KITS DE GUIAMENTO PARA FOGUETES

Os foguetes de 70 mm foram desenvolvidos pelos americanos durante a Segunda Guerra Mundial como uma arma ar-ar para ser usado contra bombardeiros pesados. Como os japoneses e alemães não tinham grandes bombardeiros os foguetes passaram a ser usados contra alvos em terra. Os foguetes de 70 mm se tornaram populares na década de 60 ao perceberem que funcionava bem se disparado em lançadores múltiplos montados em helicópteros que passaram a ser usados como artilharia aérea.

Os foguetes não têm boa reputação de precisão. Ainda são usados contra avos de área como tropas em campo aberto. São usados mais por necessidade, pelo baixo preço e efetividade contra alguns tipos de alvos. Tradicionalmente os foguetes são usados para criar um grande volume de fogo, em engajamentos de área e supressão dos inimigos.

Nos conflitos recentes os ataques passaram para engajamento de precisão e pequenas munições para alvos específicos. Com kits de guiamento os foguetes estão se tornando uma nova arma.

A idéia de colocar um kit de guiamento em foguetes é bem antiga. O Pave Mack desenvolvido no fim da década de 60 era um kit de sensores laser para foguetes ar-terra. Também foi chamado de LARS (Laser Aided Rocket System) e foram usados no Vietnã junto com controladores aéreos equipados com designadores laser como o Pave Spot. O LARS era uma das armas da aeronave não tripulada Gyrodyne QH-50D.

Os russos foram pioneiros no uso de foguetes guiados. No fim da década de 80 os russos criaram o foguete guiado a laser S-27L com calibre 240 mm e pesa mais de 400kg. Era usado em caças e o peso o tira do contexto dos foguetes atuais.

A nova geração de sensor de laser semi-ativo (SAL - Semi-Active Laser) combinados com novos INS miniaturizados pode ser instalado em foguetes a baixo custo da mesma forma que os kits a laser e GPS/INS transformaram as bombas burras em armas guiadas. Armas pouco potente mostraram ser necessárias para missões de Apoio Aéreo Aproximado e Contra Insurgência e com potencial para ser usado em aeronaves não tripuladas por serem leves. Os combates mostraram que os pilotos tendem a usar qualquer arma de precisão disponível para atingir um alvo, até um Hellfire contra um sniper. Uma arma mais barata, mais leve e levada em maior quantidade seria mais custo efetivo. O míssil TOW foi mantido pelo USMC por este motivo.

Desde o inicio da Operação Enduring Freedom em 2002 o uso de armas guiadas de longo alcance a partir de veículos tripulados ou não e de projéteis guiados de artilharia passou a ser a opção de escolha das armas cinéticas usadas. O guiamento é feito por laser ou GPS. Os alvos são designados por observadores avançados vigiando o alvo para ver se não existem forças amigas ou civis ao redor do alvo. Contudo, as armas usadas têm potência excessiva para a maioria dos alvos com muito risco de danos colaterais. Depois de vários incidentes o uso e arma cinética foi restrito. Os civis gostaram assim como o Talibã.

Enquanto um Hellfire custa US $ 80 mil os novos foguetes guiados podem custar até US$ 10 mil sendo um mercado promissor. O Reino Unido e a Holanda já demonstraram interesse e devem seguira  escolha do US Army para equipar os seus helicópteros Apache. No fim de 2009 foi anunciado que a Holanda pretendia equipar seus helicópteros Apache foguetes guiados de 70mm para substituir os foguetes não guiados e os mísseis Hellfire. O programa foi estimado em 25 a 50 milhões de Euros. Os alvos encontrados no Afeganistão eram caros para o Hellfire e inadequados para os foguetes. Os alvos são carros, casas de barro, cavernas e pessoal em terreno aberto ou floresta. Evitar baixas e danos colaterais é outro objetivo com uma alta precisão.

Os foguetes equipados com kits e guiamento permitem atacar alvos com precisão e efeito limitado ao redor, mas o desenvolvimento vem sendo lento.

