Bombas Guiadas a Laser

Evolução do Ataque de Precisão

Desde os seus primeiros dias a aviação militar tem como objetivo a destruição de alvos militares do inimigo. Seja com o lançamento de granadas mão em 1914 até as bombas nucleares Fat Man e Little Boy em 1945, estas armas tem um conjunto de fatores em comum: eram armas não guiadas de queda livre. A primeira medida dos pilotos para melhorar a pontaria das bombas lançadas manualmente pelo observador foi instalar cabides para lançar bombas e o uso de miras simples.

A guerra moderna mudou com o bombardeiro de saturação com bombas não guiadas se tornando cada vez mais impopulares devido a grande perda de não combatentes. As grandes frotas de bombardeiros também mostraram ser caras de comprar e manter. Com o surgimento das bombas nucleares, a necessidade de uma frota grande diminuiu, mas é considerado politicamente incorreto e agora também anti-ecológico.

A operação Rolling Thunder no Vietnã levou a um requerimento de ataque de precisão, mas a USAF não estava preparada. O F-105 tinha uma mira computadorizada com auxilio do radar para lançar bombas nucleares contra alvos do tamanho de um quarteirão, mas que era insuficiente para atingir uma ponte. O F-105 foi testado em ataques de precisão na operação Northscope e Commando Nail (chamados tripulantes Ryans Raiders) com resultados desapontadores.

Os Ryans Raiders também fariam ataques diurnos em mergulho iguais aos da Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia, mas com jatos supersônicos. Com pouca precisão e muita defesa antiaérea não era possível garantir a destruição dos alvos.

As missões logo mostraram que sair do mergulho a 700-1.000 metros era perigoso e passaram a sair a 2.500 metros ou mais, diminuindo ainda mais a precisão com CEP de 150 metros ou mais. Este perfil é útil contra alvos de área como uma estação ferroviária. O dano colateral era grande. A pontaria até que melhorou visto que na Segunda Guerra Mundial um alvo de 20x30 metros precisava de três mil saídas com nove mil bombas para atingir um CEP de mais de 1.000 metros. A maioria dos danos eram contra as imediações do alvo.

As armas usadas eram bombas auto-explosivas. Inicialmente eram bombas iguais as usadas na Coréia e depois uma nova geração mais aerodinâmica (série Mk) desenvolvida na década de 50. Algumas receberam cauda retardante para uso a baixa altitude (Snakeye em uso atualmente apenas pela US Navy) e outras com sonda para explodir mais alto e não em contato direto com o solo. A maioria pesava 220 kg e 340kg. Alguns alvos como pontes precisavam das versões maiores de 900 kg e até 1.360 kg. Os foguetes eram populares para missões de reconhecimento de rota. As bombas em cacho também mostraram ser úteis para supressão de defesas.

A US Navy também tinha seus problemas. O A-6 Intruder tinham um bom radar de pontaria contra alvos pequenos e podia operar a noite. O A-7 Corsair II foi o primeiro caça americano com HUD e modo de pontaria computadorizada CCIP com CEP de 11 metros, mas só ficou disponível no fim da Rolling Thunder em 1968.

Um atraso de 0,3 segundos no disparo de uma bomba lançada em vôo nivelado a 350 knots pode levar a um erro de 60 metros sem considerar outros fatores. O pipper já esconde uma área de 40 pés e esconde o alvo em um disparo a média altitude. Uma Mk84 tem precisão de 5-6 milirads e erra fácil em 50 metros. Se o sistema de medição de altitude erra 70 metros a bomba irá errar em mais 40 metros. O resultado final é ter que realizar várias missões para atacar o mesmo alvo. A US Navy usava táticas de pacote (ataques Alpha) concentrando toda a força de um porta-aviões contra um único alvo.

Para complicar ainda mais o piloto ainda tem que encontrar o alvo, voar mais rápido e baixo, tem que desviar do terreno e das defesas antiaéreas. Geralmente o alvo está camuflado, é pequeno ou móvel. A introdução do radar e computador melhorou a pontaria. Os computadores consideram a altitude e velocidade da aeronave junto com os parâmetros das armas, além da posição do alvo e calcula o tempo de disparo. O resultado é que o bombardeiro manual ficou obsoleto no cenário moderno com o surgimento das novas tecnologias de modos de pontaria computadorizadas e as armas guiadas de precisão.

Na Segunda Guerra Mundial eram necessários 150 saídas de B-17 para lançar 9 mil bombas para atingir um alvo em particular com um prédio. Em 1967-1968, com o F-105, eram necessários 177 saídas para lançar 380 toneladas bombas para tentar derrubar a ponte Paul Doumer.

O mau tempo era outro problema. Os ciclos das monções no Vietnã resultava em poder atacar apenas metade do ano com a pontaria visual sendo impossível na outra metade devido as constantes camadas de nuvens baixas. Por isso os Ryans Raiders e outros sistemas bombardeio por radar foram usados para tentar superar este problema. A rádio navegação seria outro meio como feito na Segunda Guerra Mundial. O programa Combat Skyspot era a versão atualizada sendo usada para apoio aéreo aproximado, marcando as bases americanas, mas era pouco efetivo.

As operações de bombardeio aéreo da Rolling Thunder terminou em 1968 e retornou em 1972 com a operação Linebaker. Logo foi iniciado uma revolução com novas armas desenvolvidas sendo usadas em combate.

A precisão a média altitude foi resolvida com as armas guiadas por TV e laser. Antes existia apenas dois métodos: muitas aeronaves com poucas bombas ou poucas aeronaves com muitas bombas para garantir a probabilidade de destruir o alvo. Era possível prever estatisticamente a probabilidade de destruir um alvo com a quantidade certa de bombas. Funcionava bem contra alvos fixos de área e era inútil contra navios.

