente operam sobre a cobertura antiaérea do navio mãe.

A US Navy está planejando retirar de serviço seus 243 SH-60B, SH-60H e HH-60 ao invés de moderniza-los pois o custo de aeronaves novas será mais baixo e não ficaria com aeronaves paradas durante a modernização. As aeronaves estarão disponíveis após 2005.

Tabela: Helicópteros embarcados peso médio:


SH-3 NH-90 Ka-32 Cougar SH-60 Merlim
Peso Máx. (t) 9,7 10,0 11,5 8,2 9,9 14,6
Peso Vazio (t) 5,3 6,4 5,5 4,2 6,1 -
Vel. cruzeiro 200km/h 245km/h 240km/h 273km/h 249km/h 280km/h
Alcance (km) 700 910 - 625 810 -
Autonomia (h) - 4h45min - - 4h -
Raio de Ação  - 320 km - 440km - -
Carga (kg) 3,692 >2.500 1.800 (militar) 4.400 - -
Potência (Shp) 2 x 1.500 2 x 1666 2 x 2.200 2x 1.775 2 x 1.662 3 x 2.100
Comprimento * 17,0 (14,4) 19,6 (13,5) 12,25 16,7  15,26 19,5 (15,7)
Largura (m) - 4,3 3,8 - 3,36 -
Altura (m) 5,13 4,1 (dob) 5,4 4,92 3,79 (dob) 5,2 (dob)

Obs. * pronto para vôo e com cauda dobrada. Comprimento em metros.


As novas versões do SH-60 podem ser consideradas o padrão ouro para helicópteros navais multifuncionais. Como uma aeronave não pode cumprir todas as missões de um helicóptero naval a US Navy usa o conceito de especialização em conjunto. Assim, o helicóptero de apoio de combate MH-60S Knighthawk (ex CH-60S) será usado para SAR, apoio logístico e VERTREP, busca e salvamento de combate (CSAR), guerra de minas orgânico e operações especiais. Ele irá substituir os CH-46D, UH-1, UH-3 e HH-60H da US Navy. Já os MH-60R Strikehawk (foto acima) será a versão multi-missão do SH-60B/F Sea Hawk. O projeto era chamado inicialmente de LAMPS MK III (Light Airborne Multi-Purpose System). Ele irá atuar em ASW, ASuW e ataque terrestre entre outras missões. Será armado com o AGM-119 Penguin (que será substituído), AGM-114 Hellfire, torpedos MK 46 e MK 50 e metralhadora 7,62mm. Na Guerra do Golfo os SH-60B usavam seu radar para guiar os Lynx da RN contra alvos navais. As lições deste conflito e outros exercícios levaram a instalação dos mísseis Hellfire e Penguim, FLIR e sistemas defensivos. Um esquadrão de 23 MH-60R e MH-60S irá equipar cada Grupo de Batalha da US Navy operando nas escoltas, NAe e navios de apoio.


A multifuncionalidade dos helicópteros navais é tão importante que nenhuma proposta de navalizar helicópteros de ataque teve sucesso até hoje. Versões navais do AH-64 Apache, A-129 Mangusta e o Rooivalk (acima) não passaram do estágio de concepção.


A proposta do A-129 naval chamado de A-129 ASV ou antinavio seria equipado com ESM e datalink. Poderia ser armado com mísseis Sea Skua ou Marte.


A Hughes e McDonnell Douglas fizeram várias tentativas de navalizar o AH-64A Apache. A primeira versão apareceu em 1984 e foi proposto para o USMC e US Navy. O USMC usaria o "Sea Apache" ou “Gray Thunder” a partir de fragatas e navios anfíbios de um ARG (Anfibious Ready Group) para proteger a força de assalto no mar e na praia substituindo os AH-1 Sea Cobra. Os ARG que operavam fora de cobertura de porta-aviões poderiam precisar de um helicóptero com capacidade de defesa aérea e ofensiva limitada. Os AV-8B Harrier II puls com radar APG-65 cumprem esta tarefa agora. Os helicópteros da US Navy iriam operar a partir de fragatas para dar proteção distante contra ameaças de superfície. O alcance seria de 228km com autonomia de 2,8 horas. Teria rotor e cauda dobráveis e seria armado com mísseis Tow, Harpoon, Penguim e Sidewinder e instalado um radar APG-65 montado no mastro principal. A aeronave faria escolta de força tarefa anfíbia, ataque anti-navio, patrulha de combate aéreo armado com seis mísseis Sidewinder, aquisição de alvos além do horizonte, suporte para forças especiais (SEALs), vigilância de longo alcance, patrulha costeira de longo alcance, escolta de helicópteros, apoio aproximado para tropas em terra, anti-carro, controle aéreo e direção de apoio de fogo naval, escolta de helicópteros de resgate. Estudos mostraram que precisada de muitas alterações. Estas idéias levaram a uma proposta mais avançada chamada de "Naval Apache" revelada em 1987. Seria uma aeronave mais modificada com sonda de reabastecimento em vôo, aviônicos sob a fuselagem e maior capacidade de combustível interno. O sensor TADS/PVNS no nariz e o canhão seriam substituídos por um radar APG-65. A base das rodas na versão original era curto para operar embarcado ficando instável em navio mar agitado e foi recolocado nas ponta das asas. O projeto foi depois ainda mais refinado com novo paiol de aniônicos e combustível. Teria raio de ação de 350 km ou autonomia de 4 horas. Usaria o sistema Bear Trap para pouso automático enganchado. A versão do USMC manteria o TADS/PNVS com radar no domo rotor e também dispararia o TOW. As armas planejadas eram o Hellfire, Stinger, Sidwinder, Sidearm, AMRAAM, Penguim, Harpoon e foguetes de 127 e 70mm. Era esperada a venda de 100 unidades. Nenhum foi comprado e o USMC escolheu o AH-1Z.