Em dezembro de 2009 o US Amry concluiu o programa Aviation Multi-Platform Munition (AMPM), uma iniciativa de ciência e tecnologia para estudar necessidades de armas leves de precisão para aumentar carga de armas e autonomia de plataformas pilotadas ou não. Um OH-58D foi usado por já ter uma plataforma com instrumentos para testes usado no programa Hellfire. Também usaram o Apache Longbow. O US Army testou cinco armas: GATR, DAGR, TALON, Griffin da Raytheon e o Sharpshooter da Textron. O APKWS não participou. O Griffin já é usado pelo SOCOM e o Sharpshhoter é um mini-míssil, mas ambos não são guiador por laser.

 
O foguete Hydra 70, ao lado de um míssil Hellfire, é derivado do "Folding-Fin Aerial Rocket" (Mk 4/Mk 40)  FFAR da US NAVY da década de 40. O motor Mk66 atual tem 106cm de comprimento e pesa 6,16kg. Queima por 400 metros permitindo atingir uma distância de 10km a grande altitude. O modelo Wraparound Folding-Fin Aerial Rockets (WAFFARs) usam barbatanas se abrem como pétalas ao invés de dobrar.

APKWS - Advanced Precision Kill Weapon System

A aviação do Exército americano aprovou em fevereiro de 1996 o requerimento para o programa Advanced Precision Kill Weapon System (APKWS) para desenvolver um kit de guiamento para foguetes de 70 mm para preencher o espaço entre os foguetes não guiados de 70mm e o míssil Hellfire. O programa também foi chamado de LCPK (Low-Cost Precision Kill). O LCKP consiste num foguete não guiado Hydra-70 de 70mm equipado com um sensor laser semi-ativo para guiamento. Os planos iniciais eram que o kit de guiamento estivesse pronto por volta de 2001 a 2002.

A necessidade de um APWKS de baixo custo apareceu na Guerra do Golfo onde vários Hellfire foram disparados contra alvos de ponto que não eram carros de combate e que poderiam ter sido destruídos por uma arma menos potente e mais barata.

Operações em local urbanizado com o Panamá, Somália e Haiti também mostraram a necessidade de um APWKS baseado em uma arma menor, menos potente e mais barata que o Hellfire, apara aumentar a capacidade de armas contra alvos que não sejam carros de combate ou blindados. Os alvos seriam tropas, defesas aéreas, pequenos barcos, alvos urbanos e veículos blindados leves que deveriam ser atingidos com precisão de ponto e pouco dano colateral.

O objetivo do programa LCPK inclui um custo menor que US$10mil por disparo, precisão de 1-2 metros e alcance de 6 km. Deve combinar a diminuição do número de armas guiadas transportadas por um fator de 4 a 20, e reduzir o custo de cada alvo destruído por fator de 2 ou 4, com redução do efeito colateral. A probabilidade de acerto deve ser de 80% (Pk =  0,8). Ver tabela abaixo para comparação com o foguete não guiado Hydra-70 e o Hellfire.

 


Base LCPK
Parâmetros
Hydra-70
Hellfire
Mínimo
Objetivo
Precisão (CEP em metros)
Alcance máximo (Km)
Alcance mínimo (Km)
Custo unitário (US$)
Peso (Kg)
Comprimento (cm)
Integração na aeronave (US$)
Manutenção
>60
>6
0,1
<1.000
11,25
129
nenhuma
nenhuma
<1
8
0,5
<54.000
45
162
nenhuma
nenhuma
2
5
1,5
~10.000
~16
190
10 mil
nenhuma
1
>6
<1
~8.000
~13,5
177
5 mil
nenhuma

O LCPK deveria equipar os helicópteros AH-64A/D Apache e Longbow Apache e o AH-1W/Z SuperCobra e poderá ser integrado no MH-60 Black Hawk, OH-58D Kiowa, A/MH-60L Little Bird e SH-60R Sea Hawk. O casulo lançador de foguetes será o M260/261 e o LAU-68/61 também usados pelos Hydra-70. O LCKP também poderá ser disparado de UAVs e aeronaves e possivelmente de blindados.

A plataforma lançadora deverá levar pelo menos um tubo de lançamento de APKWS/LPCK, uma torre no nariz com sensores, designador laser, terminal de datalink (CDL) e sistema de gerenciamento de cargas.

