Mísseis Guiados por Fibra Ótica

Os EUA iniciaram experimentos com mísseis guiados por fibra ótica no fim da década de 70 com o Fibre-Optic Guidance Demonstrador (FOG-D) e outros experimentos na década de 80 encabeçados pelas necessidades do ramo da infantaria e defesa aérea. São exemplos: FOG-M (Fibre-optic Guided Missile); FAADS (Forward Area Air-Defense System); NLOS (Non Line Of Sight); and NLOS-CA (Non Line Of Sight-Combined Arms).

AAWS-M

O AAWS-M (Advanced Anti-Tank Weapon System-Medium) tinha a intenção de substituir o sistema anti-tanque Dragon, já obsoleto, que estava em uso pelo US Army e USMC desde da década de 70. Os concorrestes eram um míssil guiado por fibra ótica da Hughes com cabeça de busca por IR, um míssil guiado a laser de duas vias da Ford Aerospace e um míssil do tipo "dispare e esqueça" da Texas Instrument com buscador IR tipo FPA (Focal Plane Array) que venceu a concorrência (Javelin).

A escolha do Javelim pode significar que os EUA não queriam fazer propaganda da tecnologia de guiamento por Fibra Ótica (FO) e estimular o desenvolvimento de armas do mesmo tipo. Os EUA  são espelho de tecnologia e doutrina para a maioria dos países ocidentais. Armas "dispare-e-esqueça" são uma tecnologia que só os países mais avançados podem desenvolver.


O concorrente da Hughes tinha um peso de cerca de 20kg e o alcance de 2 km.
 
Proposta da Hughes para o AAWS-M. Em dezembro de 1983 projeto VIPER, para substituir o M72 LAW, redesignado Advanced Manportable Weapon System (AMWS). Virou o Advanced Antitank Weapon System-Medium (AAWS-M) pra substituir também o Dragon. Em abril de 1984 foi decidido realizar uma competição para o programa AAWS-M. Em setembro de 1985 foi aprovado a realização da fase de demonstração e validação. Contrato para a fase de validação foram dados para a Texas Instruments, Hughes Aircraft Company e a Ford Aerospace. Em junho de 1989 o contrato foi vencido pela Texas Instruments e Martin Marietta com o Javelin.

FOG-M

Em 1975, cientistas do US Army estudavam conceitos inovadores de mísseis anti-carro. Estavam testando novas tecnologias de controle remoto para aeronaves como um drone com TV usado para reconhecimento e outras aplicações militares. Logo pensaram em equipar o drone com uma cabeça de guerra para atacar blindados. Como o melhor meio de guiamento seria a fibra ótica chamaram o conceito de FOG-M (Fiber Optic Guided Missile). O conceito podia engajar não só blindados, mas alvos de maior valor como postos de comando e helicópteros. O alcance foi estimado entre 10 a 20 km. Na época a ameaça principal era um ataque de blindados soviéticos na Europa. Os membros da OTAN estavam em uma inferioridade de 3 contra 1.

Podiam colocar de 6 a 16 mísseis em um caminhão. O míssil seria disparado até a área do alvo baseado em informações da inteligência. O operador podia interferir em qualquer momento para designar alvos. Via a área com a TV e podia dar zoom na imagem. O cabo de fibra ótica passava as imagens e comandos para míssil.

O conceito tinha várias vantagens. Uma era ter o processador principal fora do míssil que era a parte mais cara do míssil. Podia ser operado de posição oculta e protegida de fogo direto. A fibra ótica era imune a contramedidas eletrônicas. O míssil atacava por cima que era a parte mais fraca da blindagem dos carros de combate.

Ao mostrar o conceito para os superiores a infantaria pensou que era mais um sistema da artilharia pois engajavam alvos até 4 km e não perceberam o potencial do míssil. A artilharia não percebeu como podia usar o míssil na sua missão tradicional e tinha outras prioridades, viu seu uso como arma antiaérea contra helicópteros. O conceito ficou sem apoio do US Army.

Em 1977 perceberam que não teriam como atacar alvos com o Apache atrás das linhas então partiram para o FOG-M. Na época havia um medo real dos soviéticos desenvolverem uma cópia. A única forma de evitar era não desenvolver o míssil. O mesmo aconteceu com o chaff na Segunda Guerra Mundial. Sabiam o valor para atrapalhar os radares inimigos mas não usaram para o inimigo não copiar.

