AASM

A experiência francesa na Guerra do Golfo e Kovoso mostrou a necessidade de armas guiadas de precisão de longo alcance com capacidade qualquer tempo para atacar alvos no solo. A precisão era necessária para evitar danos colaterais e foi conseguido com as bombas guiadas a laser.

Em Kosovo ocorreu frequentemente o problema de uma boa parte das missões serem canceladas devido ao mau tempo que atrapalhava a pontaria dos designadores a laser aéreos. Isto não acontecia com as armas JDAM americanas guiadas por GPS disparada pelos bombardeiros B-2 Spirit. Por terem controle dos satélites GPS/NAVSTAR, o ataque de precisão agora é dominado pelos EUA e a Europa ficou atrasada. Os mísseis cruise também mostraram sua importância contra alvos bem defendidos e também são guiados por satélites.

Na época não existia um projeto similar a JDAM ou produção fora dos EUA. O primeiro projeto semelhante foi o Armement Air-Sol Modulaire (AASM - armamento ar-solo modular) francês. A AASM é o resultado da experiência francesa nos conflitos citados. Será a nova arma guiada do caça Rafale.

O projeto inicial era desenvolver kits para equipar bombas de 125kg, 250kg, 500kg e 1000kg com cinco tipos de sistema de guiamento (imagem IR, anti-radar, TV/datalink, radar SAR e onda milimétrica). O tipo de alvo e o objetivo determinaria a potência da bomba e o tipo de guiamento como a distância, defesas e condições climáticas. Os módulos incluem modos dispare-e-esqueça e man-in-the-loop. O projeto inicial se concentrou na munição de 250kg e guiamento IR.

O estudo de viabilidade foi iniciado em 1994.
A concorrência para o projeto AASM foi vencido pela Sagem Défense Sécurité (SAFRAN Group) com a arma "Karin" que foi escolhida em setembro de 2000. A SAGEM não tem experiência neste tipo de arma, mas produz muitos sistemas relevantes. Entre eles estão estações de planejamento de missão muito importante para o caso de lançamentos simultâneos contra alvos múltiplos. Os concorrentes foram o Aramis da Matra Bae Dynamics, a AASM da Aerospastiale Matra e a JDAM da Boeing.

AASM Aramis
Entre os concorrentes do programa AASM estavam o Aramis da Aérospastiale/Matra Missiles
muito mais caro. A foto foi tirada em 1997.

AASM
A proposta da Aerospastiale se chamava AASM. Foi mostrada em Paris em 1995.

AASM Karin
A Karin mostrada em Paris em 1999.


Mock-up da Karin da SAGEM em um Mirage 2000. O Mirage poderá levar duas bombas em cada asa e uma dupla sob a fuselagem.

A AASM irá substituir o míssil guiado a laser AS-30L e as bombas guiadas a laser Paveway e Matra BGL-1000. O AASM também irá complementar os mísseis cruise Apache (anti-pista) e SCALP-EG (Emploi Général) bem mais caros. O Apache entrará em serviço em 2001 equipando o Mirage 2000D e depois o Rafale. O Apache leva 500kg de sub-munições anti-pista numa distância de 140km. O Scalp/EG entrou em serviço em 2003 com uma ogiva de 400kg e alcance maior que 400km. A Força Aérea Francesa irá adquirir 450 mísseis e a Marinha francesa 50.

A AASM serão kits de conversão de outras bombas não guiadas. Os kits AASM podem ser produzidos em várias versões, com CEP que variam de 10 metros a menos. O sistema combina um sistema inercial (INS) com um receptor de GPS. As versões mais precisas, chamadas métricas, irão usar um sensor de imagem infravermelha (IIR) para guiamento terminal com CEP de 1 metro.

Inicialmente estarão disponíveis duas versões. A primeira versão chamada decimétrica todo tempo (
décamétrique tout temps) com navegação por GPS/INS com CEP de 10 metros. A segunda versão é a métrica diurna/noturma (précision métrique jour/nuit ) que mantém o guiamento por GPS/INS e é adicionado um sistema de guiamento final por imagem infravermelha permitindo atingir um CEP de 1 metro. O alcance é de 15km disparada a baixa altitude a 50km disparada a grande altitude (15 mil metros) e também depende da velocidade da aeronave lançadora.

O uso de navegação por INS é importante pois os EUA controlam o código de GPS e assim a precisão das armas guiadas por GPS. A outra opção seria usar os similares russos (GLONASS) e futuramente o Europeu (Galileu). A França já estudou armas com guiamento por INS antes. No fim da década de 80 estava em desenvolvimento a Excalibur que era uma arma anti-pista de longo alcance guiada por INS com um peso de 120-250kg.

A propulsão por foguete é opcional que queima por 30 segundos. A Roxel está desenvolvendo um motor que pode fazer o míssil subir a até 3.000 metros se disparada a baixa altitude. A versão tem opção de escolher o modo de atacar o alvo. O motor queima por várias dezenas de segundos e permitirá que a AASM ataque pistas de pouso de uma posição vertical após ser disparada a baixa altitude.

A primeira versão da AASM terá uma ogiva de 250kg (bomba francesa de 250kg ou Mk82 americana de 227kg) e será usada no Mirage 2000D seguida do Rafale F2, mas em 2009 a integração no Mirage 2000D foi cancelada por questões orçamentárias.

Estão em estudo o uso de bombas de 400kg e 800kg, penetrador, lançadoras de submunições e kits de guiamento radar, anti-radar, anti-navio, guiamento de meio curso por INS sem GPS e uso de datalink para transmitir imagens.


A primeira versão da AASM irá pesar 300kg com 3m de largura e 580mm de envergadura.
A primeira campanha de testes realizada entre dezembro de 2004 a junho de 2005 teve bons resultados, mas mostrou a necessidade de alterar algumas das características aerodinâmicas da arma como o canard duplo.