A tecnologia já demonstrada para o LCPK inclui sensor de laser semi-ativo (SAL) de baixo custo para adquirir a energia refletida; canards ou vetoramento de empuxo para controle aerodinâmico e estabilidade e navegação inercial de baixo custo. O sistema de guiamento será instalado no foguete Hydra-70 aproveitando o motor foguete Mk66 Mod IV, a ogiva de auto-exclusivo M151 e a espoleta M423.


O kit de modificação adiciona 3,8kg e 38cm no foguete e aproveita o sistema de guiamento do míssil Hellfire. Não será necessário modificações no foguete ou casulo lançador.  

O foguete de 70mm com guiamento SAL será lançado como um foguete normal com aquisição após o lançamento (LOAL). O alvo será iluminado como o míssil Hellfire, e depois o LCPK tranca igual a granada guiada Copperhead. O guiamento na fase terminal será por navegação proporcional. O LCKP também será uma alternativa para treino de armas guiadas a laser.


Em 1999 foi demonstrado uma redução de 90% na rotação do míssil em túnel de vendo.

Os concorrentes selecionados foram a Raytheon e a BAe Systems. A fase de desenvolvimento e demonstração, com 24 meses de duração, era prevista para iniciar em janeiro de 2003. A proposta da Raytheon incluía um sensor INS de 2,3kg com 38cm de comprimento. O sensor realiza controle nos 3 eixos e navegação proporcional. A Raytheon estudou impulsores alternativos radiais no lugar dos canards e fibra ótica nas asas como sensor como opção aos métodos de guiamento "Scatterider" beamrider de visão lateral ou com sensor no nariz.


A Raytheon estudou o uso de sensores SAL no nariz (frente) e "scatterrider" (no fundo). A última opção permite aproveitar os sensores do AH-64 Apache.

A BAe System recebeu o contrato de $26,7 milhões da General Dynamics em 2003 para desenvolver o sensor. O resultado foi a cabeça de guerra  M151 Guided Warhead Block I. Foram adicionados quatro sensores de laser semi-ativo na raiz dos canards que também são usados para controle. A ogiva passou de 4,2cm para 8,9 e aumentou peso de 4,2 para 8,9kg. A entrada em serviço é esperado para 2006. O projeto foi paralisado em 2003 devido ao desempenho insatisfatório do sensor. Foi reiniciado em junho de 2005.

A proposta da BAE Systems usa um sensor com tecnologia de fibra ótica distribuído nos canards para gerar o campo de visão. O sensor é compatível com designadores remotos e permite engajamentos a longa distância. O FOV grande permite compensar a grande dispersão do foguete, erros do piloto e movimento do alvo.

Os testes do foguete da BAe Systems com laser semi-ativo Distributed Aperture Semi-Active Laser Seeker (DASALS) foi feito em outubro de 2003 contra dois alvos. Foi feito disparo contra um alvo a 1,5km demonstrando a capacidade de curto alcance e outro a 3,3km contra alvo móvel. O quinto disparo foi em setembro 2004 com acerto direto contra um alvo estacionário a 5km. O contrato foi cancelado em abril de 2005 devido aos resultados insatisfatórios.

LCPK
Detalhe dos sensores DASALS nos canards. O arranjo dos sensores nos canards evita que a espoleta e a cabeça de guerra sejam alterados.

APKWS II

O programa APKWS atrasou pois a BAe System subestimou a dificuldade para fazer os sensores laser e controles de voo pequenos o suficiente e com peso e preço desejável. Deveria ser menor que US$ 20 mil, o preço de um kit de guiamento laser para bombas burras, mas não conseguiram. A BAe System continuou a aperfeiçoar o APKWS mesmo depois de cancelado. A integração dos sensores no canard mostrou ser mais problemático do que o esperado e os problemas evitou manter os custo e prazo com o programa sendo cancelado em abril de 2005. A mudança no software e testes fim de 2005 resolveu o problema.

Em outubro de 2005 o US Army reabriu o programa agora chamado APKWS II para instalar kits de guiamento no foguete Hydra 70. Em abril de 2006, um ano após o programa ser cancelado, foi selecionada novamente a BAe System como contratante principal para o desenvolvimento do kit de guiamento a laser. A BAe System venceu a Lockheed-Martin e a Raytheon. A Northrop Grumman era um dos subcontratantes. O contrato era de US$ 45,7 milhões por três anos para desenvolver e demonstrar APKWS II com opção para dois anos de produção inicial podendo chegar a um total de US$96 milhões. Os requerimentos incluem um alcance mínimo de 0,9 milhas e máximo de 3,1 milhas, com custo de US$ 10 mil por kit. Foi estimada a necessidade de 71.565 foguetes para o US Army.

