TRITON - Míssil Guiado por Fibra Ótica Lançado de Submarino

O Triton é um míssil derivado do Polyphem usando muitos dos seus componentes e tecnologias. A Marinha Alemã estava interessada em uma versão do Polyphem lançada de submarino com capacidade de ser disparado submergido há muito tempo. O míssil seria usado para funções antinavio, anti-helicóptero e bombardeamento costeiro, para armar seus submarinos Type 212 e corvetas de próxima geração. A versão lançada de submarino também interesso a US Navy pois preenchia os requisitos do programa SLWM (Submarine Littoral Warfare Missile).


Configuração do Triton.

O sistema é apoiado pelo ministério da defesa alemão e as empresas EADS e LFK se juntaram  em 1998 em um consórcio para o programa Triton. Elas estão trabalhando junto com a empresa norueguesa Kongsberg Defence & Aerospace (KDA) e o fabricante de submarinos HDW. A HDW é responsável pela produção do container de lançamento e integração.

A KDA está desenvolvendo um console de controle de fogo (CWCS - Comand and Weapon Control System) e irá entregar a capacidade do Triton com o sistema de comando e controle de tiro MSI-90I que equipa os submarinos Type 212 alemães. O sistema de tiro tem um simulador embutido para facilitar o treinamento do operador. A HDW é responsável pela integração do sistema e vendas e desenvolverá o casulo lança mísseis que leva dois mísseis e que é é carregado num tubo de torpedo padrão e disparado hidraulicamente.

O Triton foi desenvolvido a partir do conceito Polyphem-SM. O Polyphem-SM pesaria 43kg com uma ogiva de 3kg. Seria lançado de 300 metros de profundidade e voaria numa velocidade de cruzeiro de 292 milhas/hora com velocidade final de 486 milhas/hora.

Notícias anteriores citavam que um tubo lança-torpedo padrão de 533mm poderia levar pelo menos quatro mísseis Polyphem de alcance de 60km ou seis mísseis de alcance de 15km para auto-defesa contra helicópteros.

A versão final poderá ser instalada num lançador vertical dedicado com 4-6 mísseis ou 4 mísseis em um tubo de torpedo padrão de 533mm em dois pares pares em fila. O comprimento de 2 metros permite que um conjunto de 2 mísseis Triton possa ser trocado com um torpedo DM2A3 ou equivalente.

O Triton é baseado nos sistemas do míssil Polyphem tendo mais de 60% em comum como itens críticos como bobina de fibra ótica, cabeça de guerra, seção eletrônica e cabeça de busca. O alcance será de 15km contra 60km, respectivamente.

O míssil é capaz de atacar navios de superfície, helicópteros, aeronaves de patrulha marítima, estações de radares, pontes e outros alvos. A altitude de vôo é de 20m a 600m a uma velocidade de 200m/s. O míssil tem cerca de 2m de comprimento e pesa cerca de 200kg. Pode ser disparado em salvas e tem capacidade de reataque se perde o alvo na primeira passada. O sistema pode ficar armazenado sem manutenção por 10 anos.

O míssil pode ser lançado de um submarino submerso em mar de estado 5. Os cabos de fibra ótica são cobertos, o propelente sólido tem oxidação controlada para mudança de velocidade e a espoleta tem tecnologia inteligente e pode identificar o tipo de material do alvo baseado na força g do impacto (desaceleração). A cabeça de guerra de fins múltiplos e combina carga moldável, fragmentação e penetração.

O motor foguete de propelente sólido da Bayern já foi testado a uma profundidade de 60 metros na posição vertical num fosso no sul da Alemanha. O teste validou que o booster irá disparar sob a água para impulsionar o míssil, que não é encapsulado, até a superfície e depois no vôo de cruzeiro e que as bolhas de ar resultantes da ignição levam 4 minutos para chegar a superfície.

Os submarinistas mostraram preocupação pois as bolhas de ar podem denunciar a posição do submarino para um helicóptero de guerra anti-submarina. A LFK garante que em quatro minutos o míssil já derrubou o helicóptero, um processo que dura menos de 70 segundos, incluindo o lançamento, aquisição do alvo e engajamento final ou o helicóptero fugiria do local.

Nos estudos iniciais o míssil seria armazenado em uma cápsula autopropulsada e poderia percorrer 7km antes de disparar o míssil para ocultar a posição real da plataforma lançadora. O míssil também pode ser lançado diretamente para cima em caso de autodefesa imediata.

A cabeça de busca é a mesma usada no Polyphem deverá ser capaz de resistir a pressão de 60m ou mais. O visor de 3.4-5.5µm tem campo de visão de 10 x 7.5º, com visão em +/-30º e é capaz de detectar um helicóptero pairado a 4km. O operador no submarino pode tomar o controle e mudar a direção do míssil a qualquer hora ou selecionar o ponto de impacto ótimo no caso de alvos de superfície ou terrestre. Com uma velocidade de 720km/h o Triton pode engajar até aeronaves de patrulha.

