Armas Navais Primárias

Os navios são projetados para engajar o inimigo em combate, apesar disso raramente ocorrer nos tempos recentes, mas operaram intensamente em áreas de conflito como a Coréia, Vietnã, Malvinas e Golfo e em operações de paz e outras missões de baixa intensidade. Como resultado o armamento deve variar desde armas sofisticadas contra todos os tipos de ameaça a meios mais simples contra ameaças locais.

Cenários simétricos são poucos improváveis, mas são contra essas ameaças que as marinha treinam seja submarinos, navios ou aeronaves. As ameaças submarinas são mais dispersas. No litoral os submarinos diesel-elétricos e navios rápidos. Barcos suicidas podem se esconder em outras embarcações civis sendo difíceis de conter até com meios mais simples.

A maioria dos gastos e espaço são determinados por itens caros, mas as operações reais atuais são mais contra ameaças assimétricas sendo o armamento tradicional usado em tarefas e situações diferentes.

As áreas navais principais de guerra antiaérea, guerra anti-submarina e guerra de superfície passaram a dar lugar a missões de gerenciamento de paz, operações apoio de paz, guerra limitada e até guerra ao terrorismo que pode incluir assaltos anfíbios, ataque naval e interdição marítima. Navios projetados para guerra anti-submarina, como as Type 23 nas águas geladas Atlântico Norte, agora operam em águas quentes para interdição marítima, NSFS, proteção aproximada contra ameaças de superfície, sozinhos ou como parte de uma Força Tarefa multinacional.

Os novos navios costumam ser mais bem armados que os já em serviço sem se questionar se a nova capacidade é necessária. Os mísseis anti-navio, antiaéreos ou canhões médios seriam reduzidos frente as ameaças tradicionais a conter, mas a importância vem é aumentado. Alguns navios tem até 16 mísseis anti-navio quanto anos atrás seriam quatro a oito. Exemplo é a classe Flexible Support Ship dinamarquês e Flexible Patrol Frigate, cada um com 16 Harpoon Block II, Project-15 e Project-16 indianos com 16 KH-35E Uran e Project-15A e Project-16 com 16 PJ-10 Brahmos, da Índia. China com Type 052B, Type 051B e Type 052 com 16 C-803 ou C-801, Coréia KDX-3 com 16 Harpoon, e a corveta argelina Nanuchka com 16 KH-35E.

Os mísseis anti-navio atuais estão cada vez mais baratos e até menores como no caso dos chineses e russos. Ttem papel duplo atacando alvos no mar e agora também em terra. As defesas modernas bem mais capazes e precisam ser disparados em salvas para fazer o trabalho.

Por outro lado, os DDG-51 da US Navy não estão equipados com nenhum míssil Harpoon assim como a Type 45 britânica apesar de poderem ser instalados. São vários motivos para isso como postergar custos para o futuro, outras plataformas no Grupo Tarefa já tem a capacidade (ou até no navio como os Penguim lançados de helicópteros); ou aeronaves táticas disponíveis. A US Navy também estuda instalar o Harpoon no lançador MK41 podendo ser instalado conforme a missão. A defesa aérea teve a mesma abordagem com mísseis levados conforme a ameaça além do alcance dos mesmos.

A consequência da falta de ameaças em alto mar foi focar as frotas contra ameaça litorâneas. O foco no litoral mudou para as ameaças assimétricas onde se tornam mais frequentes. As ameaça assimétricas podem ser bem exemplificadas por um caminhão disparando um míssil anti-navio em 2006 contra uma corveta israelense com sucesso e mostrou ser tão perigoso quanto uma lancha rápida armada com mísseis sendo até mais fácil de esconder e não pode ser afundado. As minas, barcos suicidas e até simples baterias costeiras pode disparar armas baratas contra navios sofisticados.

A consequência é a necessidade de um sistema de defesa aproximado melhorado, incluindo um conjunto de sensores para discriminar as ameaças de espectadores inocentes, além de sistemas defensivos "soft kill" e "hard kill" com tempo de reação bem curto. Os sistemas de controle danos e medidas de sobrevivência também se tornam importantes. As perdas se tornam importantes politicamente mesmo em operações de paz ou baixa intensidade.