O cancelamento do projeto DIVAD (canhão anti-helicóptero) criou oportunidade para o FOG-M como arma antiaérea. O desenvolvimento iniciou em 1979 após estudos para um míssil com fibra ótica para ataque fora da linha de visão (NLOS) do programa Forward Area Air Defence System (FAADS).

Em 1982 novamente viram o valor potencial como míssil. Os fundos para desenvolvimento foram liberados em 1983. No meio de 1985 foram realizados com controle humano. O míssil mostrou controle automático de disparo e lançamento, disparo do canister, voo de cruzeiro automático a baixa altitude, manobras pelo operador, detecção de alvos, e tracamento terminal contra alvos moveis. Em junho de 1985 o FOG-M atingiu um alvo móvel. Em dezembro de 1986 virou o programa NLOS.

O contrato de desenvolvimento foi dado para a Boeing e a Hughes em dezembro de 1988. A Boeing era responsável pelos sistemas em terra e a Hughes pelo míssil. O contrato foi de US$ 131 milhões por 42 meses como parte do NLOS da rede FAADS. O custo total poderia chegar a US$ 2 bilhões para 285 unidades de tiro pesado baseados no MLRS com 24 mísseis cada, 118 unidades de tiro leves baseadas no HMMWV com seis mísseis cada e um total de 16.550 mísseis. Foi estudado uma versão guiada por TV e outra por IR.

O programa inicial deveria terminar em junho de 1992 com quatro unidades de tiro pesado, cinco leves e 40 mísseis. Os testes iniciariam em 1993 com um pelotão de NLOS operando com três pelotões de LOS-FH ADATS para cada Bateria de Defesa Aérea e três Baterias por Batalhão. O FOG-M engajaria helicópteros mascarados pelo terreno com capacidade secundária contra alvos blindados em terra. Os custos de desenvolvimento logo aumentaram para US$ 639 milhões. Os testes tiveram 58% sucesso contra alvos até 10 km inclui tropas, alvos móveis e helicópteros pairando.

No fim de 1990 o aumento dos custos levou ao cancelamento projeto em janeiro de 1991. A falta de dados atrapalhou mostrar o mérito da nova arma pois nunca foi testada antes e competia com outras armas prioritárias. Na década de 90 vários aliados EUA iniciaram projetos semelhantes como o Japão, Israel, Suécia e o Polyphem da Alemanha, França  e Itália.

O programa foi reiniciado em 1992 como NLOS-CA (Combined Arms).


FOG-M.


O FOG-M foi baseado no míssil BGM-71 TOW modificado com uma câmera de TV no nariz e um cabo de fibra ótica.
 


EFOGM

Em 1992 o programa FOG-M foi reiniciado como Non-Line-of-Sight Combined Arms (NLOS-CA) pois o US Army continuava com os requerimentos para um FOG-M.Em 1994 o US Army lançou o pedido de propostas para o EFOGM (FOG-M melhorado) com a designação YMGM-157A. Em maio de 1995 a Raytheon venceu o contrato e em agosto a proposta foi avaliado pelo US Army. Os subcontratantes incluíam a Loral Fairchild (sensor IR); SRT (integração do sensor); SCI (cabo de fibra ótica, lançador e console); e Systems and Electronics Inc (modificação do HMMWV).

Em maio de 1995 a Raytheon recebeu um contrato de US$ 39,5 milhões para desenvolver o míssil. Após a demonstração do protótipo recebeu mais US$ 51,6 milhões em dezembro de 1995 para a fase 2 de demonstração.O programa de demonstração realizou nove voos de teste. O primeiro foi em 1997 e o quinto em setembro de 1998 com o sensor IIR. O sexto foi em janeiro de 1999 a noite contra um alvo a 6km. O sétimo foi em abril de 1099 a noite contra um alvo a 11km. O oitavo foi no final de 1999 contra um alvo a 6,2km.

