Armas Guiadas Americanas na Segunda Guerra Mundial

Sem as armas guiadas as baixas das tropas americanas nos conflitos no Iraque, Kuwait, Bósnia e Afeganistão seriam bem maiores. Os caças teriam que voar baixo para atingir seus alvos com mais precisão e se arriscariam mais. Os combates seriam mais demorados e usariam mais ações em terra.

As armas guiadas atuais são um desenvolvimento de projetos bem antigos, já da Primeira Guerra Mundial, amadurecidas e com novas tecnologias. Após a Segunda Guerra Mundial foram poucos os incentivos para o desenvolvimento de armas guiadas táticas. A Guerra da Coréia teve uso e recursos limitados. Os computadores e o laser só ficaram disponíveis no inicio da década de 60. Foi o conflito do Vietnã que forçou buscarem soluções para problemas militares que resultou em uma revolução nas munições, conflitos e política de defesa.

Os EUA também testou os torpedo aéreos. O alvo aéreo Queen Bee britânico foi visto pelo almirante Farnhey da US Navy, em 1936, que achou o conceito interessante. Em 1937 a US Navy iniciou um programa semelhante para usar uma aeronave rádio-controlada para treino de tiro. O almirante é citado como o inventor do termo drone para aeronaves robô.

Em 1938 a US Navy iniciou testes com um drone de assalto levando bombas. Foi derrubado nos testes, mas a idéia não foi esquecida. A RCA já estava promovendo a idéia de um drone de assalto guiado por TV e o Almirante Farnhey gostou da idéia. A demonstração foi em 1940. 

Com o ataque a Pearl Harbor aceleraram o projeto, chamado OPTION, iniciado em fevereiro de 1942. Em abril foi testado com sucesso. Os filmes dos testes estimularam o interesse do Alto Comando e foi planejado a compra de 5 mil drones de assalto para equipar 18 esquadrões de drones.

Uma versão de baixo custo foi chamada TDN-1 (Torpedo Drone) e N de Naval Aircraft Factory. Tinha configuração de asa alta, motor a pistão e trem pouso fixo tricíclico. Levava uma bomba de 900kg a uma velocidade de 280km/h. Tinha uma cabine normal para testes e transporte. Apenas 114 TDN-1 foram construídos e usados apenas para avaliação e como alvos.

O TRD-1 foi construído pela Intersate Aircraft Company com a mesma configuração do TRN-1, porém era mais fácil de fabricar. Era controlado por uma aeronave Avenger modificado com controles e designado TBM-1C. O rádio controle e a antena da TV eram retráteis. Era usado um joystick para operar e usava um disco tipo telefone para codificar os controles. Um número era para armar, outro para disparar e assim por diante. O controle de rádio tinha quatro canais permitindo disparar quatro ao mesmo tempo ou na mesmas área.

O primeiro ataque foi em 30 de julho de 1944 contra o cargueiro japonês Yamazaki Maru em Guadalcanal. Foram usados seis TDR-1 sendo dois de reserva. Dois falharam na decolagem, dois não explodiram e dois conseguiram acerto direto. Mesmo assim o programa estava com sérios riscos de ser cancelado mesmo mostrando o bom resultado dos filmes gravados.

Em setembro de 1944 o TDR-1 foi usado para atacar instalações em Bouganvile. Foram disparados 46 em vários ataques com 37 funcionando e 21 atingindo seus alvos. Os japoneses se surpreenderam e pensaram que eram ataques suicidas. A guerra já estava terminando e outras armas estavam sendo consideradas mais importante. O programa foi cancelado.

O TDR-1 tinha vários problemas. A imagem da TV era ruim e só funcionava bem contra alvo com imagem bem distinta. Com pouco contraste e resolução era difícil atingir certos alvos. Os eletrônicos eram difíceis manter e o link de vídeo era fácil de jammear. Os aliados criaram jamming para rádio-controle e nada podia evitar que os países do Eixo fizessem o mesmo.


O TDR-1 foi usado como aeronave privada por alguns anos após fim da guerra.

Billy Mitchell já previa, devido ao aumento da sofisticação das defesas, que os bombardeiros deveriam evitar sobrevoar os alvos e defesas ao redor e atacando com bombas planadoras e torpedos aéreos disparados a distância. Mitchell já dizia que aeronave com bombas controladas por rádio seriam uma excelente arma contra alvos cheio de gente. Também profetizou que os alemães usariam mísseis contra a Inglaterra.

A ênfase no período entre a guerras eram os bombardeiros estratégicos. O US Army decidiu concentrar no desenvolvimento de miras aéreas. O objetivo era atacar centros estratégicos sem ter que tomar o terreno até chegar até estes pontos.


Imagem da visão do bombardeador ao olhar pela mira Nordem. A mesma mira seria usada depois para apoiar o controle das bombas Azon e Razon.

A precisão dos bombardeiros em 1941 com a mira Norden Mark XV apoiando o disparo de bombas M-44 e M-65 de mil libras (454kg) era até o valor do peso da bombas. Pensavam que podiam atingir um barril em terra disparando bombas a 20 mil pés. Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 10% das bombas caíram no ponto de pontaria, 25% com raio de 250 metros e 40% a 500m, e 90% a uma milha. Se o bombardeiro mudar a direção em 3 graus durante o disparo o erro no alvo era de 600 pés. Um erro de velocidade de cinco milhas dava erro de 100 pés.

Em 1944 passaram a usar CEP de 1000 pés. Antes da invasão da Normandia a precisão melhorou. A 15 mil pés o CEP passou a ser menor que mil pés. Após a invasão visitaram os alvos atacados e viram que os danos eram maiores que as foto aéreos usadas para medir danos.