Um míssil anti-navio se torna inútil ou super dimensionado contra ameaças na forma de uma pequena embarcação pirata que pode até estar fora do alcance mínimo. A tarefa passou para os sistemas de defesa antimíssil aproximado como os CIWS e até mísseis de curto alcance como o RAM Block 1 apesar do último ter custo proibitivo, mas mostram ser flexíveis contra novas ameaças e baixo custo.

Em missões de interdição os canhões automáticos oferecem proteção para equipes de abordagem e podem danificar navios sem afundar. Os canhões de médio calibre podem ser usados para tiro de alerta a longa distância ou quando os mísseis anti-navio se tornam caros.

Os sensores de TV e FLIR se tornam características importantes para identificação visual e com desempenho a curta distância melhor que radares especificamente contra pequenas embarcações.

O engajamento contra navios no litoral e até em portos levou a uma nova série de mísseis. Os sensores de imagem infravermelha se tornaram uma opção ao radar. Combinado com GPS/INS permite atacar alvos em terra. Os sistemas de planejamento de missão avançados criam condições para explorar características do litoral ao invés de ser uma desvantagem podendo atacar de várias direções. As variantes de mísseis atuais têm esta capacidade se transformando em armas multitarefa.

Em 1971 a Índia usou lanchas rápidas armadas com o míssil P15 Styx para atacar navios e tanques de combustível no porto de Karachi. Na guerra do Yon Kippur as lanchas rápidas israelenses fizeram o mesmo em Latakia com mísseis Gabriel. Agora os mísseis equipados com guiamento por GPS/INS podem atacar alvos até mais dentro da costa.

Os Mísseis cruise como o Tomahawk e SCALP Naval dão capacidade de ataque em profundidade. Seu uso está mais relacionado com decisão política que custos e sem risco para um piloto de caça que poderia ser derrubado durante a missão.

Os canhões de médio calibre podem ser usados contra navios e bombardeiro costeiro. As missões de NSFS (Naval Surface Fire Support) se tornaram missões chave pois em um desembarque as tropas ficam sem artilharia orgânica nas fases iniciais e depois são ainda escassas. As munições guiadas de longo alcance podem ser usadas se os mísseis terão efeito desproporcional ou indesejáveis. O canhão tem razão de tiro sustentável (22 TPM no Mk45 Mod4 de 127mm da BAe ou 35 TPM no Oto Melara 127mm) a uma fração do custo de um míssil.

Quanto a munição guiada disponíveis para canhão são a ERGM americana, recentemente cancelada, e a Vulcano da Oto Melara. A primeira versão disponível era a Vulcano ER com alcance de 70km não guiada com espoleta multifuncional pronta em 2009 seguida do Vulcano LR de longo alcance com alcance de 110kmg e guiada por GPS/IMU. A versão com sensor terminal IR para ataque anti-navio estará disponível em 2012. A Vulcano LR com GPS/IMU e laser semi-ativo para NSFS estará disponível em 2013. A carga é de 100kg de explosivos por minuto por uma hora comparado a um míssil tradicional com capacidade de 200 kg em um disparo.

Calibres menores de 76mm e 57mm são meios flexíveis contra ameaças de superfície e até em terra como feito por Israel no Líbano.

Próximo a costa a defesa aérea se torna crítica, não no alcance, mas no tempo de reação. As ameaças de aeronaves e mísseis têm que ser combatidas rapidamente. Os mísseis supersônicos da Rússia, Índia e China indicam a dificuldade para cumprir a tarefa.

A defesa mais efetiva pode ser passiva na forma de "soft kill" como ECM e decoy, mas sem "hard kill" eficaz não se entra na zona de combate. Existem quatro classes de armas disponíveis, chamadas de abordagem "belt & suspender". O primeiro é a defesa aérea altamente manobrável de área como os mísseis ESSM e Aster 15 que podem engajar mísseis a longa distância. A US Navy usa o ESSM até substituindo o Phalanx. A segunda é a defesa aérea de curtíssimo alcance como o RAM e Barak Mk1 mais dedicados, podendo engajar também aeronaves. O RAM foi exportando com sucesso mesmo com custo relativamente alto. A maioria das marinhas usa sistemas CIWS também úteis contra ameaças de superfície. O uso é considerado duvidoso contra ameaças manobráveis. A última categoria seria os projéteis guiados com o David-Strales do canhão OTO Melara de 76 mm com desempenho de míssil a um custo mais baixo.