O EFOGM era parte do programa de demonstração de tecnologias do Rapid Force Projection Initiative (RFPI) para desenvolver tecnologias letais e leves para forças de invasão. Seria usado para forças de deslocamento rápido contra blindados e alvos em terra, UAV e helicópteros a até 15km. O EFOGM foi projetado inicialmente para atacar veículos terrestres e outros alvos em terra, com capacidade anti-helicóptero secundária. O EFOGM é um sistema de míssil de precisão, além da linha de visão, de alcance aumentado, que permite engajamentos do inimigo a nível de Brigada ou Divisão antes dele atingir a Linha de Contato.


Foto do lançamento de um EFOGM. A direita esta o veículo lançador XM-44. O veículo l
eva 8 mísseis e pode ser completamente recarregado em 8 minutos. O veículo pesa 4540kg no total. O míssil tem vida útil de 10 anos.

O míssil tem 1,94 metros de comprimento, 17 cm de diâmetro e envergadura de 1,14 metros. Pesa 51,3kg. Fica em um casulo que pesa 78,5 kg. Pode ser disparado verticalmente ou com 25 graus de elevação.O míssil é lançado por um motor foguete de aceleração até uma altitude de 300 metros. Voa até a área do alvo com seu motor foguete de sustentação em uma velocidade de cruzeiro de 100-125m/s. A trilha de vôo é programada antes do disparo com o operador selecionando vários pontos de baliza, e o míssil segue a trilha com navegação por GPS/INS. O operador pode controlar o míssil manualmente com o joystick. O alcance mínimo é de 1 km e o máximo de 15km.

O sensor de imagem infravermelho te tecnologia FPA tem 640 por 480 pixel operando na banda 3 a 5 µm. A cabeça de busca pode realizar busca em escada pelo trajeto até a detecção do alvo. O operador pode dirigir a cabeça de busca manualmente com um joystick para observar objetos de interesse durante a viagem. Estes objetos podem ser marcados com um cursor para investigações posterior das imagens gravadas e para adquirir o alvo. As imagens são transmitidas por um cabo de fibra ótica de 240 µm diâmetro que desenrola atrás do atrás do míssil. O sistema de cabo de fibra ótica é a prova de interferência e despistamento. A fibra ótica permite que a maioria dos sistemas de eletrônicos de guiamento do sistema EFOGM possam estar contidas na unidade de disparo.

O rastreio pode ser automático ou manual. A fase final é feita com foco de visão largo seguido de um foco de visão estreito para identificação do alvo, seleção do ponto de impacto desejado e trancamento da sensor IIR. O operador usa o joystick para clicar no ponto de pontaria e o míssil segue automaticamente até o ponto escolhido. A pontaria também pode ser feita manualmente.

O ataque é feito em mergulho para efeito máximo da cabeça de guerra. O ângulo de mergulho não é revelado. A cabeça de guerra de carga oca é inclinada e combinada com o ângulo de mergulho resulta em um mecanismo de impacto próximo da vertical para penetrar a blindagem mais delgada dos veículos blindados.


A - Planejamento de missão, inteligência sobre o campo de batalha
B - Recebimento dos alvos através do sistema C2, alinhamento e seleção dos mísseis, lançamento dos mísseis
C - Busca de alvo(ângulo aberto), localização do alvo(ângulo fechado), trancamento, atualização do ponto de impacto
D - Funcionamento até o impacto
A-B Navegando até o local de emprego
B-C Míssil Navegando até o ponto de busca de alvo(com reconhecimento durante a rota)
C-D Detecção, reconhecimento e identificação do alvo(engajamento semi-automático)


O míssil tem cabeça de busca por TV ou IR. Tem tecnologia CCD (Charge Copled Device) na câmera de TV. O sensor IR tem 640 x 480 elementos detectores.


Teste de vôo com a cabeça de guiamento do EFOGM instalada em uma aeronave para aquisição de helicóptero. Uma aeronave King Air atuou como míssil para testes do sensor de busca e da unidade de disparo.


O veículo lançador tem 2 tripulantes. O artilheiro e motorista/assistente. Leva 8 mísseis, joystick, LCD, computador de comando para  navegação terrestre e planejamento de missão. O míssil pode ser lançado verticalmente ou de pequena elevação para diminuir as chances de detecção pelo inimigo. Cada unidade pode controlar dois mísseis simultaneamente.