Enquanto o Block I era liga com a ignição do foguete e aceleração, não muda o código do laser, não recebe dados de navegação, e não faz check antes do disparo, o Block II deve ser ligado antes de disparar e troca dados com a plataforma lançadora. Então tiveram que criar um lançador que apóia o foguete. 

Os testes iniciaram em janeiro de 2007 e em dezembro de 2007 foram realizados mais dois testes do OH-58D Kiowa Warrior demonstrando a compatibilidade com o Kiowa e pode ser disparado sem integração com plataforma. O foguete também mostrou a capacidade de adquirir, acompanhar e atingir alvos designado por laser dentro dos requerimentos. No fim de 2007 o APKWS já tinha sido testado em 14 demonstrações em dois helicópteros, varias tripulações e cenários.

O inicio da produção era esperado para setembro de 2008 e entrada em serviço em junho de 2011, mas os fundos foram cancelados em 2008 após atingir os objetivos da fase de desenvolvimento. A US Navy reiniciou o programa ainda em 2008 para armar os helicópteros do USMC.

Em dezembro de 2009 foi realizados quatro acerto em quatro disparos na fase de integração. No total foram 22 disparos desde setembro de 2002 com seis modelos de helicópteros e vários tripulantes. O próximo passo é sobreviver ao ambiente rústico encontrado em combate, na fase de avaliação de efetividade, e mostrar ser seguro para as tripulações de terra e no ar quer terminou em fevereiro de 2010 com oito acertos em oito disparos em duas semanas de 11 e 18 de janeiro. O APKWS foi disparado do AH-1W Cobra em vários cenários encontrados em combate, de dia e noite, com cabeça de guerra real, disparado de várias velocidades, contra vários tipos de alvos, distancias e táticas. Os testes incluíam a qualificação com o ambiente onde deve ser empregado, transportado e armazenado. No total foram 19 disparados do APKWS II. O CEP demonstrado foi de 75cm contra 2 metros do requerimento. O próximo passo é a produção inicial que foi declarada pronto em abril de 2010. A entrada em operação pode se em 2011.

Em 2009 a NAVAIR anunciou que pretende contratar a BAE System para testar o APAKWS II nos caças AV-8B e A-10 no programa Joint Capability Technology Demonstration (JCTD). Está no orçamento de 2010 a compra de 325 APKWS II e mais 15 para testes nos AV-9B e A-10.


APKWS II da BAe Sytems.


Detalhes do kit APKWS II.


Directional Attack Guided Rocket (DAGR)

A Lockheed Martin perdeu a competição para desenvolver o APKWS II e passou a desenvolver um projeto próprio de kit de guiamento para foguetes chamado Directional Attack Guided Rocket (DAGR). O projeto foi iniciado em 2006 e revelado em 2007.

O conjunto de guiamento é instalado em um foguete Hydra 70mm com tecnologia do míssil Hellfire e do Joint Common Missile. O objetivo é transformar o foguete em um mini-Hellfire com a vantagem de ser compatível com os sistemas do Hellfire sem duplicar sistemas em terra e o treinamento. O DGR pode ser disparado de qualquer plataforma que já dispara o Hellfire. O DAGR tem capacita de trancamento antes e depois do lançamento, BITE integrado, laser com código programável permitindo o disparo de vários foguetes ao mesmo tempo e tem vários modos de disparo (alto ou baixo). O sensor laser semi-ativo (SAL - Semi-Active Laser) cobre um cone de 15 graus para cada lado, com ajuda do INS, enquanto o APKWS II que cobre 4 graus cada lado. Pode atacar alvos móveis se movendo a até 100km/h.