Os mísseis de longo alcance são usados também para proteger a frota e até a área de operação em terra. O SM-6 ERAM e Áster-30 podem criar uma guarda-chuva protetor a grande distância. Nos dois casos é usado guiamento terminal ativo o que diminui a probabilidade de saturação. Cobrindo a área de operação até em terra irá forçar caças inimigos a voar baixo ficando expostos as defesas locais e dificulta o uso das próprias armas. O Sea Dart mostrou esta capacidade nas Malvinas forçando os caças argentinos a voarem bem baixo, dificultando a pontaria e diminuindo seu alcance.

A tarefa mais atual é defesa contra mísseis balístico. Costuma ser uma evolução de capacidade de mísseis já disponíveis com adaptação de sistemas de armas. O sistema AEGIS mostrou ter capacidade de atacar satélite no espaço recentemente.

Meios não letais estão iniciando suas operações embarcadas. Um sistema muito usado é o LRAD (Long Range Acoustic Device) que é basicamente um megafone direcional para afastar embarcações leves que se aproximam causando dor devido ao som muito intenso de 150 decibéis. O sistema também é capaz de transmitir instruções vocais a 300 metros. No Iraque o LRAD é usado com o Phraselator, traduzindo ordens, para evitar colisões em áreas com muito tráfego com alcance de até 1km.

As escoltas atuais da MB estão equipadas com o canhão Mk8 de 114 mm e canhões automáticos de 40 mm. O Mk8 dispara projétil de 21 kg a 22 km a 25tpm. O modelo Mod1 permite disparar a munição High Effect/Extended-Range a 27 km além de uma nova cúpula furtiva. Mudar para um calibre maior como o OTO Melara 127 mm para poder usar munição guiada Vulcano pode ser uma boa melhoria na capacidade. As torres de 40 mm ainda são efetivas contra ameaças no ar e de superfície. Mísseis como o Aster15/30 ou ESSM deve ser escolhido para defesa aérea. Uma opção nacional seria uma versão naval do A-Darter para defesa aproximada. O projeto MAN-1 certamente será o míssil anti-navio que equipará todas as novas escoltas. Espera-se que tenha capacidade de atacar alvos também em terra.

NSFS – Naval Surface Fire Support

A política atual requer que os alvos sejam designados com cuidado e com pouco dano colateral. As operações de bombardeiro de área em geral já não são mais possíveis, com risco de críticas publicas.

Os canhões nos navios têm o mesmo problema dos canhões nos caças, sempre são considerados em vias de extinção, mas sempre se mostram necessários. Nas Malvinas tiveram que bombardear, com as Type 22 recebendo um canhão nos lotes posteriores. Na guerra das Malvinas em 1982, a fragata britânica HMS Arrow usou seu canhão Mk8 de 114 mm Mk8 para disparar 135 projéteis explosivos e 22 granadas iluminativas para apoiar o assalto em Goose Green na noite de 28 a 29 de maio. A ameaça das aeronaves argentinas forçou a operação só noturna e o único canhão deu pane na hora crítica por duas horas. O conflito do Vietnã e Golfo voltaram couraçados. Os canhões ainda são armas secundarias com os mísseis sendo armas principais. Com os novos papeis no litoral os canhões voltaram a ter uma função importante. Ainda podem ser a primeira onda artilharia antes de assalto anfíbio.

As missões de NSFS tem tarefas especificas como

- Operações de incursão como forças de operações especiais.

- Operações anfíbias de larga escala, antes da artilharia ser estabelecida na praia

- Retirada anfíbia após a artilharia terrestre desengajar antes do reembarque

- Apoio a artilharia em terra

- A ataques punitivos


Uma fragata australiana atacando alvos na costa do Iraque durante a invasão de 2003.