O maior problema eram as altas perdas de bombardeiros. Tinham que calcular ataques com centenas de bombardeiros para ter 100% de dano em um alvo como uma fábrica. As perdas de aeronaves eram grandes.

Projetos da USAAF

A tecnologia para armas guiadas estava facilmente disponíveis na Segunda Guerra Mundial, mas os americanos estavam atrás dos alemães devido indiferença política.

A USAAF desenvolveu três séries de bombas planadores:

- BG - Bomb Glider

- GB - Glider Bomb

- VB - Vertical Bomb

Em 1941 a USAAF iniciou os trabalhos com mísseis com o drone A-1. Era um monoplano rádio controlado levando uma bombas de 225kg internamente. O alcance era de 640km com uma velocidade de 320km/h. Era disparado de trilho ou trolei. O programa foi cancelado em 1943.

As BQ eram bombas controladas lançadas de terra. Foram projetados vários modelos com várias configurações. Inclui o bimotor AT-21 convertido e os TDR-1 emprestados da US Navy. O projeto mais ambicioso eram os bombardeiros B-17 e B-24 convertidos.

Após invasão da Normandia alemães retaliaram com V-1 e V-2 contra Inglaterra. Os EUA passou a usar bombardeiros fora de serviço equipados com bombas e rádio controlados para atacar sites reforçados. Em junho de 1944 a proposta se tornou séria. Na época já estavam testando a Azon na Inglaterra. Os receptores seriam instalados em B-17. A aeronaves teria todo equipamento, armamento e blindagem retirado e seria armada com 20 toneladas de Torpex. O alvo seria sites reforçados. Dois tripulantes voariam a aeronave até a costa da Inglaterra e pulariam de pára-quedas.

O BQ-7 era o B-17, retirados de serviço, equipados com 9 toneladas do explosivo Torpex. Foram convertidos 25 aeronaves no programa Aphrodite. Era uma resposta de baixo custo a Tallboy britânica, mas sem capacidade de penetração. A tripulação chamava as aeronaves de Willies ou Weary Willes, de desgastado. Atacariam alvos reforçados alemães no projeto Perilous. Seriam acompanhados por outra aeronave como o CQ-17 como aeronave mãe e um P-38 para derrubar a aeronave se o rádio controle falhar.

O B-17 foi escolhido por ser estável. Dez foram selecionados inicialmente. O peso diminuiu em 14 toneladas com a retirada da blindagem e o armamento defensivo. Três B-24J com transmissor Azon foram usados assim como um B-17G foi equipado. As tripulações foram treinadas com os pilotos nas aeronaves rádio controladas por segurança. As aeronaves de controle eram chamadas de "mothers" e as rádio controladas de "babies". Os babies foram equipados com peso extra para manter o centro de gravidade.

Na primeira missão o navegador perdeu o controle quando tentava mergulhar o B-17F contra um alvo em Wattern. Na segunda tentativa a aeronave começava a subir quando o controle de rádio era acionado e na terceira tentativa a aeronave entrou em parafuso. O navegador conseguiu saltar, mas o piloto morreu na queda. A cratera da explosão ainda existe.

Em outras duas missões os alvos foram perdidos. A primeira devido a nuvens baixas na área do alvo e no segundo por erro de estimativa do ponto de mergulho. Em 6 de agosto dois babies decolaram, mas por falhas nos receptores as aeronaves caíram. As operações foram paralisadas até que equipamentos mais confiáveis se tornassem disponíveis.

Logo depois chegaram novos equipamentos como o receptores AN/ARW-1 e transmissores RC-489 de televisão. A imagem da TV era recebida pelo receptor SCR-550 e chamado de "block".

A US Navy também se interessou na idéia com o projeto Anvil. O BQ-8 era o B-24 convertido incluindo com TV. Foi equipado com 11.340kg de explosivos Torpex. Em 12 de agosto dois PB4Y-1 "babies" controlados por PV-1 Venturas "mothers" decolaram. Uma aeronave explodiu no ar matando os dois tripulantes. Os voos foram cancelados até a chegada de equipamento mais confiável. A segunda missão foi em 3 de setembro de 1944 danificando uma instalação alemã, mas errou o alvo devido a recepção de TV ruim. O programa abandonado e contribuiu para cancelar a TDR-1.

Um total de 20 bombardeiros B-17 foram preparados para receber os novos sistemas de TV e chamados de "castor". Cinco B-17G foram preparados como Mother. Um foi preparado para atacar com torpedos o Tirpitz, mas a missão foi cancelada. Em agosto três missões "batty" foram realizadas sendo o código do disparo de bombas GB-4 e GB-8 com câmera de TV. Não tiveram sucesso em atingir alvos e foram cancelados.

Em 3 de setembro foi realizada uma segunda missão Anvil de treino com sucesso em atingir o alvo. Em 11 de setembro outra missão. O Castor voava 600 a 700 metros acima do babie e várias milhas atrás ficando vulnerável a artilharia antiaérea. Então selecionavam alvos pouco defendidos e que não precisavam de penetração. Três dias depois atacaram uma refinaria em Hammingsteadt sem acertar. Operações em 15 e 30 de outubro também falharam. Uma aeronave com falha no link caiu na Suécia.

Em 5 de dezembro e em primeiro de janeiro de 1945 foram realizadas novas missões com falhas. Um não explodiu ao cair e foi atacado por caças aliados para não comprometer o projeto, mas os alemães conseguiram recuperar os equipamentos e descobriram tudo. O projeto foi cancelado alguns dias após o último ataque. 


Um QB-17 "babie" pouco antes de atingir o alvo durante um teste.


Imagem de TV vista pelo bombardeador durante o guiamento de um QB-17.

