Bombas Guiadas a Laser em Ação

Teste em Combate

Após mostrar os resultados dos testes da Paveway para o alto comando da USAF, o projeto passou para a fase de desenvolvimento e virou o projeto 3169. Os testes dos protótipos foram em novembro de 1967 e depois foram enviados para o Vietnã em maio de 1968 para testes operacionais iniciando em setembro de 1968. Os resultados foram variados, com as armas sendo empregadas pelos F-4D da Oitava Ala de Caças (8th TFW - Tactical Fighter Wing), os Woflpack, baseados em Ubon na Tailândia.

No outono de 1968, o esquadrão 497 TFS da 8 TFW iniciou o treinamento com as LGM (Laser Guided Munition) para determinar a precisão e o melhor perfil de ataque a ser voado. O projeto foi transferido para o esquadrão 433 TFS em 24 de outubro. No dia 15 de junho de 1968 a USAF aprovou a compra de 293 kits de guiamento a laser por US$ 4,7 milhões.

Em março de 1967 um novo contrato foi autorizado para reprojetar o kit de guiamento para incorporar especificações militares e rusticidade; ser fácil de produzir, fabricar 50 protótipos designados KMU-342/B para avaliação técnica e operacional. Deveria estar pronta para testes em 7 meses e para testes operacionais no Vietnã em um ano. Criaram a agencia Pave Way Task Force (PAVE - Precision Avionics Vectoring Equipment) em agosto de 1967 para conduzir os testes e ensaios de voo, além de desenvolver táticas. O nome Paveway acabou virando o nome genérico das bombas guiadas a laser.

Os testes da Paveway iniciou em novembro de 1967. Duas das quatro primeiras disparadas não guiaram por falha na bateria. Duais erraram por mais 100 metros. Após pequenas modificações, nos próximos cinco meses o bombardeiro de precisão virou uma prática diária. Em abril de 1968, antes de serem levadas para o Vietnã, foram oito disparos contra alvos táticos usando cabeça de guerra real. Todos os alvos foram destruídos com CEP de 40 pés. Concluíram que a nova arma diminuiria o requerimento de saídas, atrito, perdas tripulantes e custos logísticos e operacionais.

Foram criadas duas variantes da Pave Way, uma baseada na bomba Mk117 de 340kg com controle traseiro (BOLT 117) e outra baseada na bomba Mk84 com forma mais dinâmica com canard de controle (depois designada GBU-10). A Bolt-117 tinha CEP de 75 pés, mas a GBU-10 tinha CEP de 20 pés sendo bem melhor que o esperado. Uma em cada quatro disparos conseguia acerto direto. O kit custava 3 mil dólares cada sendo bem mais barato que a Walleye de 35 mil dólares (preço da época).

Em maio de 1969, as bombas guiadas a laser da TI estavam prontas para disparo em combate. Nos próximos quatro anos, os F-4 da 8a TFW dispararia as bombas guiadas a laser para a interdição da trilha Ho Chi Min. Entre os dias 22 de maio a 9 de agosto de 1969 a 8 TFW atacou o sul do Vietnã do Norte. Com ameaça mais leve no local as, tripulações puderam se concentrar em desenvolver táticas. A primeira foi disparada em 23 de maio de 1968 com a Bolt117. As duas erraram sendo que a segunda nem foi disparada contra o reflexo laser. Os erros com a designação incorreta eram comuns. Com melhorias nas táticas a precisão melhorou. As primeiras tinham CEP de 35 pés e era acima do necessária para destruir um caminhão, mas melhorando as táticas metade das bombas teve acerto direto no alvo. A precisão já bastava para enviar um pequeno pacote para atingir um alvo ou mais alvos por pacote. 

Foi calculado que as aeronaves equipadas com bombas guiadas a laser podiam destruir 20 vezes mais alvos que aeronaves equipadas com seis bombas M-117 cada. O custo por alvo favorecia as bombas guiadas a laser e a capacidade de disparar a média altitude diminuiria as perdas para a artilharia antiaérea.

A Martin-Orlando foi contratada para melhorar o designador e instalar em uma aeronave de controle aéreo mais lenta ou cabine traseira do F-4. O alcance deveria ser de 5 milhas com um laser invisível.

O laser foi construído por dois oficiais em Eglin e montado na armação no lado esquerdo do canopi traseiro do F-4 Phantom. O iluminador laser instalado na aeronave foi chamado White Lightning ou Zot. O Zot gera um feixe laser com de 1,5 megawatts de intensidade. Um filtro só deixa passar a frequência de 1.06 microns. O laser é apontada com apoio de uma mira telescópica estabilizada com zoom de quatro vezes e campo de visão de 12 graus. Uma cruz na mira coincide com o local onde o laser irá atingir. O laser não é visível pelo olho humano por ser estar na frequência infravermelha, mas pode ser visível com apoio de meios de visão noturna. 

As Paveway eram disparadas nos testes por uma esquadrilha sendo uma dupla de ataque e dois para supressão de artilharia antiaérea e fotografia. Nas táticas usadas pela 8a TFW, os F-4D iniciavam o mergulho a 20 mil pés a 45 graus e disparavam as Paveway a 12 mil pés. A aeronave que disparava a bomba podia realizar manobras evasivas logo depois do disparo. No disparo o piloto fala "bomb gone" para a aeronave designadora saber. 

Outro F-4D iluminava o alvo com o designador portátil AVQ-9 Pave Light operado pelo tripulante traseiro. O operador do ZOT cita no rádio "ligando a música" para anunciar que o laser foi ligado. A aeronave com o laser orbitava o alvo em uma curva tipo peão para a esquerda com 40 graus de inclinação, voando a 12 mil pés. O alvo ficava no vértice da curva, com o alvo trancado no feixe do laser. O laser mantinha a precisão até 8 km de distância. O cone de laser se abre e era de quase 1 milha de diâmetro. A aeronave iluminandora tinha que manter o laser ligado por pelo menos 30 segundos após o disparo das bombas. Erros comuns com o iluminador eram frequentes. Melhoraram as táticas e a precisão melhorou.

O cone (ou basket) precisa ser continuamente iluminado ou diminui a precisão, mas pode ser usado por vários aeronaves atacando o mesmo cone. Os pilotos logo perceberam que certos alvos seriam ótimos para as Paveway como a ponte Paul Doumer.

O sistema manual mostrou ser difícil para manter o laser alinhado com o alvo, mas as bombas guiadas a laser atingiam o alvo de qualquer jeito. Os testes em combate atingiram um CEP de 21 metros com a BOLT-117 e 10 metros com a GBU-12. Metade conseguiu acerto direto no alvo.

A altitude recomendada para disparo era de 10 a 14 mil pés acima do terreno para permitir tempo para o seeker na bomba adquirir e acompanhar o alvo sendo iluminado pelo laser. Após o disparo a bomba cai balística por até 3 segundos antes de iniciar as manobras. O alcance máximo da bomba era de 25 mil pés.

O seeker tinha um bom campo de visão de 24 graus com detectores divididos em quadrantes. A energia refletiva no alvo que é focada em um quadrante e gera sinais para guiar e manter o seeker centrado no alvo. Determinaram que 10 pulsos elétricos por segundo seria suficiente para guiar a bomba. Se a energia é igual nos quatro quadrantes então não gera comandos de guiamento.

O sensor laser na bomba detecta emissões de luz na frequência de 1,06 microns refletida no alvo. Os eletrônicos processam as informações e geram comandos de guiamento. O tamanho do feixe de laser era do tamanho de um fio de cabelo. O feixe laser pode ser inclinado, difundido, atenuado ou absorvido pela atmosfera. Ao atingir um alvo cria um ponto de luz com várias dezenas de centímetros de diâmetro. O reflexo é o local onde a bomba irá atingir.

O ZOT tinha várias desvantagens que não agradava aos pilotos. A aeronave iluminando o alvo com o laser tinha que fazer uma curva constante para a esquerda com inclinação de 60 graus e virava um alvo fácil para os MiGs, mísseis SAM e a artilharia antiaérea. Também era necessário uma boa coordenação com as aeronaves disparando as bombas.


Desenho esquemático mostrando uma Paveway sendo disparada dentro do cone de reflexo do laser.