Os fatores mais importantes no NSFS são o volume de fogo e o alcance. O alcance é mais importante para evitar ficar próximo a costa e das ameaças.

O duelo de artilharia entre navios e fortalezas costeira foram constantes nas batalhas navais por séculos. Geralmente eram conduzidas por couraçados e cruzados que faziam a tarefa até o Poder Aéreo os tornar obsoletos na Segunda Guerra Mundial.

Na guerra da Coréia e Vietnã alguns couraçados foram colocados em serviço e se aproximaram da praia para atacar com seus canhões. O USS New Jersey foi comissionado entre setembro de 1968 a março de 1968 para atuar no Vietnã onde disparou quase seis mil toneladas de armas sendo 3.600 projéteis de 406 mm e 11 mil de 127mm contra alvos a até 23 milhas da costa. Durante a operação Linebaker em 1972 a US Navy usou 38 contratorpedeiros e três cruzadores para bombardear a costa do Vietnã do Sul e Vietnã do Norte. Eram disparados até 7 mil tiros por dia. O USS New Jersey foi novamente recomissionado para apoiar as operações no Líbano em 1983-1984 e o USS Wisconsing e USS Missouri aturaram contra o Iraque em 1991. O USMC ainda gostaria de ter um ou dois recomissionados mesmo que seja altamente improvável. Difícil é replicar esta capacidade com os atuais navios.

Em junho 2007 um DDG51 disparou mais de 10 tiros contra uma posição da Al Qaeda na Somália. Com um alcance máximo de 24 km pode não ser tão útil assim.

Embora qualquer operação anfíbia de ataque frontal necessite de apoio as tropas com foto sustentado e de precisão, os navios atuais não tem armas adequadas para a missão. Mesmo uma bateria artilharia padrão, em uma plataforma auto-propulsada apoiada por um radar de direção de tiro e de contra-bateria, podem reagir com grande eficiência e ainda permanecer sobre proteção da blindagem de estilhados e mudar de posição rapidamente para escapar do fogo dos navios ou aviação. Um bom exemplo é a defesa costeira russa baseada no sistema A-222 Bereg de 130 mm.

As marinhas modernas são compostas por um pequeno número de navios sofisticados otimizados para operar em águas azuis. Os comandantes podem relutar em arriscar seus navios em águas perigosas próximo a praia para apenas bombardear alvos terrestres. A mudança dos cenários estratégicos vem mudando esta percepção. A ênfase na guerra litorânea inclui missões em praias pouco amigáveis e uma das missões será dar apoio de fogo naval as operações em terra.

Além dos ataques frontais anfíbios as missões mais comuns serão apoiar missões de paz em terra com apoio feito a partir do mar. O apoio logístico destas missões costuma ser pequeno, até por motivos políticos. Artilharia em terra seria um item retirado da lista durante as operações tendo que se apoiar em artilharia vindo dos navios. O apoio cerrado por aviação seria mais comum, mas a presença continua ou disponibilidade não pode ser garantida a não ser de bases em terra em paises vizinhos.

Novas soluções estão sendo desenvolvidas para os novos problemas em termos de armas, munições, sistemas controle de tiro, planejamento missão e outros.

O USMC observa os projetos americanos e ainda prefere um par de couraçados para a missão. É pouco provável que isso ocorra devido custo operação ou necessidade de tripulantes. Soluções atuais são mais baseadas em tecnologia para substituir a força bruta das táticas de supressão de área do NSFS como feito pelos couraçados e cruzadores, com engajamento de precisa contra área de pontos designados por vários meios de RISTA. É o mesmo processo em desenvolvimento para a artilharia campanha, mas no caso naval vai mais adiante.

A retirada dos couraçados levou aos estudos na década de 70 de um canhão de 203 mm chamado Mk71, mas foi cancelado. 20 anos depois foi iniciado um programa para um canhão com alcance de 76 km com potencial para tingir 115km e CEP de 20 a 50 metros. O desempenho incluía proteção as tropas e conter artilharia inimiga. O alcance de 41nm seria do navio a 25nm da praia e o mais alvo a até 16nm. O alcance de 63nm seria para conter fogo de artilharia inimiga a 22nm das tropas amigas. No futuro planejavam um alcance de 180 km.

