SISTEMA DE LANÇAMENTO EM CASULO

A falta de escoltas antiaéreas é uma necessidade muito sentida na Marinha Brasileira. Inspirado no Lightweight Sea Dart (LSD) britânico e SDLS (Ship Defense Launching System) americano é possível solucionar o problema da Marinha relacionado com a falta de escoltas antiaérea armadas com mísseis superfície-ar de médio alcance.

Lightweight Sea Dart (LSD)

No inicio da década de 80 o Reino Unido estava oferecendo uma versão do míssil antiaéreo naval de longo alcance Sea Dart em uma versão em container chamada Lightweight Sea Dart (LSD) que poderia ser instalado em navios de pelo menos de 300t ou 50m. O míssil poderia ser usado contra navios, aeronaves e mísseis. Os containers selados seriam usados para transporte, armazenamento e como lançadores no convés.

O sistema não está mais sendo oferecido no mercado mas poderia ser usado como inspiração para um sistema semelhante para equipar escoltas que não tem capacidade de serem modernizadas com lançadores conteiráveis com paióis na estrutura ou que não podem receber instalação de lançadores de mísseis verticais.


O Sea Dart disparado de containers chegou a realizar testes reais e chegou a ser estudado a sua instalação nas Type 22 pela Royal Navy.

 Ship Defense Launching System

O Cocoon Launching System (Sistema de Lançamento em Casulo) da United Defense foi vencedor de uma concorrência para um sistema de lançamento de ângulo fixo, pequena elevação, montado no convés designado Self Defense Launching System (SDLS). Também participaram da concorrência a Lockheed Martin e Raytheon.

Casulo SDLS com o Evolved Sea Sparrow Missile Lauching System (ESSM). Uma bateria pode levar 16 mísseis ESSM em quatro containers quádruplo Mk25.

O SDLS foi projetado para ser instalado em navios que não operam ou não são capazes de operar o sistema de lançamento vertical VLS Mk41. As características do projeto incluem minimizar a assinatura radar, diminuir as necessidades de manutenção e fornece proteção para os mísseis e sistema de conecção. O sistema é recarregável e aceita vários lançamentos durante a vida útil.

O sistema é capaz de resistir a queima do motor de um míssil agarrado. No futuro será compatível com outros mísseis compatíveis com o VLS Mk 41 como o SM-2 acima do Block IIIB, VL ASROC, VL/RIM-7, NATO Sea Sparrow, TACMS e Land Attack Standard Missile (LASM).


O SDLS está inclinado 20 graus. A foto mostra um teste com o ESSM.

O LSD e SDLS são inspirações para um de um Sistema de Lançamento em Casulo (SLC) nacional ou talvez multinacional.

As opções de mísseis antiaéreos que podem equipar o sistema são inúmeros. Serão citados dois mísseis antiaéreos de médio alcance de uso naval atualmente em operação para exemplificar : o Sea Dart Britânico e o Russo 9K37M1 BUK-1M (designação SA-N-7 na OTAN). Eles serão usados para ilustrar o conceito/idéia e facilitar o entendimento de como poderia ser a instalação do sistema na prática nas escoltas da Marinha.

Sea Dart

O míssil Sea Dart foi desenvolvido a partir de 1962 pela British Aerospace Defense e entrou em operação em 1973. O nome oficial do sistema completo é GWS-30. Esta em operação no Reino Unido e talvez na Argentina. Foi usado na Guerra das Malvinas pelos britânicos.

Desde que entrou em serviço, os Sea Dart vem sofrendo modernizações que ocorrem em grupos de 10. Em 1992 o sistema estava na versão 610 (Block 610). Desde a guerra das Malvinas o sistema teve duas atualizações importantes. Uma em 1983-86 e outra em 1989-91 (troca do motor e ADIMP). O programa ADIMP consistia na adição de um piloto automático. As antenas de comando ficam localizadas em radomos de cada lado do pedestal do radar de busca aérea Type-1022. Os circuitos de bordo foram diminuídos de 6 para 1 o que liberou espaço para o sistema de comando.

Alcance efetivo contra alvos a grande altitude foi aumentado de 70km para 140km. Uma espoleta IR para atacar alvos à baixa altitude foi adicionada posteriormente. O míssil só não possui capacidade contra alvos furtivos e contra mísseis balísticos. O míssil deve continuar em serviço até 2020.