O sistema de comando e controle tem um rádio, sistema de informação de localização EPLRS (Enhanced Position Location Reporting System), GPS, LTACFIRE/AFATDS (Light Tactical Fire Direction System/Advanced Field Artillery Tactical Data System), FAAD C2I (Forward Area Air Defense Command Control Intelligence), e VLAN (Platoon video local area network).

O sistema esta sob o comando do centro de comando tático da brigada que recebe informações de observadores avançados em terra e no ar, UAVs, patrulhas de longo alcance, outros sistemas EFOGM,  radares de contrabateria TPQ-36/37, JSTARS e outros meios de reconhecimento.

O EFOGM é uma sistema de armas de precisão destinado a Brigadas de Manobras ou Divisões de Infantaria Leve/Especial, embora possa ser usada por qualquer elemento de tamanho brigada. A missão dessas forças significa que chegam na área do alvo antes da inserção de carros de combate e outras forças pesadas. As forças iniciais precisariam d poder de fogo que possa ser deslocado por aeronaves do tamanho de um C-130 e o EFOGM preenchia estes requisitos. Com o seu longo alcance o EFOGM dava aos comandantes de brigada a capacidade de atingir alvos com blindagem pesada e helicópteros que podia ser usado no  começo da batalha.

Em 1994 era planejado a compra de 12 unidades de tiro, três veículos de comando de pelotão e 300 mísseis para avaliação entre 1997 a 2001. Um contrato de US$51,6 milhões seria usado para fabricação de oito EFOGM Fire Unit, dois Veículos de Líder de Pelotão (PLV) e 44 mísseis. O objetivo era participar de experimentos de combate em apoio a Rapid Force Projection Initiative (RFPI) em 1998. Outro contrato de US$ 40 milhões cobriria quatro unidades de disparo, um veículo de comando de pelotão, 10 mísseis para checagem de disparo e 256 mísseis. O programa não foi financiado e terminou em setembro 1999.

A eficiência do EFOGM acabou com si mesmo pois armas inimigas com capacidade semelhante poderia devastar as forças blindadas e de helicópteros. Uma aplicação típica será defender uma cabeça de ponte e conduzir ataques cirúrgicos até que forças pesadas estejam disponíveis usando o alcance para estender a zona de destruição para 5-15 km a frente da linha avançada das próprias forças. O EFOGM também não era prioridade como outros programas como o Javelin, TOW e LOSAT. O custo por míssil era relativamente alto para uma escala de produção pequena. O programa FOG-M era bem mais simples usando praticamente um míssil TOW com uma câmera comercial. Adicionando um sensor IIR ficou bem mais caro.

A 101a Airbone iria testar o EFOGM entre 1999 a 2002. Em 2000 o US Army iniciou a fase de avaliação para demonstrar a operação em nível de Companhia. Em junho de 2002 o EFOGM de demonstração de tecnologia foi completado.

Não existe planos de produzir o míssil, mas o programa foi oficialmente terminado. O programa EFOGM podia ser seguido por outro míssil guiado por fibra ótica chamado TOPKAT que foi cancelado.

Em 1998 US Army passou a reconsiderar uma versão propulsada por turbojato do EFOGM chamada Tele Operated Precision Kill and Targeting (TOPKAT) com alcance de 30km para reconhecimento em tempo real e avaliação de danos de batalha.

Em 2000, O US Army propôs uma nova versão chamada Precision Kill And Targeting (PKAT) que usa o motor e estrutura do EFOGM, mas substituindo a fibra ótica por um datalink de rádio. O PKAT seria lançado do MLRS ou do HMMWV. O programa virou os programas PAM e LAM.


Estrutura interna do da EFOGM.

Ficha  técnica

Alcance: 1 a 15km
Comprimento: 1,94m
Diâmetro: 16,6 cm
Largura: 1,14m
peso: 51,3kg
Peso com casulo: 78,5kg
Velocidade: 100-125m/s

LONGFOG

O LONGFOG  (Long Range Fiber Optic Guided Missile) foi desenvolvido inicialmente pela US Army Aviation and Missile Command (MICOM), para participar do demonstrador de conceito de tecnologia avançada da Iniciativa de Força de Projeção Rápida em paralelo com o EFOGM. O MICOM também estava desenvolvendo o LONGFOG para ataque de precisão a mais de 100km.