Corsair
Imagem do HUD de um A-7 fazendo mira na ponte de um LHD classe Tarawa. O A-7 foi a primeira aeronave que mostrou que uma aeronave inteligente poderia conseguir quase precisão com bombas burras.

Phantom
Imagem do HUD de um F-4D. No modo CCIP o computador atualiza o pipper continuamente mostrando onde a bomba vai cair. Erros comuns no bombardeio manual são a perda da atenção devido a ação inimiga, focar no pipper e não voar a aeronave, demora na aquisição do alvo, erro no sistema de altitude e mascaramento do alvo pelo pipper.

CEP
Erro circular provável (sigla CEP em ingl
ês) é o círculo onde caem metade das armas em uma série de lançamentos. O conceito de CEP é usado para comparar armas e para estatísticas de precisão. Nos dados acima 99 bombas Paveway 2 conseguiram um CEP de 1,2 metros contra um CEP de 100 metros para 99 bombas não guiadas. As bombas foram lançadas a 15 mil pés (cerca de 5 mil metros de altura).

Desenvolvimento

Os EUA entraram na guerra do Vietnã usando as mesmas bombas aéreas da Segunda Guerra Mundial. A experiência com armas guiadas na Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia não foi muito proveitosa. As bombas guiadas por rádio usadas na Coréia eram pouco confiáveis, difíceis de usar, difíceis de manter, mas mostraram que as armas guiadas eram uma realidade. O pensamento estratégico na década de 50 era criar bombas gigantes para destruir cidades e não para atacar pontes. O resultado foi a paralisação do desenvolvimento de armas guiadas.

Na Segunda Guerra Mundial o CEP com a mira Norden era 400 metros em 1943. Melhorou para 10 metros no fim da guerra com a experiência das tripulações. Para ataque de precisão ainda não era suficiente. As bombas guiadas a rádio Razon e Tarzon foram usadas Guerra da Coréia para atacar pontes com CEP de 90 metros.

A primeira arma guiada moderna foi a Walleye da US Navy em 1967. Era uma bomba de queda livre controlada por TV. Tinha que ter um alvo com bom contraste e o mau tempo atrapalhava. Custava US$ 35 mil na época era considerado muito cara. A USAF desenvolveu a HOBOS também guiada por TV e com cabeça de guerra maior e mais precisa.

Durante o conflito do Vietnã os EUA só tinha duas armas guiadas em 1965. Uma era o míssil AGM-12 Bullpup que mostrou ser inadequado para atacar pontes e não era tão efetiva como o esperado. A outra era a bomba planadora Walleye que mostrou ser bem melhor.

Em 1967 foi iniciado a operação da Walleye pela US Navy com sensor de TV e CEP de 3-6 metros. O primeiro uso com sucesso foi contra o quartel de Sam Son atingido a janela de um prédio. A Walleye tinha defeitos como a necessidade de bom contraste visual do alvo, precisa de bom tempo, a explosão de bombas de ataques anteriores atrapalhava e a cabeça de guerra pequena era inadequada contra alvos duros como pontes.

A USAF iniciou o uso da Walleye em agosto de 1967 com bons resultados contra alvos com bom contraste e bem defendidos. Os custos, restrições e o aparecimento das bombas guiadas a laser, mais simples e baratas, levou ao seu pouco uso no geral. Em 1972 a Walleye II entrou em serviço com ogiva maior e foi usada também pela USAF. O alcance maior de 9km permitia ser disparada fora do alcance das defesas antiaéreas do alvo se tornando a primeira arma guiada ar-superfície de longo alcance (stand-off) do arsenal americano.

Na década de 60 a tecnologia para desenvolver armas guiadas já estava madura. Os lasers e os circuitos integrados foram duas novidade que apareceram no fim da década de 1950 com grande potencial de uso militar. Em 1958 a Texas Instruments criou o primeiro circuito integrado. A Intel criou seu circuito integrado um meses depois e era mais simples de fabricar. O uso militar dos circuitos integrados acelerou a maturação e diminuindo muito o peso, tamanho e consumo de energia.

O Comando de mísseis do US Army se interessou no inicio da década de 60 por armas guiada a laser. O laser tinha dois usos militares potenciais. Um era o uso como força bruta como raio da morte, mas sempre foi visto como meio de apontar armas. O problema seria o suprimento de forças. Uma arma seria bem leve, mas precisaria de mais três soldados para levar as baterias para ter apenas 50 metros de alcance.

Com o laser era possível concentrar a luminosidade de 1 milhão de vezes a do sol facilmente. Seria melhor usado ferindo soldados que teriam que ser tratados. Por gerar poucas cores também significa que o reflexo do alvo pode ser facilmente detectado por um sensor simples com um filtro. Um arma guiada poderia receber este sensor que seria ligado a um sistema de feedback para se guiar até o alvo iluminado.

O uso do laser para guiamento de armas iniciou em 1958 para estudos de sensores de mísseis anti-carro pelo US Army. Os estudos foram derivados de pesquisas sobre o uso do laser em sistemas de guiamento de mísseis. Para guiamento foi estudado o método Beam Riding e comando de guiamento com luz laser modulada. Em 1963 foi concluído que um laser semi-ativo seria mais atrativo. O US Army se interessou para uso em mísseis anti-carro com um laser semi-ativo iluminando o alvo e sensores ótico no míssil acompanharia o reflexos óticos e guiaria o míssil. Em 1960, os pesquisadores mostraram que podiam projetar uma luz laser e logo iniciaram testes de sistemas de guiamento a laser.