O KIT DAGR pode ser adicionado nos foguetes CVR7 de 1,38m de comprimento ou Hydra de 1,63cm, adicionando 40cm a mais. O peso é de 15,9kg com ogiva 4,5kg ou 19kg com ogiva de 7,7kg. O foguete mantém o alcance mínimo de 500 metros e o alcance máximo de 7km disparado a baixa altitude ou 12km disparado a 20 mil pés. O foguete pode ser equipado com ogiva auto-explosiva e explosiva fragmentada além de vários tipos de espoletas. O foguete não foi projeta para penetração, mas demonstrou a capacidade com espoleta de atraso.

O DAGR inclui novo lançador para ser levado no lançador M299 quádruplo ou M310 duplo do Hellfire substituindo um míssil com um lançador quádruplo. O lançador DAGR replica as funcionalidades do lançador do míssil Hellfire podendo ser facilmente instalado em helicópteros já capazes de disparar o Hellfire.

Em setembro de 2007 foi anunciado que o programa estava terminado. Em dezembro de 2007 foram realizados testes em treinos para testar a espoleta de atraso. Em janeiro de 2008 foram realizados dois disparos a partir de um AH-64D com um alvo a 4,2km de distancia e 6 graus fora do eixo e outro a 5,1km, ambos com acerto direto. Em janeiro de 2009 já tinham sido realizados 12 disparos com sucesso. Em março de 2009 foi realizado 3 disparos com 2 acertos a partir do Apache. Em maio de 2009 o DAGR foi testado no AH-6i, a versão de exportação do AH-6S Little Bird. Foram dois testes separados. O disparo foi de um lançador quádruplo instalado no lançador XM299. O primeiro disparo foi contra um alvo designado por um laser em terra e o segundo pelo próprio designador MX-15D1 do AH-6i.

A USAF está integrando o DAGR nos helicópteros Mi-17 do Iraque para dar capacidade de precisão a aeronave.

Detalhes do kit DAGR.


Componentes da seção de guiamento do DAGR. 


Disparos de teste do DAGR.


Em março de 2010 foram realizados  dois testes a partir de um OH-58D Kiowa Warrior sendo a quarta aeronave a testar o foguete. Um contra um alvo a 3,5km e outro a 5km. No total foram realizados 20 testes em voo.


Com o uso do "quad pack launcher" fica fácil integrar o DAGR em plataformas que já disparam o Hellfire como o Cobra, Apache, SeaHawk, Kiowa e Tiger. O lançador permite multiplicar por até quatro o total de armas guiadas levadas pela plataforma. Um foguete de 70 mm é usado para atacar alvos que não precisam de uma cabeça de guerra potente como a do Hellfire, mas tem que ser preciso.

LOGIR

Em abril de 2007, pouco depois da Lockheed Martin anunciar o programa DAGR, a Coréia do Sul e os EUA se juntaram para desenvolver um foguete guiado de 70mm com sensor de imagem infravermelha de baixo custo no programa de demonstração LOGIR (Low-Cost Guided Imaging Rocket).

O LOGIR é parte do programa Future Naval Capabilities Low-Cost Imaging Terminal Seeker (LCITS) para atacar alvos rápidos no mar (FIAC - Fast Inshore Attack Craft). O programa LOGIR foi concebido pela NAVAIR em 1999 com a necessidade de atacar alvos marítimos pequenos e móveis. A US Navy tinha como objetivo testar um sensor IIR de baixo custo DAMASK (Direct Attack Munitions Affordable Seeker) no foguete Hidra 70 com precisão estimada em 1 metro e alcance 6km. O LOGIR está sendo apoiado pela DARPA e a Coréia do Sul se juntou baixando os custos. O custo está estimado em 60 milhões de Euros.

O LOGIR é um kit com INS e o sensor IR não refrigerado adicionado no nariz do foguete tendo capacidade "dispare-e-esqueça". O objetivo é atacar alvos móveis apesar da maioria dos alvos ser estacionário. O programa LOGIR foi concluído com sucesso em agosto de 2010 completando a fase de demonstração de conceito após um disparado com sucesso de um AH-1W com o LOGIR Fire Control System e o LOGIR Smart Laucher. O piloto se aproximou do alvo, pairou no ar e disparou. Antes do disparo a posição do alvo e vetor velocidade foram transferidos para o lançador. O míssil usou a informação para navegar até a área do alvo, adquirir e acompanhar o alvo e atingir com acerto direto. O próximo passo será a fase de demonstração Medusa que inclui a avaliação do uso militar e possível aquisição.

