Plataformas de Projeção de Poder e Assalto Anfíbio

A importância da guerra Anfíbia voltou após o fim da Guerra Fria cobrindo mais o espectro de baixa intensidade como missões de paz, apoio a crise e conflitos. Os navios anfíbios passaram também a missões de interdição marítima, guerra de minas e apoio as operações especiais. Nas missões de paz os Grupos Tarefas não precisam de uma grande força de escoltas, mas devem ter a capacidade de cobrir um grande espectro de missões. O Tsunami no oceano Indico mostrou a importância dos LPD, levando pessoal especializado, equipamento, hospital, ajuda humanitária, helicópteros e C2 para apoiar ação em terra.

A capacidade de levar tropas está sendo incluída em todos os projetos atuais. Até países pequenos estão buscando uma capacidade proporcional como a ilha de Malta que incluiu no seu requerimento de um novo Navio Patrulha Oceânico (OPV) a capacidade de levar cinco veículos Land Rover ou 30 tropas.

A guerra anfíbia estava entre os fatores de vitória mais importantes na Segunda Guerra Mundial, Coréia e Malvinas. Tropas e equipamentos foram transferidos para praia, diretamente no campo de batalha, mudando o resultado do conflito. Nos cenários atuais uma entrada forçada semelhante é considerada impossível diante das baixas resultantes. Nenhum governo atual sobreviveria a perdas bem menores. Isso explica a ausência de assalto anfíbio em 1991 no Golfo. As defesas costeiras se tornaram mais poderosas e os navios anfíbios ficaram bem mais caros e menos numerosos, mas também maiores mais capazes.

O uso das Linhas de Comunicações Marítimas se tornou o principal meio para transferir grande quantidade de equipamento a longa distância mesmo em cenários de baixa intensidade ou missões de paz. As plataformas anfíbias ainda são a solução em termos de mobilidade, custo, viabilidade e sem dependência de outros países.

No momento de entregar o material podem aparecem outros problemas como falta de acesso a águas profundas, falta de cais e outras infra-estruturas, ou que podem estar danificadas ou sabotadas. Novamente as plataformas anfíbias se tornam a solução para estes problemas mesmo na ausência de grandes operações anfíbias.

As avançadas plataformas anfíbias atuais são bem diferentes dos tradicionais navios anfíbios. A primeira diferença notada são os métodos de entrega de tropas e equipamentos. As lentas embarcações anfíbias fora substituídas pelos assaltos além do horizonte com helicópteros, hovercraft ou lanchas rápida. As plataformas anfíbias tradicionais ainda são construídas, mas com grandes instalações de aviação na popa ou para levar embarcações rápidas.

A aviação orgânica não apenas transporta tropas e equipamentos, mas também fazem outras operações ofensivas como Apoio Cerrado, interdição campo de batalha, reconhecimento armado, escolta de helicópteros de assalto e patrulha de combate aéreo limitada.

Em incursões anfíbias e golpes de mão, que não precisam de muito apoio logístico, os helicópteros geralmente são os meios mais importantes, capazes de mover pequenas unidades rapidamente sobre obstáculos naturais e defesas inimigas. As tropas são desembarcadas exatamente onde são necessárias, ao invés da praia e longe do objetivo. Estas manobras rápidas são o centro de várias tarefas, desde evacuação de não combatentes, operações especiais, ou preparação forçada de tropas chegando.

Embora os meios aéreos sejam leves, seus meios de apoio são pesados e precisam de muito espaço sendo responsáveis pelas grandes dimensões dos navios anfíbios atuais. Os navios anfíbios levam poder aéreo, de caças e helicópteros e até drones nos menores, tropas, veículos terrestres, veículos de desembarque, podem ser usados como hospital e centro de comando, de preferência com todas as capacidades ao mesmo tempo. O requerimento geralmente é o mesmo, mas a configuração e tamanho que muda. Sabendo a quantidade de tropas, aeronaves e embarcações de desembarque é possível determinar o tamanho. Espaço extra pode ser adicionado para Comando & Controle se for previsto esta missão. Instalações médicas podem ser adicionadas em containers internos.