Inspirados no experimento com o Shrike, a Martin Marietta iniciou seus próprios experimentos com sistemas de designação a laser e em 1964 mostraram o sistema para a USAF.

A idéia para usar o laser como sistema de guiamento levou dois engenheiros do US Army Missile Command, David J. Salonimer e Norman Bell, que estavam interessados em projetar projéteis de artilharia guiados a laser para uso anti-carro, a conduzir estudos sobre sistemas de designação e sensores. Conseguiram algum orçamento e trabalharam com a Texas Instruments (TI) para modificar um míssil Shrike, fabricado pela TI, como arma guiada a laser superfície-superfície. O experimento não terminou, mas a idéia de uma arma guiada a laser não acabou. As pesquisas foram realizadas em 1962 mostrando a viabilidade do sistema. Os gastos foram mais com o booster e lançador terrestre e o projeto ficou mais no papel. Sem interesse do US Army o projeto foi abandonado. As lideranças do US Army achavam o conceito futurística, inviável e retiraram os fundos de desenvolvimento. A idéia não foi considerado necessário no Vietnã. Mesmo assim continuaram desenvolvendo um laser portátil com baixo orçamento. O Vietnã não seria uma guerra blindada e os esforços foram passados para a USAF.

Na mesma época, durante a Rolling Thunder, ficou claro a dificuldade de destruir alvos com bombas burras. Contra alvos  pequenos como pontes ficou mais evidentes ainda. As aeronaves da época foram projetadas para lançar bombas nucleares que não precisava de precisão. A guerra do Vietnã mudou o interesse. Devido a ameaça nuclear tomavam cuidado na guerra para diminuir os danos colaterais e tinham que favorecer a precisão. Virou a teoria da guerra limitada.

O Coronel Joe Davis, responsável pelo programa de aquisição de tecnologia da USAF, voou o F-84 na Coréia e sabia da dificuldade. Na Coréia eram usados 12 caças para atacar uma ponte e com poucas chances de sucesso. Quando viu os dados dos projetos de armas a laser do US Army logo viu que o conceito podia ser usado em uma bomba e economizar vidas, aeronaves e recursos. Davis viu a demonstração do laser. Lembrou que na demonstração o laser acompanhava um veículo se movendo a 1 km de distância, então podia atingir alvo móvel.

Em 1952 a US Navy teve a mesma conclusão indicando que com uma arma guiada necessitariam de menos aeronaves para atacar um alvo e automaticamente menos perdas. O estudo levou ao desenvolvimento do míssil Bullpup. No primeiro ataque contra a ponte Thanh Hoa logo mostrou ser fraco, pouco confiável e difícil controlar, além de arriscado.

Os pilotos americanos no Vietnã queriam uma arma que os mantivessem longe do fogo antiaéreo e que fosse precisa o suficiente para não ter que voltar depois para atacar o alvo novamente. A arma tinha que ser barata, segura e fácil de usar. Os pilotos percebiam o problema, mas os burocratas não. A USAF simplesmente não admitia a existência do problema.

Pilotos veteranos da Segunda Guerra Mundial perceberam que a artilharia antiaérea em alguns alvos no Vietnã era mais intensa que em alguns alvos bem defendidos na Alemanha. Os pilotos acabavam evadindo ao invés de se concentrar na pontaria.

Weldon Word da Texas Instruments (TI) e Joe Davis (USAF) se encontraram em junho de 1965. Davis queria ajudar os pilotos no Vietnã a atingir seus alvos com mais facilidade. Davis mostrou a foto de uma ponte atacada. Haviam cerca de 800 crateras ao redor da ponte sem contar as dentro do rio. Queria uma arma potente capaz de ser disparada acima do alcance da artilharia antiaérea e com precisão para atingir um alvo de ponto. A bomba seria disparada em mergulho a 18 mil pés e lançada a 12 mil. O caça nunca voaria abaixo de 8 mil pés. Outros riram da idéia do laser, mas Davis não.

A precisão das bombas burras na época eram de 100 a 1.000 pés. Queria uma arma com precisão de de menos 30 pés (10 metros). A Texas Instruments aceitou o desafio. A USAF queria 12 protótipos para testes em seis meses por menos de 100 mil dólares. Em uma semana a TI criou o projeto de uma bomba com asas na cauda e sensor laser montado em uma asa.

O paradigma das armas guiadas ditava a necessidade de um giroscópio para ficar estabilizada e controlável. A TI teve sucesso por desprezar este paradigma. Um piloto queria o máximo de simplicidade. Queria disparar uma arma sem nenhuma ligação com a aeronave. Tinha que ser simples, fácil de conectar e só instalar na aeronave. A tecnologia existente na época era complexa e precisava de muita adaptação na aeronave.

Davis propôs um projeto que deveria ser entregue em uma semana. Queria uma dúzia de armas guiadas com precisão de 10 metros. O preço do contrato deveria ser menor que US$ 100 mil e deveria ser entregue em seis meses para testes de vôo.

O programa foi aceito pois existia um programa para financiar melhorias em itens já existentes. Um projeto mais caro precisaria de muita burocracia e demoraria muito.A precisão de 30 pés superaria em muito a precisão das armas da época que chegava a 100-1000 pés (30 a 300 metros) dependendo da tática, alvo e condições meteorológicas.

O objetivo era construir um seeker e descobrir um modo de passar estas informações para a unidade de controle do Shrike instalada na traseira da bomba. Depois teria que voar e ser aerodinâmica. Só existia dois lasers no mundo e receberam um para testes. Os engenheiro da TI não conheciam nada sobre lasers nem sabiam se era seguro.

O contrato era 99 mil dólares de setembro a março de 1966 para construir 12 protótipos. Fora o sensor e seeker o resto já existia. Era uma bomba M-117 com quatro estabilizadores, eletrônicos, controle e asa.