O estudo levou a escolha do calibre de 155 mm com 62 calibres para o projeto DD(X) chamado AGS (Advanced Gun System). O AGS seria capaz de disparar 12 tiros por minuto. A munição inicial seria a mesma do US Army com alcance de 22nm e peso de 54kg. A versão de maior alcance LRLAP (Long Range Land Attack Projectile) tem como objetivo atingir 100 milhas.

O resultado do projeto LRLAP foi um projétil de 188 kg e 2,45m de comprimento. O DD(X) levaria 750 tiros chegando a um peso total de 290 tons incluindo 95 toneladas do canhão AGS. O DD(X) levaria dois canhões AGS, mas seria incompatível com navios menores sendo necessário um deslocamento mínimo de 15 mil toneladas do navio. O AGS usa tecnologia dos projetos obuseiro auto-propulsado Crusader SP de 155mm e do canhão naval Mk45 Mod 4.

Era esperado testes com o AGS em 2009 a 2010 e produção em 2011 com entrada em serviço no DD(X) em 2012. Um único DD(X) com dois AGS tem o mesmo poder de fogo de uma bateria de seis canhões de 155 mm com maior alcance, precisão e letalidade sem ter que mover para terra junto com veículos munição e tripulação. Os planos do programa DD(X) em 2007 eram para a construção de 24 navios seguido do programa CG(X) para defesa aérea com lançadores VLS no lugar dos canhões.


O AGS teve o paiol diminuído para 300 tiros prontos com carregador automático, dos originais 460 tiros, e ROF de 10 TPM. A forma externa é furtiva. O disparo é mais suave que o ERGM e por isso deve ter menos problemas. Os testes reais devem iniciar em 2009.


O LRAP é um projétil de 188 kg e 2,45m de comprimento.

O objetivo chave do AGS é a capacidade MRSI (Multiple Rouds, Simultaneos Impact). Os dois canhões disparam 12 projéteis que chegam quase simultaneamente ao alvo. O efeito equivale um batalhão de artilharia de campanha com 18 canhões de 155 mm. Na prática uma bateria move e duas preparam ou disparam. Já com o AGS o navio dispara e se move ao mesmo tempo junto com a capacidade MRSI.

O lado ruim é capacidade de 1.200 a 1.500 tiros reduzida a 600 tiros totais, ou 300 tiros para cada canhão, para diminuir o tamanho do DD(X). Mesmo assim são 30 minutos de fogo continuo. O navio pode receber mais munição em paletes levados de helicópteros e manter fogo continuo. A maioria dos navios leva de 400 a 600 tiros por canhão. A US Navy leva 600 tiros de 127 mm para seus canhões Mk45 nos navios atuais. Sendo automáticos permitem substituir vários anteriores modelos manuais anteriores. Comparado com o AGS parece que a capacidade vai diminuir.

Os paises europeus estão adotando o calibre de 155mm, mas adaptando de canhões de artilharia de 155mm/52 calibres já em serviço em terra padronizando também a munição. O número de navios a receber também seria limitado e por isso não justifica um projeto novo.

A primeira proposta Européia foi o Future Naval Artillery (FNA) em 1995 como um projeto conjunto da VSEL, GIAT e DCN. Depois a BAe britânica e a RO Defence estudaram a adaptação do canhão de 155mm do obuseiro AS90 Braveheart com magazine automático no programa TMF (Third generation Maritime Fire support). A proposta é similar ao GIAT AUF2 com torreta de 34 tons e ROF de 10 TPM. O canhão pode disparar a munição guiada por GPS/INS Pelican com CEP de 10 metros. A versão LR te alcance 60 km e três submunições Bonus com apoio de foguetes. A versão VLR teria alcance de 85 km com quatro submunições Bonus. O projeto do canhão e do Pelican foram cancelados.

Outra opção seria i canhão Mk8 de 114 mm adaptado para o calibre 155 mm para usar nas Type 45. No fim de 2007 a Royal Navy contratou a BAe Systems para realizar um estudo para integrar um canhão de 155mm nas suas escoltas atuais e futuras. O objetivo é avaliar o uso de munições de longo alcance e de vários tipos. Um dos objetivos é substituir o canhão de 114 mm da torreta Mk8 Mod 1 com o canhão de 155mm do obuseiro AS90.