Os estudos iniciais datam do Precision Deep-Attack Missile System (PDAMS) conduzido em 1987-1988. O PDAMS combinava guiamento terminal por fibra ótica com submunições, com transmissão de imagem por radio frequência incorporado ao foguete para aplicação ao míssil ATACMS de alcance de 160km.

O US Army Missile Command (MICOM) iniciou o desenvolvimento de um demonstrador de tecnologia LONGFOG, com guiamento de fibra ótica, para engajar alvos de alta prioridade e com prioridade de tempo em alcances de até 100km. Os planos eram iniciar os teste de vôo em dezembro de 1996 na base de Eglin para coletar imagens de vídeo de uma câmera de TV. Seriam os testes iniciais para dois vôos de 40km em 1998.

O sistema de cabo de fio único TA-20 da empresa Corning foi demonstrado em setembro de 1996 a uma distância de 44km de um dispensador levado por um F-16. A bobina de fibra ótica usa um cabo de 240 µm diâmetro nos 40km iniciais e um diâmetro menor na distância de 100km sem mudança no projeto. A MICOM demonstrou o desenrolamento de cabos de fibra ótica de 10km e 20km a velocidades acima de Mach 0.5 e a US Navy usou o dispensador da MICOM em velocidades próximas a Mach 1.

Os testes do turbojato integrado a fuselagem foram iniciados no mesmo mês num trenó. Os testes culminaram num "vôo virtual" com todos os sistemas ativos. O turbojato J104 da Allison Advanced Development Company tem 283mm de diâmetro, 510mm de comprimento e pesa 18,6kg com empuxo nominal de 200kg. O sistema completo incluindo o combustível JP10 é usado como munição não sensível e que não precisa de manutenção.


Míssil LONGFOG com as asas paralelas durante a fase de cruzeiro como uma aeronave biplano. A seção retangular central mede 235x210mm, aumentado para 280mm de raio circular para acomodar o turbojato. A entrada de ar é dupla com quatro exaustores.

As simulações incluem o disparo simulado de um LONGFOG disparado de um HMMWV em 1995, durante os quais quase todos os disparos resultaram em detecção e destruição do alvo. A capacidade de voar num padrão seguro até um alvo de oportunidade aparecer contribui para o seu sucesso. Em um caso, não planejado inicialmente, o LONGFOG voou dentro de um túnel e atacou um lançador móvel de foguete. Esta capacidade seria útil contra os lançadores de foguete 240mm da Coréia do Norte operando próximos de Seul.

O uso de fibra ótica para guiamento permite que o operador selecione o ponto preciso no alvo, como uma janela em uma construção, o motor de um carro de combate ou a entrada de um túnel, enquanto limita a possibilidade de efeito colateral. A cabeça de busca também fornece informações de reconhecimento no caminho para o alvo, e dados de avaliação de danos de batalha.

O LONGFOG faria parte inicialmente da família de mísseis do MLRS (Multiple Launch Rocket System), embora aplicações na infantaria e navais também fossem considerados. A arma seria disparada num ângulo de elevação de 57.5º de um lançador M270 do MLRS, ou verticalmente do HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System). O míssil não tem foguete de impulsão e é impulsionado o tempo todo pelo turbojato J104. O jato do foguete de booster é eliminado o que diminui a assinatura IR. A injeção de água e metanol durante o lançamento aumenta a potência do turbojato em 45kg de empuxo de ao total de 200kg de empuxo em cruzeiro. Na fase de cruzeiro os comandos de mudança de direção são feitos pelos barbatanas que passam pelo exaustor do turbojato.

O míssil podia ser lançado verticalmente do HIMARS ou com a 57 graus de elevação do MLRS. O míssil voa para o alvo em velocidade subsônica alta por meio de pontos de baliza pré-programados. O demonstrador de 40km de alcance, com 9kg de combustível, cruza a 165m/s até o alvo. O objetivo de alcance de 100km seria feito em uma velocidade de 300m/s e levaria 18kg de combustível. Na fase de meio curso as asas ficam guardadas, com o míssil sendo sustentado pelo arrasto do corpo e a tela do sensor fica coberta. Esta medida minimiza a assinatura do radar e IR na parte frontal e protege a cabeça de busca de abrasão.