A capacidade de lançar embarcações anfíbias também é responsável pelo grande tamanho. Os navios anfíbios devem permitir que o movimento de carga e veículos entre os conveses até a doca alagada ou convés de voo o que consome muito espaço e ficando menos efetivo que um navio de carga civil. Os países da OTAN projetam suas docas dos navios anfíbios conforme o tamanho do LCAC. O país pode não operar mas pode levar em operações conjuntas.

Os espaços das tropas embarcadas são diferentes. São necessárias dormitórios, mas também infra-estrutura, instalações e caminhos para o movimento rápido das tropas equipadas dentro do navio.

Os navios anfíbios podem ser equipados com instalações de Comando & Controle, e/ou hospitais, para operar em outras funções. Em muitos casos um navio anfíbio atua como navio de comando, com a presença de um Estado Maior. Graças ao maior espaço e novas instalações, podem ser usadas em outras tarefas como apoio a guerra de minas, base flutuante para operações de interceptação marítima, apoiando navios segurança em áreas distância, atuando operações de segurança apoiando navios de patrulha, operações humanitárias e outras.

O papel de ajuda humanitária e auxilio a desastres se tornou importante. Os navios anfíbios são os navios críticos com capacidades criticas capazes de levar grande quantidade de suprimentos e material de engenharia ou resgate sem necessitar de instalações portuárias. As instalações médicas e acomodações tem papel vital assim como a atuação como centro de coordenação de resgate.

Estas considerações, junto com  a progressiva conversão das marinhas ocidentais para papéis de projeção de poder, tornam os navios anfíbios mais desejáveis mesmo sem a intenção de planejar e executar operações anfíbias tradicionais.

Programas Atuais

O número de operadores de navios anfíbios vem crescendo. Novas potências locais estão construindo novos navios para ter novas capacidades incluindo a capacidade de projeção de poder local, atuando também como centro de uma Força Tarefa. A capacidade de participar em operações de apoio a paz também está mudando o formato das marinhas sem experiência em operações anfíbias ou expedicionárias.

A US Navy investe muito em guerra anfíbia devido a necessidade de operar doze ESG (Expeditionary Strike Groups), substituindo tradicionais os ARG (Amphibious Ready Group). O ESG atua com um navio com capacidade de aviação (LHA ou LHD), um LPD e um LSD, apoiados por um cruzador, um contratorpedeiro, uma fragata, uma submarino de ataque e outros navios apoio. O tamanho das forças de navios anfíbias diminuíram mas com o aumento de tamanho dos navios. O ARG tem terá de desembarcar uma MEU formado por um batalhão de infantaria e seus meios de apoio. No inicio o ARG era formado por um LPH, um LPD, um LSD e dois LST ou cinco navios. Na Royal Navy os Amphibious Groups também estão equipados com um LPH e dois LPD que serão substituídos por dois LHD.

Os oito LSD Whidbey Island e quatro Harpers Ferry foram comissionando na década de 90. Levam quatro LCAC ou três LCU ou 21 LCM ou menos na Classe Harpers com maior capacidade de carga.

O novo LPD San Antonio está substituindo os equivalentes mais velhos com cinco já em operação. O LPD 17 foi projetado para operar o MV-22 Osprey com um no hangar e quatro no convôo. Possuir capacidade defensiva respeitável com 64 mísseis ESSM em lançadores verticais Mk41 VLS. Também foi primeiro navio anfíbio projetado com capacidade furtiva por ser o navio anfíbio que opera mais avançado nas fases iniciais de um desembarque. 


O LPD-17 tem formas furtivas para ajudar na defesa.

As atuais classes de LHA serão descomissionadas até 2015. Os novos LHA-6 terão propulsão toda elétrica com quatro turbinas LM-2500 substituindo as caldeiras a vapor e não terá doca alagável na popa, mas com maior capacidade no hangar e transporte de combustível. O componente aéreo deve ser 12 MV-22, quatro CH-53E, sete AH-1Z Cobra ou UH-1Y Huey, e seis a oito F-35B. Também terão capacidade de operar o VTUAV RQ-8B Fire Scout. Terão capacidade de atuar como navio de controle de área marítima com 20 F-35B e seis MH-60. Não terão rampa Ski Jump para aumentar a capacidade de operar helicópteros e não interferir com a supremacia dos NAes convencionais da US Navy.