A MKW alemã propôs a torreta do obuseiro PzH2000 para equipar a fragata F1245 em dezembro de 2002. O projeto foi renomeado MONARC (Modular Naval Artillery Concept) podendo ser instalado em navios menores e com baixo risco. A Alemanha acabou escolhendo o Oto Melara de 127 mm LW em 2007 percebendo que a integração do MONARC seria mais complicada que o esperado.

O calibre 127 mm é muito mais frequente nos navios atuais. Melhoria na munição seria o próximo passo. A US Navy já iniciou o uso do Mk45 Mod4 com calibre 62 nos DDG-51 e está modernizando unidades antigas. Os Ticonderoga também serão modernizados no programa CCP. Serão 22 cruzadores e os 32 DDG51 modernizados com o novo canhão.

O Mk45 Mod4 podem disparar a munição EX171 Extended Range Guided Munition (ERGM) da Raytehon com o novo canhão com energia de 18 MJ ao invés de 10MJ para disparar o projétil de 54,4kg ao invés de 32 kg com ROF de 10 a 20 TPM. 

O alcance da ERGM é de 115 km. A ogiva inicial com 72 M-80 submunições é liberada de 250 a 400 m de altitude, mas foi modificado com bomba unitária com sensor HOB Heigh of Burst. O CEP é de 20 metros a 53nm comparado a 330 metros a 17nm original. As novas capacidade, além do maior alcance e precisão, inclui disparo off boresight, Multiple-Round Simultaneous-Impact (MRSI), com cerca de 1,5 segundos de diferença na chegada das munições, e a ataque quase vertical. A desvantagem é o grande desgaste do tubo com a nova munição.

Os testes da ERGM iniciaram em 2005, mas com atrasos podendo ser entregue em 2011. A alternativa é ATK para BTERM-II Ballistic Trajectory Extended Range Munition 2 conceito para foguete assistido,  mas também guiado por GPS. A BTERM deveria ser mais leve, simples e barato que EX-171 e não precisa cano modernizado. Os dois tiveram problemas de desenvolvimento. A US Navy planejava a compra de oito mil projéteis ERGM.

O projétil ERGM tem quatro barbatanas traseiras similar a Deadeye, com motor foguete. Os canards se abrem três segundos após o disparo. O GPS começa a receber dados entre 5 a 33 segundos após iniciar o voo e o motor inicia a ignição 6 segundos após o disparo e queima por 15 segundos.

Na operação Iraq Freedom a US Navy testou em ação o sistema C2 NSFS (Naval Surface Fire Support) automatizando o C2. Com o novo sistema puderam atacar alvos adquiridos rapidamente em 2 minutos e meio. A nova capacidade incluía poder disparar a ERGM nos corredores de uso da aviação. A US Navy também estuda novas munições convencionais como submunição e maior alcance com o uso do novo cano.

O Oto Melara 127mm/64 Lightweight com torreta furtiva e novo cano de 64 calibres tem capacidade de disparar a nova munição guiada Vulcano desenvolvida em conjunto com a Holanda. A Vulcano é uma munição de subcalibre com guiamento por GPS/INS e alcance de 120km e CEP 20m. O alcance é o mesmo da ERGM, mas menos letal por se menor. A munição irá equipar as fragatas FREMM italianas e os De Zeven Province holandeses. A versão IR é usada para atacar alvos navais e a de guiamento a laser semi-ativo é usada para maior precisão. O alcance da versão não guiada chega a 70 km com CEP de 250 m contra alvos de área como uma companhia blindada ou instalação logística. A quantidade de explosivos sobre o alvo pode chegar a 300kg por minuto em salvas de 10 segundos.

A Alemanha pode ser o terceiro comprador do Vulcano ao escolher o canhão Oto Melara 127/64 para F125 no lugar do Monarc e GMLRS. A Alemanha comprou cinco canhões Oto Melara 127 LW por US$ 93 milhões em 2007. Um ficará em terra para treino e os outros irão equipar quatro navios.