Técnica de disparo com o designador Zot Box em locais com pouca ameaça. O piloto só tinha que se preocupar com um parâmetro: o acompanhamento do alvo. O piloto não precisava ser muito treinado como no bombardeiro de mergulho. Só precisava disparar em um cone imaginário. O disparo era a 12 mil pés em um cone de diâmetro 1 milha sendo difícil errar.


Designador Zot Box instalado no lado esquerdo da cabina traseira marcado com o circulo vermelho. A imagem da direita mostra a tela de TV usada pelo casulo Pave Knife no lado direito do painel traseiro.


Detalhes da operação do Zot Box. O designador tem que ser retirado da posição para não ferir o operador durante uma ejeção.


Imagem do casulo Pave Knife instalado em um F-4 Phantom.


Designador instalado no C-130 Blindbat e a visão do operador a noite.


O OV-10 foi equipado com o sistema de visão noturna Pave Nail. A foto mostra o sensor, o visor do piloto e a imagem do sensor.


Duas Bolt 117 estão instaladas no cabide das asas deste F-4D.

A resposta aos problemas com o ZOT foi o casulo Pave Knife equipado com uma TV estabilizada e usava os controle do radar da cabine traseira para apontar a câmera. Com o Pave Knife passou a ser possível designar alvos para si mesmo. No disparo o piloto aponta para o alvo até o operador de sistemas ver o alvo na tela de TV. O piloto dispara as bombas e o operador de sistemas continua apontando a TV acoplada ao laser para o alvo. O caça podia fazer uma curva de 180 graus e fugir da área do alvo após o disparo e ainda continuar iluminando o alvo. Também podia designar para outros caças, mas não estava restrito a curvas para a esquerda.  

O casulo Pave Knife foi uma grande inovação para o uso das Paveway sendo usado em áreas com grande ameaça. Permitia a auto designação e diminuía o número de aeronaves na missão. O Pave Knife permitia que o líder da esquadrilha mergulhasse (roll in), designasse e disparasse suas bombas. Os outros vinham atrás e também disparavam coordenando o mergulho em sequência para disparar na "cesta" ao mesmo tempo. Depois fugiam juntos diminuindo a exposição as defesas. Os Pave Knife chegaram no Vietnã pouco antes do inicio da operação Linebaker.

Em abril de 1972, havia apenas sete casulos Pave Knife disponíveis na 8a TFW. O casulo Pave Knife foi logo instalado em seis F-4D. Os três primeiros chegaram a Ubon em março de 1971 para ser avaliado em combate. No inicio de 1972 havia 12 casulos com capacidade LLTV e um laser melhorado.

Outros designadores usados no Vietnã foram o AN/AVQ-14 Pave Arrow que era um casulo detector de laser levados pelos O-2A do esquadrão 23 TASS (Tactical Air Support Squadron) de Controle Aéreo Avançado e pelos C-123. Também foi planejado o uso dos Pave Arrow nos F-100 de Controle Aéreo Avançado. O Pave Arrow se uniu ao designador AN/AVQ-12 Pave Spot estabilizado com visão noturna usado nos O-2A e virou o programa Pave Sword.

Dezoito aeronaves OV-10 de Controle Aéreo Avançado foram modificadas com o sistema AN/AVQ-13 Pave Nail com torreta estabilizada e designador laser. Era usado em conjunto com o Pave Spot e Pave Phantom. Nos testes o Pave Nail designava alvo para os F-4 Pave Phantom que disparavam em coordenadas fornecida pelo OV-10. Permitia que as Paveway fossem disparadas em mau tempo e passassem por nuvens em mal tempo. Foram 12 Paveway disparadas com esta tática e três com acerto direto, um com erro de sete pés, quatro de 11-20 pés e um de 27 pés e outra de 40 pés e duas com erro de mais de 50 pés.

O sistema Pave Spectre do AC-130 era outro sistema que permitia a designação de alvos a noite. Conseguiam grande danos por poucas aeronaves em locais antes proibidos. Os TA-4 da US Navy também operavam com designadores manuais durante as operações de Controle Aéreo Avançado.

No verão de 1973, os F-4D estavam equipados com casulo Pave Spike com TV e sistema de acompanhamento automático e computador de disparo de armas, sendo um sistema de fácil controle. Era instalado no cabide do Sparrow liberando os cabides nas asas para levar bombas.

Paveway I

Um total de 107 bombas guiadas a laser foram enviadas para a 8 TFW para avaliação sendo 59 Bolt-117 e 48 GBU-10. O CEP era de 45 pés para a Bolt-117 e 20 pés para a GBU-10. Apenas bombas que guiaram foram consideradas nos dados. As que não guiaram foram consideradas balísticas. Eram disparadas de 10 a 12 mil pés acima do terreno em um angulo de 40 a 50 graus em uma velocidade de 450 knots.

O local era a Route Pack I com artilharia antiaérea leve no local e as aeronaves usadas nos testes não foram atingidas. Nos primeiros 35 disparos o CEP era acima da necessária para destruir um caminhão, mas foi melhorando e metade foi acerto direto. Já bastava para enviar um pequeno pacote para atingir um alvo ou mais alvos por pacote. 

Um total de 35 bombas Bolt-117 foram disparadas, mas dois impactos não foram fotografados. Oito tiveram erros grosseiros e três não guiaram. O resto teve CEP de 65 a 45 pés. As GBU-10 foram 31 disparos com dois excluídos sendo um airburst no disparo e outro não guiou. Oito tiveram erros grosseiros. Das 21 bombas que guiaram o CEP foi de 32 a 20 pés.

Antes das Paveway serem colocadas em ação, o bombardeio contra o Vietnã do Norte foi paralisado. Então foi usada apenas no sul do Vietnã do Norte e Laos onde havia poucos alvos bons, mas permitiu treinar, testar e desenvolver táticas. Os OV-10 e AC-130 apoiavam as operações em áreas com poucas defesas.

A publicidade da eficiência da bomba foi pouca devido a parada no bombardeio e por ter poucos alvos adequados. Para a interdição da trilha Ho Chi Min a Paveway foi usada para destruir buldozer, caminhões, bunkers, cavernas, depósitos de munição, posições de artilharia antiaérea e fazer corte de estradas. Os testes de combate terminaram em 8 de agosto de 1968. A Paveway foi considerada desejável e efetiva para uso no Laos e na Route Pack I.

Foi sugerido a descontinuidade do programa Bolt-117 pois os kits com canard foram considerados mais precisos. Também era menos potente. A M117 tem casca mais fina e resiste menos ao impacto. A Mk84 tinha melhor aerodinâmica com menos disparos anômalos e era melhor para penetração e criar crateras. Como os alvos eram estradas então o buraco criado pela GBU-10 era mais desejável. O novo kit KMU-351/B tinha canards de controle ao invés de barbatanas com todos os eletrônicos no nariz, sem precisar de condutores. O controle melhorou.

Nos testes foi sugerido colocar o designador no C-130 Blindbat, no O-2 de controle aéreo e foi sugerido o conceito um casulo designador para o F-4. Os B-57G com sistema de visão noturna e laser alinhados permitiria o disparo a noite. Também foi sugerido armar os A-1 Skyraider com as GBU-10 por ter grande autonomia.

Entre 1968 a 1972 as Paveway foram usadas em combate, incorporada a doutrina, melhorada e armazenada para contingências.

Foi feito um estudo de custo efetividade. Os kits da GBU-10 custava 7.080,00 dólares inicialmente e o Bolt-117 custava 5.839,00 dólares. Contra alvos de ponto foi considerado que 20 vezes mais alvos poderiam ser atingidos comparado com as bombas de 340 kg de queda livre para o mesmo número de saídas.

As Paveway foram consideradas mais baratas se considerar que gastam menos saídas para destruir o alvo e automaticamente as perdas de aeronaves seriam menores. O estudo consideraram perdas de aeronaves, perda de vidas, custo por hora de voo, gastos com reabastecimento em voo, efetividade da arma e balística.

O estudo mostrou que para atingir uma ponte de 3 por 30 metros, com um Pk de 50%, custaria 71 mil dólares com o uso das bombas Paveway GBU-10 contra 3 milhões de dólares com o uso de 101 bombas burras Mk84 ou 420 mil com as Paveway Bolt-117, ou 1 milhão com o uso de 64 M117 burras. Usando duas bombas Walleye custaria 112 mil ou 268 mil para disparar nove mísseis Bullpup. O custo inclui perdas por não ter que se aproximar do alvo.