O Sea Dart mais moderno foi testado em combate em 1991 quando o destróier britânico HMS Gloucester atingiu um míssil Silkworm lançado de uma bateria costeira no Irã com um disparo "sobre os ombros" enquanto escoltava navios americanos no Golfo Pérsico. O míssil estava engajando o couraçado USS Iowa que era o maior navio da área e voava a 100m.

As outras operações de combate foram nas Malvinas em 1982. A Guerra das Malvinas mostrou que o GWS 30 era inadequado contra aeronaves voando muito baixo e tinha um tempo de reação muito longo. Os argentinos também conheciam as fraquezas do sistemas e realizaram testes antes do conflito com suas Type 42. Mesmo assim o Sea Dart derrubou um SA-330L Puma, Um Gazelle (fogo amigo), três A-4, um Camberra e um Learjet. Outros dois A-4C podem ter caído após serem danificados pelo míssil. Varias tentativas de disparo foram canceladas devido a penes como falhas nos radares ou problemas no recarregamento. De certa forma o sistema funcionou ao forçar os argentinos a voarem muito baixo e que acabou diminuindo a eficiência da aviação argentina. O sistema foi considerado relativamente efetivo e poderia ter funcionado melhor com radares capazes de operar contra alvos voando baixo e próximos ao terreno.

Foram produzidos um total de 18 sistemas GWS 30 e 1000 mísseis (1600 segundo outras fontes). Cada míssil custava US$300 mil (dólar de 1986). 

Dados Técnicos

Comprimento:  4,36 m
Diâmetro do corpo:  42 cm
Envergadura:  91cm
Peso:  550 kg
Cabeça de guerra de alto explosivo pré-fragmentada de 22,2kg
Propulsão Ramjet sólido
Alcance:  140km contra alvos a grande altitude
Guiamento semi-ativa
Razão de fogo de seis disparos em 2 minutos


Os lançadores conteiráveis são pesados, complexos e precisam de muito espaço abaixo do convés para o armazenamento de mísseis. A Royal Navy está retirando de serviço vários  contratorpedeiro Type 42 que poderim servir de fonte para mísseis, radares e central de tiro.


O LSD foi testado contra alvos no mar. Os mísseis antinavio de primeira geração tinham guiamento semi-ativa do mesmo tipo usado pelo Sea Dart.


Houve uma proposta de uma versão terrestre do LSD chamado Guardian que protegeria as bases navais britânicas e as ilhas Malvinas mas não passou da fase de conceito. Usaria os mesmos sistemas do Sea Dart e LSD.

9K37M1 BUK-1M

O míssil russo 9K37M1 BUK-1M, ou SA-11 GADFLY segundo o codinome da OTAN, é um míssil de defesa aérea de baixa e média altitude. A versão naval é conhecida como SA-N-7 pela OTAN e SHTIL na Rússia. É guiado por radar semi-ativo e tem sistema de propulsão de foguete sólido.

O radar de vigilância aérea SNOW DRIFT 9S18M1 realiza tarefas de alerta e aquisição indicando dados de altura, direção e distância do alvo para o radar monopulso de guiamento e rastreio FIRE DOME (banda H/I ). O FIRE DOME é capaz de detectar alvos a 85 km contra alvos voando alto, 35 km contra alvos a 100m de atura e 23 km contra alvos rente ao solo (NOE). A capacidade de rastreio é de 70 km para alvos voando alto e 20km contra alvos NOE. Um helicóptero parado a 30m de atura pode ser rastreado a 10km. O sistema pode receber alerta de outros radares. O radar FIRE DOME tem alcance de 3-32 km sendo efetivo em altitude de 15m a 22 km podendo engajar alvos voando até 3000km/h.

O radar pode guiar mais de 3 mísseis simultaneamente contra um único alvo e pode receber um sistema eletro-ótico para uso em situação de grande interferência guiando o míssil com comando de rádio.

O míssil tem uma probabilidade de acerto no primeiro disparo (SSKP), segundo os russos, de 60-90% contra aeronaves, 30-70% contra helicópteros e 40% contra míssil cruise.

O míssil terrestre não teve sucesso de vendas por ter um radar de guiamento em cada lançador o que torna o sistema caro. É usado por cinco países. A Finlândia adquiriu 3 baterias do modelo Buk-1M por US$ 202 milhões em 1996.