O sistema de navegação é um P-MIGITS (P-code Miniature Integrated GPS Inertial Tactical System), que combina um derivado do PLGR (Precision Lightweight GPS Receiver) com o IMU-202.

Na área do alvo, o LONGFOG descarta a proteção da cabeça de busca, abre as asas em uma configuração biplano e deflete seus flaps que cobrem 70% da envergadura em direção um do outro para diminuir a velocidade sem mudar a direção. Os flaps da asa de baixo é retraído, com o da asa de cima permanecendo baixado para dar sustentação durante o vôo a baixa velocidade de 60-80m/s. Os flaps podem ser baixados em um ângulo de 30º em 6 segundos e retraídos em 3 segundos.

O artilheiro adquire o alvo com a câmera que pode ser uma TV ou FLIR. Após a aquisição, o flap é retraído, e a asas passam para o formato em cruz para manobrar mais facilmente em todas as direções em até 6 g's e o empuxo é aumentado para o máximo. O míssil voa uma trajetória em ataque alto até o impacto.

A câmera de TV era a mesma usada nas avaliações operacionais iniciais do FOG-M. As versões operacionais usariam câmeras CCD da Lockheed Martin com arranjo de 486 x 506 pixels. A câmera é móvel com liberdade de +/- 30º a 45º/s e estabilizada com precisão melhor que 350 µrad e zoom de 3º to 18º.

Já se discutiu se o programa LONGFOG poderia ser retomado como resposta ao Polyphem Europeu e o sistema de comando e controle atuais do MLRS incluem a provisão para receber os dois mísseis.

O LONGFOG se transformou no programa de demonstração de tecnologia MAT (Multimode Airframe Technology), depois chamado Army Aviation and Missile Command Multi-mode Airframe Technology (AMCOMMAT). O MAT seria um sistema de modelagem, simulação e testes de vôo com alcance de 40km, com capacidade diurna e noturna, e que faria parte da família de mísseis (MFOM) do lançador de foguetes MLRS. O MAT seria usado para atacar alvos de alto valor com resposta rápida e capacidade de precisão de ponto com danos colaterais mínimos.


FOG-S

A FOG-S era um projeto que adaptaria o datalink de fibra ótica do sistema NLOS (No Line-Of-Sigth) do US Army em uma bomba AGM-123 Skipper. O projeto foi abandonado em 1991 devido aos testes desencorajadores e cortes de US$ 2,7 bilhões da US Navy e os fundos (US$ 10 milhões) foram transferidos para o sistema AIWS - Advanced Indirect Weapon Sistem que também foi abandonado. O programa virou a JSOW.

A AGM-123 Skipper II é um míssil de ataque de precisão de curto alcance. Consiste de um sistema de guiamento a laser Paveway II (GBU-16) e um par de motor foguete MK-78 usado no míssil Shrike em tandem para propulsão. A Skipper II pode ser lançada de distâncias maiores para reduzir a exposição da aeronave lançadora as defesas aéreas inimigas.

O Skipper era usada principalmente contra navios. Foi usada contra a fragata iraniana Sahand lançada por um A-6 Intruder. A fragata também foi atingida por mísseis AGM-84 e RGM-84 Harpoon (USS Joseph Strauss DDG-16). A Skipper também atingiu outros três navios na Guerra do Golfo em 1991. Pesa 582kg, voa a 925km/h e alcança 9,7km quando lançada a 91m de altura e a 900km/h.

Especificações - Skipper II

Fornecedor  Emerson Electric
Ano1985
Tipo - Bomba guiada antinavio
Largura: 1.6 m
Comprimento: 4.3 m
Diâmetro: 0.5 m
Peso no lançamento: 582 kg
Velocidade máxima: 1.100 km/h
Alcance Máximo: 25 km
Cabeça de guerra Mk 83 de alto explosivo com 450 kg
Lançada do A-7, F/A-18


A bomba AGM-123 Skipper foi usada para um projeto de uma bomba guiada por fibra ótica. Na cauda é possível ver o motor foguete.
 
ALFO

A empresa Aerospastiale Matra (um dos membros da EADS) estudou o conceito de três versões de um míssil leve guiado por fibra ótica denominado Alfo no inicio da década de 2000. O Micro Alfo de 75mm seria disparado por infantaria a partir de um casulo especial com alcance de 2,5km e as outras duas versões podem ser lançadas de morteiros de 81mm e 120mm, respectivamente, e alcance de 7 e 20km respectivamente.