Um piloto lembrou dos testes do sensor de angulo de ataque com caça A-7 e propôs colocar o "bird" no sensor laser. Era um toque de gênio pois era um meio simples de medir o angulo de ataque e trilha de voo, independente do angulo de ataque e sem giro estabilização. Os testes simulados mostrou que funcionaria. Então inventou o "Birdie Head".

Ao mostrarem o projeto em um evento em agosto todos os participantes riram. Tentaram mostrar como isolariam o sensor do movimento da bomba, mantendo sempre alinhada com o vetor direcionado ou a direção do movimento. David Salonimer usou sua influencia para convencer que funcionaria. Os fundos foram para a a Autonetics e a TI. A Autonetics seria contratada se em seis meses o projeto da TI não atingisse os objetivos.

Primeiro pensaram em colocar o sensor em uma estrutura fora do fluxo de ar. Com o risco de obstruir a visão do sensor foi para o nariz com um conector entre a frente e a traseira onde ficava os eletrônicos e atuadores. O computador era o mesmo do míssil Shrike, assim como os atuadores do tipo bang-bang. Os atuadores atuavam aos pares nas barbatanas. O angulo máximo de deflexão seria 5,5 graus e neutro logo depois. O termo bang-bang veio do som audível nos testes.

As asas tinham que ser grandes para dar controle e pequenas para caber na aeronave. Como não tinham tempo de testar nem orçamento lançaram modelos em escala em uma piscina para coletar dados rapidamente. Nos testes posteriores, bem mais caros, confirmaram os dados e dimensões.

O sensor era a única tecnologia nova. O seeker tinha um detector em um domo transparente, um filtro ótico para passar apenas a freqüência do laser, uma lente para focar e concentrar energia em um circuito nos detectores. Atrás do barril ótico ficava o foto diodo divididos em quatro quadrantes. Em voo, se algum quadrante recebe mais energia que outros é enviado um sinal eletrônico para o par de barbatanas na cauda para mudar a trajetória de voo e tentar centralizar a energia. O conceito era simples e permitiu substituir os caros giroscópios, acelerômetros e potenciômetros de feedback de posição.

O problema era a confiabilidade do detectores iniciais. Outro problema era o designador laser. O primeiro tinham pouca qualidade. Conseguiram um da Martin montado em um tripé. Queriam um com data rate grande, de centenas de pulsos por segundos. Inicialmente eram 30-40 pulsos por minutos. O receptor de seeker foi calibrado para a frequencia de 1.06 microns para evitar outras fontes possíveis. Testavam se o laser funcionava com um filme polaróide na frente do iluminador.


Descrição do seeker da Texas Instruments.


Configuração final da proposta da Texas Instruments.


Configuração inicial proposta para o projeto com o sensor em uma armação abaixo do corpo da bomba.


Modelo de uma Bolt-117 sendo testada em um F-105.

Os testes em março de 1966 mostrou que tudo funcionava. Em 25 de maio as bombas foram enviadas para a base de Eglin para testes de voo. Após testes de voo com sucesso uma bomba foi disparado em 28 de julho caindo a 148 pés do alvo. A segunda caiu a 76 pés e o terceiro e quarto errando vários centenas de metros. Após os testes foram analisar os dados de voo. Só tinham gravadores de dados baratos, mas foi suficiente para melhorar a bomba e resolveu os problemas e a precisão. Os primeiros testes foram falhos pois op dados mostraram que o seeker tendia a guiar em reflexos ao redor como moitas.

Como em projetos de armas guiadas anteriores, a precisão melhorava de forma logarítmica. Nos 10 primeiros testes a TI seguiu uma curva e com disparou mais difíceis. O quinto disparo teve erro 28 pés disparada a 13 mil pés em 28 de outubro. O sexto chegou a 30 pés que era o objetivo. O alvo era um cenário tático contra um caminhão. Tinham medo do laser refletir nas moitas ao redor e não refletir no caminhão então na noite anterior cortaram matos 150 metros ao redor e pintaram o veiculo para refletir melhor. O acerto foi direto com um disparo com off set de mil pés e mesmo assim caiu a 12 pés do alvo. O oitavo caiu a 15 pés com o iluminador laser instalado na aeronave. Foi montado em um fuzil e apontado por um O-1 Bird-dog a uma milha de distância do alvo. O disparo teve erro intencional de 500 pés de offset e ainda acertou a 10 pés.

Antes de concluir os testes já tinha mostrado o potencial e queriam mostrar para as lideranças. Os chefes queriam usar o kit em uma bomba M-118 de 3 mil libras e instalaram o décimo kit na bomba maior. Usaram material das três ultimas e testaram novamente na piscina. No teste real destruiu a ponte alvo. O contrato foi imediato.

Em janeiro de 1967 a TI tinha a tecnologia que a USAF procurava a décadas. Em geral a capacidade tecnológica apenas se constrói no tempo com acumulação de redes de contatos e especialização. A TI não tinha conhecimento histórico do problema e resolveu assim mesmo. No projeto da bomba Azon colocaram giros, baterias, receptores, antenas e flare na cauda e adicionaram a bomba. A TI seguiu os mesmo passos sem saber. O controle liga-desliga mostrou ser suficiente na Azon ao invés do modo proporcional.

Com os testes instrumentados puderam determinar as causas das falhas. Nos testes com TV viram que o eixo da bomba dificultava a aquisição de alvos e o controle. Então testaram abas e orelhas para apontar para o vento. Depois testaram olhos fotoelétricos com arranjo em quadrante. 

