AGM-84H SLAM Expanded Response (SLAM-ER)

Em resposta ao desempenho do SLAM disparados no Golfo em 1991, a US Navy iniciou um programa de melhoria para aumentar a capacidade de penetração da ogiva, deixar mais fácil de usar e melhorar a aerodinâmica e alcance do míssil. O novo míssil passou a ser chamado de AGM-84H SLAM Expanded Response (SLAM-ER) sendo uma evolução do SLAM.

Comparado com o SLAM, o SLAM-ER tem a fuselagem mais curta (4,36m), com asas maiores (2,18m de envergadura), mantendo os controles traseiros. O nariz foi mudado passando a ter formas mais furtivas com as janelas facetadas. O alcance passou para 280 km, a ogiva foi melhorada, com nova espoleta, e recebeu um novo datalink. O peso aumentou passando para 680 kg. As novas asas dobráveis foram adaptadas do Tomahawk e agora o míssil voa como uma aeronave, virando no método "bank to turn".

A nova asa mais do que dobrou o alcance do míssil e permite realizar acompanhamento do terreno. Com a nova asa o SLAM ER pode ser lançado do alto e voar bem mais alto. A altitude máxima de disparo passou a ser 40 mil pés e pode voar a 15 mil pés com apenas 70% da potencia do motor para aumentar ainda mais o alcance.

Com o adaptive terrain-following (ATF) pode voar bem mais baixo. O novo sistema foi instalado no lugar do radar altímetro. O ATF combina um Digital Terrain Elevation Data (DTED) com informações do GPS. O ATF considera os dados do DTED 10km a frente da trilha de vôo e cria células de 450x450m para o voar em segurança a baixa altitude.

A nova ogiva WDU-40/B de 247 kg já está em uso do Tomahawk Block III e foi modificada para ficar mais letal e com maior capacidade de penetração com uma nova cobertura de titânio. Uma nova espoleta tem três opções de atraso. O uso de explosivo PBXC-129 aumenta a letalidade e a segurança. 

O programa foi iniciado no meio da década de 90 com um contrato sendo assinado com a Boeing em março de 1995 no valor de US$ 99,4 milhões. O primeiro teste de vôo foi em 18 de março de 1997 com um disparo de um F/A-18C com o objetivo de testar a abertura das asas, ligar o motor, aquisição do sinal de satélite e navegação só com GPS. No primeiro teste míssil voou 185 km, mas tem um alcance efetivo de 280km. No total foram realizados 13 vôos de teste. 

Um teste em 1998 foi contra um alvo móvel, um navio próximo a costa da Califórnia, com o disparo sendo feito a 70km de distância. Em uma serie de testes de avaliação operacional no ano 2000 com 11 disparos, foram apenas cinco acertos sendo considerado um resultado ruim para uma arma de precisão.

Em janeiro de 2000 o SLAM ER foi testado contra navios, apesar de não ser um míssil antinavio, contra o cruzador CG-19 USS Dale próximo a Porto Rico. O objetivo era validar o sistema de guiamento e a efetividade da ogiva contra navios. O míssil deveria atingir um ponto determinado no navio. O disparo foi a 70km a partir de um F/A-18. A posição do alvo foi atualizado várias vezes durante o vôo. O teste mostrou a capacidade de atacar navios próximo ao litoral o que tem relação com o local de operação da US Navy mais investe. A área litorânea se estende desde 180km mar a dentro a até 80km terra a dentro e inclui enseadas, rios, baias, navios no porto.  

Entre 1997 a 2001 a US Navy comprou 187 mísseis novos e outros 600 SLAM foram modernizados para o novo padrão. A entrada em serviço foi em 1999. Está operacional nos F/A-18C Hornet e P-3C Orion e está planejado a integração no F/A-18E/F Super Hornet. Está planejado a integração em navios de superfície e futuramente no P-8 Poseidon.

A Coréia do Sul selecionou o SLAM-ER para armar seus caças F-15K. O valor do contrato foi de US$ 70 milhões. O valor unitário de cada míssil é estimado em US$ 874 mil cada em 2003.

A versão Grand SLAM foi mostrada em 1994 na feira aérea de Paris, para concorrer no programa Conventional Armed Standoff Missile (CASOM) britânico. O Grand SLAM teria um alcance de mais de 300 km a grande altitude, com melhor aerodinâmica, maior capacidade e combustível, ogiva penetradora de 400kg, novo datalink e nova interface 1760. O míssil teria 5,31m de comprimento e pesaria 1.089kg. O míssil não foi selecionado na concorrência.

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Um SLAM -ER nas asas de um F/A-18.

Em 1996 a US Navy iniciou um programa para desenvolver um algoritmo para aquisição automático de alvos - Advanced Target Acquisition (ATA) para instalar no SLAM ER. Com o ATA o SLAM ER envia as imagens da fase terminal do vôo, a cerca de 5-8km antes de atingir o alvo, ou nos 60 segundos finais de vôo, e compara com imagens do alvo armazenadas, gerada por satélite ou outro meio de vigilância. O sistema é ideal para alvos com muito ruído de fundo ou cenário confuso como em cidades. Também pode ser útil em caso de interferência do datalink. Com o ATA ligado o piloto pode disparar e deixar a área do alvo ou permanecer engajado e alterar a rota diminuindo a carga de trabalho. O ATA também pode ser usado em mau tempo. Com o GPS o míssil já tem grande precisão.