A versão naval do Buk-1 é chamada SA-N-7 pela OTAN. O sistema foi seguido pelo Buk-M1-2 ou SA-17 GRIZZLY ou SA-N-12 GRIZZLY ou Yezh.

Dados Técnicos

Alcance útil 25km para alvos acima de 1000m ou 18km para alvos voando baixo
O alcance contra alvos cruzados é 18km para aeronave e 6km para mísseis.
Altitude do alvo: 15 a 15500m.
Velocidade do alvo de 420 a 830m/s dependendo da altitude.
Tempo de reação (ativado) 16-19s.
Tempo de ativação: 3 minutos

Número de alvos engajados pode ser de 2 a 12 (dependendo da configuração)

Velocidade: Mach 3

Sustenta manobras de 23 g's
Comprimento: 5,6 m

Diâmetro: 0,4 m

Envergadura das asas: 1,2 m

Peso no lançamento: 650 kg

Cabeça de guerra: 70 kg de auto-explosivo

Zona de destruição: 17 m

Projetista: Toropov Design Bureau

Entrada em serviço: 1980 (SA-11), 1981 (SA-N-7)

Custo: US$ 300.000 por míssil


A versão mais atual do Shtil usa o míssil 9M317ME de configuração bem diferente do 9M38.


Lançador terrestre com quatro mísseis. O sistema EO é visível logo atrás da antena do radar.

Conceito

O Sistema de Lançamento em Casulo consistiria de uma bateria 4 container de disparo em arranjo 2x2 montados em uma rampa (de preferência formando um conjunto de formas furtivas) como os sistemas geralmente usados nos lançadores de mísseis anti-navio.


Os lançadores inclinados de mísseis em casulos existem a décadas e são geralmente equipados com mísseis anti-navio, anti-submarino e de cruzeiro. O sistema nem sempre precisa ser apontado para a ameaça e os mísseis chega a realizar curvas de até 90 graus após o lançamento. A foto é do lançamento de um SLAM.


Foto montagem de um SLC nacional a partir do SDLS com dois mísseis superpostos.

O sistema poderia ser instalado nas fragatas da classe Type 22 ou da classe Niteróis, podendo variar de pelo menos dois navios até toda a frota de 10 fragatas. O sistema pode pelo menos servir como protótipo para teste de um sistema a ser usado nos seus substitutos se os testes obtiverem sucesso.

As Type 22 podem receber o sistema no local originalmente usado pelos MM-38 Exocet. Pelo menos duas baterias de 4 mísseis poderiam ser instalados no local. Outros lançadores podem ser instalados nos locais originais dos lançadores do Sea Wolf ou em adaptações na estrutura como no local originalmente ocupado pelas baleeiras. As Type 22 não tem canhão e um míssil de guiamento semi-ativo seria uma arma poderosa contra navios inimigos que entrarem dentro da linha de visada do radar. Um míssil supersônico seria uma arma imbatível contra as defesas ativas, só podendo ser contraposto por contramedidas eletrônicas. Lanchas rápidas de ataque seriam os alvos típicos.

Os casulos contendo mísseis Sea Dart podem ser visíveis na proa e a meia nau no lado da chaminé. Dois radares de controle de tiro foram instalados.

As fragatas Niterói podem receber módulos no local ocupado pelo lançador de morteiro anti-submarino, a meia nau no local onde esta os lançadores dos Exocet ou na popa onde atualmente esta sendo instalado os lançadores Aspide.

O número comum de casulos seria 4 lançadores quádruplos cobrindo todos os quadrantes (ângulos de 45, 135, 225 e 315 graus) num total de 16 mísseis mas um número reduzido, cerca de 8, seria levado normalmente tem tempo de paz.

Os lançadores com o Sea Dart podem ser visíveis na proa atrás do canhão Mk 8 (duas baterias de 4 mísseis cada) e a meia nau no local ocupado pelos Exocet (mais duas baterias). Os radares RNT-30X foram mantidos. 

Como os SLC podem competir por espaço com os mísseis de alcance menor atualmente instalado nas fragatas, pode ser uma solução também instalar mísseis menores nos SLCs. Os Sea Wolf e Aspide poderiam ser testados no lançador. Por exemplo, dos 16 lançadores, cerca de 12 levariam mísseis de longo alcance e 4 levariam mísseis pequenos em grupos de 2 ou 4 mísseis menores dependendo do tamanho.