As perdas de F-4 Phantom na RP1 a IV em 1967 a 1968 eram de 2.64 aeronaves por mil saídas. Foi estimado que diminuiria para 1.87 com o uso das Paveway. Com menos saídas necessárias para atingir os alvos, economizariam com aeronaves não derrubadas e deslocadas para o local.

Os alvos de área, como estacionamentos de caminhão na selva, continuariam sendo atacados com bomba burras. Os outros alvos das Paveway eram posições de artilharia antiaérea, veículos, prédios e vias de transporte como pontes.

No inicio de 1966, após três meses de trafego constantes no Laos através do passo de Mu Gia, um ataque maciço de B-52 no passo criou 52 crateras, mas foram todas cobertas em 18 horas e logo voltou a funcionar. Os vietnamitas sabiam que os B-52 demorariam a voltar. Usando as Paveway conseguiram criar crateras sobrepostas de até 15 metros de diâmetro e 12 metros de profundidade. Eram criadas continuamente e os vietnamitas acabavam morrendo nos ataques ou exaustos. Os comboios estavam sendo constantemente atacados, atrasados ou forçados em rotas laterais.

Contra posições de artilharia antiaérea, cada caça destruíra uma peça em cada cinco saídas com bombas burra contra 1.48 com a Paveway. O custo era de 38.500,00 com bombas burras contra 19.700,00 para a Paveway. Realizar um corte de estrada ou ferrovia custava 12 mil com bombas burras contra 15 mil com as Paveway. Os pilotos gostavam de treinar contra posições de artilharia antiaérea de 23 e 37mm. Era bom para treino em local com ameaça e para diminuir a ameaça.

Em uma operação de resgate em Ban Phanop (F-4 boxer 22bravo), os dois tripulantes foram salvos após 51 horas com as Paveway atingindo as posições de artilharia antiaérea ao redor, permitindo que os helicópteros de resgate entrassem no local. Foram 20 disparos de bombas guiadas a laser durante a missão.

Contra posições de artilharia antiaérea um acerto a mais de 3 metros da peça não danificava a arma. Apenas silenciaa por poucas horas e logo uma nova equipe colocava a arma em ação. Então era necessário uma arma de precisão. O uso de bombas em cacho era outra opção, mas os fragmentos também não destruiam a arma. Usavam o termo suprimida ou silenciada nos ataques.

Os kits com bombas guiadas M118 (Bolt) de 1.360kg foram enviados para testes em outubro de 1969. A M118 leva o dobro de explosivo tritonal da Mk84, mas não penetra bem por ser mais frágil. Era usada apenas quando era necessário o efeito de sopro da explosão. Foram realizados 15 disparos nos testes. Era usada contra alvos grandes e reforçados e grandes pontes. A versão menor com kits para bombas Mk82 de 227kg eram usadas contra alvos menores na trilha Ho Chi Mim substituindo a M-117 ainda em 1968.

Com o sucesso das missões foi sugerido a produção de 100 kits de bombas guiadas a laser por mês. Nenhuma aeronave foi perdida nos testes, mas queriam um casulo para autodesignar ao invés de usar uma aeronave para iluminar o alvo para outras. Pensavam que aumentaria o número de alvos atacados se todos tivessem um iluminador.

As operações de ataque noturno com as Paveway foi tentado com apoio do sistema LORAN. A aeronave navegaria para tentar colocar a bomba na cesta a noite. O designador seria um C-130 Blindbat. Os testes com sucesso foram realizados entre novembro 1969 a janeiro de 1970.

Com o sucesso inicial, o uso passou a ser em grande escala. Os testes levaram a série Paveway I que consistia em kits dianteiros e traseiros para instalar nas bombas Mk82, Mk83 e Mk84 que se transformaram na GBU-12, GBU-16 e GBU-10, respectivamente. Todas usam o mesmo seeker, mas o resto era diferente para cada bomba. A 8 TFW não perdeu aeronaves durante os testes o que foi um ponto positivo. A simplicidade era outro fator positivo. Podia se instalada em qualquer aeronave.

Em 1969, 61% das 1.612 bombas GBU-10 disparadas conseguiram um acerto direto no alvo sendo que 85% conseguiu um erro médio de 3 metros. Este erro era bem menor que o raio letal da bomba e os resultados foram impressionantes. A USAF passou a pensar na capacidade "uma-bomba-um-alvo", ou menos ataques para mais alvos e com menos dano colateral. Foram 1.114 alvos destruídos sem nenhuma aeronave perdida.

O corte em estradas passou a ser um alvo primário da USAF para parar o fluxo de suprimentos na trilha Ho Chi Mim. Entre outubro de 1968 a agosto de 1969 foram realizados 993 cortes de estrada, mas eram facilmente reparados. Canhões da artilharia antiaérea eram a próxima prioridade na lista de alvos com 390 destruídos.

Em 1971, a USAF reconheceu o valor das bombas guiadas a laser e autorizou a produção de 920 kits por mês sendo 480 GBU-10, 400 GBU-12 e 40 GBU-11. Em 1971 a USAF usava os Kits em bombas de 227kg, 454kg, 900kg e 1.360kg. A bomba menor se tornou o padrão, não devido ao custo (era pouco mais barata), mas para ser levada em maiores quantidades e a precisão permitia levar menos cargas para ser mais efetiva. A maioria das missões era de interdição na Trilha Ho Chi Min que não exigia armas potentes. As GBU-12 de 230kg eram preferidas para atacar veículos enquanto a GBU-10 de 900kg era preferida para atacar pontes e alvos duros. A USAF também gostava de usar para atacar posições de artilharia antiaérea.

Entre os dias primeiro de fevereiro de 1972 a 28 de fevereiro de 1973 foram disparadas 10.651 bombas guiadas a laser sendo 90% do modelo GBU-10. Um total de 5.107, ou cerca de 50% das bombas guiadas a laser, conseguiu acerto direto e 15,2% não guiaram.

Foi estimado que 48% das Paveway lançadas entre fevereiro de 1972 a fevereiro de 1973 ao redor e Hanói e Haifong atingiram os alvos com CEP de 7 metros. Já os F-105 conseguiam um CEP de 150 metros e apenas 5,5% das bombas conseguiam acerto direto durante a operação Rolling Thunder. O resultado foi permitir atacar alvos bem defendidos e objetivos de ponto com as Paveway. Cinco pontes foram destruídas em um dia na operação Linebaker I com 24 bombas guiadas a laser sendo que seriam necessários 2.400 bombas burras para realizar a mesma tarefa. As bombas guiadas a laser podiam atacar qualquer alvo que pudesse ser iluminado com o laser e era destruído na primeira passada.

No Vietnã foram usadas 1.001 bombas Paveway I até 1968 mais 27.507 kits entre 1970 a 1973 somando um total de 28.508 Paveway I. Destruiram cerca de 18 mil alvos. Foram três vezes mais armas que as 9.342 disparadas nos 43 dias da Guerra do Golfo em 1991 sem considerar as 1.200 disparadas pelo Reino Unido, França e Arábia Saudita (total de 11 mil).

As armas de precisão corresponderam a menos de 1% do total de armas lançadas no Vietnã. As bombas guiadas a laser corresponderam a cerca de 94% das armas guiadas ar-superfície enquanto as Walleye foram 4% e as HOBOS 2%. Já as bombas burras corresponderam a 3.376.000 unidades, sem considerar as lançadas pelos B-52.

A Paveway cada vez encontrava mais aplicações no Vietnã com o CEP diminuindo. O kit custava 10 mil dólares em 1966, caindo para 3 mil dólares em 1971. Os pilotos ainda pensavam que estavam disparando Cadillacs, mas passou para Ford Model T para ser usado contra alvos simples do dia a dia. Com treino e proficiência, o CEP melhorou a níveis impensáveis. A nova arma diminuiu o número de saídas necessárias e automaticamente as perdas. Foi projetada para CEP 40 pés e muitos pilotos ficariam felizes com menos, mas caiu para zero em 50% dos disparos. Pensaram em atacar pontes, mas atacavam partes da ponte. Em uma ocasião um F-4 foi chamado para atacar um sniper vietcong próximo de uma estrada. Tinha fugido de bicicleta e mesmo assim o atingiram.

Os kits custavam US$ 3 mil dólares na época contra US$ 35 mil de uma Walleye e US$ 17 mil da GBU-8. As Paveway eram mais fáceis de usar que as bombas guiadas por TV e mísseis da época. A USAF gostou por ser precisa e mais barata. No fim do conflito no Vietnã com a produção aumentado o preço caiu para US$ 2 mil. Era uma arma cara para a época, mas os pilotos gostavam do beneficio.