A idéia de enviar bombardeiros foi substituída por aeronaves menores como o F6F Hellcat. Não ficaram prontos a tempo, mas viram ação depois na Guerra da Coréia. A Guided Missile Unit 90 foi enviada para o porta-aviões USS Boxer equipado com drones F6F-5K Hellcat. A primeira missão foi em 28 de agosto de 1952 contra a ponte de Hungnam. Os Hellcats equipados com uma bomba de 900kg foram guiados até o alvo com apoio de uma câmera de TV instalada em um casulo na asa. A imagem era enviada para um AD Skyraider para que o piloto "voasse" a aeronave até o alvo. Outro AD SkyRaider também apoiava. A ponte foi atingida e destruída, mesmo com a imagem borrada, e já tinha sido atacada antes várias vezes sem sucesso.

Foram lançados seis drones contra alvos na Coréia do Norte em 1952. Os alvos eram pontes, túneis e centrais elétricas. Foram um acerto, um erro e quatro falhas. Durante o conflito desenvolveram o míssil Bullpup entrando em serviço em 1959. O próximo passo foi desenvolver versões a jato que viraram os mísseis cruise.

A US Navy desenvolveu o TG-2 que era uma aeronave controlada remotamente lançada de aeronave que voou em maio de 1942 e foi usada para testes de guiamento por TV.


Um drone F6F-5K antes de ser lançado para atacar alvos na Coréia do Norte.

As BG são pouco conhecidas. A única que voou foi a XBG-1 que era uma conversão do drone alvo Fletcher PQ-11A e não entrou em produção. O motor foi substituído por uma bomba de 900kg. O planador era rebocado até a área do alvo e disparado. Era guiada por TV. Dez foram construídos. A BG-2 e BG-3 não chegaram ao estágio de protótipo.

As GB eram bombas com asas semelhantes a Hs 293A. Foram resultado de estudos de armas guiadas entre 1940 e 1941. A maioria não surtiu interesse pois a organização envolvida não tinha conhecimento sobre aerodinâmica ou eletrônicos.

O Aeronca GB-1 sobreviveu por ser simples. Era uma bomba de 900kg com asas de madeira e cauda dupla. Era guiada por giroscópio de estabilização. Era apontada pelo bombardeador e guiava na direção apontada. O objetivo não era disparar além do alcance das defesas do alvo e sim atingir o lado de uma parede enquanto as bombas comuns caiam direto para baixo sendo mais difícil atingir um alvo. Também podia ser desenvolvida mais rapidamente.

A GB-1 foi enviada para a Europa no fim de 1943 com duas instaladas em um B-17. Atacaram a Cidade de Colônia no inicio de 1944 com resultado insatisfatório. A precisão era pouca e o B-17 sofria com o arrasto adicional, alcance e desempenho. Cerca de 100 foram usadas em combate e logo abandonadas.


Duas GB-1 eram levadas nas asas dos B-17. Eram difíceis de usar e tiveram pouco efeito na guerra.

A Bellanca GB-2 e a Timm GB-3 eram bombas de 900kg que tiveram desenvolvimento atrasado para dar frente a GB-1. Outros modelos foram a GB-5 com sensor eletro-ótico, GB-6 com sensor de calor, GB-7 com radar passivo, GB-8 com rádio controle similar a Hs-293, GB-11 que era uma GB-1 com tanque de dispersão de agente químico, GB-12 que era a GB-5C com outro sensor eletro-ótico, GB-13 que era a GB-5D que guiava até flares, GB-14 que era a GB-7B com sensor radar ativo semelhante ao conceito Bat da US Navy. Estes projetos nunca passaram da fase de teste e foram cancelados com o fim da guerra.

Um torpedo planador designado GT-1 foi desenvolvido. Era basicamente semelhante ao torpedo planador alemão, sendo uma GB-1 com torpedo Mark 13 no lugar da bomba. Foi usado no Pacifico no fim da guerra e disparado pelo B-25 Mitchell.

A GB-4 guiada por TV era a mais refinada que a GB-1 com a mesma configuração. Foi usada em combate, mas com desempenho muito ruim. Um dos motivos foi a péssima qualidade da imagem. A JB-4 era uma versão com motor pulsojet mas não passou do estágio de teste.

A GB-9 era versão para mergulhar até o radar altímetro indicar que passou de uma certa altitude. Depois voa nivelado e era guiada por rádio até o alvo. Atacaria alvos difíceis de atacar por cima como túneis. A GB-15 era uma GB-4 melhorada.


Imagem da GB-4. A camera de TV fica no casulo abaixo do corpo.


Imagem da camera de TV da GB-4.


O operador controlando uma GB-4 durante os testes.

 

Bombas VB

As VB eram um conceito semelhante a Fritz-X alemã, consistindo de um bomba burra com kit de guiamento na cauda, com mais sucesso que as GB.

Foi o sucesso dos alemães na baia de Biscaia que impulsionou seu desenvolvimento. Para compensar o efeito de paralax, primeiro a bomba planaria e depois mergulhavam como as bombas Fritz-X enquanto a aeronave fazia uma subida ligeira e desacelerando por 10 segundos, permitindo que o bombardeador continuasse a ver a bomba bem abaixo ao invés de ultrapassar a bomba. Os EUA tentaram repetir a manobra alemã, mas os bombardeiros estolavam na subida.

Todas as VBs foram desenvolvidas pela ATSC (Air Technical Service Command). As oito primeiras, da VB-1 a VB-8, eram modificações de bombas burras. A VB-1 era baseada na bomba M44 de 450kg e depois na bomba AN-M65. Adicionaram uma nova cauda octogonal com giroestabilização, dois lemes e um flare para acompanhamento. A arma podia ser controlada apenas para esquerda e direita e por isso foi chamada de AZON (

AZimuth ONly). O bombardeador acompanharia o flare com a mira Norden e controlaria com um joystick. O flare era acionado 5-10 segundos após o disparo. Os controles moviam apenas 5 graus na base do tudo ou nada (bang-bang). Os erros de distância eram similares as bombas burras.