As escoltas teriam que levar pelo menos um radar de controle de tiro compatível com o míssil de médio alcance e o ideal seria ter no mínimo dois canais de fogo (dois radares de controle de tiro).

Também seria desejável que o sistema de controle de tiro dos mísseis de curto e médio alcance fossem compatíveis entre si. Por exemplo, o radar RTN-30X das Niteróis poderiam ser usadas também para guiar os mísseis de longo alcance pelo menos em distâncias menores, assim como os radares dos mísseis de longo alcance poderiam guiar os mísseis de curto alcance (Sea Wolf e Aspide) em distâncias menores. O alcance do RTN-30X chega a 45km.

O mesmo poderia ser dito para as alças eletro-óticas que também guiariam mísseis de longo alcance em distâncias menores. Os sistemas EO mais atuais tem alcance de dezenas de km em bom tempo.

O sistema deverá ter uma estação para operar o radar de controle de tiro (uma estação por radar) e ser capaz de trocar dados do sistema de Comando e Controle do COC do navio como o SICONTA das Niterói modernizadas.

Apoio Aéreo

Se a aeronave escolhida para ser a plataforma AEW do NAe São Paulo for um helicóptero ele poderia equipar também as fragatas para fornecer alerta antecipado quando o NAe não estiver em condições operativas, o que deve ocorrer em pelo menos 50% do tempo.

Um helicóptero AEW poderia manter a capacidade de guerra de superfície levando os AM-39 Exocet e usando modos de radar para busca de superfície e o sistema MAGE para busca passiva. As Type 22 poderiam sofrer modificações no convôo e hangar para receber helicópteros médios para ter a mesma capacidade das Type 22 Batch 2 em uso na RN. Assim seria compensada a perda dos MM-40 Exocet para guerra de superfície dessas escoltas.

O helicóptero seria útil para dar alerta antecipado contra alvos voando baixo e antecipar manobras para posicionar os lançadores e ativar contramedidas eletrônicas.

Este sistema de engajamento poderá ser usado pela US Navy no projeto do Standard SM-5 lançado de navios de superfície e guiado por um E-2 Hawkeye para interceptar aeronaves além do horizonte.

Custos

O custo de instalação do SLC é muito mais baixo do que adquirir e manter outra classe de  navios dedicados para Guerra Antiaérea ou equipar navios atuais com lançador conteirável ou sistemas de lançamento vertical (VLS), apesar dos custos de desenvolvimento do sistema que pode ser compensado por vendas ao exterior.

É possível obter economia em tempo de paz só usando alguns mísseis e só equipar todos casulos no caso de operações reais. As escoltas em manutenção e paradas podem ter seus mísseis transferidos para os navios operativos.


Gráfico Alcance x Custos.

O gráfico acima mostra o custo dos sistemas de defesa aéreo em relação ao alcance. Um navio pode estar armado com um número variável de mísseis e canhões de vários níveis de sofisticação e tecnologia assim como o número de canais de fogo. É por isso que um sistema de curto alcance com vários canhões sofisticados pode ser mais caro que um sistema de longo alcance com poucos mísseis e só um canal de fogo.

Para simplificar, a capacidade do sistema é medida pelo número de mísseis (8-16 no caso do SLC), capacidade dos mísseis (Sea Dart e Buk-1) e número de canais de fogo (número de radares de controle de tiro).

Os sistemas de defesa aproximados (CIWS) são usados a curtas distâncias, geralmente menos de 10km. Um navio com um sistema de CIWS caro poderia ser simplesmente o uso de 3 canhões tipo Phalanx como os NAes americanos

Os sistema de defesa aérea de ponto ou área curta podem atingir distâncias de até 30km nos sistemas atuais como o Aster 15 e ESSM. Um sistema simples pode ser um lançador Albatroz ou Crotale com poucos mísseis e um único canal de fogo. Um sistema mais caro pode ser um lançador VLS com 8 x 4 mísseis ESSM e um radar de varredura eletrônica como o APAR e SAMPSON.