Um estudo da época comparando as Paveway com o sistema de bombardeiro com o LORAN, radar e visual, deu zero pontos de efetividade relativa para o LORAN, um para bombardeiro radar, oito para pontaria visual e 124 para as Paveway. Ou seja, a Paveway era 16 vezes mais efetiva que o bombardeio em mergulho e 124 mais vezes que usando o radar. Outro estudo mostrou que as Paveway I eram 200 vezes mais efetivas que as bombas convencionais contra alvos duros de ponto e 20-40 vezes contra alvos moles e de área.

Paveway no Vietnã - Than Hoa contra os bombardeiros convencionais

Os ataques aéreos americanos contra o Vietnã do Norte iniciaram como resposta a infiltração da guerrilha comunista no sul. Apenas em fevereiro de 1965 foi iniciada uma campanha aérea sustentada contra o Vietnã do Norte chamada Rolling Thunder. Foram realizadas 350 mil saídas em três anos e meio. Iniciou no sul do Vietnã do Norte atacando ferrovias, rodovias, chockpoints, pontes, caminhões, instalações, sistema de combustível, siderúrgicas e instalações militares. Eram alvos fixos e grandes, mas podiam ser reforçados e bem defendidos. O sistema ferroviário era uma prioridade. 

No inicio da guerra em 1965, a USAF tinha muita dificuldade em realizar operações de Interdição Aérea no Vietnã do Norte. Os F-105 e F-4 tentavam destruir o sistema logístico que apoiava a guerrilha no sul. A USAF não tinha um arma com a combinação de precisão e potência para atacar alvos como a ponte de Thanh Hoa. Os dois mísseis disponíveis eram o Bullpup e o Shrike. Então iniciaram o desenvolvimento de novas tecnologias e táticas para superar os desafios encontrados.

No inicio da década de 1960 o Comando Aerotático da USAF (TAC) era um comando de bombardeiro em miniatura. A USAF estava concentrada em desenvolver armas nucleares e seus vetores ou sistemas de pontaria. Estava equipado e preparado para disparar pequenas armas nucleares em ataques rápidos e baixo. Podia disparar bombas convencionais, mas o treino não era prioridade. Os caças foram otimizados para subir rápido como o F-101. Tinham pouca capacidade de manobra pois podiam disparar um míssil nuclear no alvo. O F-4 nem recebeu um canhão.

No Vietnã do Sul usaram controladores aéreos como na Guerra da Coréia. Criaram um rede de controladores aéreos voando em aeronaves O-1 e O-2 equipados com foguetes de fumaça para marcar alvos. No norte usaram a mesma técnica de bombardeio radar noturno da Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia apoiada por radares. Instalaram estações no Laos em 1967, cobrindo todo o cenário até o sul do Vietnã do Norte. O CEP era de 150 metros ou o mesmo do bombardeio em mergulho.

Desenvolveram mísseis anti-radar, armas de precisão e contramedidas eletrônicas rapidamente para reagir as defesas. Para operar em mal tempo uma reação foi o F-111 testado em março de 1968. O bombardeio radar não era viável em área de grande ameaça pois os caças tinham que voar reto e estabilizado nas 16 milhas finais antes do ataque. O radar também era pouco confiável no alcance extremo e o risco de danos colaterais era alto. Já os F-111 atacavam bem baixo, voando a 200 pés com apoio do radar e com certa precisão nos disparos. Podia ser usados contra alvos a 30 milhas ao redor de Hanói. O F-111 virou uma plataforma de armas guiadas na década de 1980 e 1990. Nos testes de combate iniciais foram três perdidos em um mês em 55 missões e foi citado como falha estrutural e falha no radar.
 
As munições especializadas variavam desde a BLU-82 Daisy Cutter de 15 mil libras até bombas de 1kg. As bombas em cacho eram usadas para disparar bombas menores sendo usadas contra posições de artilharia antiaérea e caminhões.

Em 1965, os caças americanos disparavam bombas visualmente como na Segunda Guerra Mundial sem muitas melhorias. Em 1972 iniciaram o uso de novas armas guiadas e novas capacidades. As pontes seria atacadas com novas famílias de bombas com guiamento ótico e laser.

Alvos estratégicos da Segunda Guerra Mundial como as refinarias de Ploesti, as fábricas dos mísseis V2 em Pennemunde e a base naval de Truck no Japão eram alvos importantes e foram logo atacados. A ponte ferroviária de Thanh Hoa era chave na cadeia de suprimentos do Vietnã do Norte para apoiar a guerrilha atuando no Vietnã do Sul e foi logo selecionada para os primeiros alvos da USAF em 1965. A ponte também era chamada de mandibula do dragão devido a sua aparência.

No dia 3 de abril de 1965 a ponte foi atacada por um pacote de quase 80 aeronaves. A força de ataque era composta de 31 caças F-105 sendo metade armado com dois mísseis Bullpup cada e metade com oito bombas Mk117 de 340kg cada. Metade dos F-105 armados com bombas fariam supressão da artilharia antiaérea ao redor. Esperavam derrubar a ponte, mas os danos pareciam leves. Um piloto cita que um míssil bateu na ponte e ricocheteou. O pacote foi apoiado por 21 caças F-100, dois RF-101 e dez KC-135 de reabastecimento. Sete F-100 fariam supressão de artilharia antiaérea com 38 foguetes de 70mm cada, dois fariam reconhecimento meteorológico antes do ataque, dois fariam MiGCAP e oito estariam prontos para RESCAP armados com foguetes de 70mm. Os RF-101 fariam reconhecimento da ponte antes e depois do ataque.

O ponto inicial do ataque estava a 3 minutos de distância. O Tempo Sobre o Objetivo (as 14 horas) era importante para não atrapalhar devido a separação das esquadrilhas. A altitude de ingresso era de 17 mil pés. O reconhecimento meteorológico mostrou boa visibilidade de 10 km. A partir do Ponto Inicial os caças voariam para o norte, adquiririam o alvo visualmente e fariam roll-in para a direita. Mergulhariam a 20 graus para o leste para o oeste disparando na transversal. Os mísseis Bullpup era disparado a 12 mil pés e as bombas a 4-6 mil pés.

A tatica confiava que o trabalho da supressão da artilharia antiaérea seria bem feita pois o alvo estava bem defendido. Cinco Regimentos de defesa aérea foram colocados ao redor para defender a ponte assim como alguns MiGs em uma base próxima pois os norte vietnamitas também perceberam a importância do alvo. Cada um dos cinco Regimentos de defesa aérea tinha mil tropas e 36 canhões de médio ou grande calibre. Baterias de mísseis SAM eram as vezes adicionados. No total havia entre 150 a 200 peças de vários calibres no local. As aeronaves de supressão da artilharia antiaérea atacou primeiro e os foguetes e bombas ainda estavam caindo ao redor quando os F-105 armados com os mísseis Bullpup iniciaram o roll in. Os F-105 tinham que disparar um míssil de cada vez e davam a volta para atacar novamente. A terceira esquadrilha logo percebeu que os primeiros mísseis não danificaram a ponte.

Os F-105 de bombardeiro mergulhavam a 13 mil pés e tinham que evitar passar da velocidade de 500kt. O vento forte no local atrapalhou a pontaria. As outras esquadrilhas ajustaram a pontaria com as informações dos primeiros ataques.

O "run out" seria direto até o Golfo de Tonquim e se reagrupariam para voltar. Se algum caça fosse danificado e tivesse que ejetar haveria contratorpedeiros da US Navy próximos a costa para pegar os pilotos que ejetassem. O resto voltaria direto para suas bases.

No final um F-100 e um RF-101 foram derrubados. A esquadrilha Zinc estava longe dos MiGCAP quando foram pegos. Estavam orbitando carregados de bombas a uma velocidade de 375 milhas por hora. Um F-105 foi danificado, pilotado pelo comandante da missão, e conseguiu pousar em Danang. Um MiG-17 foi derrubado por um F-100 além de mais dois pela própria artilharia antiaérea norte vietnamita.

Os danos na ponte foram poucos e seria atacada novamente no dia seguinte. Tinham que disparar no centro da ponte pois a lateral era bem reforçada, mas os F-105 não tinham a precisão necessária.