FOLLAM

Em 1996, a empresa britânica GEC Marconi Avionics e a DRA (Defence Research Agency) financiou o desenvolvimento de um simulador para explorar o sistema de guiamento "man-in-the-loop" (homem no comando) de FOMs e questões de Comando e Controle. A agência também esta engajada em estudos de plataformas de FOMs, especialmente o HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System) e o M270,  que tem configuração padrão de lançamento de foguetes MLRS (multiple launch rocket system).

Enquanto não há provas que um foguete de MLRS controlado por FO seja impossível, a DRA desenvolveu uma FO capaz de resistir ao problema de estress/resistência criado pelo fluxo de gases de alta temperatura do foguete. Com uma atenuação de menos de 20dB acima de 20km, o polímero de cristal líquido coberto por poliester de 300µm foi fornecido pela NTDS Newport para apoiar o experimento FOLLAM (Fibre-Optically Linked Long-Range Adaptable Missile), que vem foi realizado entre 1988-1993 e era baseado em um míssil anti-carro Swingfire com descarga traseira.


Míssil anticarro Swingfire mostrando a bobina de fibra ótica reforçada (a direita) resistente ao fluxo do foguete.

MACAM

Os estudos do MACAM se iniciaram em 1988 pela Gyconsa, uma joint venture entre a Hughes Aircraft Company e o Grupo Indra espanhol, para preencher os requisitos do ministério da defesa espanhol.

MACAM significa Missil Avanzado Contracarro de Alcance Medio, com o número 3 as vezes adicionado ao nome para denotar terceira-geração. O míssil é lançado do ombro e tem guiamento por data link de fibra ótica combinada com visão infravermelha. O míssil tem dois modos de lançamento, o trancamento antes do lançamento(LOBL) e trancamento após o lançamento (LOAL). O primeiro modo é o mais comum e o segundo é possível através do uso da fibra ótica que permite ao operador varrer a área do alvo que estava invisível a partir da posição de lançamento. O alcance máximo é de 5km sendo o normal usar metade desse valor e o alcance mínimo de 150m. O perfil de ataque pode ser direto ou de trajetória alta com cabeça de guerra dupla HEAT em  tandem. O comprimento será de 1.05m e o peso de 13,8kg. O míssil é compatível com o lançador TOW produzido pela Gyconsa. Deveria entrar em serviço em 2002, mas parece que foi cancelado.

Type-96 Multi-Purpose Missile System


Os japoneses também estão desenvolvendo um míssil anti-tanque guiado por fibra ótica. O sistema também é chamado de XATM-4. Tem um sensor IR e alcance de aproximadamente 10km.

O sistema Type-96 Multi-Purpose Missile System japonês tem guiamento IR e será usado contra tanques e lanchas de desembarque em baterias costeiras. O sistema é descrito como um sistema de míssil guiado multi-alvo.

O desenvolvimento foi iniciado em 1990. Os testes práticos foram iniciados em agosto de 1995. A KHI é a industria responsável para testes e apoio.

Projeto BIelorusso

A empresa bielorussa Pelengs testou um míssil com guiamento IR similar a familia NT. A cabeça de busca pode identificar objetos grandes (40x80m) a distâncias de 15km e objetos pequenos (3x3m) a 5km. A cabeça de busca é capaz de interceptar e rastrear alvos móveis em terra e na água a mais de 25m/2 e alvos aéreos voando a baixa altitude a mais de 70m/s. O sensor tem um diâmetro de 180mm e comprimento de 60mm podendo operar em temperaturas de -40 graus e +50 graus C.