Os sistemas de defesa aérea de longo alcance podem atingir mais de 100km de distância e incluem mísseis com capacidade anti-mísseis balísticos. Um exemplo é o sistema AEGIS dos cruzadores da Classe Ticonderoga com lançadores VLS para mais de uma centena de mísseis e 4 canais de fogos.

O SLC seria um sistema de defesa aérea de longo alcance de baixa capacidade com poucos mísseis e um ou dois canais de fogo. A seta indica o local onde se localiza os custos do SLC relacionado com o alcance. Seria usado em cenários de ameaça de baixa a média intensidade como aeronaves patrulha e caças bombardeiros armados com armas convencionais ou mísseis antinavio de geração anterior e presentes em pequena quantidade. Outras ameaças seriam helicópteros de ataque e treinadores armados. Um cenário com ameaça maior do as citadas está acima da capacidade do sistema e da MB e seria trabalho para a US Navy e marinhas mais poderosas.

A defesa aérea (linha do gráfico em azul) é feita por aeronaves embarcadas ou baseadas em terra. Os AF-1 embarcados no A-12 São Paulo estão na parte mais baixa de custos e alcance. Os porta-aviões nucleares americanos embarcando com F-14D, mísseis Phoenix e AMRAAM, aeronaves de alerta E-2C e de guerra eletrônica EA-6B estão no patamar superior de capacidade e alcance.

As operações ofensivas de defesa aérea (linha do gráfico em vermelho) podem variar desde comandos lançados de submarinos ou bombardeio naval com canhões contra baterias de mísseis costeiras ou bases aéreas inimigas próximas a costa até o emprego de aeronaves de ataque embarcados ou baseados em terra contra o sistema de defesa aérea inimiga passando por mísseis cruise lançados de submarinos, navios de superfície e aeronaves. O bombardeio naval dos navios britânicos contra Port Stanley nas Malvinas é um exemplo de operação ofensivas de defesa aérea.

Vantagens e Desvantagens

O SLC pode ser comparado com outras formas de lançamento de mísseis antiaéreos como os sistemas conteiráveis e sistemas de lançamento vertical (VLS).

Os sistemas conteiráveis são usados geralmente para mísseis pequenos e armados com vários mísseis em casulos como o Aspide, Sea Sparrow, Sea Wolf, RAM e Crotale. São geralmente carregados manualmente e alguns têm carregador automático como o Crotale. São ideais para mísseis de curto alcance por poderem ser apontados diretamente para o alvo.

Os lançadores conteiráveis de mísseis antiaéreos de médio e longo alcance são singelos ou duplos e recarregados a partir de paiol abaixo do sistema a exemplo do Mk 13 e Mk 26 americanos e o GWS-30 britânico. Estes sistemas têm a desvantagem de usarem muito espaço abaixo do convés sendo que o navio deve ser projetado desde o início para operar o sistema. A área do lançador do Shtil é de 5,2 x 5,2m com profundidade de 7,42m e pesa 30t.

Também são complexos e caros. No caso de defeito todo o sistema pode se tornar inoperante. A necessidade de manutenção é alta. Não existem mais projetos de sistemas do tipo.

Os sistemas de lançamento vertical (VLS) também ocupam espaço na estrutura mas muito menos que os sistemas conteiráveis. São simples e confiáveis e uma falha num lançador não atrapalha a operação dos outros. O sistema tem baixa assinatura de radar e a cadência de disparo pode ser alta. Os mísseis não precisam ser apontados e vários tipos de mísseis podem estar armazenados ao mesmo tempo e em grande quantidade por volume. É o sistema preferido para equipar os navios atuais. É de instalação complicada em navios antigos.

Os SLC seriam de fácil instalação no convés e não precisam de muitas alterações na estrutura além da fixação e os cabos de energia e comunicação e podem ser instalados rapidamente até em navios pequenos e em navios antigos. Tem a desvantagem de não poderem ser apontados para o alvo o que é desvantagem para mísseis de curto alcance. Este problema é facilmente contornável por manobras do próprio míssil tanto que os sistemas VLS têm o mesmo problema e o ESSM, que é um míssil de curto alcance, vai ser lançado dos dois sistemas apesar da manobra gastar energia e diminuir o alcance final. No caso dos mísseis de longo alcance o problema é menor devido ao tempo de reação maior o que permite que a estação de tiro ordene manobras para a ponte de comando até que o míssil seja ligado e esteja pronto para disparo (o que levava até 3-4 minutos nos mísseis mais antigos). O sistema é limitado por espaço disponível no convés e peso extra nas partes altas o que limita o número de mísseis transportáveis pelo navio.