Os Esquilo da Armada Argentina são armados com radar e canhão. Uma modernização semelhante nos Esquilos da MB poderia dar uma capacidade semelhante.

 
    Lynx de ataque terrestre

A MB emprega a dupla Super Lynx/Sea Skua contra ameaças de superfície do tipo lanchas de ataque rápido lança-mísseis. A dupla foi concebida para esta missão devido a ameaça que apareceu na década de 60/70. É pouco provável que este tipo de ameaça seja encontrado no Atlântico Sul, local onde as plataformas devem ter tamanho considerável (pelo menos 2.500t) para ter boa navegabilidade. Pode ser útil em outros cenários quando o GT está próximo à costa inimiga numa missão no exterior.

A MB também está precisando de um helicóptero de ataque para apoiar os Fuzileiros Navais em missões de ataque e anti-carro.

Outra ameaça que a MB pode ter que enfrentar são pequenos barcos armados com armas leves. Na década de 80 a US Navy teve que adaptar seus helicópteros para enfrentar este tipo de ameaça que vinha do Irã e atacava os petroleiros que passavam pela região do Golfo Pérsico (ver abaixo). Helicópteros do USMC e US Army eram equipados com canhões e foguetes para enfrentar esta ameaça. A resposta foi o uso de mísseis superfíce-ar Stinger contrabandeados que foram disparados contra os helicópteros. A reação americana foi usar mísseis guiados para manter os helicópteros longe do envelope de vôo do Stinger.

Ataques terroristas como o atentado contra o USS Cole é outro exemplo de ameaças que os helicópteros terão que enfrentar no futuro.

Um armamento que pode ser usado para estas ameaças são os mísseis anti-carro. Os britânicos já testaram o conjunto Super Lynx Mk.8 da Royal Navy com o Lynx AH.7 dos Royan Marines (Fuzileiros). Os Lynx faziam vigilância de volume com o radar Sea Spray e sensor FLIR e os Lynx AH.7 atacavam os alvos com mísseis TOW. O Sea Skua não está capacitado para realizar este tipo de missão contra alvos pequenos e próximos do litoral.

Sea Lynx polyphem
O Sea Skua será substituído por um novo míssil (programa FASGM). Um dos candidatos era o míssil guiado por fibra ótica Polyphem (cancelado) como os instalados no Lynx da foto acima. O NTD Dandy (Spike-ER), também guiado por fibra ótica, é outro concorrente. 

Opção Nacional

A Avibrás está desenvolvendo um míssil com características semelhantes ao Polyphem. Será uma versão mais comprida do FOG-MPM e com asas na parte central do corpo do míssil. O alcance será de 60km contra 15km da versão atual do FOG-MPM.

Um Super Lynx armado com estes mísseis pode cobrir todas as tarefas citadas como ataque contra lanchas de ataque rápido, barcos leves e anti-carro. Outras missões que podem ser adicionadas são o combate anti-helicóptero e ataque de precisão contra alvos no solo.

O FOG-MPM permite até que um Super Lynx dispare contra um navio do porte de uma fragata, bem longe de suas defesas, e com grandes chances de atingir uma parte vital do navio como o COC, ponte, mastros de sensores, hangar e armamento. Não tem poder de fogo capaz de afundar o navio mas pode conseguir um "mission kill", deixando o navio sem capacidade de combater e se defender de outras ameaças.

Até mesmo o Esquilo poderia ter esta capacidade se armado com o FOG-MPM. O míssil é leve (33kg na versão menor) e pode ser levado em grande quantidade pelo Lynx (até 8).

Os únicos armamentos com esta capacidade atualmente é o próprio Polyphem (cancelado) e o míssil anti-carro NT-D Dandy israelense já operacional.