O navio de projeção estratégica espanhol (Buque de Proyectión Estratégica BPE), Juan Calos I, tem várias novidades. A primeira é o deslocamento de 24.700 toneladas carregado. Está equipado com uma rampa ski jump para operar o Harrier e futuramente o F-35B. O navio irá complementar o Principe Asturias devendo ser comissionado junho de 2008. Terá propulsão CODAGE com uma turbina LM2500, dois geradores diesel e dois propulsores em casulo. A velocidade máxima será de 21 nós.

O convôo tem 202x32m com seis pontos de helicópteros e dois elevadores podendo operar até quatro CH-47 e pode operar com o V-22. O hangar com 3 mil m2 de área pode levar até 12 aeronaves e a garagem adjacente pode operar com aeronaves adicionais. Pode levar no máximo 30 helicópteros incluindo até 10 CH-47. O hangar também pode levar veículos leves mudando a configuração. A carga pode ser de 30 carros de combate Leopard 2 ou 144 container TEU. A doca é capaz de levar quatro LCM-1E e é compatível com o hovercraft LCAC. Se não levar LCU pode levar 16 carros de combate. As acomodações são para 1.443 tripulantes sendo 243 da tripulação do navio, 172 da aviação, 103 do comando; 23 das embarcações de desembarque e 902 para tropas.

Devido a grande suite de comunicações, e comando e acomodações o BPE é capaz de atuar como Maritime Compoente Commander MCC; Commander Joint Task Force CJTF, ou Commander Amphibious Task Force CATF. As instalações médicas são respeitáveis, com elevadores dedicados ligando até doca e convôo e hangar até o hospital. O grupo anfíbio espanhol será composto também de dois LPD classe Galicia e um LST Newport.

A expansão da capacidade anfíbia francesa iniciou na década de 90 com a comissão de dois LPD da classe Foudre e em 2006 com o inicio da comissão de dois LHD Mistral (BPC - Bâtiments de Projection et Commandement) ou navios de projeção e comando.

Os dois BPC tem deslocamento de 21.300 toneladas com propulsão elétrica com dois casulos. O navio pode girar 180 graus parado ou manter posição dinâmica ativamente. A autonomia é de 45 dias.

O convoo pode operar seis helicópteros NH-90 ou Tiger simultaneamente. Até 16 aeronaves pode ser levadas no hangar de 1.800m2 com dois elevadores de 13 toneladas. A garagem de 2.650m2 em dois conveses com rampas para movimentação entre as garages e a doca. O acesso também leva a rampas ou rampa traseira na doca. A doca de 60 metros pode levar quatro LCM ou dois LCACL. O convoo pode operar helicópteros pesados da classe do CH-53.

A garagem e o hangar podem trocar cargas. Geralmente leva oito helicópteros e 60 veículos, ou nenhum helicóptero e 230 veículos. Pode acomodar 450 tropas (meio regimento mecanizado) além do Estado Maior reforçado de 200 homens e a tripulação de 167. As acomodações são boas com quatro tropas por cabina com banheiro próprio. O sistema de Comando & Controle inclui uma área de 850m2 com 150 mesas de PC modulares. O hospital de 750 m2 com 69 leitos sendo 19 em UTI com possibilidade de instalar 50 leitos em um hospital modular no hangar. A capacidade de transporte de tropas é relativamente pequena, mas a França considera suficiente para a maioria das missões. Em operações de curta duração as acomodações podem aumentar para 700 como no caso de evacuação de civis.

O custo do Mistral é de 650 milhões de Euros para os dois navios. Um terceiro foi comprado em 2009. O custo de US$ 600 milhões irá baixar par US$ 500 milhões na terceira e quarta unidade que usarão padrão de construção civil ao invés da militar. O BPC também é oferecido em vários tamanhos como o BCP 140 de 14 mil tons, PBP 160 de 16 mil tons e BPC 250 de 25 mil tons.

A Marinha Australiana iniciou a expansão de sua força anfíbia e transporte marítimo com a compra de dois LHD HMAS Camberra e HMAS Adelaide que serão comissionados em 2012 e 2014 seguido de um navio de transporte estratégico.