A concorrente Autonetics, uma divisão da North Amerian Aviation, desenvolveu seu projeto em oito meses sem sucesso. Também usava tecnologias já existentes. Externamente era até mais simples que o projeto TI. O pacote guiamento de 30 kg era instalado no nariz e mais fácil de instalar na M-117. A bomba manobrava com ajuda de canards e eliminava a necessidade de asas, controles na cauda e condutos até a traseira. Todos os itens estavam em catálogos e em uso para evitar desenvolver novos sistemas. O sensor era uma cabeça do míssil Sidewinder reciclado e modificado. Incorporou detectores silicone de quatro quadrantes e gravador de testes de 14 parâmetros. A diferença era usar guiamento proporcional e giro-estabilização ao invés de bang-bang.

Os testes iniciaram em 18 de julho de 1966 com o laser da Martin, painéis alvos e parâmetros de disparo igual ao da TI. As melhorias também foram logarítmicos. O primeiro teste em 5 de outubro teve falha total. A bomba não teve controle rolagem e não guiou. O erro foi de 975 pés. O segundo teve erro de 82 pés com pouca estabilidade de rolagem. os testaram de túnel de vento em 15 de novembro a 3 de dezembro refinaram o controle e diminuíram o tamanho dos canards. O terceiro e quarto teste tiveram erro de 24 e 52 pés. Parecia viável, mas em 23 de janeiro de 1967 a USAF cancelou. A TI estava no décimo teste contra a ponte e foi escolhida.

Aparentemente o projeto da Autonetics era bem mais complicada que o projeto da TI. O sensor era montado em um sistema móvel para acompanhar o alvo. As fontes de comandos era de três fontes. Um acompanhava o alvo para manter o sensor móvel para acompanhamento lateral. O segundo fazia controle de rolagem e o terceiro de bias de alto e baixo em relação ao alvo. Os canards tinham controles independentes motor elétrico dando controle proporcional de até 5 graus lateral e altura. O controle de rolagem era de até 15 graus. Era muito complicado comparado com o sistema da TI e era três vezes mais caro.

O disparo também era complicado, com vários passos e procedimentos. O piloto tem que mergulhar dois graus e iluminar o alvo até a bomba adquirir o alvo, ligar a bomba no modo acompanhamento, iniciar o "pull up" para alinhar com o alvo e 2-3 segundos antes de disparar e antes de pull up de 16 graus do angulo de aquisição, ligar a força elétrica da bomba e disparar. A interface com a aeronave tinha que ser instalada e precisava de cabeamento nos cabides. O caça levando a bomba não podia manobrar mais de 6 graus por segundo para não danificar o sensor. Havia outras limitações. Se a bomba perde o alvo devido ao mal tempo ou fumaça não consegue readquirir. Se o suprimento fonte falha também é insegura. Já o projeto da TI era super simples operacionalmente. Era disparada como uma bomba comum e não precisava trancar antes do disparo. Os eletrônicos eram acionados por fio. Quando a bomba era lançada o fio saia e ativa a bateria e a bomba começa a funcionar. 


Descrição da proposta do projeto da bomba guiada a laser da Autonetics. 

NAA
Testes da bomba guiada a laser da North American Aviation-Autonetics.

BOLT-117
A BOLT-117 (BOmb, Laser Terminal-117) foi a primeira bomba guiada a laser. Era baseada na bomba M-117 de 340kg da Segunda Guerra Mundial com sensor de guiamento KMU-342 e kit de controle. Ficou operacional em 1967 com avaliação em combate em 1968. Poucas foram produzidas e parou em favor da GBU-10 duas vezes mais precisa e mais potente. Mesmo assim foi revolucionária transformando uma bomba burra em bomba inteligente com uma precisão 100 vezes maior. A USAF queria uma bomba com um mecanismo semelhante ao guiamento por radar semi-ativo, mas usando raio laser. Os projetistas da Texas Instruments tivera uma semana para mostrar a proposta e só usaram  réguas de cálculo para criar o projeto. Os primeiros testes foram realizados em abril de 1965. O resultado foi insatisfatório, mas a precisão aumentou em muito com os kits para a Mk84 slick com controles no nariz ao invés da cauda como na BOLT-117. Inicialmente o projeto teve vários problemas técnicos e operacionais, mas com resultados positivos, mostrando muito mais precisão que as bombas burras, mas sem os custos, complexidade e limitações de mísseis como o AGM-12 Bullpup. A BOLT-117 mostrou ser efetiva contra pontes que antes precisavam ser atacadas por muitas bombas e saídas de aeronaves táticas para serem destruídas. Mesmo assim o projeto correu o risco de ser cancelado com os superiores da USAF mandando cancelar o projeto por não aceitar os resultados. A TI realizou mais testes entre 1965 a 1966. Nos testes iniciais foram disparadas 66 bombas com apenas nove falhas. Os kits usavam tecnologia simples e barata que permitiu testes repetidos com armas reais para refinar o conceito, táticas, técnicas e tecnologia.

Laser

Laser é o acrônimo de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation. A teoria do laser implica em se aprofundar em física quântica e por isso não será descrito aqui. O laser permite direcionar a luz em uma direção com freqüência bem controlada. Ao entrar em contato com uma superfície emite uma luz bem brilhante que pode ser detectada por sensores.

A princípio, o guiamento laser envolve a iluminação do alvo com um laser. A arma guia até os reflexos até atingir o alvo. O sistema consiste em dois elementos, o designador e a arma com o seeker. O designador está equipado com um laser com óticos para pontaria. O sistema pode ser manual (atualmente só nos terrestres) ou estabilizado (nas plataformas aerotransportadas e navais).

