Navio de Apoio de Frota

Os navios de apoio de frota estão entre os menos glamorosos, mas são os mais úteis tipos de unidades navais. A importância vem aumentado nas marinhas atuais, além do aumento do tamanho.

O deslocamento de Grupos Tarefas a longas distâncias está virando a regra ao invés de exceções até em marinhas regionais. A Alemanha era um defensor do Mar Báltico e agora está presente com frequência no Mediterrâneo e no "chifre" da África. O Japão era considerada uma marinha de perna curta e agora opera no Golfo Pérsico onde reabastece navios de outros países.

Os navios escolta atuais estão crescendo de tamanho, com as fragatas de 6 mil toneladas gastando bem mais combustível que as fragatas de 3 mil toneladas que substituíram.

Outro fator para aumentar o tamanho dos navios de apoio são os espaços requeridos para os novos tipos de missões navais. Antes os navios de apoio eram petroleiros e nada mais. Ainda é o papel principal, mas novas capacidades estão sendo adicionadas. Nas operações de longo alcance os navios de apoio agora tem que suprir não apenas combustível, mas também meios consumíveis como munição, comida (congelada, refrigerada e seca), água potável, peças de reposição e cargas.

Os NAes e navios anfíbios precisam de apoio especial pois gastam muito combustível de aviação e cargas sendo indispensáveis para realizar operações de longo prazo. As operações de Apoio Aéreo Aproximado apoiando tropas em terra consomem muito mais combustível e munições que as operações de Controle de Área Marítima.

Os navios de ressuprimento começam a dar apoio técnico e logístico a tropas combatentes no mar e em terra, tendo que levar peças de reposição, ferramentas especiais, oficinas e técnicos. A assistência médica também pode ser adicionada devido ao grande espaço comparado com as fragatas.

O resultado final é um grande volume incluindo cargas especiais como munições e refrigeradores. A carga seca (tudo menos combustível e água) também precisa de atenção especial. Os elevadores e guindastes devem ter atenção no projeto.

O resultado final do grande tamanho pode ter um bom efeito na efetividade e custo-eficiência do navio. A grande carga significa um grande tempo na estação e pouca necessidade de ir para o porto para encher os tanques vazios. As estações de transferência de cargas (RAS - Replenishment at Sea), com seus rigs especiais, resulta na capacidade de suprir vários serviços ao mesmo tempo. Idealmente podem servir dois navios ao mesmo tempo com um em cada lado, mais linhas em cada lado também diminui o tempo da operação. O reabastecimento pela popa é feita apenas em mar muito agitado.

Outra nova capacidade é levar cargas pesadas em containers de 20 ou 40 pés. O espaço no convés e guindastes de grande capacidade são usados na operação. Os containers podem ser usados para deslocar instalações modulares como hospital, centro de comando, oficina de manutenção, estrutura de porto e outros. O espaço também pode ser usado para levar botes e embarcações de desembarque.

As instalações de helicópteros incluem convoo e um grande hangar para manutenção e reabastecimento. As aeronaves seriam usadas para VERTREP (VERtical REPlenishment), geralmente levando munição ou pessoal, podendo ajudar a diminuir o tempo do ressuprimento funcionando como linha adicionais além dos rigs. O VERTREP permite mover pessoal e carga para outro navio sem ter que emparelhar os navios.

Um navio de reabastecimento pode operar um grande número de helicópteros, podendo ser usado para apoiar operações aéreas da frota. Na Guerra Fria alguns navios de suprimentos ou apoio da Royal Navy eram usados para reabastecer helicópteros com armas e combustível durante as operações anti-submarinas aumentando a capacidade das escoltas.

O grande espaço interno também permite atuarem como navios de comando com acomodação para pessoal adicional, sistemas de comunicações, e estações com arquitetura modular. Três de quatro navios da classe Durance francesa são classificados como BCR (Bâtiments de Commandemente et de Ravitaliement) ou Navio de Comando e Reabastecimento. O Etna italiano foi classificado com o papel de Comandante de Componente Marítimo de uma Força de Reação da OTAN com capacidade C4I completo e 80 leitos adicionais para um Estado Maior. A China e Índia também exploram esta capacidade nos seus novos navios de apoio.