O projeto da Azon era de antes da guerra. Em setembro de 1940. A RCA desenvolvia TVs para torpedos aéreos. O US Army queria um sensor alternativo para bombas para melhorar o guiamento. Com a TV da Hazeltine Electronics para bombas queda livre uniram com controle de rádio. Também desenvolveram estudos aerodinâmicos puro para bombas de alto angulo de queda. O contrato de 5.200 dólares para construir bombas foi dado em 1941 para a Gulf Research and Development Corporation. Eventualmente gastou 2 milhões com a Azon junto com o MIT e outros subcontratantes no projeto “High Angle Dirigible Bomb”.

Os gargalos eram vários. A câmera fixa no eixo da bomba dificultava aquisição do alvo e apontar também. Com palhetas podia ser apontada para a tangente da direção do vento. Controle cilíndrico também era complicado de operar. Então virou controle cartesiano (alto, baixo e lado).  Após testes com o franceses, que testaram a bomba com guiamento por fio e manual, viram que o melhor método era um pirotécnico na cauda deixando a bomba visível até o impacto. A direção em alcance passou a ser um problema devido ao problemas de paralaxe. A bomba avançava na mesma velocidade da aeronave sendo difícil determinar distância que ainda tem que percorrer. O controle era só para a esquerda e direita e bem simples. Ainda assim foi considerado útil. Então em 1942 a Azon foi adotada como solução temporária e virou a VB-1 como designação oficial.

O projeto da VB-1 iniciou no meio de 1942, mas o sistema de giroestabilização era inefetivo, com a bomba tendo tendência a girar, tornando os controles inúteis. Com o tempo o problema foi resolvido e era uma a duas vezes mais precisa que as bombas não guiadas. O kit de cauda foi adaptada na bomba M-65 de mil libras. O kit de cauda tinha um receptor de rádio, um giroscópio, atuadores, baterias, antena e um flare de 600 mil velas que queimava por 50 segundos. A Azon atingiu o estágio avançado de desenvolvimento em 25 de agosto de 1943.

A AZON era ideal contra alvos longo como pontes e viadutos. Era disparada coordenada com a mira Norden. Depois era controlada pelo bombardeador que via a bomba como uma fonte de luz contra o fundo e comandava para direita e esquerda e zero com controle de três posições. O link de comando por rádio tinha cinco canais permitindo que apenas cinco bombardeiros disparassem e controlassem a AZON na área do alvo.

Em 1943 foi entregue o primeiro lote de 12 Azon. A maioria falhou em estabilizar em rolagem ou responder ao controle de rádio. As que controlavam caíram com um CEP de 12 pés do alvo (estrada). Após a primeira atingir o centro do alvo a segunda foi controlada a 500 pés fora do alvo e ajustou para o centro.

Os testes convenceram a USAAF, apesar de estarem interessada em uma arma "dispare-e-esqueça" e comprou mil kits Azon. O sucesso da Hs-293 e da Fritz-X contra os aliados em 1943 foi o teste decisivo. Um total de 15 mil AZON foram construídos até novembro de 1944 e entrou em operação na Europa e no norte da Itália. A VB-2 de 900kg usava o mesmo sistema de guiamento, mas foi pouco fabricada.

A série VB-1/VB-2 Azon foram as primeiras bombas guiadas americanas a serem usadas operacionalmente. O primeiro ataque na Europa foi em fevereiro de 1944 nos B-24J do 458 Esquadrão de bombardeiros da 8a Força Aérea. Atacaram as pontes do Rio Seine na França e depósitos de munição em Kropp e a ponte ferroviária de Ravenstein na Holanda.

Foi adotada pela 15 Força Aérea no sul da Europa. A Azon foi usada em 25 de março de 1944 cortando o viaduto de Avisio para ajudar a fechar o passo de Brenner conectando a Itália e Áustria. Atacou a represas no rio Danúbio e depois novamente a ferrovia Ancona-Rimini.

A AZON foi usado contra os japoneses em Burma no fim de 1944 pelos B-24 da 10a Força Aérea. Sem poder levar suprimentos pelo mar os Japoneses só podiam enviar suprimentos para Burma por terra no sul da China. A rota tinha muitas pontes e viraram alvos prioritários. Os japoneses logo defenderam os alvos.

Em três meses, de dezembro de 1944 a março de 1945, o 7o Grupo de Bombardeiro disparou 459 Azon destruindo 27 pontes. Os erros em azimute eram de menos 15 pés com 50% atingindo 21 pés do alvo. Com os bombardeiros tendo que manter o curso para a guiar a bomba contra a artilharia antiaérea atirando para guiar começaram a pensar em diminuir os riscos, mesmo com as defesas sendo mais fracas que na Europa. Como estavam sempre escoltados pelos P-38 voando bem mais alto e fora alcance da artilharia antiaérea, foram modificados para "droop snoot" com nariz de bombardeiro pra "liderar" o voo e controle da AZON. Os bombardeiros lançavam a AZON e fariam evasivas enquanto o P-38 guiaria a bomba. Virou depois o conceito "master bomber" usado no Vietnã com as bombas guiadas a laser.

A AZON era ideal para atacar alvos longos como pontes e viadutos, mas os resultados não impressionaram. A AZON era difícil de usar. Dependia muito do treino do operador e as aeronaves não podiam manobrar após disparar as bombas. Não era popular entre as tripulações e nem foi decisiva. Os tripulantes não gostavam de continuar voando reto em direção ao alvo depois de disparar. Era atrapalhada pelo mau tempo e tinha restrição de alvos. Foram retiradas de serviço logo depois da guerra.