No projeto do novo LHD concorreram a empresa CDNS-ADI com uma variante do BPC Mistral e a Navantia-Tenix com um derivado do BPE que foi o vencedor. A Austrália já tinha escolhido a fragata F-100 espanhola para ser seu novo navio de defesa aérea com três navios. O requerimento do novo LHD era levar 1.200 tropas e um grupo de apoio de 800 tripulantes por 45 dias no mar e 10 dias em terra. Os dois navios deveriam lançar um força de assalto vertical de 200 tropas com o NH-90. As cabines do Mistral seria substituída por outra capaz de levar 6-8 tropas para poder preencher os requisitos de espaço para tropas. O BPE espanhol foi encolhido mais devido a capacidade de levar uma grande quantidade tropas e pela presença da rampa ski jump para o caso seleção do F-35B.


O novo LPH australiano será baseado no BPC espanhol.

A Marinha da Coréia do Sul ambiciona a operação de três ou quatro navios assalto anfíbio e comando para formar três grupos tarefas que incluiria dois KDX-II AEGIS e cinco fragatas KDX-I/KDX-II. Os novos navios são chamados de LPH ou LH, mas devido a presença de uma doca seriam LHD ou LPD. O primeiro navio foi comissionado em 2007 e o segundo planejado para 2010. Com 18 mil tons podem operar 10 CH-60, 700 tropas, 35 blindados, dois LCAC, 70 MBG ou 200 caminhões (sem levar helicópteros).

O navio tem capacidade de levar aeronaves STOVL, com capacidade de instalar uma rampa ski jump modular (não instalada). A presença do canhão CIWS Goalkeeper no meio da proa parece uma decisão política mostrando que não tem esta capacidade, mas o convôo recebeu uma cobertura resistente calor para operar o Harrier ou F-35B. Os novos navios podem atuar como navios de controle de área marítima com helicópteros com sistemas de C2 dedicado. O projeto está sendo considerado pela Malásia para aumentar a capacidade anfíbia e de projeção de poder.

O LPD da classe Type 071 é o novo navio assalto anfíbio chinês com entrada em serviço em 2008. O deslocamento é estimado em 17 mil tons com 210m de comprimento e 27 metros de boca. A doca se estende por 2/3 do navio podendo levar quatro hovercraft, mais duas portas e rampas laterais. O convoo e hangar são grandes podendo levar helicópteros Z-8 (copia do Super Frelon). A defesa aérea inclui um canhão de 76mm e quatro AK-630.

Nos últimos 10 anos a China comissionou 15 LST da classe Yuting, 10 LSM da classe Yushu e 10 LCU da classe Yubei. Estimasse que serão adquiridos mais seis Type 071 para dar capacidade de desembarque anfíbio além do horizonte. A China também iniciou a construção do LHD Type 081 com um grande convés de voo incluindo capacidade ASW para apoiar um grupo tarefa sendo o primeiro passo para um NAe verdadeiro.

O LPD Rotterdam holandês foi o primeiro da classe Enforcer para um navio de transporte anfíbio. Foram construídos dois navios para Espanha e fabricado localmente pela Navantia. O LPD Johan de Witt tem capacidade adicional de Comando & Controle. Foi selecionado para formar a classe Bay LSD(A) para a Royal Navy com quatro navios subsistindo a classe SIR. Portugal comprou um navio similar para o programa NAVPOL (Navio Polivalente Logístico).

A família Enfocer vai de 8 mil a 22 mil tons em 20 versões de LPD a LHD, com opção de vários tipos propulsão devido ao conceito modular. O operador pode escolher varias opções de doca, garagem, hangar, convoo, acomodação e propulsão.

A Itália já opera três pequenos LPD da classe San Giorgio, reforçados para melhorar a capacidade de levar helicópteros com um maior convoo. O quarto LPD continuou como um projeto de 18 a 20 mil tons com doca com maior capacidade que navios já em operação. Um estudo indica que terá 175m de comprimento com 30m de boca e capacidade para 600 tropas e 120 tripulantes e cerca 130 acomodações adicionais para o componente médico e aéreo. A doca poderá receber quatro LCM, mas não o LCAC. O requerimento atual é de mais três LHD substituindo a classe San Giorgio com o  primeiro devendo entrar em operação em 2012 e os outros com intervalos de três anos. A capacidade de operações aéreas deve permitir operar simultaneamente com oito helicópteros sendo dois de transporte e dois de ataque/escolta. O hangar deve ter capacidade para cinco helicópteros, 1.200 m2 de espaço para carga e veículos, centro médico para 50 leitos e instalações de C2 para atuar como centro de comando anfíbio. O novo LHD deve operar mais próximo a costa, contra ameaças geralmente assimétricas, ainda considera ainda considera ameaças convencionais como aeronaves, e navios de superfície e submarinos. A capacidade defesa será otimizada contra "fast boats" e UAV e terá medidas ativas e passivas contra torpedos e minas. A Itália ainda planeja construir mais três ou quatro navios anfíbios de cerca de 14 mil tons para substituir os três LPD da classe San Giorgio.