O laser gera cores monocromáticas, o que significa que a luz refletida pode ser detectada facilmente por sensores simples através de filtros nas lentes. Uma arma guiada pode ser equipada com este sensor e ligado a um mecanismo de controle para direcionar a arma para o alvo iluminado pelo laser.

Os laser podem ser pulsantes ou de onda continua. Um sensor codificado pode ser usado para discriminar entre vários iluminadores e diminuir a interferência ou engodo. Podem ser usadas várias freqüências de codificação para vários designadores designarem alvos próximos. Os lasers usados para iluminar alvos operam na banda de 1.064 µm (microns).

O designador laser marca o alvo e a luz refletida é vista por um sensor na aeronave ou bomba. O piloto aponta para o alvo através do HUD para disparar a bomba. A bomba é lançada como uma bomba convencional contra o alvo e adquire o laser para fazer as correções de pontaria durante o vôo.

Os requerimentos de um sistema de pontaria moderno são:

- Precisão para atacar alvos de ponto - com CEP da ordem de metros
- Capacidade de operar a noite ou com visibilidade zero
- Simplicidade, confiabilidade e facilidade de manter
- Capacidade de transferir alvos entre aeronaves ou do observador para a aeronave
- Resistência a interferência ou outras contramedidas
- Alcance para atacar alvos além das defesas do alvo

Existem vários tipos de sistemas de guiamento e todos tem problemas em alguns destes requerimentos. O guiamento laser preenche bem estes requisitos.

Limitações

O conflito no Vietnã mostrou que as bombas guiadas a laser também tinham limitações. A primeira é só serem muito precisas em condições meteorológicas ideais.  A poeira, fumaça, nevoeiro, nuvens e chuva interferiam no sistema de guiamento por difração.

O alvo deve ser iluminado pelo laser durante todo o ataque. Se o seeker não consegue mais ver o reflexo (sparkle), por ter sido desligado, bloqueado ou movido, a precisão da bomba diminui. Na guerra do Golfo em 1991 os reflexos da areia levaram várias bombas a guiar até alvos falsos. Testes na neve também mostraram que podia interferir. O feixe também pode ter reflexo para frente se apontado muito baixo no alvo ou para trás se apontado no alto do alvo. O laser é uma arma de linha de visada e uma estrutura em terra e até na aeronave pode obscurecer o feixe do laser ou a visada do sensor na bomba.

O envelope limitado era outra limitação. Kits de guiamento laser foram instalados em mísseis como o AS30L e Maverick para terem maior alcance e manobrabilidade. A variante Skipper da GBU-16 recebeu foguetes para aumentar o alcance.

As Paveway tinham que ser disparadas dentro de um envelope para poderem atingir o alvo e o seeker enxergar os reflexos do laser no alvo. Este envelope era chamado de cesta (basket) e se não fosse seguido a bomba não guiaria. Os parâmetros de disparo eram similar as bombas burras. O piloto mergulha no alvo a 20 mil pés, adquire o alvo e lança a bomba a cerca de 10 mil pés, bem acima do alcance da artilharia antiaérea.

Se a Paveway fosse disparada muito baixo ou longe, pode ficar fora do campo de visão ou não ter energia para alcançar o alvo. No geral eram disparadas a média altitude onde os caças ficavam mais vulneráveis aos mísseis SAM. Devido ao padrão sinusóide da trajetória, as primeiras Paveway perdiam muita energia e o alcance era menor que o da Walleye não sendo adequadas para deixar as aeronaves fora do alcance das defesas antiaéreas.

Com o designador manual AVQ-9 a aeronave iluminadora voava um padrão circular previsível para guiar a bomba lançada por outra aeronave, ficando exposta por muito tempo as defesas. O ataque israelense a usina nuclear iraquianas em 1981 foi feito com bombas burras Mk84 exatamente para evitar expor as aeronaves as defesas locais com ocorreria com o guiamento laser manual. A capacidade melhorou com a introdução do designador Pave Knife na operação Linebaker que permitia o disparo das Paveway pela mesma aeronave lançadora e permitia que a aeronave manobrasse durante o ataque.

A iluminação a partir de uma distância muito grande dá reflexo muito grande por divergência de feixe. O feixe pode ser atenuado pela atmosfera ou mau tempo que é piorado a grande distância. Os designadores atuais de Terceira Geração como o Damocles, Sniper XP, Litening e ATFLIR tem capacidade de designar alvos voando a até 40 mil pés (laser 40k) e com maior alcance resolvendo o problema de curto alcance.

Por outro lado as bombas guiadas a laser tinham como vantagem em relação as armas guiadas por TV e IR a simplicidade e não precisavam de um link para trocar dados com a aeronave como a Martel, GBU-15 e Maverick. Os kits também são fáceis de adaptar em qualquer arma e não precisavam de modificações nas aeronaves.

 
Defesas dos Alvos

As operações de bombardeio aéreo sempre tiveram como objetivo a destruição de alvos específicos. Mas até alvos grandes como pontes e navios são apenas pequenos pixels na mira quando o ataque é feito a média altitude.

Para atacar alvos pequenos como bunkers a pontaria precisava de três fatores: sorte, estatística e coragem para enfrentar as defesas em terra. Alvos de grande valor são sempre bem defendidos e os bombardeiros sempre operam em ambiente hostil. Para diminuir as perdas ficavam no limite do alcance das defesas antiaéreas. Na Segunda Guerra Mundial as operações eram feitas a noite e a grande altitude para diminuir a ameaça.

Atacar a baixa altitude era mais preciso, mas queriam aumentar a distância para evitar as ameaças em terra. Os jatos no Vietnã passaram a atacar a baixa altitude para evitar os mísseis SAM. Se a defesa antiaérea conseguir manter as aeronaves de ataque e bombardeiro no canto do céu onde não conseguem atacar direito então cumpriram seu papel, mesmo sem derrubar nenhuma aeronaves.