ALAS

A Sérvia continua a desenvolver o míssil guiado por fibra ótica ALAS (Advanced Light Attack System) desenvolvido pela companhia EdePro e apoiado pela Yugoimport SDPR.. O programa esta atrasado pois a entrada em operação era esperada para 2007. O ALAS é uma arma modular, controlada por datalink de fibra ótica, disparado de plataformas de superfície, navio ou helicóptero, com capacidade "man-in-the-loop" que permite controle humano em todo trajeto e diminuir a possibilidade de danos colaterais. Pode atacar alvos em terra como blindados, posto de comando, alvos industrias, navios e helicópteros voando baixo. O ALAS usa uma usa TV ou sensor IR na fase de guiamento terminal e um INS para navegação. A cabeça de guerra é modular com a atual sendo auto-explosiva de 10kg. O ALAS é propulsado por um turbojato TMM40 Mongoose de 400 N de potência. O alcance básico é de 25km mas pode chegar a 60km dependendo mais do tamanho do fio de fibra ótica. Um motor foguete acelera o míssil até 300 metros e depois o motor é ligado. O míssil navega a cerca de 500 metros de altura. O míssil voa relativamente lento, a cerca de 180m/s, dando capacidade de reconhecimento do campo de batalha limitado. O ALAS é estabilizado por quatro asas com uma envergadura total de 1,45m e é controlado por quatro canards. O comprimento total é de 2,3m incluindo o motor foguete de aceleração, pesa 55kg pronto para lançamento e tem um diâmetro de 175mm. O ALAS já foi testado em voo e um disparo no alcance máximo de 25km deve ocorrer no fim de 2010.


Imagens do ALAS.

 
     FOG-MPM

Os trabalhos de desenvolvimento do FOG-MPM ou MAC-MP (Fiber Optic Guided Multi Purpose Missile - Míssil Anti-Carro de Múltiplos Propósitos) foram iniciados em 1985 pela AVIBRAS e revelado em 1989. O programa foi feito com fundos da própria empresa e com todos os componentes produzidos no país. Em 1989 foram realizados três lançamentos de um total de 8 até 1992 durante os testes.

O míssil tem um comprimento de 1,50 metros, 180 centímetros de diâmetro, peso de 33kg (24kg inicialmente), alcance de 10km que depois foi estendido para 20km em versões posteriores. A propulsão é feita por um motor foguete de aceleração, alijado após o disparo, e um motor foguete de sustentação. A velocidade é de 150-200m/s e voa em uma altitude de cruzeiro de 200m. A cabeça de guerra tipo carga oca e pode penetrar 1.000mm de blindagem homogênea. Um "piloto" pode ser habilitado em 8 horas no simulador feito pela própria Avibras. Versão naval terá uma altitude de cruzeiro de menos de 150m e alcance de 20km.

Na década de 80 a Avibras estava oferecendo o míssil US$30 mil cada para um lote de 1.000 mísseis. Uma versão com alcance de 60km foi apresentada em julho de 2001. A Avibras continua mostrando o FOG-MPM em feiras de armamento, mas não se tem notícias do estado do projeto.


Vista lateral do FOG-MPM mostrando detalhe da saída de gases do motor. Os gases quentes não podem entrar em contato com a fibra ótica para evitar danificar e partir o fio. O FOG-MPM é um míssil guiado por fibra ótica bastante simples. Tem uma cabeça de busca por TV fixa e um motor foguete. Não usa GPS para guiamento de meio curso como os outros mísseis guiados por fibra ótica com a mesma capacidade.


Lançamento de um FOG-MPM. O míssil sofreu críticas por ter um motor foguete que lança muita fumaça e por isso tem uma assinatura visual muito grande.

Funcionamento auto-explicativo do FOG-MPM no campo de batalha. Os alvos são um carro de combate e um helicóptero. Após o lançamento o míssil sobe até 150-200m e o operador toma o controle do míssil que voa a velocidade subsônica até o alvo que é atacado pelo alto(parte menos blindada). A 200m/s um FOG-MPM leva 25 segundos para atingir 10km. Nesse intervalo de tempo um helicóptero desloca 1km a 150km/h e um veículo desloca 300m a 40km/h. É necessário um bom sistema de vigilância, reconhecimento e aquisição de alvos para evitar disparos as cegas e melhorar o aproveitamento do potencial do sistema. Oito mísseis podiam ser facilmente instalados em um veículo 4x4 de 3/4 toneladas. O sistema só precisa de dois operadores.
A Avibrás esta estudando uma versão com alcance de 60km do FOG-MPM.
 
 
 
Proposta do MPM para equipar navios mostrada em 1995. O míssil seria disparado verticalmente e teria um alcance era de 20km.

 

Atualizado em Outubro de 2010

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