O novo LHD Cavour foi projetado como LPD, mas inicialmente era um LHD, e virou um "STOVL carrier" de 27.500 tons com acomodação para 325 fuzileiros (450 em curto período), hangar reconfigurável como garagem, capacidade de Comando & Controle para um Estado Maior de 140 homens (225 por curto tempo), e centro hospitalar melhorado. O navio não tem doca mas tem capacidade ro-ro para blindados levados diretos no porto. A Itália escolheu um hangar fechado enquanto a Royal Navy usa um projeto de hangar aberto. Ao redor tem outras áreas como depósitos para aumentar a proteção. A defesa antiaérea é feita com mísseis Aster-15 e dois canhões de 76mm.

O mercado de navios anfíbios está  crescendo, mas outros paises tem programas menos ambiciosos. Os navios anfíbios multi-missão estão em alta demanda com várias marinhas modernizando suas capacidades. Cerca de 5 a 10 novas marinhas são candidatas a operar estes navios como a África do Sul, Canadá, Turquia, Malásia, Argélia.

A Polônia quer quatro navios de apoio estratégico de cerca de 10 mil tons, capaz de levar 500 tropas, 20 veículos e até seis helicópteros. O Canadá testou um LSD americano em 2006, mas ainda não se decidiu. A Turquia está estudando a compra de um LPD ou LHD para melhorar suas forças anfíbias. A Indonésia comprou um LPD de 11 mil tons da classe Tanjung Dalpele que foi comprado como sendo um navio hospital, mas é operado com o navio carga, apoio para pequenas embarcações e também patrulha. A Indonésia tem planos para compra de mais quatro navios da classe sendo um com capacidade de Comando & Controle.

A Grécia comprou um LST da Classe Jason de 4.400 tons com o desembarque sendo feito direto na praia. A Coréia sul planeja a construção de três LST de 4.500 toneladas iniciando em 2013. A Índia um LST de 5.700 tons da classe Magar derivado do Sir Lancelot. A Rússia está construindo um substituto dos LST da classe Alligator  com o project 11711E Ivan Gren de 5 a 6 mil tons com formas furtiva.

A Argélia estuda a aquisição do LPD San Giorgio Mk-IV de 11 mil tons com capacidade de levar 350 tropas, seis posições de helicópteros podendo levar toda tropa em duas viagens, espaço para 24 carros de combate, ou 80 blindados ou 100 caminhões, ou um mix.

O novo JSS da holanda é baseado na família Enforcer e fará tudo isso com seus 26 mil toneladas de deslocamento devendo ficar pronto em 2014. O navio terá capacidade de apoiar navios no mar, fazer transporte estratégico, e atuar como base naval em operações de apoio a crise apoio. O JSS atuará com os dois LPD já em operação. 

A Nova Zelândia está adquirindo um navio MRV (Multi-Role Vessel) para o projeto Protector. Foram comprados dois navios da Tennix com 8.700 tons de deslocamento. O objetivo é apoiar missões de paz, ajuda humanitária e apoio a desastres. Como transporte militar poderá levar 250 tropas. O navio teve a denominação de classe Canterbury. A acomodação total é de 360 homens, sendo 53 tripulantes e 10 do componente aéreo.

O Flexible Support Ship (FSS) da Dinamarca desloca 6.200 tons sendo um navio equivalente ao MRV sendo denominado Navio Comando e Apoio (classe Absalon). Com 900 m2 de espaço pode levar containers para adicionar capacidade de C2 ou hospital, veículos ou até 300 minas lançadas pela popa. A flexibilidade extra pode ser feita com cinco módulos Stanflex podendo ser equipados com mísseis como o Harpoon ou ESSM. A capacidade de ataque terrestre está prevista com a instalação de um canhão Mk45 Mod 4 com projéteis guiados ERGM.  