Um F-105D do 354 TFS reabastece antes do ataque de 3 de abril contra a ponte de Thanh Hoa. A aeronave está armada com mísseis Bullpup. As aeronaves usadas em missões de ataque no Vietnã foram os F-100, F-105 e B-57. O F-105 era o mais numeroso com 150 deslocados para a região. Levava o dobro de bombas, era mais rápido e ia mais longe que o F-100. Realizaram 75% dos ataques da Rolling Thunder entre 1965 a 1968. A carga alar alta dava pouca manobrabilidade e sua melhor defesa era a velocidade. Era bem rústico e sustentava bem os danos de batalha. Em 1972 foi usado apenas para supressão de defesas e foi substituto pelos F-4 nas missões de ataque. Os F-4 era mais versátil realizando todos os tipos de missões. O F-4D tinha uma melhor pontaria ar-terra.


Rota usada no ataque contra a ponte de Thanh Hoa.

Thanh Hoa
Imagens de um ataque contra a ponte de Thanh Hoa com aeronaves convencionais. As crateras ao redor do alvo e as bombas caindo ao redor do alvo são facilmente visíveis.

A ponte foi atacada novamente no dia seguinte com 46 F-105 armados com 300 bombas, ainda sem resultado. No segundo ataque não haveria aeronaves dedicadas para supressão de artilharia antiaérea pois um F-100 foi derrubado nesta tarefa na missão anterior. A rota seria a mesma com o Tempo Sobre o Objetivo as 11h. Atacariam na diagonal da ponte, de leste para o oeste. A primeira aeronave a atacar foi a aeronave do comandante da missão que continuaria sobrevoando o alvo para avaliar os danos. Os outros indicariam a correção para as esquadrilhas posteriores. Os caças sairiam do mergulho a 300 metros indo direto para o rio. Mesmo com 300 bombas disparadas a ponte ainda ficou de pé, mas com danos maiores que o ataque anterior.

Um F-105 foi atingido e o piloto ejetou. Dois foram derrubados antes de atacar, pegos por caças MiG-17, antes do Ponto Inicial. Os MiGs foram vistos antes em outros ataques, mas foi a primeira vez que atacaram. Os F-105 derrubados estavam na última posição nas esquadrilhas. Os MiGs mergulharam por atrás. 

A ponte foi atacada novamente no dia 7 de maio. As escoltas foi feita por F-4C Phantoms armados com mísseis. A ponte retornou a funcionar. Um total de 48 F-105 dispararam mais para o centro da ponte que foi danificada. Um F-105 foi danificado e o piloto ejetou no Golfo de Tonkim. Notaram que a artilharia antiaérea atingiu a altitude de 10 mil pés. Com o tráfego de trens paralisado, o engarrafamento virou alvo dos ataques aéreos. Em um ataque foram 144 vagões e 3 locomotivas destruídos.

O quarto ataque foi em 30 de maio com quatro F-105 disparando 32 bombas M117. O danos foram leves. Até maio de 1965 um total de 27 pontes foram atacadas e 26 destruídas. Apenas a ponte de Than Hoa ficou de pé. Os vietnamitas ficaram especialistas em reparos de emergência em pontes.

Devido as perdas, as táticas dos ataques mudaram. Seriam poucas aeronaves de cada vez e não teria supressão de artilharia antiaérea, escolta de caças ou outros apoios. Uma nova arma planejada seria a Big Bullpup com ogiva de 454kg que seria testado na ponte em julho.

Carolina Moon

Em maio de 1966, foi iniciado a operação Carolina Moon para testar o disparo de uma grande carga explosiva contra a ponte. A arma seria lançada por um C-130 rio acima e atingiria a ponte após ser levada pela correnteza. Era uma bomba de 5 mil libras em forma de panqueca. A explosão era focada no eixo da bomba. Detonaria com apoio de uma espoleta eletromagnética que detectaria o metal da ponte. 

Seriam lançadas 5 bombas de pára-quedas de um C-130 a 1-2 milhas rio acima. A aeronave voaria a 500pés. Dois caças F-4 fariam um ataque de engodo com flares na rodovia próxima ao norte. Um EB-66 jamearia o local. Um problema era levar pára-quedas ou coletes blindados pelos sete tripulantes pois não podiam levar os dois juntos e seria difícil saltar de pára-quedas de uma aeronave voando baixo.

Em 30 de maio seria a primeira missão e dias antes detectaram um aumento nas posições de artilharia antiaérea próximo do alvo. O C-130 penetrou pelo mar a 100 pés e depois virou em direção a ponte. No local de lançamento o piloto desacelerou para 150 MPH e subiu para 400 pés. Sem ser atacado foi para a próxima zona de lançamento. A artilharia passou a ser mais intensa porém imprecisa e o C-130 conseguiu lançar as cinco bombas. Depois virou a direita e mergulhou para 100 pés. As aeronaves de reconhecimento não viram danos na ponte.

Na noite do dia 31 foi realizada outra missão. Um F-4 fazendo ataque de engodo viu muita artilharia antiaérea no local e uma grande explosão. Realizaram uma missão de busca e resgate no local sem sucesso. Prisioneiros pegos por uma lancha patrulha indicaram uma missão com quatro bombas detonando sem causar danos.

Ataques da US Navy

Em novembro de 1965 dividiram o Vietnã do norte em Route Package (RP). Os serviços teriam prioridade em vários alvos para realizar reconhecimento armado. Foi estabelecido um comitê com oficiais da USAF e US Navy para coordenar as ações. A US Navy passou a ser responsável pela área onde ficava a ponte de Than Hoa, mas também sem sucesso em destruir a ponte nos próximos 3 anos. A ponte foi superdimensionada e as munições eram subdimensionadas. O mau tempo ajudava a proteger a ponte dando tempo para reconstruírem, adicionado oito pilares de concreto. As defesas ao redor aumentaram com o tempo.

Em 17 de junho de 1965 a US Navy iniciou seus ataques contra a ponte. Geralmente usavam 2-4 aeronaves em cada ataque. Até maio de 1966 foram 24 ataques com 65 aeronaves que só causaram danos leves. Foram disparados 128 toneladas de bombas. Perceberam que apenas bombas de 900 kg ou 1.350kg podiam danificar a ponte. O local virou um terreno cheio de crateras. Atacaram até a noite com apoio do radar com os A-6 Intruder. Os norte vietnamitas levaram pontões para o local para desviar o tráfego caso fosse necessário.

A ponte ficava a apenas 11 milhas da costa, mas o mau tempo ajudava a proteger. As vezes ocorriam apenas 2-4 ataques por mês devido ao mal tempo. O mau tempo também dificultava ver os disparos de mísseis SAM e artilharia antiaérea.

Antes de dezembro de 1965, apenas 8% das saídas eram atacadas pela artilharia antiaérea. Após fevereiro passou para 25% e só piorava. Em janeiro de 1966, os MiG-21 foram avistados a 90 milhas a leste de Than Hoa. Em julho de 1966, o alerta de mísseis SAM detectados aumentou seis vezes comparado com o mês anterior.

As táticas de disparo dos mísseis SAM também mudou. Passaram a disparar dois mísseis para explodir em altitudes diferentes. O disparo também ocorria com o radar em espera, só sendo ligado após o míssil acelerar para diminuir o alerta dos caças. Quando os caças manobravam para evitar os mísseis perdiam altitude e entravam no alcance da artilharia antiaérea.

Em 22 de setembro de 1966, foi realizado um ataque da US Navy com 22 jatos que dispararam 57 toneladas de bombas. 80 vagões ferroviários engarrafados no local foram atacado depois. Em dezembro de 1966 foram realizados ataques diários sem sucesso para derrubar a ponte.

Em janeiro de 1967, um porta-aviões americano foi enviado para o Vietnã levando bombas guiadas Walleye. A nova arma dava capacidade stand off e de precisão. Em 11 de março foi realizado um ataque de familiarização com a nova arma contra quartéis. Não havia artilharia antiaérea no local. Com o sucesso nos ataques passaram a planejar ataques contra a ponte no dia 12 de maio. Escolheram o horário de 14h12min local como Tempo Sobre o Objetivo para ter um bom contraste. Seriam usados três aeronaves A-4 Skyhawk equipados com a Walleye, escoltados por dois F-8 Crusader. Atacariam do sul para o norte para dar muito tempo para adquirir o alvo. O terceiro foi recebido com muita artilharia antiaérea. As três bombas acertaram bem próximas uma da outra mas sem derrubar a ponte. Foram realizados mais 68 disparos com as Walleye contra pontes, quartéis e centrais elétricas com 65 acertos. Outras pontes foram derrubadas. 