A NAVAIR também está desenvolvendo um lançador inteligente no programa SMARt (Smart Munition/Advanced Rocket) que integra todas as funcionalidades para controlar os foguetes APKWS e fornecer interface de controle digital para os foguetes Hydra para escolher opções de espoleta em voo. O programa também estuda melhorias no motor foguete Mk66 para aumentar o alcance.


Disparo de teste do LOGIR a partir de um AH-1W.

TALON

Em maio de 2008 foi anunciado um acordo entre os Emirados Árabes Unidos e a Raytheon para desenvolver a proposta da empresa americana para o APKWS II. O projeto foi chamado de TALON (Tactical Advanced Laser-guided Ordnance). Os Emirados Árabes Unidos pretendem instalar o Talon nos seus helicópteros AH-64D. O objetivo é atacar as centenas de lanchas rápidas iranianas que podem encontrar em caso de conflito no Golfo Pérsico.

Em setembro de 2009 foi realizado o primeiro teste guiado do Talon atingindo um alvo de 1,5 x 1,5m em dois testes com disparo a 3,7km e 5km de distância a partir de um AH-64D. Os testes validaram a abordagem de baixo custo de desenvolvimento e a precisão do kit. Em dezembro de 2009. O US Army disparou o Talon de um AH-58D Kiowa Warrior. Foram realizados dois disparos contra alvos a 3,5km de distância. Em abril de 2010 foram realizados quatro disparos para verificar a configuração de produção após serem armazenados em alta temperatura. O TALON deve entrar em produção em 2010 e poderá ser adquirido pelas forças armadas americanas.

O TALON consiste de um kit de guiamento para ser instalado no nariz de foguetes de 70mm. O kit tem três canards de controle. O pelo é 1/4 de um Hellfire com 1/4 do custo.

 

Laser Guided Zuni

A subsidiária da MBDA americana mostrou um novo sistema de guiamento para equipar foguetes Zuni de 127mm com um sensor laser semi-ativo. O objetivo é participar de uma concorrência do USMC para uma arma de precisão para jatos rápidos para poderem realizar ataque de precisão contra alvos próximos a tropas amigas e para atacar alvos móveis. O projeto iniciou de um acordo de cooperação de 2005 entre a MBDA e o Naval Air Warfare Center Weapons Division (NAWCWD).

Em maio de 2009 a MBDA demonstrou um sensor laser semi-ativo em um foguete Zuni contra um alvo estático em China Lake. Em agosto foi testado contra um alvo móvel. O foguete foi equipado com o sensor WGU-58/B Guidance and Control System, hardware e software comercial. O alcance permite disparar fora das defesas do alvo. O kit pode ser instalado em campo e a aeronave não precisa ser alterada para disparar o foguete guiado.

Até quatro foguetes poderão ser disparados do lançador LAU-10. Poderá ser instalado no AV-8B Harrier, F/A-18 Hornet e AH-1W. Talvez a USAF compre para os seus A-10 e F-16. O Laser Guided Zuni poderá complementar o míssil Maverick, mas a compra não é garantida. A produção pode iniciar em 2011. Enquanto um cabide do Hornet leva apenas um míssil Maverick, poderá levar dois lançadores com quatro foguetes guiados. A cabeça de guerra do Zuni pesa cerca de 20kg.


Laser Guided Zuni em um casulo quádruplo LAU-10.

 

STAR e GATR

Em abril de 2007 a Elbit revelou o kit STAR - Smart Tactical Advanced Rocket. O STAR consiste em um kit de apenas 3kg com laser semi-ativo para ser instalado em foguetes de 68 a 80 mm. A Elbit já produz kits para as bombas Lizard e o sensor foi selecionado pela Boeing para equipar as JDAM laser. Parece que o STAR já está em uso em Israel.

Os off sets da Elbit para o programa F-5BR da FAB incluía o desenvolvimento de um kit de guiamento para foguetes de 70mm, além de kits de guiamento por INS/GPS.