A Vulcano é uma munição subcalibre.

Os foguetes é outra boa opção para a missão de NSFS. Na Segunda Guerra Mundial e Vietnã a US Navy uso embarcações LST para lançar foguetes (modelo LSMR). Os navios disparavam salvos de foguetes de 5 polegadas. Os navios anfíbios russos são equipados com lançadores de 140mm e 122mm. A Marinha francesa considera os lança-foguetes o melhor meio para NSFS mas não tem sistemas para equipar seus navios. A salva é considerada devastadora, mas não tão preciso quanto o canhão e nem muito boa para fogo constante.

O MLRS seria um bom candidato disparando foguetes de 227 mm com cabeça de guerra unitário com guiamento por GPS a 70km ou até mísseis ATACMS a 300km. A US Navy estudou o N-TACMS lançado do VLS Mk41 e submarinos. O programa passou para o LASM também cancelado que teria o dobro do alcance do AGS + LRAP e maior carga com a mesma precisão, aproveitando a capacidade do VLS sem a necessidade e complexidade do AGS. Mas o AGS teria maior reserva de munição para ação persistente.

Os raids anfíbios também precisam de NSFS, as vezes de navios menores para suplementar a artilharia sem ter que usar um complexo sistema logístico. As missões de operações especiais e fluviais também têm este requerimento. As tropas em praias e costas recortadas como arquipélagos, fiords e deltas de rios, não podem ser apoiados por artilharia e precisam de navios para o apoio. No Vietnã usaram LCU blindados para apoiar. Usaram obuseiros, morteiros, lança-granadas, metralhadora e lança-chamas se expondo a armas similares.

A Dockstavarvet sueca e a Patria finlandesa desenvolveram o morteiro AMOS para instalar na lancha Combat Boat 90H. Foi testado em 2003 com sucesso. A torreta pesa 5 a 7 toneladas com ROF de 12 a 24 TPM com alcance de 10km. O LCS poderá ter uma versão do NLOS-LS com mísseis subsônicos guiados por datalink.


Em 2008 Israel usou o míssil Spike e a torreta Tyhpoon para atacar alvos na costa da Faixa de Gaza. Os mísseis Spike são relativamente caros e pouco potentes para a missão. Um canhão naval maior também poderia realizar a missão. Com granada guiada seria mais letal.


Land Attack

As mudanças estratégicas após o fim da Guerra Fria, com o ataque longo alcance de precisão virou prioridade. Cerca de 75% da população mundial vive a até 500km do mar, e cerca de 80% da capacidade industrial está a até 200km da costa. A região litorânea é a área onde a projeção de poder está aumentando. Se mover nos oceanos é ideal para lançar ataques contra alvo em terra.

A capacidade de vagar pelos oceanos mundiais livremente torna os navios de guerra plataformas ideais para atacar alvos em terra, mesmo que estejam bem dentro do continente. A combinação de aeronaves, mísseis e canhões podem dar a flexibilidade para estas operações.

A maioria dos conflitos atuais envolve a atuação como parte de uma coalizão multinacional como o Operação Iraq Freedom, Allied Force e Desert Storm. Foram operações contra paises de difícil acesso por terra e diminuiu possíveis contribuições das forças navais que poderiam ser na forma de missões de Apoio de Fogo Naval e ataque em profundidade (Deep Strike).

As missões de NSFS podem ser realizadas por mísseis de curto alcance ou canhões e enquanto as missões de deep attack podem ser realizadas com mísseis. Os países com NAe podem ser um componente importante em todo espectro de operações.

As operações devem ser integradas com as ações em terra, a natureza dos alvos e o modo de missão muda constantemente. Em 1991 os iraquianos moviam seus lançadores Scud constantemente e não podiam ser atacado com mísseis cruise. As aeronaves embarcadas no Golfo Pérsico levavam quase 2 horas para atingir as áreas de operações dos lançadores móveis dos mísseis Scud dificultando o planejamento das ações.