O míssil também recebeu o método tecnologia Stop-Motion Aimpoint Update (SMAU), ou "freeze frame", congelando a imagem por dois segundos, para diminuir a carga de trabalho do operador na fase final de vôo, facilitando a escolha do ponto de pontaria com o operador movendo o cursor de designação de alvos e "clicando" no ponto desejado. O SMAU pode ser usado 8-10 vezes até se aproximar do alvo na última milha de vôo, com uma imagem mais clara e rápida com o datalink enviando menos dados de cada vez. O método também mostrou ser bom contra alvos de oportunidade como um lançador de mísseis móvel. O Software tem 70% em comum com os usados nas bombas JSOW e JDAM. 

O programa Advanced Terminal Guidance (ATG) deixou o míssil mais autônomo eliminando a necessidade do datalink, mas que foi mantido para passar dados sobre acerto ou destruição do alvo e a capacidade de intervenção humana. O primeiro testes foi em um turboélice King Air em 1999. Os testes mostraram uma correlação positiva em 90% das passadas. O programa ATG ficou operacional no ano 2000. 

Em um teste em abril de 2001 foi usado o sistema ATA pela primeira vez. O cenário incluía voar em vários pontos de baliza simulando um litoral complexo. O míssil se aproximou corretamente do alvo e mostrou as imagens para um segundo F/A-18 com o datalink. Antes do impacto o piloto mudou o ponto impacto com o sistema Stop Motion Aimpoint Update com acerto direto.

O SLAM-ER foi testado com o Link 16/MIDS de um F/A-18 com dados do alvo passados por um JSTARS pelo datalink. O piloto do F/A-18 usou o sistema SMAU para escolher o ponto de impacto que era um caminhão trafegando a 80km/h. Os dados do alvo também podiam ser transmitidos por um UAV.

Em 2004 o SLAM-ER foi integrado no P-3C para pode atacar alvos em terra a longa distância. Cerca de 19 P-3C foram modificados para receber o míssil em 2004. O substituto do P-3, o P-8 Poseidon, também deve ser armado com o SLAM-ER.

Em um teste em 2004, o alvo era uma estação de radar simulada na ilha San Nicolas próximo a costa da Califórnia. O míssil mudou de direção com o piloto identificando um novo alvo na ilha que era um site de mísseis SAM. Um S-3B Sea King recebeu as imagens por datalink e destruiu o novo alvo.

Em 2007 a Rockwell Collins recebeu um contrato de US$ 18 milhões para desenvolver e produzir o Strike Common Weapon Data Link para substituir os casulos de datalink antigos. O novo datalink será usado com os mísseis SLAM-ER e as bombas planadoras JSOW.

Outras melhorias previstas são a função "time on Target", sistema de planejamento de missão em sistema operacional Windows, disparo a partir de navios, link "sensor to shooter" com designação de alvos em tempo real e ogiva de 450kg.

O SLAM-ER foi usado em combate pela primeira vez em 1999 com um disparo contra uma instalação militar no sul do Iraque sendo disparado por um F/A-18. No conflito de Kosovo em 1999 os P-3 usaram mísseis SLAM guiados por IR para atacar navios na costa e portos. No Afeganistão, em 2001, os P-3 continuaram a atacar alvos em terra com o SLAM junto com os mísseis cruise lançados dos B-52, navios e submarinos logo no primeiro dia do conflito. Os P-3 dispararam 14 mísseis SLAM no conflito.

Na invasão do Iraque em 2003 foram disparados dois SLAM-ER. Não foi muito usado por ser otimizado contra alvos pré-planejados e a lista de alvo acabou rápido e com superioridade aérea não precisou de arma cara contra a maioria dos alvos. Um alvo foi um prédio, sendo uma ótima arma contra este tipo de alvo. O piloto usou o vídeo para escolher o ponto de impacto na fase terminal. No dia 22 de março, um F/A-18 do Esquadrão VMFA-323 operando no norte do Iraque disparou um SLAM-ER contra um radar LP-23 no aeroporto Saddam Hussein. Todos os três esquadrões de Hornet operando no USS Constelation treinaram para disparar a SLAM-ER. Foi preparado um ataque contra um MiG-25 em Al Asad e Balad, mas faltou dados de inteligência suficiente.

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Imagem de testes de um SLAM-ER. O míssil foi lançado a 40 mil pés, voou mais de 180km, realizou uma manobra “pop-up” antes de mergulhar no alvo. A técnica SMAU foi usada para refinar a pontaria.


Imagem de um SLAM-ER pouco antes de atingir o alvo (o mesmo da sequência de imagem anterior). As asas enflexadas estão visíveis na foto.


 

Em um teste contra um alvo no mar foi contra uma barca simulando um contratorpedeiro descolando a 10 km/h a 5 km costa com terra no fundo. A posição do alvo foi atualizada quando estava a 20 minas e 10 milhas para compensar o movimento.

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Testes de um SLAM-ER a partir de um F-15K da Coréia do Sul.

 

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