Em julho de 2008 a Elbit Systems e a ATK se uniram para desenvolver um kit de guiamento a laser para foguetes chamado Guided Advanced Tactical Rocket - Laser (GATR-L) para ser usados por helicópteros, caças e UAV. O GATR usará um novo foguete e cabeça de guerra penetradora, ou explosiva/fragmentada da ATK.

Em outubro de 2008 foram realizados seis testes em Whitte Sands. Os alvos estavam a até seis km de distância e forma atingido com um CEP de 1m. Foram disparados do lançador M261 a partir de um OH-58D. O alcance é d 1,5 a 8 km a baixa altitude. Foi testado no demonstrador Sikorsky/Elbit Armed Black Hawk (ABH)  junto com Hellfire e Spike-ER. O primeiro teste foi em junho de 2009 contra um alvo a 3km e fora da linha de visada. O algoritmo de aquisição, acompanhamento e guiamento permite que o alvo seja trancado antes ou após o disparo.

O GATR poderá equipar o AH-64D Sarafs e AH-1 Tsefa israelenses. A Elbit ja desenvolve o kit STAR independente da ATK para o mercado fora dos EUA.


Imagens de propaganda do STAR.


Kit de guiamento STAR.


GATR.


SYROCOT


A empresa TDA francesa e a Marconi norte-americana se juntaram para desenvolver versões com guiamento por laser semi-ativa do foguete SNEB de 68mm, conhecido como SYROCOT (Systeme de Roquettes a Correction de Trajectoire).

O sensor de baixo custo, derivado da proposto da Marconi para o programa APKWS, é instalado no meio do foguete sem modificar motor e a cabeça de guerra. O sensor detecta a energia laser refletidas do alvo e é montado nas barbatanas apontadas para fora alojadas na unidade de guiamento, para que a linha de visada não seja obscurecida pela ogiva.

O alcance máximo efetivo é de 6km e mínimo de 1km. O foguete pode manobrar com +/- 35 mrads de azimute em relação ao lançador até no alcance máximo. O CEP é de 1,5m com 80% de probabilidade de acerto contra alvo estático ou movendo até 65km/h.

O Syrocot usa a ogiva de fins gerais do foguete SNEB e com o motor F3 de primeira geração. O sensor SYROCOT não altera o comprimento, mantendo compatibilidade com lançadores LR8, LR12 e LR22 dos foguetes SNEB. O projeto SYTOROC foi cancelado.

Foguete francês SNEB de 68mm.
 

Em 2007 a MBDA anunciou que está estudando o uso de sensores laser semi-ativo e infravermelho de baixo custo, inclusive atuando junto, para equipar foguetes de 70 mm e projeteis de artilharia de 155 mm e morteiro de 120 mm.

A França está desenvolvendo um kit para foguetes de 68 mm para o Tiger HAD liderados pelas empresas TDA Armaments, subsidiária da Thales, e a MBDA. O kit é chamado de LGR 68 (Laser Guided Rocket, 68 mm). O requisito Francês é atingir alvos a até 6 km, alvo se movendo a até 100km/h a 4km, e CEP menor que 1 metro. O objetivo é levar foguetes guiados e não guiados no mesmo casulo lançador digital do Tigre. O projeto vem sendo financiado pela DGA desde 2007. Os testes em terra foram realizados em 2008 devendo terminar no fim de 2010.

O LGR 68 deverá ser usado pelo Exército e Força Aérea Francesa em missões de apoio aéreo, ataque, defesa costeira e marcação de alvos para artilharia.  A produção deve iniciar em 2013. O LGR poderá ser usado também pelo Rafale e Mirage 2000.

A TDA já estudou foguetes guiados por GPS em 2006 antes com fundos próprios e a subsidiaria FZ belga estudou a instalação em foguetes de 70 mm. Agora se concentram no calibre 68 mm. A MBDA mostrou em 2009 o seeker laser modular da empresa MCT empresa.


Foguete LGR 68 da Thales/TDA.


UGROZA

No show aéreo MAKS 99 em Moscou, a empresa AMETEX apresentou o conceito de correção de rota por impulso para pontaria de armas (técnica RCIC) que permite a conversão de foguetes não guiados ar-terra ou foguetes de artilharia em armas guiadas.

