Veículos Não Tripulados

Os conflitos atuais deixaram os governos sensíveis as perdas humanas, principalmente em conflitos assimétricos. Em conflitos assimétricos o inimigo é bem fraco, mas pode "ganhar" a guerra se causar muitas baixas no lado mais forte. O conceito de vitória passa a usar outros critérios ao invés de conquista e ocupação de território ou derrota de forças convencionais.

Na área naval as formas assimétricas podem ser pequenas embarcações, minas, baterias costeiras etc. Os veículos não tripulados se tornaram mais atrativos para este tipo de operação evitando riscos para plataformas tripuladas e sendo usados em tarefas difíceis. Os veículos não tripulados já estão em uso nas operações anti-minas navais com navios substituindo os caça-minas e os ROV substituindo as equipes de mergulhadores.

Os acrônimos de veículos não tripulados navais são muitos como ROV (Remote Operated Vehicle), AUV (Autonomous Underwather Vehicle), UUV (Unmanned Undersea Vehicle), USV (Unmaned Surface Vessel) e as vezes todos chamados de UXV. Os EUA unificou os termos com a sigla UMS (Unmanned Maritime System) assim como os veículos aéreos não tripulados aéreo virou os UAS.

Vários projetos novos de navios de guerra já consideram o uso de UMS desde o inicio. Como exemplo temos a F-125 e K-131 alemãs, a FREMM-AVT francesa, a nova corveta italiana, o Future Surface Combatant C2 da Royal Navy, e o LCS da US Navy são bons exemplos. As instalações para helicópteros são usadas pelos UAV e os meios para operar RIHB tripulados podem ser usados por UMS como instalações na popa com rampa e guincho.

A interface com o sistema de Comando & Controle é outro problema. Para operar USV a US Navy estuda o MVCS (Multi-Vehicle Communications System) que é uma estação que controla vários tipos de UAV e UMS. O MVCS será instalado no LCS pode ser usado para controlar vários tipos de veículos não tripulados.

O primeiro drone embarcado foi usado pela US Navy para guerra anti-submarino em 1962 com o QH-50C DASH (Drone Anti Submarine Helicopter). O DASH levava dois torpedos MK-44 ou carga profundidade nuclear a até 40 km do navio mãe. Em três meses a US Navy perdeu 27 drones sendo uma queda a cada 80 horas de voo. Já no Japão o DASH sofreu relativamente poucas perdas em 12 anos de operação. No Vietnã o QH-50C foi usado no programa Snoopy para reconhecimento de imagem TV e datalink para aquisição e designação de alvos para bombardeiro costeiro com canhões.

Os primeiros veículos não tripulados navais eram caça-minas modernizados como veículos não tripulados com sonares autopropulsados, veículos guiados por fio, veículos autônomos para reconhecimento e até maiores para reconhecimento de minas. Alguns podem controlar outros barcos drones para varredura de minas ou rebocando sonares. O conceito de navio com tripulantes no meio do campo minado agora mudou para não tripulados com operador seguros e a distância. Podem até operar em lugares pouco seguros como na costa inimiga, águas muito pouco profundas, ao redor de navios afundados e até em portos.

Os veículos não tripulados navais podem fazer análise de rota diminuindo o estresse do pessoal e navio. O resultado são navios guerra operando seus próprios UMS. Seis DDG-51 iniciaram uso do Remote Multi-Mission Vehicle do sistema caça minas remoto AN/WLD-1 passando a ter capacidade anti-minas orgânica, detectando minas bem a frente e até além do horizonte. O sonar AQS-20 pode ser trocado pelo Remote Towed Active Source (RTAS) e o Remote Towed Array (RTA) passivo ou o Multi Function Towed Array (MFTA) para guerra anti-submarina litorâneo biestático contra submarinos diesel-elétricos silenciosos.


Os UUV e USV permitem novas capacidades aos navios de superfície como patrulha no litoral, guerra de minas e guerra anti-submarina, mas precisa de espaço na popa como uma doca. Os USV já são usados para vigilância sendo geralmente uma embarcação RHIB adaptada.


O USV Protector da Rafael foi testado com sucesso nem Singapura e foi usado no Golfo Pérsico em 2005. A velocidade é de até 40 nós com oito horas autonomia. Está equipado com torreta de sensores TopLite e armado com uma torreta Mini-Typhoon.

Os UAV de decolagem vertical, ou VTUAV, podem realizar reconhecimento visual em áreas arriscadas, patrulha de longo alcance, identificação de navios, avaliação de danos de batalha, imagem em tempo real para navios. Em áreas arriscadas não enviariam helicóptero para a missão. São pequenos e 2-3 podem ocupar o espaço de um helicóptero. Os UAV podem ser considerados um item de luxo, mas se justifica para tarefas difíceis, mas não para tarefas chatas, perigosas e "sujas". Pode ser considerado luxo para MB e favorecido outros meios devido a falta de recursos. Um exemplo prático onde os UAV poderiam substituir plataformas tripuladas foi na missão dada a uma fragata britânica de reconhecer o estreito de San Carlos antes do desembarque anfíbio na região. O navio não foi danificado, mas o risco justificava o envio de plataformas não tripuladas de superfície e aéreas.