Outro problema era a tática de disparar várias AZON de uma única aeronave e esperar que controlando uma todas seguiriam. O resultado era a dispersão no alvo sendo até maior comparado com bombas não guiadas. As bombas não guiadas giram para estabilizar enquanto as AZON não. Tentaram ligar todas as AZON por cabo. A interação era pior e piorou a precisão. Finalmente passaram a disparar um Azon de cada vez o que era inadequado contra alvos resistentes.

A Azon foi um entre vários projetos inovadores como espoleta de proximidade, mísseis auto-dirigidos (por calor, luz e radar), e bombas de guiamento manual. A Azon foi a única usada com sucesso em grande quantidade na Segunda Guerra Mundial. Também era única que corrigia a trajetória de bomba disparada em queda livre. O sucesso foi promissor suficiente para levar ao desenvolvimento de outras armas.


Imagens de pontes destruídas em Burma pela Azon. A imagem da esquerda mostra a ponte em Taungup.


Antena do link de comando da Azon.

RAZON

Os resultados da Azon foram satisfatório e queriam mais precisão. O melhor uso da Azon foram os dados coletados e usados para o projeto Razon. A Razon recebeu mais recurso que outros projetos graças aos dados da Azon. Várias Azon foram usadas em outros projetos como a Spazon.

A série VB-3 de 450kg e VB-4 de 900kg eram a "RAZON (Range And Azimuth Only)" com controle em dois eixos. Paralelo com a Azon, o ATSC desenvolveu a Razon que usava dois canais para controlar o alcance e azimute. A Razon usava dois anéis anulares em fila com o traseiro usado para controle. A mira Norden foi adaptada para evitar o efeito paralaxe permitindo colocar o flare no alvo e manter. Em teoria era só alinhar com o joystick. Ainda assim era mais precisa em azimute que em distância. Um total de 93 Razon foram usadas em testes de novembro de 1944 a setembro de 1945 a partir de um B-17. De oito testes em agosto de 1948, 3/4 tiveram erro de azimute de zero e erro de distância era de quase 70m. Apenas uma teve acerto direto.

Um total de 3 mil Razon foram construídas até 1945, mas não atingiram a capacidade operacional antes do fim da guerra. Só foi usada de forma significativa na Coréia onde atacaram linhas ferroviárias.

Os primeiros testes de combate da RAZON fracassaram devido a problemas de confiabilidade, treinamento inadequado e equipamento inadequado. Depois de resolvidos atacaram pontes. A precisão era boa e tripulantes experientes faziam bom uso. A Razon usava rádio de 47 canais permitindo mais bombas na área do alvo. A VB-3 era considerada pouco potente para destruir pontes. Eram necessários quatro acertos para destruir um vão de uma ponte.

No inicio de 1945 foi proposto controlar a Razon de terra. Seria dois pontos, um para controlar a distância e outro a azimute. O projeto estava relacionado com as grandes perdas de tropas no Pacifico e as tropas controlariam a bomba para destruir alvos na frente do avanço. O primeiro teste teve erro de 10 pés distância e 150 pés de 200 azimute. O projeto não foi adiante.

Testaram o conceito de duas aeronaves para controlar a Razon com a segunda mais atrás e acima. Assim o bombardeador teria melhor linha de visada para controlar. Poderia ter até dois bombardeadores controlando, atacando dois alvos ou um de reserva. A idéia não saiu no papel, mas o conceito foi usado depois com AGM-62 Walleye.

No fim da Segunda Guerra Mundial o US Army pediu urgência para meios de fazer Apoio Aéreo Aproximado sem arriscar as tropas em terra. A L. N. Schwien Company foi contrata para projetar um bomba controlada por rádio. Era um Razon controlada de terra. Dois telescópios de observação de artilharia foram adaptados para controlar distância e azimute. A Razon não ficou completa a tempo.
 
Em 1947, o USMC desejou uma arma semelhante. O objetivo era atacar pontos fortes a frente das linhas que não podiam ser eliminadas por armas convencionais. Foram estudados conceitos de artilharia, apoio de fogo naval, foguetes e bombardeiro aéreo. As limitações eram o mau tempo, identificação do alvo, atraso na resposta e pouca precisão. Foi proposto a Operation Lacrosse. Era um telêmetro ótico, mira acompanhamento ótica, equipamento acompanhamento rádio míssil-observador, rádio controle, computador, e míssil subsônico com 500 libras de carga moldado. A 300 m do alvo o Lacrosse determinaria a distância do alvo, distância do míssil e angulo do míssil. Depois o computador controlaria o míssil. Devido a limitações orçamentárias poucas entraram operação.

Durante a Guerra da Coréia a Interdição Aérea era feito muito a noite pois os comunistas se escondiam de dia. Os pontos vulneráveis eram pontes e túneis. O bombardeio de mergulho com os F-84 era preciso, mas pouco potente. O treinamento contava muito. Poucos pilotos era habilidosos e acertavam e o resto tinha sorte se acertar a Coréia. Então atacavam em massa. Um alvo podia ser atacado por esquadrilha, Esquadrão e até Grupo de Caça.

As VB-3 enviadas para Burma na Segunda Guerra Mundial foram usadas depois na Coréia. Entre setembro a outubro de 1950 foram disparados 30 bombas com acerto estimado em 50%. Cerca 1 em 7 falhou, semelhante aos testes (1 em 6). A pontaria variava com o operador, mesmo todos com o mesmo treinamento e sem aparente diferença nos controles. Três B-29  do 19 Grupo de Bombardeiro foram adaptados para disparar as Razon levando até oito bombas. Não foram testadas antes de disparar, sem treino adequado para os operadores e estavam mal mantida e armazenadas.