Para dar um exemplo da potencial dos mísseis guiados por fibra ótica na guerra naval com a experiência prática da Guerra das Malvinas. Os britânicos atacaram o aeroporto de Port Stanley com bombardeiros Vulcan, caças Harrier e Sea Harrier e bombardeiro naval das escoltas. Os britânicos perderam alguns caças nestes ataques e o contratorpedeiro HMS Glamorgan foi atingido por um MM-38 disparado da praia. O aeroporto funcionou até o fim das hostilidades.

Se um míssil guiado por fibra ótica estivesse disponível na época a frota britânica poderia atacar alvos no solo com precisão usando helicópteros e sem expor suas plataformas as defesas argentinas. Um Lynx poderia atacar a partir do mar ou usando o relevo próximo do aeroporto de Port Stanley e disparar os mísseis de uma distância segura para atingir alvos de alto valor como aeronaves estacionadas, hangares, depósitos, radares, postos de comando e defesas antiaéreas. As imagens gravadas durante os ataques serviriam como fonte de reconhecimento para ataques posteriores e avaliação dos danos.

A única ameaça seria da aviação argentina e os helicópteros poderiam estar escoltados por PAC de Sea Harrier, que também davam cobertura para o canhoneio naval das fragatas britânicas em 1982.

A MB poderia equipar seus Esquilo e Super Lynx com os mísseis da AVIBRAS e servir de vitrine para a indústria nacional no exterior. O FOG-MPM daria um aumento significativo em termos de guerra de superfície e aumentaria a capacidade de ataque que hoje esta restrita aos helicópteros armados com foguetes e metralhadoras, canhões navais e futuramente o AF-1.


Contratorpedeiro britânico HMS Glamorgan bombardeando alvos em Pebble Island em 1982. Esta missão poderia ter sido conduzida por helicópteros armados com mísseis de precisão. A Royal Navy está estudando a substituição dos mísseis Sea Skua dos seus helicópteros Lynx. Um dos candidatos é o Spike-ER guiado por fibra ótica. 

 
    Operação Prime Chance e Earnest Will

Helicópteros embarcados em navios já foram usados para atacar alvos de superfície em situações reais. O ataque terrorista contra o contratorpedeiro USS Cole é um exemplo de ameaça que vem sendo combatida há muito tempo. Os helicópteros fazem parte das defesas avançadas contra estas ameaças.

Durante a Guerra dos Petroleiro no Golfo Pérsico na década de 80, os navios que trafegavam na região eram ameaçados por pequenas lanchas armadas com armas leves do Irã. O Irã também usava minas e baterias de mísseis costeira para atacar navios. Os EUA responderam a ameaça enviando a unidade de helicópteros leves de ataque e operações especiais MH/AH-6 do 160 SOAR "Night Stalker" do US Army para a região chamada TF-160.

A operação Ernest Will foi a resposta aos ataque contra navios mercantes e terminais de óleo no Golfo Pérsico pelo Irã em 1987. Foram usados vários helicópteros. Quatro AH-1T Supercobra foram deslocados no  USS Gualdacanal. Em outubro afundaram três barcos patrulhas que disparam contra helicópteros das forças especiais do US Army nesse mesmo mês chegaram mais seis AH-1W no USS Okinawa. Um foi derrubado em abril de 1988. As aeronaves voavam diariamente cobrindo as rotas dos petroleiros.

Ainda em 1988, durante a operação Prime Chance, uma unidade de helicópteros OH-58D foi usada no lugar dos MH/AH-6 a bordo de fragatas da US Navy para proteger o navios mercantes de ataques de lanchas rápidas do Irã. As aeronaves eram de um esquadrão de helicópteros de operações especiais do US Army, o 160 SOAR, e também operavam com os SEAL da marinha americana.

Estes helicópteros foram equipados com sistemas de supressão de som para manobrar a noite próximos as plataformas de petróleo abandonadas no Golfo. Estas plataformas eram usadas como base iranianas para as operações de ataque. Eles podiam levar atiradores Sniper com silenciadores que atingiam alvos individuais quando eles andavam pela plataforma.

Os OH-58D realizavam de vôos a baixa altitude a noite por longos períodos. Para isso foram equipados com um mastro com FLIR acima do rotor e óculos de visão noturna. Foi a primeira operação de combate para neutralizar inimigos com uso de NVG e FLIR junto com os MH/AH-6 . Estas operações  diminuíram os ataque e o processo de minagem.


Os OH-58D também chegaram a ser equipados com o míssil Hellfire e chegaram a atacar baterias de mísseis antinavio Silkworm na costa durante a operação Prime Chance.


Plataforma petrolífera iraniana abandonada pegando fogo apos ser atingida por mísseis TOW disparado de AH-1W durante a operação Praying Mantis.

Durante a operação Praying Mantis em 18 abril 1988 foram usados para abordagem de plataformas de petróleo. Os HH-60 Night Stalkers participaram dos desembarques e também foram usados para vigilância e busca e salvamento - SAR. Os helicópteros partiam de balsas no Golfo. 

Atualizado em 06 de Dezembro de 2005


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