Entre abril a setembro de 1967 foram realizadas 97 saídas com o disparo de 215 toneladas de bombas contra a ponte sem derrubar. O mau tempo atrapalhava as missões.

Em 28 de janeiro de 1968 foi realizado um novo ataque com 44 jatos da USAF e US Navy. A ponte foi atingida a cada 4 minutos e meio. Apenas metal amassado foi visto nas fotos do reconhecimento aéreo. O mau tempo salvou a ponte de novos ataques posteriores. Em março ocorreu a parada geral nos ataques contra o Vietnã do Norte.

A campanha em geral teve sucesso. Os caminhões só trafegavam a noite e em estradas secundárias. Barcas substituíram as pontes. Transporte a pé, bicicletas e mulas substituíam e ajudavam no trabalho.
 
 As táticas americanas melhoraram. Vestes com flare e rádios foram adicionados para o caso dos pilotos serem derrubados. Iniciaram táticas para atacar mais alto tentando evitar a artilharia antiaérea. Procedimentos e formação foram usadas para conter os ataques dos MiGs. Foram introduzidas melhores armas e melhoraram o planejamento de missão.

Paul Doumer

A ponte Paul Doumer não foi atacada inicialmente por estar bem próxima de Hanói. Apenas no verão de 1967 resolveram atacar alvos da lista 57 e a ponte constava na lista de dois de seis alvos a 10 milhas dentro da zona de Hanói. A ponte foi atacada com bombas M118 de 3 mil libras disparadas pelos F-105. Os caças foram armados com bombas de 340kg, mas com ordens de usar as M118 demoraria 1 hora para reabastecer e rearmar, mas foi autorizado um ataque simultâneo e demorou 18 minutos para rearmar.

O reabastecimento em voo foi feito no Laos, em um ponto local chamado "green anchor". Foi usada uma esquadrilha para supressão de defesas, uma para supressão de artilharia antiaérea e três esquadrilhas para atacar a ponte. Uma esquadrilha de F-4 fez escolta de caças. A esquadrilha de supressão de defesas voou na frente. A 95 milhas de Hanói aceleraram de 500 para 600kt. Voavam a Mach 0.9 a 10 mil pés. Vieram do noroeste e viraram para o sul em direção a Hanói. A 4 minutos do alvo a artilharia antiaérea começou a reagir. Os MiGs decolavam da base aérea de Phuc Yen e subiam em arco tentando interceptar de frente ou seria impossível se aproximar depois dos caças americanos.

Os F-105 fizeram "pop up" para 13 mil pés antes do "roll in" para evadir a artilharia antiaérea, ganhar altitude para mergulhar e colocara as aeronaves da esquadrilha em posição escalonada. Em um ponto calculado previamente podem mergulhar a 45 graus em duplas. O ala pode estar colado no líder. O "bomb run' dura 7 segundos e a artilharia antiaérea e mísseis SAM foram disparados. No lado oeste da ponte uma posição de artilharia antiaérea de 85mm com sete canhões foi silenciada pelas bombas e outra permaneceu atirando no lado leste. 

O primeiro F-105 disparou a 8 mil pés e depois corrigiram o disparo das outras esquadrilhas. Faziam "pull up" com uma curva para a esquerda seguindo o rio. Voaram sobre a prisão Hanói Hilton supersônico avisando que estavam por lá para os prisioneiros americanos. A segunda esquadrilha viu um vão caindo. Dois F-105 foram danificados no ataque. Um RF-4C fotografou a ponte segundos depois do ataque terminar. Foram 36 saídas com 94 toneladas de bombas disparadas. Três vãos da ponte foram derrubados parando o tráfego de 26 trens por dia. Duas semanas depois a ponte estava reparada e voltou funcionar. 

O mal tempo evitou novos ataques até 25 de outubro de 1967 quando 21 F-105 lançaram 63 toneladas de bombas com dois vãos derrubados. Três semanas depois a ponte voltou a funcionar.

Nos ataques nos dias 14 e 18 de dezembro, 50 F-105 lançaram 90 bombas Mk118 com 2 e 3 vãos derrubados respectivamente. No total foram realizadas 117 saídas contra a ponte com o disparo de 380 toneladas de bombas. Foi estimado a presença de 300 posições de artilharia antiaérea e 84 de mísseis SAM no caminho. Um total de 109 mísseis SAM foram disparados e 24 MiGs foram detectados. Dois caças americanos foram derrubados e 15 danificados. 

Com a parada dos bombardeiros em 31 de março de 1968 as pontes escaparam de novos ataques. A ponte Paul Daumer só seria atacada novamente em 1972. O sistema de transporte do Vietnã do Norte pode operar com toda capacidade. As pontes foram reparadas ou reconstruídas. Já os santuários vietnamitas no Camboja foram atacados pesadamente por terra e ar. As tropas americanas no Vietnã do sul diminuíram de 540 mil para 70 mil em 4 anos.

Operação Linebaker

Em 6 de abril de 1972, a guerra aérea reiniciou após Vietnã do Norte invadir o Vietnã do Sul. O Poder Aéreo americano voltou ao local para apoiar o Vietnã do Sul. Pensavam que apenas uma derrota esmagadora poderia forçar os norte vietinamitas a mesa negociação. No fim, a Interdição Aérea forçou o Vietnã do Norte a parar o avanço.

Em 30 de março de 1972 havia 100 mil tropas americanas no Vietnã do Sul quando o Vietnã do Norte lançou uma ofensiva. Para não enviar mais tropas o Presidente Nixon respondeu com a operação Linebacker. Era uma campanha aérea de alta intensidade e sustentada para amaciar a ofensiva. Em uma semana enviou caça-bombardeios e porta-aviões para o local. Em novembro conseguiram levar o Vietnã do Norte para a mesa de negociação.

A invasão não foi uma surpresa, mas a intensidade sim. Em poucos dias praticamente todas as bases de apoio de fogo foram tomadas. A 3a Divisão de Infantaria do Vietnã do Sul foi derrotada na linha de frente.

Como as bombas guiadas a laser precisavam ser disparadas a média altitude, a USAF logo percebeu que as tarefas a média altitude precisavam de superioridade aérea e supressão de defesas. Quando voltaram ao Vietnã em 1972, os pacotes tinham grandes forças de proteção como escoltas, varredura de caça e supressão de defesas, além de bombardeiros de chaff e interferidores eletrônicos.

Na operação Linebaker, usaram muitos pilotos de caça especializado como escolta, ataque com bombas guiadas a laser, supressão de defesas aéreas, supressão de artilharia antiaérea, reconhecimento etc. A 8 TFW estava equipada com as armas guiadas Walleye e Paveway e se especializou em ataque. O Esquadrão 432 em Udorn estava equipado com os F-4D com sistemas "Combat Tree" e se especialisram em combate aéreo. Os F-105G em Korat se especializaram em supressão de defesas. O resultado foram "strike package" bem efetivos e com menos perdas.

Um pacote típico era formado por 32 F-4 equipados com as bombas Paveway, HOBOS e bombas burras, apoiados por 20 a 40 aeronaves. As aeronaves de apoio eram 1-2 esquadrilhas de escolta de caça aproximada, uma de F-4 ou F-105G Wild Weasel para supressão de defesas, uma de hunter-killer com F-4 e F-105 para atacar posições de mísseis SAM e artilharia antiaérea, e duas de F-4 para MiGCAP. Também eram apoiados por aeronaves de guerra eletrônica, alerta aéreo antecipado, reabastecimento em vôo e resgate. As aeronaves de resgate eram os A-7 escoltando os helicópteros HH-53. Antes de atacarem, a rota era sobrevoada por duas esquadrilha de A-7 ou F-4 na missão "bomb chaff" que podiam ter sua própria escolta de Wild Weasel e CAP. Depois um par de RF-4 fotografaria o resultado dos ataques.

Nas áreas de grande ameaça, as bombas guiadas a laser eram disparadas em formação de quatro aeronaves com todas mergulhando e disparando as bombas ao mesmo tempo. As aeronaves aproveitavam a proteção dos casulos de guerra eletrônica para proteção mútua.