As novas fragatas multi-função dinamarquesas classe Ivar Huitfeldt foram projetadas para apoiar a força de reação rápida a OTAN. Os três navios irão substituir as corvetas Niels Juel. O navio usa o mesmo casco da Absalon e a propulsão, mas com quatro motores podendo atingir 28 knots. O navio tem capacidade para guerra antiaérea, anti-submarina, de superfície, guerra de minas e pode apoiar operações em terra. O armamento inclui 32 VLS para mísseis Standard e 16 Sea-Sparrow. A capacidade de apoiar operações em terra inclui levar 200 tropas, dois helicópteros e quatro veículos de desembarque. Um canhão de médio calibre com munição guiada (ERGM ou Vulcano) estava previsto no requerimento inicial.


O
Flexible Support Ship não tem doca alagável mas tem rampas para deixar a sua carga de veículos direto no porto.

Embarcações de Desembarque

Os Fuzileiros britânicos fizeram um assalto anfíbio na península de Al Faw em 2003 mostrando que as operações anfíbias ainda são viáveis. A operação mostrou que a próxima geração de "conectores" precisa ser revista além dos atuais LCU e LCM. A Royal Navy irá substituir com o programa T-Craft e PACSCAT.

Os LCU são um tipo de embarcação difícil de melhorar sem iniciar o projeto desde o inicio. São lentos, fundo chato e não muito inteligentes, mas são confiáveis e fazem um bom trabalho. Com motores mais potentes não é possível aumentar muito velocidade devido ao fundo chato, nem as capacidades marinheiras, e o consumo de combustível e a assinatura sonora aumentam muito.

Os Hovercraft são tidos como a melhor solução para as operações de assalto anfíbio rápido. O USMC já usa o LCAC, mas não puderam atuar nas fases iniciais em Al Faw devido a ameaça de minas mas ajudaram depois com o apoio logístico.

O LCAC navega a até 40 nós e leva carga de até 60 tons podendo ser desde 24 tropas ou um blindado M1 Abrams. O LCAC entrou em operação em 1984 com 79 ainda em operação. Uma modernização de meia vida permitirá que 72 continuem operando por mais 10 anos recebendo novos motores mais econômicos, novas saias mais fáceis de manter, novo radar, e novos sistemas de navegação e comunicações. O novo AADS (Amphibious Assault Direction System) permite enviar dados para o ACS (Amphibious Command Ship) informando a posição do LCAC constantemente incluindo seus contatos radar e receber dados de planejamento missão.

O substituto do LCAC pode ser o SSC (Ship-to-Shore Connector) com capacidade de até 75 tons carga. Talvez seja usado também pelo US Army. A entrada em operação está planejado para 2019.

Os fuzileiros britânicos operam quatro Hovercfaft Griffon 2000TD que serão substituídos por outros quatro do modelo Griffon 2400TD em 2009 por US$ 4,6 milhões. O novo modelo leva 16 tropas com dois tripulantes a uma velocidade máxima de 35 nós. No Iraque o Griffon já usado como plataforma de resposta rápida de tiro e extração no sul do Iraque mostrando boa resistência ao fogo inimigo. O novo modelo terá proteção balística adicional.

Os LCU Mk10 são usados no HMS Albion e HMS Bulkwark e nos quatro LSD classe Bay. O LCVP Mk5 continuarão sendo usados no HMS Albion, HMS Bukwark e HMS Ocean. O Mk10 leva 55 tons a 8kt. Já o LCVP Mk 5 leva 35 tropas a 16kts carregado

A Royal Navy já estudou um substituto do Mk10  no programa Fast Landing Craft Utility (FLCU) com novas tecnologias de casco. O objetivo é acelerar as manobras e transporte de carga com objetivo de levar 40 tons a 25 kts. A QinetQ foi contratada para demonstrar o Partial Air Cushion Supported CATamaran PACSCAT com apoio da Griffon. Os testes iniciarão em 2009. O PACSCAT usa um conceito de hovercraft para levantar o casco parcialmente.