Na Coréia a Razon foi a única arma guiada usada em quantidade. O primeiro voo de combate foi em 23 de agosto de 1950. A confiabilidade era de 96%. A precisão era melhor em azimute que distância sendo boa contra alvos longos.  A precisão era considerada boa e melhorava com a experiência.N o total foram 489 Razon disparadas com 32% falhando (331 controladas). Nos quatro últimos meses de 1950 foram 15 pontes destruídas com as Razon.

Um dos motivo dos poucos alvos atingidos era devido ao fato de ser usada também para treinamento durante a missão. Uma aeronave destruiu duas pontes com seis bombas e depois disparou seis bombas para praticar. Várias foram disparadas no mesmo alvo para treinamento. Foi concluído que bastava quatro Razon para destruir uma ponte. Os tripulantes acharam melhor que o bombardeio convencional.

No fim de 1952 testaram a Razon a noite com os B-26 e flares M-24. O relatório final considerou o uso insuficiente contra alvos táticos. Quando a estratégia terrestre foi desligada da aérea passaram a atacar alvos para efeito político como hidroelétricas.

O interesse nestas armas diminuiu após o fim da Segunda Guerra Mundial. Os eletrônicos da época não eram confiáveis o suficiente para uso em combate e os sensores tinham baixa sensitividade e contrates. As pesquisas continuaram a passos lentos.


Imagem da RAZON.

Outras bombas da família VB nunca passaram fase de testes como a VB-5, que era uma VB-3 com controle eletro-ótico, a VB-6 Felix com sensor infravermelho cancelada em 1945, e a VB-7 e a VB-8 com guiamento por TV.

A Douglas VB-9, VB-10, VB-11 e VB-12 eram a ROC, projetadas pela Douglas, MIT e NDRC (National Defense Research Committee), sendo que a VB-9 tinha grandes asas em cruz e sensor radar ativo e as outras com asas em anel. As VB-10, VB-11 e VB-12 tinham sensor de TV, IR e radio respectivamente. A imagem do radar da VB-9 era transmitida para o bombardeador para direcionar a trilha com comando de rádio, mas o radar era sempre inútil devido ao retorno solo e o programa foi parado no inicio de 1945. A VB-9 virou o míssil MACE.

A VB-10 com guiamento por TV era considerada muito complicada. O disparo era horizontal e mergulhava a 70 graus. A aeronave podia manobrar depois e podia ser disparada bem fora do eixo. Foram realizados dois disparos.


A VB-6 Felix foi testada com sucesso em 1945. A US Navy desenvolveu uma arma similar chamada ASM-N-4 Dove. A tecnologia foi usada no míssil Falcon. Em agosto de 1940 a RCA americana mostrou suas idéias de bombas controladas por TV e torpedos com rádio controle. A RCA não trabalharia na parte aerodinâmica e sim na eletrônica.


Visão frontal da VB-6 Felix mostrando o sensor infravermelho.


Imagem da VB-10 com asa em anel.


Imagem da VB-9.


Detalhes internos da ROC.

VB-13 Tarzon

A Bell VB-13 era a Tarzon, depois designada ASM-A-1, sendo usada em combate. Era baseada na Tallboy britânica de 5,44 toneladas e 6,4 metros de comprimento. A asa era circular e o controle na cauda permitia controle por rádio. Colocaram uma asa em anel ao redor do centro de gravidade para amplificar a mudança de direção. Ao invés de asa diminuía a área. Mesmo assim apenas os B-29 disparavam a Tarzon. Devido aos custos os testes foram lentos terminando em 1949. A VB-13 Tarzon foi criada para testes aerodinâmicos de grandes bombas. As deficiências da Azon podia ser anulada com carga maior. Uma bomba maior precisa de superfície de controle muito maior aumentando ao quadrado.

A Tarzon não tinha problema de potência. Foram enviadas para Okinawa em dezembro de 1950 para uso na Coréia do Norte, após o término dos ataques com as Razon, para ser levada pelos B-29. Cerca de 30 foram disparadas em quatro meses com seis acerto em pontes. Destruía 2-3 vãos com acerto único. Acertou uma instalação hidroelétrico com acerto direto sem ser um alvo longo.

De 28 disparos em combate cinco foram instáveis, 16 não controlaram, 13 sofreram falha no flare e apenas seis atingiram o alvo. A altitude de disparo ótima era de 17 a 20 mil pés e dentro do alcance da artilharia antiaérea que podia encobrir o alvo e o flare. A aeronave continuava vulnerável voando reto. Foi negociado a compra de mil Tarzon, mas logo foi cancelado. Foi usada até agosto de 1951 e chegou a ser disparada contra concentrações de tropas. Os alvos estratégicos também acabaram em 1952.

Em 29 de março de 1951, três B-29 se juntaram a uma formação de bombardeiros em uma missão de rotina contra pontes ligando a Coréia do Norte e a China em Sinuiju. Na verdade eram cobertura para os três B-29 armados com bombas Tarzon com apenas um chegando no alvo e o outros perderam controle da bomba, perderam alvo, ou danos pelas defesas. O terceiro voltou danificado e a bomba alijada explodiu antes da aeronave pousar na água. O alijamento seguro só ocorre acima de 5 mil pés pois detonava no impacto. O problema foi corrigido, mas não foi disparada novamente.


Uma VB-13 Tarzon sendo preparada para disparo.

 

Projetos da US Navy

Os experimentos com mísseis aéreos da US Navy tiveram três caminhos na Segunda Guerra Mundial. O primeiro foi uma bomba planadora, inicialmente concebida como bomba guiada por TV chamada Dragon. Depois chamada Pelican e depois entrou em ação chamada de Bat. Eram dois nomes de bombas guiadas por radar. A Bat foi novamente concebida com guiamento por TV. A Pelican tinha asas e tem sustentação para planar varias vezes a altitude de disparo.