O 8 TFW tinha apenas sete casulos Pave Knife e mais 12 iluminadores manuais Zot Box em abril de 1972. Os Pave Knife foram usados contra alvos ao redor de Hanoi e Haifong onde era mais perigoso usar a curva de peão do Zot. As bombas guiadas eram usadas contra os alvos mais importantes onde fizeram diferença, mesmo em pequena quantidade, e permitiu atacar alvos próximo as áreas civis. O porto de Haifong foi atacado sem risco de atingir navios de outra nações. Alvos difíceis como pontes foram facilmente atingidos.

Durante a operação Linebaker I e II, entre fevereiro de 1972 a fevereiro de 1973, foram disparadas 10.500 bombas Paveway com 5.100 acertos direto e 4 mil com CEP de 8 metros. Os disparos contra alvos de ponto em bom tempo era quase acerto direto. O Pk foi estimado de 80 a 90% com um único disparo. Nos três primeiros meses mais de 100 pontes foram derrubadas. As Paveway foram consideradas 100 a 200 vezes mais efetivas que o ataque convencional contra alvos duros e 20 a 40 vezes mais efetiva contra alvos leves e de área.

Os ataques aéreos foram tão intensos e devastadoques que em 10 de maio de 1972 sobraram apenas 5% da lista inicial de alvos. A maioria da munição disponível era não guiada, mas as Paveway e HOBOS tiveram um grande impacto no resultado da operação. Alvos como a ponte Paul Doumer e o centro de comando subterrâneo de Bac Mai foram logo atingidos.

O Vietnã do Norte subestimou a vulnerabilidade das suas forças convencionais contra o Poder Aéreo. Nem esperavam que os americanos retornariam tão rápido. Também não esperavam uma escalada da guerra. Para piorar não conheciam a capacidade das Paveway. Em 1972 a TI estava fabricando 2 mil kits por mês.

Than Hoa contra as Paveway

A Operação Freedom Dawn era um plano de ataque e um dos alvos era a ponte de Thanh Hoa. A ponte foi atacada no dia 27 de abril de 1972 por 12 F-4 da 8a TFW sendo oito armados com bombas guiadas Paveway e casulos Pave Knife. Uma esquadrilha lançaria um corredor chaff do Ponto Inicial até o alvo para oito F-4 operar com mais segurança contra os mísseis SA-2. Cinco bombas guiadas por TV HOBOS foram disparadas por outra esquadrilha com artilharia antiaérea intensa, mas com os mísseis SAM atrapalhados pelos chaff.  As HOBOS atingiram o alvo primeiro atacando na ortogonal enquanto as Paveway seriam disparadas no eixo longitudinal. As Paveway não foram disparadas devido ao mal tempo. A ponte ficou bem danificada, mas ainda permitindo o tráfego.

No dia 10 de maio de 1972 foi iniciada a operação Linebaker I. A ponte Thanh Hora foi novamente atacada na manhã do dia 13 de maio por 14 F-4 amados com nove bombas M118 de 1360kg, 15 Paveway GBU-10 e 48 bombas Mk82 de 230kg.

O pacote veio pelo leste, no sul do Golfo de Tonkin, após reabastecer e depois viraram para o norte até o alvo. Atacaram em fila e no roll in viram muita artilharia antiaérea. Os últimos a atacar viram a ponte engolfada por poeira. Nenhuma aeronave foi derrubada. As fotos de reconhecimento de um RF-4C mostrou a ponte caída, um vão caído e o resto da estrutura bem contorcida. Foi estimado que demoraria vários meses para reerguer a ponte.

A ponte foi atacada novamente mais duas vezes pela USAF e 11 vezes pela US Navy até outubro de 1972 para evitar reparos. O ataque final foi em 6 de outubro com quatro A-7 Corsair disparando duas Walleye e Mk84. Atingiram o pilar central e dividiram a estrutura em duas. Depois o alvo foi considerado totalmente destruído e foi retirado da lista de alvos.

Depois atacaram a ponte Paul Doumer que também foi derrubada, só sendo reaberta em março de 1973 após 10 meses. No dia 10 de maio atacaram a ponte junto com o pátio ferroviário de Yen Bien com uma força de 24 aeronaves, sendo 16 equipados com armas guiadas Paveway (32 bombas) e HOBOS (oito bombas). Foram apoiados por oito chaff bomber que cobriram a entrada até o alvo. O Esquadrão 388 apoiou com 15 F-105G Wild Weasel e quatro EB-66.

As bombas foram disparadas a cerca de 15 mil pés bem acima do alcance da artilharia antiaérea. Foi estimado que os norte vietnamitas dispararam 160 mísseis SAM e 41 MiGs decolaram, mas nenhuma aeronave americana foi derrubada. Foram 12 acertos diretos na ponte, quatro prováveis e 12 não observados com 22 Paveway e sete HOBOS disparadas. Um vão da ponte foi derrubado e vários danificados pesadamente. O reconhecimento mostrou a ponte inutilizada com um vão caído. A missão durou 3 horas. Antes de 1972 foram realizadas 871 saídas perdendo 11 aeronaves sem derrubar a ponte. A ponta era um alvo impopular entre os pilotos e tinha virado o símbolo da resistência vietnamita.

No dia seguinte foi realizado um novo ataque com uma esquadrilha de quatro F-4 para dar o golpe final. Um corredor de chaff foi criado muito antes do esperado e outras escoltas não chegaram. Os casulos de contramedidas eletrônicas conseguiram atrapalhar os radares Fan Song, mas os mísseis foram disparados dois minutos antes dos caças atacarem a ponte. Mesmo assim os F-4 conseguiram disparar suas bombas e não foram atacados nem pela artilharia antiaérea acima da ponte. Dispararam seis Paveway Mk84 e duas Paveway M118 derrubando três vãos com mais três danificados.

No dia 10 de setembro a ponte foi novamente atacada por quatro F-4 armados com as bombas Paveway. Mais dois vãos foram derrubados.

No dia 10 de maio foram atacadas cinco pontes com 24 bombas. Se usassem bombas convencionais seria necessário o disparo de 2 mil bombas. Foram as Paveway que levou ao colapso ferroviário norte vietnamita. No fim de maio, 13 pontes ferroviárias importantes indo para o norte foram derrubadas com as bombas Paveway. Hanói ficou isolada de suprimentos da China e de outras cidades no sul. O termo ataque cirúrgico passou a ser um termo comum no Pentágono. As Paveway também resolveram os problemas de danos colaterais permitindo que a USAF atacasse alvos em cidades. Entre 6 de abril a 30 de junho de 1972 foram 106 pontes destruídas. O 8 TFW foram apelidados de "bridge buster".

Depois atacaram alvos menos prioritários como centrais elétricas, indústrias, centros de reparos, locais de armazenamento de combustíveis e outros alvos que tinham que ser atacados por armas de precisão.

Em um ataque contra tanques armazenamento de combustível em Vinh seriam usadas 12 bombas contra 11 alvos designadas pelo ZOT e sobrou uma bomba. Ainda atacaram uma estação de bombeamento para não trazer a bomba de volta. Todos os alvos foram atacados em cinco minutos.

No dia 12 de junho de 1972 atacaram a hidroelétrica de Lang Chi, 60 milhas a noroeste Hanói, responsável por 75% da energia elétrica  do pais. Em uma única missão a 8 TFW lançou as Paveway e destruiu as turbinas e geradores no prédio principal sem atingir a represa. A represa nunca tinha sido atacada antes devido ao risco de matar civis com o vazamento de água se a represa fosse atingida.

Thanh Hoa
Imagem do ataque a ponte de Thanh Hoa com bombas guiadas a laser em 27 de abril de 1972. A foto mostra as bombas caindo de modo concentrado em um lado da ponte.

Hanoi
Imagem de uma estação de força em Hanói após um ataque com as Paveway. O alvo estava dentro da cidade e não foram notados danos colaterais.

Danos Colaterais
Imagens do ataque de um B-52 contra um alvo em Hanói e que errou o alvo. O bombardeiro destruiu vários quarteirões com muitas baixas civis. 