Táticas

A tática geralmente usados contra navios de defesa aérea é saturar o sistema. No caso do SLC o problema é mais simples pois se for considerado que dois mísseis serão lançados para cada alvo, então a partir do nono ataque será possível chegar perto do próprio navio ou escolta/região protegida. O navio ainda teria armas de defesa própria como despistadores passivos (chaff e flare) contra mísseis e defesas ativas como o Trinity e Albatroz nas Niterói e Sea Wolf nas Type 22.

A tática atual é atacar em conjunto num único setor para evitar que todos as armas e canais de fogo estejam disponíveis para defender o navio (flanquear) ao invés de atacar em todas as direções e forçar o uso de todas as armas do sistema.

O adversário pode simular ataques para forçar o lançamento de mísseis próximos do alcance máximo do sistema e fugir para sair do envelope de vôo do míssil ou ficar abaixo da linha do horizonte para gastar os mísseis.

As contramedidas são realizar iluminação "a seco" induzindo o inimigo a realizar manobras evasivas e ejetar seus armamentos ao receber emissões do radar de controle de fogo no seu sistema de alerta radar. O adversário pode perceber a manobra se não ver nenhum míssil sendo lançado (fumaça de dia ou luz a noite) o que pode ser contornado com o lançamento de foguetes simulando a assinatura de mísseis como ocorre em treinamentos como o Red Flag.

Futuro

A evolução do sistema seria unir os lançadores a radares multifuncionais de varredura eletrônica (Phased Array) nas futuras escoltas substitutas das Type 22 e Niterói. Estes radares são capazes de realizar busca de volume, rastreio e designação de alvos ao mesmo tempo e podem substituir todos os tipos de radares dos navios e ainda realizam tarefas de comunicações e guerra eletrônica como interferência e MAGE. Como designadores de alvos, os modelos em teste atualmente são capazes de guiar 4 mísseis simultaneamente no setor visualizado. Entre os modos de radar podem ser incluídos modos de abertura sintética invertida que identificam o alvo pelo formato com um bom grau de confiança e que não precisa de identificação visual para validar um disparo.

O sistema deve estar integrado a todos os sistemas de defesa antiaérea do navio como mísseis de curto e longo alcance (ambos lançados do SLC de preferência), radares de busca e controle de tiro, sistemas eletro-óticos, MAGE, sistema de defesa aproximada(CIWS) e contramedidas eletrônicas ativas e passivas.

O sistema poderia usar técnicas de engajamento cooperativo com um navio guiando mísseis lançados por outro navio com os dados sendo passados por data link. Assim, a capacidade de um GT deveria ser considerado em conjunto somando o número total de canais de fogo, mísseis e a cobertura de radar de todo o sistema. Sistemas MAGE também podem ser incluídos no sistema para triangular contatos.

O sistema tem a vantagem de uma escolta poder guiar um míssil de outra escolta mal posicionada, evitar que dois navios engajem o mesmo alvo enquanto outro alvo fica sem ser atacado e no caso de acabar o estoque de mísseis de uma escolta ou se estiver com o radar danificado, o sistema ainda poderá ser aproveitado por outro navio com o sistema de engajamento cooperativo. Seria possível até usar embarcações para levar apenas mísseis com as corvetas Inhaúmas e até os barcos patrulha da classe Grajaú. Um barco patrulha poderia servir com o mini-navio arsenal se armado com o SLC e equipado com um datalink para comunicação.

O sistema de engajamento cooperativo foi testado em 1990 pelos cruzadores AEGIS americanos e está ainda em fase de introdução na US Navy.

O SLC deve ser modular aceitando outros tipos de mísseis (antinavio, cruise, anti-submarino, SAM de curto alcance) e até torpedos anti-submarinos e contramedidas eletrônicas.


O lançador vertical Sylver A50 poderia ser adaptado para lançamento inclinado com o SLC. Foi projetado para lançar os mísseis Aster 15 e Aster 30 e será compatibilizado com outros mísseis. O A50 pesa 8 toneladas e tem altura de  6m por 2,6 x 2,3m e leva 8 mísseis podendo disparar um míssil a cada 0,5 segundos.