Outro projeto é o Medium Lift Non Displacemente ND que deve ser baseado no hovercraft Griffon 8100TD ou na lancha sueca Combat Boat 90. Enquanto um Hovercraft permite levar tropas e carga rápida bem dentro da praia, o custo é muito espaço gasto nos navios de desembarque. O HMS Albion pode receber dois LCAC lado a lado. Já um Combat Boat 90 tem limitação para levar tropas em terra, mas é mais compacto na doca.

Os EUA planeja usar o blindado anfíbio Expeditionary Fighting Vehicle (EFV) para levar tropas rápido para uma praia levemente defendida. O programa de aquisição diminuiu de 1013 para 573 veículos. Outras opções estão sendo estudadas para levar veículos com proteção contra minas até a praia como o LCAC e por ar.

Situação da MB

Em relação a capacidade de projeção de poder o END cita que "Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao inimigo, precisa o Brasil manter a capacidade focada de projeção de poder e criar condições para controlar, no grau necessário à defesa e dentro dos limites do direito internacional, as áreas marítimas e águas interiores de importância político-estratégica, econômica e militar, e também as suas linhas de comunicação marítimas. A despeito desta consideração, a projeção de poder se subordina, hierarquicamente, à negação do uso do mar."

"Para assegurar sua capacidade de projeção de poder, a Marinha possuirá, ainda, meios de Fuzileiros Navais, em permanente condição de pronto emprego. A existência de tais meios é também essencial para defesa das instalações navais e portuárias, dos arquipélagos e ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras, para atuar em operações internacionais de paz, em operações humanitárias, em qualquer lugar do mundo... O Corpo de Fuzileiros Navais consolidar-se-á como a força de caráter expedicionário por excelência."

Para realizar projeção de poder, na forma de operações anfíbias, a MB possui atualmente dois navios de desembarque doca, o G31 Rio de Janeiro e o G30 Ceará. O NDD G30 Ceará está em manutenção e receberá uma reforma para poder ser usado até 2025. O G31 já foi reformado.

A MB recebeu, ou está em vias de receber, dois navios da classe Sir (Sir Bedivere e Sir Galahad) designados como Navio de  Desembarque de Carros de Combate. Os navios foram comprados de segunda mão da Royal Navy. Na Royal Navy os navios eram usados como navios de transporte e desembarque de tropas para suporte a operações anfíbias, além de transporte logístico de material, veículos e pessoal. Os navios tem capacidade de abicar (encalhar intencionalmente) para desembarcar tropas, veículos e material direto na praia. Em 2007 a MB também recebeu algumas embarcações de desembarque sendo três EDCG e cinco EDVM.

Estes navios estão longe de ter a capacidade dos programas anteriormente citados seja na capacidade de transporte de tropas, carga, sistemas defensivos, operações de aeronaves, instalações médicas e de Comando & Controle. São adequados para operações anfíbias com o CFN, mas não para participar de operações de manutenção da paz internacionais.

Encontra-se em fase de desenvolvimento um Navio de Transporte e Apoio (NaTrAp) de 9.000 toneladas com capacidade de levar 500 tropas, convôo capaz de operar dois helicópteros simultaneamente e duas rampas de 40 toneladas, uma na popa e outra a lateral. Outras notícias citam que o navio poderá substituir também o Navio Tanque Marajó sugerindo que será do tipo Joint Support Ship, mas deveria ter um deslocamento bem maior.

Os estudos de aquisição do governo também citam a necessidade de um navio multi-missão tipo LPH de cerca de 20 mil toneladas. O END cita que "Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicará especial atenção ao projeto e à fabricação de navios de propósitos múltiplos que possam, também, servir como navios-aeródromos. Serão preferidos aos navios-aeródromos convencionais e de dedicação exclusiva."

Os navios citados acima, como o Mistral e BPE, são bons exemplos dos "navios de propósitos múltiplos" para apoiar as operações anfíbias e realizar projeção de poder. Estes navios podem substituir ao mesmo tempo os atuais navios de desembarque doca e o A-12 dando as novas capacidades necessárias. No caso de ser também o substituto do A-12 São Paulo vale lembrar que o único caça que poderá operar no navio será o F-35B ou caças Harrier de segunda mão.

O CFN é citado no END como um meio de Projeção de Poder e cita explicitamente a atuação como força expedicionária e ações de operações internacionais de paz, em operações humanitárias no exterior. 

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