Os VTUAV são interessantes para marinhas pequenas que não podem operar helicópteros, mas precisam de meios para vigilância de longo alcance, e para marinhas grandes para complementar os helicópteros assumindo algumas missões como as perigosas.

O MQ-8B FireScout seria o substituto do Pionner, mas o programa foi cancelado em 2001, mas com o US Army interessado no programa foi comprado em 2004 para equipar os LCS. O FireScout tem autonomia de 12 horas podendo operar a 160 km do navio. Cerca de 100 devem ser comprados para os LCS e pode aumentar para operar em outros navios. O USCG também pode comprar no lugar do Eagle Eye. O FireSCout terá missão de retransmissão de comunicação entre seus módulos de missão. Outros módulos são COMINT, ELINT, radar SAR/MTI, sonobóias, guerra eletrônica e detecção de minas (COBRA).

Os VTUAV podem ser armados como o CAMCOPTER S-100 mostrado com dois mísseis LMM da Thales. Pode operar autônomo para disparar em zona de engajamento atuando como um campo minado no ar. Um problema é voltar com arma não disparada.

A Corveta alemã K-130 Braunschweig iniciou a operação de um drone no lugar do helicóptero embarcado sendo escolhido o Campocpter VTUAV com sistema de pouso automático SADA da DCNS.

A parte mais difícil das operações embarcadas é pousar em mau tempo e os VTUAV levam vantagem. Já a Boeing usa o mini-UAV Scan Eagle disparado de catapulta e retorna com o modo SkyHook. O Scan Eagle já é usado em 15 navios da US Navy e até mesmo em lanchas rápidas Mark V dos Seals. A autonomia é de 20 horas, bem maior que os VTUAV, e o raio de ação de 200 km. O Scan Eagle já foi lançado das fragatas Type 23 com as imagens transmitidas para um Sea King AEW Mk7. A variante SECC pode ser lançada de submarinos ainda em projeto. Os Scan Eagle completaram mil pousos embarcados em abril de 2008. São lançados do convoo que pode ser rapidamente liberado para operações de helicópteros.


Um Scan Eagle sendo lançado de uma embarcação Mark V dos Seals e na outra foto sendo recuperado no convoo de um navio anfíbio. Os ScanEagle podem operar dos NaPa da MB que atualmente são apoiados por helicópteros como o Jet Ranger fazendo reconhecimento visual a frente da área de operação. Os custos de operações seriam bem mais baixos.

O UAV RQ-2 Pionner foi operado embarcado nos couraçados USS Iowa na Operação Desert Storm para apoiar missões de NSFS. As tropas iraquianas até se renderam para o UAV.

O Eagle Eye é um VTUAV que usa a técnica "tilt rotor" que deveria operar nos navios USCG. Dois UAV iriam apoiar os helicópteros Dolphin. O objetivo era liberar mais helicópteros para operar em terra e diminuir os custos. A hora de voo é de mil dólares contra US$ 6.200 do helicóptero. O Eagle Eye voam em média mil horas por ano. A autonomia é de três horas e está equipado com um radar e FLIR. O programa de aquisição de 69 aeronaves foi cancelado no fim de 2008 e outro modelo deve ser escolhido.

Operando em bases em terra os UAV podem ser usados para missões de patrulha marítima. O projeto BAMS UAV usará o Global Hawk, chamado RQ-4N, com alcance de 20 mil km e autonomia de até 36 horas. O RQ-4N será equipado com radares, sensores eletro-óticos, SIGINT e datalink. Planeja-se a compra de 68 sistemas entrando em serviço em 2015 na US Navy. A Austrália e a Alemanha estudam sistemas semelhantes. Na Alemanha ira substituir a aeronave Atlantic. O Global Hawk concorre com o Mariner (Predator naval) e o Heron da IAI. 

A Índia planeja comprar seis aeronaves de patrulha marítima com opção para mais duas para substituir os BN-2 Islander. O pedido de propostas será lançado em 2009 e querem substituir as atuais aeronaves por uma aeronave maior. As propostas são o Alenia ATR-72-500MP Surveyor, o Antonov AN-72P, uma versão modificada do P-8 Poseidon, o Dassault Falcon 900DX MPA, o CASA C-295 e o Embraer P-99. O contrato deve ser assinado ainda em 2009 com entrada em serviço entre 2012 a 2013. As aeronaves irão patrulhar a Zona Econômica Exclusiva junto com os onze Dornier 228 já em uso. A Índia divide a área de patrulha marítima em três camadas de vigilância e os Donier e a nova aeronave irão patrulhar a camada média e o P-8I Poseidon a camada externa. A Camada interna será vigiada pelos UAV israelenses sendo oito IAI Searcher II e quatro Heron suplementados pela marinha com mais dois Heron.

O passo mais difícil é criar um UAV de combate. A US Navy escolheu o projeto X-47B para ser seu UAV de combate, ou UCAV, em 2007. Os testes de vôo devem iniciar em 2009 e os testes embarcados em 2011. Se os testes derem certo o primeiro esquadrão embarcado deve ficar operacional em 2020.


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