Programa T-AKE

Com o aumento do tamanho a velocidade máxima se torna um problema. Como regra, aumentar a velocidade de 18 para 22 nós necessita dobrar a potência. O resultado é limitar a velocidade dos navios de apoio a 18-20 nós e até menos. A velocidade de 15-16 nós são comuns em navios de apoio convertidos de navios comerciais.

Como exceções são os três Towada japonês com capacidade de atingir 23 nós e dois Mashu com velocidade de 24 nós, e quatro Supply americanos com 30 nós. Os Supply de 49 mil toneladas usam quatro turbinas a gás com 100 mil HP de potência. O navio gasta muito combustível, mas podme manter um Grupo Tarefa com porta-aviões com combustível, munição, cargas e comida.

Mesmo a US Navy passou a considerar uma grande velocidade como luxuria cancelando o projeto T-AOE(X) em 2005. O projeto  T-AOE(X) seria quatro navios com capacidade de atingir 26 nós e 55 mil toneladas de deslocamento entrando em serviço em 2014. A função será realizada agora por uma combinação de navios tipo T-AO já operando e o novo T-AKE. Serão comprados 10 T-AKE com 42 mil toneladas deslocamento e velocidade de 20 nós com capacidade de transferir carga tipo munição, comida, combustível limitado, peças de reposição, carga e consumíveis no mar. Podem levar dois helicópteros MH-60 para VERTREP e levar 6.700 toneladas carga seca, 3.200 toneladas de combustível e 200 toneladas de água. O T-AO tem capacidade de levar 24 mil toneladas de combustível.

O programa MARS (Military Afloat Reach and Sustainability) britânico é um dos maiores programas do tipo atualmente. O MARS cobre três tarefas principais para apoiar os navios da Royal Navy nas tarefas de projeção de força e permitir operações conjuntas. Os navios devem ter capacidade de suprir consumíveis como combustível, munição, carga, comida e água aos navios; apoiar e sustentar uma força expedicionária terrestre; e fornecer manutenção a aviação avançada para helicópteros.

O projeto está orçado em 3,8 bilhões de Euros podendo chegar a 11 navios incluindo seis navios tanques de frota entre 2011 a 2015, seguido de três navios logístico (tipo Sea Base) para apoio de forças em terra, incluindo operações aéreas, entre 2016 a 2020, dois navios apoio carga sólida entre 2017 a 2020 e um navio tanque de frota com apoio de aviação em 2021 para apoiar a operação dos CVF. Os navios de carga irão apoiar os novos NAes do projeto CVF devendo operar seis helicópteros Merlin. Os navios logísticos podem ter um grande convoo, rampas laterais e doca traseira para transferir carga, podendo até ser um projeto tipo LPH/LHD.

Joint Support Ships

A necessidade de apoiar a logística da frota, além do transporte de carga e apoiar unidade em terra, levou ao conceito de navios apoio combinando estas três capacidades em uma plataforma única. Esta abordagem permite até que uma pequena marinha aumente sua capacidade operacional podendo operar com forças expedicionárias.

O Canadá tem dois problemas substituindo seus dois navios logísticos e ao mesmo tempo ter capacidade de transporte de carga, apoio a uma força expedicionária, manutenção de aviação, apoio médico e Comando & Controle. O conceito iniciou com o programa ALSC (Afloat Logistic and Sealift Capability) e se tornou o JSS (Joint Support Ship). O programa prevê a compra de três navios entregues entre 2012 a 2016. O JSS terá 200 metros de comprimento e desloca 28 mil toneladas, sendo capaz de levar 8 mil toneladas de combustível, 500 toneladas de combustível de aviação, 230 toneladas água e 300 toneladas de munição. Terá uma área de 1.500 m2 veículos e 1 mil m2 para 120 container de 20 pés, e rampa traseira grande e lateral para veículos. O arranjo da área permite usar módulos para oficinas, acomodação, hospital etc. O navio terá duas estações de RAS estações e grande capacidade de operação de helicópteros (quatro no hangar e quatro no convoo). As acomodações incluem a capacidade de levar 210 tropas e hospital com 60 leitos. O próximo passo seria comprar um navio anfíbio para 800 tropas. O navio foi projetado desde o inicio para operações conjuntas podendo cada um apoiar uma Força Tarefa e forças em terra. O projeto JSS foi cancelado e deve ser seguido de outro menos ambicioso.