Durante a Guerra do Golfo os aliados prepararam seus ataques para vôos a baixa altitude. Os equipamento, armas, treino e táticas eram apropriadas e os pilotos estavam confortáveis e seria efetivo por já treinarem para este cenário na Europa. Nos primeiros dias os B-52, F-111, EF-111, Tornados e algumas unidades da US Navy atacaram a baixa altitude. A intensidade da artilharia antiaérea era tão grande que forçou o vôo a média altitude. A deficiente no treino a médio altitude foi um problema nos primeiros dias, mas aprenderam rápido.

Os ataques a média altitude foram a maioria dos ataque no Golfo. Uma vantagem é o piloto não ter que se preocupar com os fragmentos e estilhaços durante o impacto. Outra vantagem é pouca ameaça de mísseis portáteis e artilharia antiaérea. O ângulo de impacto sempre é alto ou cerca de 30-60 graus. O alcance das armas é maior, é mais fácil navegar e identificar os alvos e a munição penetrante se torna mais efetiva. Por outro lado a aeronave está sempre dentro do envelope de mísseis SAM de médio e longo alcance, interceptadores e artilharia antiaérea guiada por radar. Também é mais difícil conseguir surpresa. O disparo de bombas guiadas a laser cria o risco de ficar na área a média altitude que é compensada pela destruição rápida do alvo e não precisavam voltar novamente com novo risco.

No Golfo as bombas burras mostraram ser inefetivos contra alvos de ponto se disparada a média altitude, precisa de tempo bom, e o HUD cobre alvos pequenos. Funciona bem com o apoio de radar contra alvos de área e para auxiliar o disparo de bombas guiada a laser.

A limitação visual de dia logo se tornou aparente no inicio do bombardeio aéreo. A mira Norden só funcionava de dia e não dava precisão. O vôo a baixa altitude era preciso, mas muito perigoso contra alvos bem defendido. Com os radares de acompanhamento do terreno foi possível voar baixo e a noite contra alvos mais bem defendidos. Esta tecnologia apareceu no meio da década de 60 com os A-6A Intruder entrando em combate em julho de 1965.

Já para os bombardeiros as operações de saturação do tipo carpete de bombas era feito para saturar uma pequena área para garantir sucesso. O aparecimento das armas nucleares diminuiu o problema da precisão.

Os bombardeios de saturação do B-52 foram usados no Golfo em 1991 em locais onde o risco era baixo, e podia ser mais barato, efetivo e com dano psicológico ao inimigo. Por exemplo, o complexo de fabricação de armas de Taji era bem grande e foi atacado em massa. Foram 68 saídas de B-52 entre 10 e 27 janeiro e foi bem efetivo. Alvos em Bagdá que poderiam ser atacados por B-52 foram atacados pelos F-117 devido as grandes defesas na área.

Unidades de manobra também são um bom alvo para bombardeio em massa. Uma unidade terrestre só se pode ser considerada efetiva se puder atuar de forma coesa. Para quebrar a coesão será necessário muitos ataques de precisão contra alvos de grande valor como blindados e artilharia com muito custo e risco. As tropas podem se distanciar e se manter seguras. Já os bombardeiros de B-52 mostrou ter efeito psicológico mais efetivo. O bombardeio em massa na Segunda Guerra Mundial mostrou que poucas chances de destruir um blindado. Pode danificar com um acerto próximo, mas podia quebrar a coesão da unidade. Os B-52 também eram armas de terror no Vietnã.

A velocidade do jatos deixou a pontaria ainda mais difícil. Com o uso do radar e computadores melhorou a pontaria, mas estes meios também passaram a auxiliar as defesas antiaéreas. Logo as defesas aéreas se tornaram alvos importantes por serem efetivas e alvos de alto valor, com as aeronaves de ataque dividindo as tarefas entre os alvos e as defesas aéreas.

Assim foram iniciadas as táticas de pacotes de ataque composto de ataque, escoltas, supressão de defesas, guerra eletrônica, reabastecimento em vôo, reconhecimento e Comando e Controle. As aeronaves que atacam os alvos eram uma fração do pacote.

O alcance das bombas era outro fator que poderia auxiliar a sobrevivência das aeronaves de ataque. As bombas Paveway não eram de armas de longo alcance e um dos resultados foram os kits Paveway III e o míssil Maverick. A US Navy desenvolveu a Skipper.
 
Táticas


As táticas aéreas mudaram com o uso das bombas guiadas a laser no Vietnã. Alvos difíceis de atacar no Vietnã se tornaram alvos fáceis. Também permitiu que aeronaves grandes como o F-4 fossem substituídas por aeronaves menores como o F-16.

As bombas guiadas a laser podem ser usadas contra qualquer tipo de alvo, duro ou leve, fixo ou móvel em missões de interdição aérea, apoio aéreo aproximado, ataque a bases aéreas e anti-navio.

Uma bomba guiada a laser leva um minuto para cair até o alvo quando disparada de sete mil metros e o laser é ligado nos últimos 10 segundos. A iluminação contra alvo pequeno deve ser continuo. Os pilotos costumam lançar as bombas em um arco balístico ativando o laser para refinar a pontaria, mas com maior carga de trabalho como uma bomba convencional. O vôo a média altitude aumenta o tempo sobre o alvo o que é bom para armas guiadas a laser que não são boas a baixa altitude, mas aumenta o tempo exposto as defesas inimigas. Alvos lucrativos eram sempre bem protegidos enquanto os alvos reforçados precisam de munição penetradora.