O terceiro projeto foi o Roc que não funcionou com guiamento por radar e sim com guiamento por TV. Estava em estágio avançado de desenvolvimento quando a guerra acabou. A Roc iniciou como arma balística, mas tem controles podendo aumentar o alcance e compensar grandes erros de pontaria inicial. As armas da época eram de controle continuo ou controladas automaticamente, "homing" em alguma fonte de energia refletiva do alvo distinguível do plano de fundo.

Roc era o pássaro mitológico que afundou o navio de Simba. Foi projetada desde o inicio como uma arma anti-navio. Nunca foi usado em combate, mas desenvolveu muitas tecnologias. Em novembro de 1941, após o ataque em Pearl Harbour, os cientistas americanos perceberam que o radar podia ser usado para guiar uma bomba. Usaram o radar Air-Ground Location (AGL) modificado. Primeiro tinham que desenvolver a bomba para seguir o feixe de radar. Logo mudaram o requerimento para ser radar-homing para dar liberdade a aeronave lançadora.

A Douglas foi escolhida para desenvolver a arma. Foram gastos US$ 2,5 milhões em quatro anos. A bomba teria muita asa para planar e manobrabilidade para mergulhar em um angulo de 45 graus. Testes em túnel de vento mostrou que a asa em X era boa para carga em qualquer direção sem ter que inclinar a bomba.

A primeira versão foi armada com uma cabeça de guerra de 225kg, asa em "x" e cauda em cruz. Voaria em um angulo de ataque de zero grau indo exatamente na direção do sensor, mas nunca seria atingido. Um giroscópio controlariam os flaps e ailerons para evitar que rolasse no eixo longitudinal. Os testes iniciaram com células fotoelétricas de quatro quadrantes para testes pois os radares não estavam prontos. A bomba era disparados a noite contra um flare usado como alvo, mas também precisavam desenvolver a célula fotoelétrica.

Nos primeiros nove disparos quatro guiaram satisfatoriamente e cinco tiveram falhas ou mal funcionamento. O novo fornecedor de "olhos" permitiu acelerar o programa com uma célula foto elétrica para luz. Em dezembro de 1943 o projeto virou a X-Roc com cabeça de guerra de 454kg e receptor de radar Zenith RHB. O Zenith foi projetado para um bomba planadora com pequeno angulo de planeio. Tiveram que testar contra alvos grandes com pouca estrutura acima do horizonte.

Em 1944 a US Navy deixou de ter interesse no projeto pois não poderia ser levada por aeronaves embarcadas. Só podia ser levada de grandes bombardeiros baseados em terra a não ser que fosse reprojetada. A versão Roc OO-1000 foi projetada com asas e cauda em anel e foi apelidada de "Double Cookie Cutter". Os testes aerodinâmicos não foram satisfatórios.


Os primeiros modelos da ROC tinham asa em X. O modelo acima está sendo instalado nas asas de um B-17.


A ROC foi reprojetada com guiamento por TV e asa em anel.

Neste estágio a RCA já tinha desenvolvido uma TV para equipar mísseis e bombas. O veiculo planador foi projetado pela Vidal. O planador tinha 2,4 m de envergadura sendo uma escala 3/4 do míssil planejado. Um dos alvos seriam os submarinos alemães operando no Atlântico. Seria usado a noite com guiamento radar. A cabeça de guerra teria 147kg. A versão guiada por TV era a Robin. Os erros tinham uma média de 183 metros. Era disparada a 16km do alvo a 4500m de altura.

Enquanto isso a Pelican, equipada com radar, errava menos. O objetivo do Pelican, ou "Special Weapons Ordinance Delivery (SWOD) Mark 7", era atacar submarinos. Levaria uma carga de profundidade para atacar os U-Boat e seria equipada com radar semi-ativo iluminado pelo radar da aeronave lançadora. Esperavam que o uso de carga de profundidade aumentaria as chances de sucesso. Com a derrota dos U-Boat em 1943 o programa foi paralisado. O controle por TV passou a se concentrar na Roc enquanto a bomba planadora se concentrou na versão radar homing.


Duas Pelican nas asas de um PV-1 Ventura.

O radar homing tinha três fontes de informações. O próprio transmissor, um transmissor amigo ou o radar inimigo. O primeiro foi coberto pelo Bat, o segundo com a Pelican e o terceiro com o Moth. Os detalhes operacionais excluíram o projeto Moth. O Pelican estava em estágio de desenvolvimento mais avançado que a Bat, mas a Bat prevaleceu. Como diminuiu a ameaça submarina passou a se concentrar em alvos de superfície com a Pelican. Isso exigiu uma cabeça de guerra maior de 227kg e o projeto reiniciou. No fim de 1943 entrou em produção. Os testes iniciaram em junho de 1944 contra um navio Liberty, atacado por seis bombas de produção e as seis erraram.

A vantagem da Bat era ser auto-contida, não precisando de manobras pré-determinadas da aeronave lançadora após o disparo. Já para disparar a Pelican era necessário manter o alvo iluminado pelo radar. O operador tinha que ser habilidoso mesmo com a artilharia antiaérea atirando.

A Bat, também chamada de SWOD (Special Weapons Ordnance Device - mk 9), ou ASM-N-2, duas designações oficiais, usava a mesma fuselagem do Pelican com uma asa de três metros de envergadura. A Bell Telephone Laboratories forneceu o radar Surface Rider Beam (SRB). Os primeiros tiveram muitos defeitos. A Bat foi testada no PV-1 Ventura, PBJ Mitchell, PBY-5A Catalina e até no F4U Corsair. Outras aeronaves consideradas para levar a Bat foram os F7F Tigercat, TBF Avenger, SB2C Helldiver e, o escolhido, PB4Y-2 Privateer, que eram os B-24 Liberator navalizados de longo alcance.