O conceito do JSS canadense foi seguido pela Holanda com um requerimento similar. O JSS holandês substituirá dois navios de apoio e deve entrar em serviço em 2012.

A Polônia precisa de quatro navios de apoio estratégico que deverão ter 10 mil toneladas, mas com capacidade de carga, operar helicópteros e reabastecimento, além de acomodação de tropas e hospital.

A Itália opera dois navios de apoio classe Etna que serão substituídos em 2012 a 2017 com pelo Logistic Suppor Ships (LSS). A Fincantieri propõe um navio de18 mil toneladas derivado de da plataforma LHD que está sendo adquirida.

A Índia selecionou a Fincantieri para construir um navio tanque de 27 mil toneladas e velocidade de 20 nós. O navio terá capacidade de levar 12 mil toneladas de combustível, 2.300 de AVCAT, 2 mil toneladas de água, mil toneladas de óleo lubrificante, 200 toneladas de munição, 150 toneladas de provisões e 20 toneladas de carga. O convés tem espaço para levar 80 containers e instalações para um Sea King. A China acelera o crescimento de suas forças navios e já introduziu dois navios classe Fuchi de 23 mil toneladas.

A Austrália estudou a operação de um navio tipo JSS, mas abandonou o projeto que virou o projeto 2048 para uma plataforma JSS. A França estuda um substituto dos quatro Durance entre 2012 a 2020 e pode entrar no programa MARS britânico. A Coréia do Sul planeja operar navios de apoio adicionais. A Noruega estuda aumentar suas forças navais e precisa um navio de apoio. África do Sul planeja substituir o navio de apoio Drakensberg em 2016 com um Combat Support Ship.

A Alemanha está satisfeita como o desempenho de dois navios Type-702 classe Berlin com capacidade de levar 8.300 toneladas de combustível, 550 toneladas de água, 280 toneladas de comida, 160 toneladas de munição e 100 toneladas outra cargas secas para apoiar os navios de uma Força Tarefa. O objetivo é aumentar a autonomia de uma Força Tarefa de 21 para 45 dias. O navio pode levar um hospital em container, tem acomodações para 500 tropas e pode levar 32 container TEU. O hangar e convoo podem operar com dois Sea King. Os dois navios custaram US$ 300 milhões cada. Um terceiro deve ser entregue em 2012. A Alemanha está interessada em dois navios tipo JSS.


A TKMS alemã está apresentando o conceito MEKO-MESHD (Multi-Role Expeditionary Support Helicopter Dock) ou Barco Dique multimissão com helicópteros. Os navios apoio divididos em auxiliares para reabastecimento; navios anfíbios, e navios aeródromos. O MESHD tem objetivo de unir estas capacidades em uma plataforma só. Modularidade já permite mudar função de um navio de apoio para reabastecimento para transporte de tropas. As partes não modulares são a doca, convoo, plataformas de cargas, rampas, guindastes e sistemas de reabastecimento. Na função de apoio logístico pode levar três helicópteros, 6.440 toneladas de combustível, 320 toneladas de suprimentos e 250 toneladas de munição. Como LHD pode levar 750 tropas, dois LCM-6 e dois LCM-8, 14 helicópteros médios como o NH-90, e 220 veículos.


A Espanha está construindo o Buque de Aprovisionamiento de Combate (BAC) Cantabria de 19 mil toneladas com capacidade de levar 20 container TEU e convoo para helicópteros do porte do CH-47. Poderá transportar três helicópteros AB212 ou dois pesados (NH-90/SH-3D) para realizar VERTREP. Terá instalação hospitalar completa com uma capacidade de dez leitos. Poderá realizar missões de apoio logístico móvel, apoio a forças expedicionárias, transporte de carga e ajuda humanitária.