O disparo de bombas guiadas a laser contra o vento pode resultar em um acerto antes do alvo. O ideal é com vento na mesma direção do disparo.

Comparando com as bombas guiadas por TV/IR, o laser tem a desvantagem de não ser uma arma do tipo " dispare-e-esqueça". Precisam ser iluminadas continuamente por um casulo com um laser.

A capacidade da bomba também depende do casulo de designação de alvos. Na década de 70 e 80 costuma-se usar um designador separado na aeronave lançadora e outra para iluminar. Os sensores térmicos são usados contra alvos quentes ou para ataque noturno. As cameras de TV mostraram ser melhores para ataque diurno ou contra alvos frios. Técnicas modernas incluem o uso de designadores no solo plantados por forças especiais e ligados durante o disparo quando as tropas no solo já estão bem distantes.

As missões de apoio aéreo aproximado foram favorecidas, com o laser sendo um melhor meio de comunicação entre as tropas em terra com a aeronave. Os Laser Spot Tracker (LST) como o Pavey Penny do A-10 e A-7 também facilitam o trabalho mostrando a posição do alvo no HUD diretamente ao detectar os reflexos do laser em terra. Isto permite atacar alvos com bombas comuns, foguetes ou canhões, além das bombas guiadas a laser.Assim os alvos podiam ser destruídos já na primeira passada. Os laser portáteis mostram facilmente onde está o alvo e a aeronave pode fazer a pontaria para suas armas. A precisão e a comunicação sempre foram os problemas principais nestas missões.

ATLIS
Foto testes GBU-16 em F-16A com ATLIS II. A aeronave faz uma curva tática depois do disparo o que é uma vantagem para o modo de auto-designação.

Paveway
Perfis de disparo das bombas Paveway. O perfil de disparo tem considerações táticas como tipo de alvo, defesas e armas disponíveis. Os modos são o disparo nivelado, loft/toss e mergulho. O loft é sempre feito a baixa altitude. O modo glide bomb é feito em mergulho de 40 graus enquanto o dive bomb é feito em um mergulho de 60 graus.

As Paveway são baseadas nas bombas da série Mk 80 desenvolvidas pala US Navy na década de 50. O objetivo era diminuir o arrasto para poder ser usada por aeronaves supersônicas. As bombas foram criadas por Ed Heinemann, o mesmo que projetou o A-4 Skyhawk. As bombas "gordas" da Segunda Guerra Mundial não eram problemas para as aeronaves lentas, mas criavam muito arrasto nos jatos. As bombas foram alongadas e o tamanho maior também aumentou o número de fragmentos. Foram armadas com o explosivo Tritonal 80/20, ou 80% TNT e 20% de inibidor a base de alumínio. A força explosiva diminuiu, mas ficou estável para ser armazenada com segurança em porta-aviões.

A TI iniciou o uso dos kits de guiamento laser na M-117 por ser da USAF e não teria que comprar bombas novas da US Navy. Com o Pentágono impondo que as Mk seriam a bomba padrão das forças armadas americanas o problema foi logo resolvido. A USAF sempre preferiu usar a Mk82 e Mk84 enquanto a US Navy gosta das Mk83 como bomba padrão. A série Mk também formou a base para as minas marítimas da série Destructor.

O aumenta da potência das Mk aumenta com o peso mais devido ao aumento dos explosivos. A Mk82 pesa 227kg sendo 89kg de Tritonal, a Mk83 pesa 454kg com 202kg de Tritonal e a Mk84 pesa 907kg com 428kg de Tritonal ou H-6. Apesar de pesar quatro vezes mais que uma Mk82, a Mk84 é cinco vezes mais potente. O raio letal da Mk82 (ou GBU-12 quando recebe kits Paveway) é de 425 metros e por isso é considerada melhor para apoio aéreo aproximado. Contra tropas a melhor arma é o efeito de sopro, barulho e choque com o efeito paralisante.

O padrão de fragmentação da Mk82 é de 900 metros, mas pode ser usada a 200 metros das tropas amigas se estiverem em perigo na chamada situação "danger close". O padrão de dispersão dos estilhaços da Mk84 é três vezes maior que a Mk82, mas 90% do efeito destrutivo de uma Mk84 fica confinado em um raio de 180 metros do ponto de detonação. A capacidade de penetração também é variável sendo proporcional ao peso.

Para diminuir o dano colateral é possível lançar cerca de 10 bombas Mk82 no mesmo ponto de pontaria no lugar de duas Mk84. Contra alvos de área o risco de danos colaterais é bem menor e podem ser atacados com bombas burras de grande potencia como as Mk84.

O custo de uma bomba da série Mk é tipo como um dólar por libra de peso. Uma Mk82 de baixo arrasto custa US$ 498,00 enquanto a versão de alto arrasto custa US$ 1.100,00. Já a Mk84 custa US$ 1.871,00 e US$ 2.874,00 respectivamente.

Em 1992, após a guerra do Golfo, o estoque de bombas Mk81, Mk82 e Mk84 da USAF era de 1.130 mil bombas e usaram 114 mil bombas durante o conflito que não foram repostas. Com o uso de kits de guiamento como as Paveway e JDAM o estoque está reduzindo significativamente e as bombas burras estão se tornando uma arma secundária.

Mk
Imagem interna de uma bomba Mk82.

Próxima Parte: Bombas Guiadas a Laser em Ação
 


Voltar ao Sistemas de Armas


2008-2012 ©Sistemas de Armas
 

     Opinião

  FórumDê a sua opinião sobre os assuntos mostrados no Sistemas de Armas
  Assine a lista para receber informações sobre atualizações e participar das discussões enviando um email
  em branco para sistemasarmas-subscribe@yahoogrupos.com.br