Ações no Vietnã do Sul

Com a ajuda do apoio aéreo, o Vietnã do Sul conseguiu a estabilizar as defesas e depois montaram uma contra ofensiva. No delta do Rio Mekong, tropas do USMC na linha My Canh foram reforçados pelo Apoio Aéreo. No dia 10 maio, um observador em uma torre de igreja próximo do rio My Canh viu dois blindados comunistas ao norte do rio. Um controlador aéreo voando acima circulou e identificou como sendo um PT-76 e um T-54. Dois F-4 chegaram com 3 minutos de combustível sobrando. Na primeira passada atingiram direto o PT-76 e na segunda passada também o T-54. As tropas perguntaram o que usaram e citaram que era uma bomba guiada a laser de 900kg.

Ao norte da Cidade de Hue os Phantoms equipados com as Paveway foram usados para apoio aéreo. Os OV-10 Pave Nail de controle aéreo eram usados para designar alvos. O local tinha pouca cobertura de vegetação e não era possível esconder facilmente os blindados do Vietnã do Norte.

Em maio um campo das Forças Especiais estava sendo atacado. Um blindado tentava derrubar a porta. Um Pave Nail chegou, checou com as tropas em terra citando que era um Pave Nail e as tropas em terra perguntaram o que era. O piloto do Bronco disse que iria mostrar. Um F-4 acertou um blindado do lado que foi jogado longe. Logo os Boinas Verdes pediram mais dois Pave Nail.

Com a invasão do Vietnã do Sul as Paveway permitiram que as aeronaves táticas atacassem blindados e peças artilharia de 130 mm, duas novas armas do Vietnã do Norte. As Paveway mostraram ser também efetivas nesta missão. Entre 1 de abril a 15 de agosto os caças da USAF destruíram 285 blindados apenas na Primeira Região Militar. Os F-4D consistiam em 10,4% do esforço anti-carro, mas foram responsáveis por 22% dos kill e com 65% de acerto. As Paveway também atacaram pontes para parar o avanço dos blindados.

As Paveway eram muito precisas para atacar blindados, mas mesmo assim a maior parte dos blindados foram destruídos por bombas Mk82 lançadas pelos A-37 e A-1 Skyraider do Vietnã do Sul. Com as Mk82 era necessário mais bombas para atingir os blindados e as aeronaves ficavam mais vulneráveis as defesas antiaéreas.

Em março de 1972, o Vietnã do Norte passou a apoiar o Pathet Laos contra a guerrilha no Laos. Atacavam com canhões de 130mm. Os EUA apoiavam a guerrilha e usaram os F-4 com as Paveway para atacar os canhões do Vietnã do Norte. Era difícil encontrar uma peça de artilharia e mais ainda destruir, mas com as Paveway a precisão foi garantida.

A operação de interdição funcionou. As tropas do Vietnã do Norte que chegavam no sul ficaram sem suprimentos. A missão passou a ser encontrar armas e munições em soldados mortos. No Vietnã do Norte faltava energia para consertar os caminhões. Com muitas perdas dos dois lados logo iniciaram as conversas de paz. Com a demora de seis meses, os americanos iniciaram a operação Linebaker II e finalmente assinaram um acordo de paz.

Paveway I
Uma GBU-12 da série Paveway I nas asas de um B-57G Camberra da USAF durante o conflito do Vietnã. A USAF modificou 16 bombardeiros B-57B Cambera em 1969 para o padrão B-57G com um sistema autônomo e qualquer tempo para interdição noturna contra alvos na trilha Ho Chi Minh. Antes os B-57B realizavam as missões noturnas da mesma forma que os B-26 na Coréia. O programa se chamava Tropic Moon III com o Tropic Moon II consistindo em casulos com sensores LLLTV na asa de três B-57B que operaram entre dezembro de 1967 a junho de 1968. A aeronave recebeu novos sensores com radar, sensores IR e LLLTV no nariz. O sistema mostrava dados de pontaria e alinhamento com o alvo e o piloto consente com o disparo. Os canhões foram retirados. Os ataques eram realizados entre 5 a 7 mil pés com o disparo de uma a quatro GBU-12. O piloto tinha que desacelerar e fazer um mergulho leve para manter a linha de visada dos sensores e do laser. O sistema mostrou ser efetivo com 80% das bombas caindo a até 5 metros do ponto de pontaria. Entre 21 de novembro e 29 de dezembro de 1970, os B-57G realizaram 59 disparos a 40 mil pés, destruindo 35 caminhões. O sistema custou US$ 49 milhões sendo considerado caro, além de difícil de manter. Os AC-130 mostraram ser mais baratos para atacar o tráfego de caminhões na trilha.

A US Navy iniciou o uso das Paveway em 1971 com táticas "buddy laser" pelos F-4 da USAF. A US Navy demorou a usar as Paveway em larga escala, lançando apenas algumas centenas no conflito. Um dos motivos era ter que alijar a bomba no mar por motivo de segurança, se a missão for cancelada após a aeronave ter sido lançada, antes de pousar no porta-aviões. Como eram relativamente caras, os kits foram considerados indesejáveis devido a esta limitação. A US Navy só aproveitou a vantagem das bombas guiadas a laser com a Paveway II.

As táticas de designação tipo "buddy" foram usadas desde o inicio no Vietnã. A outra tática é a "auto-designação" com a aeronave designando para si mesma. No Vietnã um F-4D recebia um designador laser no lado esquerdo da cabina traseira. O designador fica apontado para o alvo enquanto a aeronave voa uma curva a esquerda. As aeronaves com as bombas guiadas a laser passam por cima indo direto para o alvo. As bombas são disparadas em mergulho como bombas comuns. A tática é usada até hoje com uma aeronave usando casulos com designadores iluminando alvos para outra aeronave. Geralmente a aeronave iluminadora faz papel de controlador aéreo avançado aerotransportado. A tática não é boa contra alvos bem defendidos, mas onde as ameaças permitem é possível atacar muitos alvos com uma única aeronave designadora.

As táticas de designação "buddy" tem três opções. A "restricted axis" usa um designador laser acima do alvo em cenários de pouca ameaça e guia os ataques. No "flexible axis" a aeronave designadora fica a distância segura e as bombas são lançadas a 30 graus e ainda dentro da "cesta" que aponta em direção para o alvo. Esta tática é ideal para alvo com ameaça suspeita. A terceira é a "rejoin manual" ou "backup" com a aeronave de ataque voando na ala da aeronave designadora que comanda o momento do disparo como se fosse um disparo no modo "self designation". Esta tática é usada quando a aeronave com bombas guiadas a laser não sabe computar o momento do disparo. Uma característica em comum nestas técnicas é a necessidade de muito treino e coordenação para o seu emprego.

Buddy
Descrição das táticas de buddy laser. O designador pode ser manual ou instalado em veículos ou aeronaves. A versatilidade é obvia. O alvo pode ser designado do ar, pela aeronave atacante, ou controlador em terra em terra ou ar. O alvo é encontrado e atacado já na primeira passada.

Cesta
Descrição de um ataque de um F-111F contra um alvo fixo. A cesta de iluminação é bem visível na imagem.

No fim de 1972 a US Navy iniciou o uso das Paveway nos A-6 Intruder. O USMC testou a Paveway em mau tempo. O US Army testou o AH-1 Cobra com o míssil TOW no Vietnã e depois anunciou o programa Hellfire (Heliborne, Laser, Fire and Forget). O USMC contratou a TI para criar uma versão guiada a laser do míssil Bullpup, chamado AGM-83 Bulldog. O Bulldog seria usado para apoio aéreo aproximado sendo disparado a longa distância. 

Mesmo com o sucesso das Paveway no Vietnã a USAF não virou uma força de armas guiadas. Queriam uma arma standoff e capacidade "dispare-e-esqueça" e continuaram a desenvolvendo tecnologias. A GBU-15 substituiu a HOBOS e podia ser usada em mau tempo. O míssil Maverick com guiamento por TV e IR foi usada nos A-10 contra blindados.

Um estudo sobre o uso de armas guiadas indicou que apenas 10 a 15 mil americanos poderiam ter morrido no conflito do Vietnã, ao invés de 58 mil, se tivessem usado armas guiadas desde o inicio das operações. Seria mais tolerável em termos políticos. Apenas após 20 mil terem morrido que a população americana se virou contra a guerra.  

O cenário principal na Europa também não seria ideal para disparo de bombas a média altitude. O passo de Fulda seria o cenário principal na Europa. A frente de batalha tinha uma grande rede de defesa aérea pela retaguarda com menor intensa, mas era ainda mais intensa que o Vietnã. O mau tempo seria ruim para ataques com as Paveway disparadas a média altitude.

 


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