A Suécia já operou a longa distancia com suas corvetas em 2006 no Líbano contra a guerrilha do Hezbola. Primeiro enviaram o HMS Gavle e depois o HMS Sundsvall em 2007. Duas corvetas apoiados pelo navio de apoio HMS Trosso serão levados em 2009 de navio até a costa da Somália para apoiar as operações anti-pirataria. Para apoiar estas missões foi iniciado o programa L10 para construção de um navio de apoio. Está planejado a compra de dois navios, mas talvez só seja adquirido um. O novo navio terá capacidade de reabastecer outros navios, fazer reparos e manutenção, e tarefas logísticas para apoiar as corvetas Visby. Talvez tenha capacidade de levar uma companhia de infantaria junto com seu equipamento e material, e capacidade de C2 e apoio médico. Terá capacidade de apoio a helicópteros para dar capacidade de vigilância e transporte além do horizonte. O conceito lembra o navio da classe Canterbury da Nova Zelândia. Os substitutos das corvetas atuais também terão capacidade de operar a longo prazo e longa distancia pondo estar mais para um navio patrulha oceânico para operações de baixa intensidade que para a capacidade de alta intensidade das Visby.


Imagem interna de um conceito inicial do JSS canadense de 2004. As funções múltiplas do navio estão vem visíveis.

Apoio Logístico Móvel na MB

 A logística das operações navais próximas ao litoral é relativamente simples por usar portos e bases em terra. Já as operações em alto mar e no exterior dependem de navios de apoio e bases externas.

Atualmente A MB conta com dois navios tanques usados para reabastecimento e um navio de transporte, o Ary Parreira, usado para transporte, navio hospital, transporte de carga e tropas que já está no fim da vida útil e será substituído pelo NDCC Almirante Sabóia.

A MB estudou a compra de um ou dois Navios de Reabastecimento em compra de oportunidade e existe planos para a construção de um NaTrAp (Navio Transporte de Apoio) que pode ser um substituto dos navios tanques. A MB também planejou a construção de um novo navio tanque para substituir o Navio Tanque Marajó com a construção iniciando em 2010. O navio teria quatro estações de transferência de combustível e uma de carga seca, hangar e convoo e enfermaria.

O projeto passou para a construção de um Navio de Apoio Logístico (NApLo) com funções do Navio Tanque e transporta e transferência de cargas sólidas (peças de reposição, munições, alimentos, cargas frigoríficas), e água potável. Outras capacidades são a de fornecer apoio técnico e reparos de outros navios e aeronaves. O objetivo final é apoiar um GT por longo tempo a longa distância atuando como base móvel.


Em 2007 a MB tinha a intenção de obter um ou dois Navios Tanque de Esquadra em uma compra de oportunidade. A MB também tem planos de construir um Navio Tanque a partir de 2010 com maior capacidade de transferência de combustível, em função de ter dois conjuntos de estais de transferência de líquidos, convés a vante (castelo de proa) preparado para estiva permanente de containeres, bem como um generoso convôo. O navio substituiria o Navio Tanque Marajó que se aproxima do final de sua vida útil.

Sendo basicamente uma marinha de mar contíguo (Contiguous Sea Navies), capaz de operar a alguma distância de seu litoral, possuindo poucas unidades com capacidade oceânica, com novos navios de reabastecimento apoiando unidades de combate mais capazes a MB poderia passar a ser classificada com uma marinha oceânica verdadeira (Ocean-Going Navies) capaz de montar operações de grade porte em águas distantes do território. Sem esta capacidade ficaria limitada a necessidade de reabastecer em portos ou bases o que pode não ser garantido no exterior. Nas operações litorâneas não prescinde de navios de apoio.  Com poucos navios de apoio um Grupo Tarefa teria limitações de navios a serem apoiados assim como a duração da missão.

Um navio tipo JSS seria eficiente em apoiar um GT a longa distancia, operações humanitárias, operações de paz, baixa intensidade. Teria limitação para apoiar operações anfíbias sem apoio de navios dedicados. O tamanho das novas escoltas já indica que devem ter um tamanho maior que os atuais.

Os projetos de navios de apoio recentes mostram que a MB pode conseguir muito mais do que espera dos seus futuros navios de abastecimento. As novas capacidades que podem ser pensadas para as missões de baixa intensidade no exterior são:

- Reabastecimento no Mar

- Apoio a operações de guerra de minas

- Apoio logístico de tropas em terra (água, comida e suprimentos)

- Transporte de tropas, veículos e outros equipamentos

- Plataforma de helicóptero

- Centro hospitalar de primeira linha

- Comando & Controle limitado de forças conjuntas.

- Garantia da Lei e a Ordem e anti-terror

- Transporte de equipamentos e suprimentos em ajuda humanitária

 

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