Entre os futuros candidatos para ser o míssil de longo alcance temos o Aster 30 com alcance de 100 km e o míssil russo 9M96. Estes mísseis combinam o uso de radares de varredura eletrônica (Phased Array) com métodos de rastreio via míssil (TVM - track via missile).

Os radares Phased Array usados para direção de tiro como os usados pelo Patriot e S-300 não dão alerta do ataque ao inimigo pois emitem centenas de pequenos feixes de energia que duram uma fração de segundos. O computador do radar lembra onde existe o retorno de interesse e ao invés de manter o alvo iluminado pelo feixe do radar, ele apenas redireciona outro pequeno feixe para manter a localização do alvo. O resultado é que o sistema de alerta radar da aeronave alvo raramente recebe energia suficiente para detectar um radar e que pode ser confundido com ruído de fundo.

A indicação do ataque também não é óbvia. Nos radares antigos tanto as emissões do radar de tiro quanto os sinais do comando de rádio podiam ser detectados pelo sistema de alerta radar. Com o modo de rastreia via míssil (TVM), o míssil é lançado sem a necessidade do sinal de radar ou comandos de rádio. O sistema inercial do míssil e o computador de controle de vôo colocam o míssil num curso de interceptação baseado nos dados iniciais fornecidos antes do lançamento. O míssil então voa um curso ideal, por exemplo, voando alto e depois mergulha se for necessário. Os mísseis atuais também têm motor foguete com pouca fumaça que não dão alerta visual de lançamento.

Na fase final de lançamento o míssil liga um receptor passivo na ponta do míssil, que recebe os sinais refletidos do feixe do radar e ao invés de usar um sofisticado e caro computador de bordo, o míssil envia os sinais captados para a estação de controle. O computador da estação de controle então interpreta os dados e envia sinais discretos de correção de curso se forem necessários. Os indícios de que o alvo esta sendo atacado são difíceis de serem percebidos. No caso do ataque ter sido percebido, os radares Phased Array e guiagem TVM são bem mais resistentes as interferências eletrônicas.

Os radares Phased Array usam técnicas de espalhamento e salto de frequência e o sinal de comando é codificado. A fusão de dados de vários radares e o uso de sensores eletro-ótico tornam o sistema ainda mais furtivo. O radar de controle de fogo  Flat Lip que equipa o S-300 pode engajar mais de seis alvos simultaneamente controlando dois mísseis por alvo para aumentar a probabilidade de destruição(Pk). O S-400 russo será o substituto do S-300 e será equipado com um míssil de longo alcance(400km) e um míssil menor chamado 9M96 em duas versões com alcance de 40 e 100km e que também é compatível com o sistema do S-300. O míssil 9M96 terá uma versão naval e outra ar-ar lançada de aeronaves.

O Aster é um míssil de dois estágios que também combinas as técnicas citadas num conjunto de bom alcance em um corpo pequeno. O envelope de vôo é similar aos mísseis maiores mas com um custo bem menor. O Aster 30 junto com um radar Phased Array ARABEL ou EMPAR pode atacar 12 alvos simultaneamente controlando 24 mísseis no ar, sendo 2 para cada alvo. O míssil pesa 100kg sem o foguete impulsor (345kg) e tem guiamento terminal por radar ativo. Um míssil russo que poderá ter capacidade equivalente ao Áster é a versão superfície-ar do R-77 equipado com foguetes auxiliares para aumentar o alcance.

Uso Operacional

O conceito do SLC já está se tornado uma realidade. A Marinha de Taiwan está modernizando suas oito fragatas classe Knox para dar uma capacidade de defesa aérea de área limitada com a instalação de mísseis Standard SM-1. Os mísseis serão transferidos dos contratorpedeiros classe Gearing junto com o sistema de combate modular H-930 e os radares DA-08 de busca aérea/superfície. Cada navio irá receber 10 mísseis SM-1, quatro apontados para frente em casulos duplos instalados sobre o hangar e duas instalações triplas para cada lado instalados entre o hangar e a chaminé. Os canhões Mk42 de 127mm também serão substituídos pelo Mk 75 de 76/62 Super Rapid também transferidos dos Gearing.
Os navios foram adquiridos dos EUA em 1992 por US$ 236 milhões.

 

Atualizado em 29 de julho de 2005

 


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