Nos testes 11 Bats foram disparadas contra o navio James Longstreed em dezembro de 1944 depois mais duas contra o cargueiro Carisco. Eram alvos estacionários. Depois foi testado contra o Esso New Orleans que entrou no local por engano e foi indicado na tela do radar como alvo legitimo. A Bat com carga de concreto atingiu o navio a 15 metros de distância no mar, ricocheteou e cruzou o convés cortando cabos. O capitão do navio alertou a tripulação de um ataque alemão (na costa do Pacífico?). A Bat chegou a levar uma cabeça de guerra de 454kg, tinha uma razão de planeio de 3,5 a 5,5, e gerava seu próprio feixe de radar.

Em 1944 apenas dois esquadrões Privateers operavam com a Bat sendo um no Pacifico e outro no Atlântico e apenas quatro aeronaves de cada esquadrão levava o míssil. O treino iniciou com 72 Bats em março de 1945 no Havaí. Treinariam os operadores do radar para aprender a disparar a bomba. Apenas os Privateer levariam a bomba sendo duas externamente nas asas e podia levar mais duas internamente. Quatorze aeronaves transportariam 56 até a zona combate. Entre maio e agosto de 1945 varias foram disparadas experimentalmente contra os japoneses. Os alvos eram apenas pequenos, geralmente próximos de portos. Mesmo assim tiveram alguns acertos. Eram disparavam bem fora do alcance da  artilharia antiaérea e seguiam alvos móveis. Um navio carregado com munição "sumiu" e um contratorpedeiro perdeu a proa após ser atingido.

As falhas mecânicas foram muitas devido a umidade e o calor local. Subindo para o ar frio piorava a situação. O primeiro uso operacional foi em 23 de abril de 1943 quando dois elementos de Privateer do esquadrão VPB-109 baseado no atol de Palawan, dispararam oito Bats contra cargueiros japoneses no porto de Balikpapan em Borneu. Quatro não funcionaram e quatro atacaram alvos em terra. Todos perderam os alvos originais e atacaram um navio picket, um cargueiro pequeno no pier, uma refinaria de óleo e um campo aberto.

No dia 10 de maio de 1945 atacaram mais ao norte a partir da base de Yotan a área em Okinawa. Voando de dia tiveram que se proteger atacando bem baixo, mas sem poder usar o radar ou ter altitude para a bomba planar. Os navios japoneses navegaram mais a noite, mas os Privater não podiam decolar para não serem confundidos com kamikases noturnos. Então não conseguiram demonstrar sua capacidade anti-navio de longo alcance.

Em Okinawa conseguiram disparar 13 Bats. Cinco falharam, cinco erraram, uma atingiu a água a 900 metros de um contratorpedeiro e apenas três acertaram seus alvos. O esquadrão VPB-123 deslocou para Okinawa em 28 de maio seguido em 15 de junho pelo VPB-124. Os bombardeiros de mergulhos deixaram poucos alvos para a nova arma. O primeiro ataque do VPB-124 foi contra dois contratorpedeiros em uma doca, mas as Bat trancaram nas montanhas do lado. 

No dia primeiro de julho o VPB-123 fez o primeiro disparo sem acerto. Com muitas falhas os Privaters foram usados como bombardeiro convencional no resto da guerra. Dois ficavam na reserva equipados com as Bats se descobrissem alvos. O ataque final foi contra dois contratorpedeiros atacados pelos VPB-124 em 10 de julho de 1945 não vendo resultados. Em julho o VPB-123 atacou um contratorpedeiros com acerto direto e um erro próximo. O VPB-109 voltou e disparou o último Bat contra um tanque na costa da Coréia em 8 de agosto e atacou outro no mesmo local dois dias depois errando os alvos.

A Bat foi a primeira arma com capacidade "dispare-e-esqueça" a entrar em ação. Três mil Bats foram produzidos. Um terço foi usado em treino e o resto em combate. Os cientistas acreditavam que a Pelican teria desempenho melhor. O alcance era maior, de 32km, podia ser usada em mal tempo, mas tinham que identificar o alvo antes. Na Bat o sinal aumenta muito próximo do alvo o que era difícil controlar. A ameaça dos interferidores eletrônicos e as falhas constantes levou ao abandono da arma. O desenvolvimento no pós guerra continuou com o míssil Petrel.


A Bat era disparada a 25 mil pés atingindo uma velocidade de 390km/h.


Teste da Bat a partir de um Helldiver.


Teste da BAT contra um navio ancorado.


Duas BATs nas asas de um Privateer.


A imagem acima deixou o radar da BAT visível.


Detalhes internos da BAT.

A US Navy também testou bombas planadoras. A Dove era uma bomba com guiamento infravermelho similar a VB-6 da USAAF. Os detalhes são pouco conhecidos.

A Gargoyle era um bomba planadora com motor foguete designada LBD-1 e depois KSD-1. O conceito era similar a Hs 293. O contrato da McDonnell para fabricar cinco protótipos e 395 bombas foi dado em setembro de 1944. Era baseada na bomba 450kg penetradora com cauda em V e asa baixa. Tinha 3 metros de comprimento e 2,5 metros de largura com um peso total de 748kg.

Foi projetada para ser disparada de bombardeiros baseados em terra, mas foi pensado em disparo terrestre com apoio de foguete RATO e catapulta. Usaria flare para guiamento visual.

Quatorze testes de voo foram realizados entre outubro de 1944 a julho de 1945. O fim da guerra desacelerou o projeto que durou até 1947. Foi redesignada RTV-2 e depois RTV-N-2 em 1948. O programa foi cancelado em 1950.


Imagem da Gargoyle.


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