O sistema Ugroza (ameaça) pode ser instalado nos foguetes S-5Kor (57mm), S-8Kor (80mm) e S-13Kor (120mm). O sufixo Kor significa "korrektiruyemaya" ou "corrigido", referindo-se ao fato da trajetória ser influenciada pelo processo de guiamento após o lançamento.

O novo foguete é baseado na família de foguetes S-5, S-8 e S-13 e a modificação é feita pela instalação de um sensor passivo ou laser semi-ativo. A modernização inclui equipar o foguete com uma seção adicional no nariz que se abre em vôo e estabiliza com aletas.

O sistema passivo permite a destruição de alvos de alto contraste como blindados e o semi-ativo permite destruir qualquer alvo. No último caso, o iluminador pode estar em um helicóptero, avião ou em terra. A correção de trajetória é feita próxima do alvo com ajuda de um foguete na cauda.

O alcance é de 2,5-8km com CEP de 0,8-1,8m (metade de um foguete não guiado). O custo-benefício por disparo aumenta em 3 ou 4 vezes e o gasto de munição diminui em 50%.

No fim 2006 a companhia Splav mostrou o foguete guiado S-8 Kor1 de 80mm com guiamento a laser semi-ativo que aciona foguetes laterais para corrigir a trajetória.


Kit UGROZA instalado em um foguete de artilharia BM-8.


Um foguete com kit de guiamento russo a esquerda.
 

CIRIT

A empresa Roketsan turca está desenvolvendo um foguete guiado a laser apoiado por INS para o programa de helicóptero de ataque T-129 ATAK. O foguete é chamado Cirit com calibre 70 mm sendo um novo foguete e kit novo. Os estudos iniciaram em 2004 e os testes iniciaram em 2006 no AH-1 Cobra. A produção deve iniciar no fim em 2010. Também será desenvolvido dos novos lançadores digitais de sete e dezenove tubos. Em 2009 a Roketsan mostrou um lançador duplo no mesmo lançador do míssil UMTAS. A Austrália já mostrou interesse no foguete.


Foguete guiado Cirit turco. O foguete é um sistema completo e não um kit que é adicionado a um foguete não guiado.


Lançador duplo do Cirit mostrado em 2009. O Cirit também pode usar lançadores de foguetes já existentes como o LAU-61, LAU-68, LAU-130, LAU-131, M260 e M261.


Disparo do Cirit a partir de um AH-1W Cobra.


CRV7-PG

A Kongsberg norueguesa anunciou em 2004 que está desenvolvendo kits de modernização para foguetes de 70mm para uso em plataformas aéreas, terrestres e navais. Chamado de "multirole low-cost precision guided 2.75-inch rocket", o kit é o primeiro de uma família para ser instalado em foguetes Hydra-70, CRV7 e FZ. O projeto estava sendo financiado pela marinha norueguesa.

O primeiro kit será guiado a laser e GPS com futuros kits terão com guiamento a infravermelho e antiradar se necessário. O teste inicial foi feito de um veículo 6x6 com uma estação de controle remoto. Se o orçamento for suficiente o desenvolvimento deve estar completo em 2005 para produção ainda no fim daquele ano. A Kongberg está procurando parceiros para colaborar e dividir custos.

Em 2006 foi anunciado o programa CRV7-PG (Precision Guided) com as empresas Kongsberg e Magellan Aerospace. Sensores IR derivado do Penguim e NSM e outro anti-radar serão estudados depois. Foram realizados 12 disparos até março de 2007 e depois não se teve mais notícias do projeto.


Imagem interna do kit CRV7-PG.


Kit de guiamento CRV7-PG.



Outros Programas

Em novembro de 2009 a ZM Mesko da Polônia anunciou o desenvolvimento do kit KPR-70 para uma variante guiada do foguete NLPR-70 de 70mm. O programa é apoiado pela Lockheed-Martin e está relacionado com a transferência de tecnologia do programa F-16 comprado pela Polônia.

A empresa Ucraniana Luch desenvolveu uma versão guiada do foguete S-8 de 80 mm chamado AR-8L. O foguete S-8 russo de 80 mm é produzido localmente como AR-8. O projeto foi iniciado em 2004 e mostrado em 2005. A Luch está desenvolvendo uma versão de 70 mm junto com Cingapura.


Foguete guiado AR-8L.

 Atualizado em 23 de agosto de 2010


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