Em 2007 a Sagem anunciou novas versões dos kits de bombas guiadas AASM na feira aérea de Le Bourget. As novas versões são no tamanho de 125kg, 500kg e 1000kg. A versão de 125kg foi otimizada para ser usada em ambiente urbano com o objetivo de diminuir os danos colaterais e terá alcance de 70km. A versão de 1000kg é na versão de penetração com alcance menor sem kit de longo alcance que passou a ser desenvolvida a partir de 2009.

 

Em dezembro de 2006 a AASM foi disparada pela primeira vez de um Mirage 2000N para a qualificação da versão com guiamento por GPS/INS. Um Mirage 2000N disparou a AASM contra um alvo simulando uma pista de pouso enquanto voava a 300 metros de altura a 550kt em uma curva de 5,5g´s. A arma atingiu o alvo na vertical.

Em testes em 2007, uma AASM foi disparada de um Rafale M a 7 mil metros com um alvo a 85 graus fora do eixo de disparo a 10km de distância. Em outro foram disparados três AASM em sequência rápida a 6 mil metros de altura contra alvos a 60 a 30 graus fora eixo a 20-25 km de distância.


Em 5 de fevereiro de 2008 foi realizado um disparo com a AASM-IIR de um Mirage 2000N para validação da segunda versão da AASM.   junto com GPS. O alvo era uma um modelo de zona industrial (imagem). A AASM recebeu as coordenadas do GPS antes do teste, mas com erro no ponto pontaria de centena metros. O algoritmo da bomba foi usado para identificar o alvo segundos antes do impacto e corrigir a pontaria. A AASM-IIR deve ser usada contra alvos que não tem as coordenadas conhecidas com exatidão. O segundo disparo da AASM-IIR foi em junho de 2008 contra um alvo a 25km de distância. Usou o INS sem apoio do GPS. Um teste no dia 12 de junho foi com u m Mirage 2000N disparado a baixa altitude contra um alvo a 16km. Em 27 de outubro de 2009 uma AASM-IIR foi disparada contra um alvo a 50km de distancia e logo depois o Rafale disparou um MICA-EM contra drone alvo para mostrar a capacidade de atacar alvos em terra ao mesmo tempo que se defende. A versão AASM-IIR deve entrar em operação em 2010.


Em 27 de janeiro 2009 foi testada a versão de 125kg com uma bomba Mk81 usando o sensor INS/GPS disparada por um Mirage 2000N a grande altitude contra um alvo a mais de 10 km de distancia. A bomba atingiu o alvo dentro dos parâmetros esperados.


No dia 9 de julho de 2010 a versão com guiamento a laser foi disparada pela primeira vez de um Rafale. A bomba foi disparada sobre o mar a 13 mil pés a 25km do alvo. O alvo eram blocos de concretos designados por um laser no solo. A coordenada de GPS do alvo tinha erro de dezenas de metros que foi corrigido pelo laser. O ataque foi na vertical para diminuir os danos colaterais.


Foto da AASM com guiamento a laser com detalhes do sensor laser no nariz. A versão com guiamento a laser será usada contra alvos móveis sendo o terceira tipo de guiamento a ser desenvolvida além do GPS/INS e IIR.

Está previsto a aquisição de 3.000 kits de guiamento, sendo 2.000 para Força Aérea Francesa (AdL) e 1.000 Marinha por US$263 milhões (EUR300 milhões) entre 2006 e 2013, com opção de 2.250 kits adicionais. A primeria encomenda foi de 750 bombas sendo 496 para a Adl e 284 para a Marinha. Em 18 de fevereiro de 2010 foi assinado um contrato para a compra de 680 AASM sendo 300 com guiamento por GPS/INS e 300 com guiamento a laser. A compra elevou o total de encomendas para 1430 bombas. O contrato inclui a integração de um módulo de GPS de última geração e qualificação e produção da versão com guiamento INS/GPS/laser. O custo da AASM guiados por INS/GPS foi de EUR740mil e a AASM-IIR de EUR930 mil. O custo total do programa estimado em 417,3 milhões de Euros. 

Inicialmente era previsto que a versão com guiamento por GPS/INS entrasse em operação em 2005 e a com sensor IIR em 2006. A AASM entrou em operação em 2007 no Rafale naval e da força aérea. A AASM foi usada pela primeira vez em combate em abril de 2008 no Afeganistão quando um Rafale disparou duas AASM de 250kg contra posições do Talibã a 200 metros de tropas aliadas.

A DGA estudou a integração do designador de alvos a laser Damocles com a AASM. O Damocles localizaria o alvo a longa distância para apontar a AASM. O processador interno extrai características específicas da imagem do alvo para alimentar o sensor de busca por imagem infravermelha do AASM a longa distância. O resultado seria o aumento da precisão com a versão de sensor IR. O Damocles tem alcance de 45km numa altitude de 15 mil metros.

A AASM concorreu no programa AIR 1248 da RAF (PGB - Precision Guided Bomb) junto com a Alenia Marconi Systems (JDAM), Elbit Systems (família Whizzard), Leigh Aerosystems (LongShot), Northrop Grumman e Raytheon. Os requisitos são de uma bomba guiada com cabeça de guerra da Mk82, capacidade qualquer tempo e vida útil de 20 anos. A Paveway IV venceu a concorrência.


AASM

O Rafale deverá levar seis AASM em dois cabides triplos. O Rafale poderá levar dois cabides triplos em cada asa. A AASM tem capacidade off-boresight e o Rafale poderá atacar seis alvos em uma ângulo de 90 graus.




Kits AASM opcionais.

Atualizado em Agosto de 2010


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