As operações levaram ao conceito de "time-critical"' e "time-sensitive" targets (TCT e TST). Nos estágios iniciais da operação Enduring Freedom, 80% dos ataques da US Navy foram contra alvos TCT. A munição guiada aumentou de uso desde a guerra do Golfo e na Enduring Freedom, 93% armas da US Navy disparadas foram armas guiada e 80% dos alvos eram desconhecidos pela aeronave durante a decolagem.

Os mísseis de ataque terrestre são divididos em três categorias. O primeiro são os mísseis cruise de longo alcance para atacar alvos estratégicos bem dentro do continente com os mísseis Tomahawk. O segundo tipo é o LASM, já cancelado, para dar fogo de precisão apoiando forças expedicionárias. O terceiro tipo são mísseis anti-navios modificados como o Harpoon Block II podendo atacar alvos no mar e em terra.

Em 1998 a US Navy decidiu converter seus mísseis Standard Missile SM-2 Block II/III para o padrão SM-4 Land Attack Standard Missile (LASM). O LASM teria alcance de 26 a 278 km com CEP de 8 metros e oito minutos de voo no alcance máximo. Seria uma alternativa de baixo custo para complementar os Tomahawk e preencheria também o espaço entre as munições ERGM de curto alcance o TLAM e JSOW.

A US Navy planejava modernizar 800 mísseis Standard para o padrão SM-4 por US$400 mil cada entrando em serviço em 2004. O alcance do LASM seria de 200 km, mas o projeto foi cancelado em 2002. O LASM seria um míssil provisório sendo seguido de um sistema dedicado no projeto Advanced Land Attack Missile (ALAM) para equipar os novos contratorpedeiros do projeto DD(X). O ALAM teria alcance de até 300nm. Um dos candidatos foi o Naval Land Attack Missile (NLAM) baseado no míssil Tactical Missile System (ATACMS) do US Army. O ALAM também foi cancelado e poderia ser seguido do Future Land-Attack Missile (FLAM) que não passou do estágio de conceito.

O Tomahawk Land Attack Missile (TLAM) Block III foi usado na operação Deliberate Force em 1995 e na Desert Strike em 1996. O Block III foi equipado com guiamento por GPS e DSMAC melhorado com alcance de 1.600km. A Royal Navy comprou 42 mísseis para equipar seus submarinos nucleares.

O Tactical Tomahawk (TacTom) ,ou Tomahawk Block IV, é a versão mais atual com novas melhorias. O Block IV é bem mais barato custando US$569 mil em 1999 sendo esperado a compra de 1.353 pela US Navy. Usa um turbojato mais barato que o turbofan original e tem datalink por satélite UHF para mudar de alvo em vôo, pode ficar em espera por 2-3 horas esperando alvo ou transmitir uma imagem do sensor DSMAC ou logo antes do impacto. Em 1991 levavam três dias para planejar uma missão de um míssil Tomahawk. Em 1999 o tempo diminuiu para 101 minutos e na Enduring Freedom foram 19 minutos.

A França tentou comprar o TLAM em 1999 mas foi recusado o que levou ao projeto SCALP Naval. O SCALP é baseado no SCALP-EG (Systeme de Croisiere Autonome a Longue Portee-Emploi General)/Storm Shadow disparado de aeronaves táticas. O novo míssil foi planejado para equipar as novas corvetas FREEM AVT, com capacidade de planejamento missão, mas todas serão armadas com o Scalp e para o projeto Barracuda Sous-Marin d'Attaque Futur (SMAF). O Scalp Naval pesa 1.200 a 1.300kg, com alcance de 500 km na versão lançada de navio ou 400km na disparada de submarino. O guiamento final é por sensor IR e a cabeça de guerra terá entre 400 a 500 kg. O CEP é de 1m com sensor IR. A França deve comprar até 250 mísseis da versão naval entrando em serviço em 2011.

A necessidade de mísseis anti-navio está diminuindo, mas estão aumentando a capacidade para inclui a capacidade de ataque terrestre. Os mísseis Exocet estão sendo equipados com GPS para atacar alvos em terra e o Harpoon recebeu esta capacidade no modelo Block II. O RBS15 Mk3 sueco vem recebendo esta capacidade desde 1997 com o sistema de guiamento já sendo usado para navegar entre os arquipélagos. 

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