O custo estimado gira em torno de US$ 350 mil por míssil. A HDW já esta comercializando o míssil para os operadores dos seus submarinos e Israel pode ser o primeiro comprador para equipar seus três submarinos da classe Dolphin. A África do Sul demonstrou interesse em equipar seus submarinos Type 209 com o Triton.

Os testes de disparo iniciais deveriam iniciar no Báltico em 2001 a partir de um submarino Type 206. Os testes estacionários ocorreram em fevereiro de 2002. O lançamento operacional em julho de 2002. O míssil deve estar homologado em 2005.

Os submarinos tipo 212A Italianos e Alemães serão os primeiros a receber o míssil. Estes submarinos usam tubo de torpedos similares ao Tikuna da MB.

A Royal Navy está estudando o uso do míssil nos seus submarinos nucleares da classe Trafalgar e futuramente nos SSN classe Astute para uso próximo ao litoral para atacar alvos em terra e contra lanchas de ataque e como autoproteção contra aeronaves e helicópteros anti-submarino. Um dos motivos é a retirada de serviço do Sub-Harpoon em 2003 por não ter utilidade em áreas litorâneas. Os torpedos Spearfish são otimizados para alvos grandes que são raros próximos ao litoral.

O míssil já esta mudando a doutrina de guerra anti-submarina aérea futura e as sonobóias se tornarão mais importante para vigilância a distâncias maiores, voar alto ou usar sonares ativos de longo alcance. Um helicóptero pode manter a vigilância de um contato a distâncias maiores e decidir quando atacar a grande velocidade para limitar a exposição, mantendo-se fora da bolha de defesa do submarino durante a fase de detecção e acompanhamento.

O disparo das armas ASW será a grande velocidade para diminuir a chance do submarino disparar o míssil. As aeronaves não tripuladas (UAV) de Guerra Anti-Submarina se tornarão mais importantes no futuro. As aeronaves anti-submarinas também poderão ser armadas com mísseis anti-mísseis e melhores contramedidas eletrônicas.

As armas anti-submarinas poderão ser lançadas de grande altitude ou ter longo alcance como, por exemplo, versões ar-superfície do ASROC e Milas.

O projeto Triton foi cancelado após o cancelamento do projeto Polyphem, mas continuou com o programa IDAS.


Os submarinos não estarão mais indefesos contra aeronaves caça submarinos como aconteceu nos últimos 85 anos. O uso de mísseis SAM em submarinos já foi feito anteriormente com o uso de mísseis lançados do ombro adaptados como o SA-7 Igla russo e o Blowpipe britânico (SLAM).

Perfil operacional do Triton. A velocidade do Triton não excederá Mach 0,5 para maximizar o tempo do atirador detectar, classificar e engajar um alvo aéreo.

DAM - Depth to Air Missile

Desde que os aviões começaram a caçar submarinos, a batalha tem sido do tipo caça-caçador. Durante a Segunda Guerra Mundial os submarinos que ainda não eram equipados com snorkel se defendiam contra aeronaves anti-submarinas na superfície com canhões antiaéreos. As aeronaves estavam com vantagem.

Com a entrada em serviço dos submarinos nucleares, as aeronaves da OTAN dependiam do SOSUS, linha de sonobóias passivas no Mar do Norte,  para vetoração contras os barulhentos submarinos soviéticos.

Os submarinos lançadores de mísseis (SSGN) Echo e Juliett precisavam ficar na superfície por pelo menos 30 minutos para preparar os SS-N-3 Dhaddock para lançamento. Metralhadores pesadas eram instaladas para deter aeronaves anti-submarinas. O míssil SA-7 Grail substituiu as metralhadoras posteriormente. Estas defesas tinham uma séria limitação: eles só podiam ser usadas se o submarino estivesse na superfície quando era um alvo fácil. Os submarinos dependiam principalmente da furtividade para se defenderem.

Durante a década de 80 a maioria dos submarinos Soviéticos levavam mísseis SA-14 ou SA-16 disparados do ombro. Eles eram mantidos em compartimentos a prova d'água na vela do submarino. Eles também só podiam ser disparados na superfície. Nesta época apareceram rumores que os submarinos soviéticos podiam ser disparados submersos ( DAM ou Depth to Air Missiles). Estes rumores eram mísseis SA-7/SA-14/SA-16 mal identificados.

Os britânicos testaram o míssil Blowpipe no início da década de 70 para Israel. O míssil se chamava SLAM (Submarine Launched Anti-aircraft Missile) - ver SLAM no Sistemas de Armas. O SLAM não entrou oficialmente em operação na marinha de Israel.

Existem rumores de que novos DAM russos estão sendo desenvolvidos. O sistema usaria sensores rebocados e lançadores verticais.

A furtividade ainda é a principal defesa contra aeronaves anti-submarinas. Emergir ou usar mísseis montados em mastros irá denunciar a posição do submarino. Mesmo que a aeronave anti-submarina seja derrubada, a localização do submarino pode ser revelada. Os destroços da aeronave são uma boa assinatura da possível presença de um submarino sabiamente conhecido como usando um DAM.

O uso de DAM é aconselhável contra helicópteros anti-submarinos que tenham detectado o submarino ou estão prestes a detectar.

Atualizado em 21 de Março de 2004


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