Enhanced Laser Guided Bomb (ELGB) e Paveway IV

As bombas guiadas a laser são disparadas como bombas burras, considerando que irão adquirir o reflexo do laser em vôo. Se não trancar no alvo, ou tiver defeito, considera-se que vai continuar em direção ao alvo cair próximo o que nem sempre acontece levando aos indesejáveis danos colaterais.

Após o conflito no Golfo em 1991 os países da OTAN perceberam a necessidade de uma arma de precisão barata para operar com mau tempo. Em boa parte das missões as aeronaves voltavam sem atacar o alvo devido ao mau tempo. Os estudos americanos resultaram nas séries JDAM guiadas por GPS/INS.

Com o aparecimento da tecnologia do GPS/INS para guiar armas foi pensado em integrar esta tecnologia nos kits de guiamento para garantir que as bombas voem até o alvo de qualquer modo, mesmo com menor precisão, e poderiam usar em mau tempo. Assim foi iniciado o uso de guiamento duplo com laser e GPS/INS com as Enhanced Paveway com as bombas tendo a designação EGBU-xx. As EGBU são a Terceira Geração das bombas guiadas a laser. As Paveway I e II foram a primeira geração e as Paveway III a segunda geração.

A Raytheon respondeu a este problema em 1998 com o programa Enhanced Paveway II Dual Mode GPS - Laser Guided Bombs (DMLGB) instalando um GPS/NS nos seus kits. A Raytheon projetou a primeira Enhanced Paveway com fundo próprios e sem um requerimento oficial. Os testes em 1999 incluíram disparo sem iluminação a laser, iluminação a laser parcial e disparo bem fora do eixo (off boresight). Os kits para as Enhanced Paveway focava inicialmente nas variantes GBU-24, GBU-27 e GBU-28.

O GPS/INS permite que as bombas possam ser usadas também com mau tempo com disparo acima das nuvens com a designação a laser sendo feito por outra fonte como um controlador avançado em terra. A Enhanced Paveway pode memorizar o ponto de pontaria e continuar a navegar em direção ao alvo até 10 segundos antes do laser ser ligado. Outra capacidades são ter várias opções de ângulo de trajetória final (alto, mergulho ou plano), aumento do envelope de disparo podendo ser usada a baixa altitude, capacidade de disparo fora do eixo (high off-boresight) ou bem fora do cone de busca do sensor (cesta), aumento do alcance, capacidade "dispare-e-esqueça" e diminuição dos danos colaterais em caso de perda do laser. O borramento da imagem dos designadores com FLIR devido as explosões próximas também não irão atrapalhar em muito a pontaria com a bomba passando para o modo GPS. Foi estimado que as EGBU-10/12/16 diminuiriam em 30-40% as saídas com o mau tempo não atrapalhando mais os ataques.

O laser foi mantido para aumentar a precisão e atacar alvos móveis, dar opção "man-in-the-loop", atacar alvos de oportunidade trocando de alvos em vôo e proteção contra interferência no GPS. O resultado final foi unir as qualidades dos dois sistemas de guiamento.

Os modos operação possíveis são apenas GPS/IMU com mau tempo, apenas laser com bom tempo, GPS e depois laser, GPS-laser-GPS, GPS-laser-vetor velocidade (se o laser é cortado a bomba voa com o vetor velocidade balisticamente) e apenas IMU. O sistema GPS-Aided Inertial Navigation System (GAINS) permite navegação autônoma em mau tempo com quase precisão final. Os kits também permitem atacar alvos múltiplos e disparos múltiplos.

A aeronave lançadora precisa estar equipada com o barramento 1760 para passar as coordenadas do alvo para a bomba antes do disparo. A bomba pode memorizar até oito coordenadas de alvos para mudar de alvo durante o vôo na aeronave. Em aeronaves sem barramento 1760 a coordenada do alvo tem que ser programa antes do vôo.

Modernizações futuras previstas são usar apenas o INS, instalação de datalink, penetrador de 227kg, espoleta de acionamento múltiplo (contato, penetrador e airbust), kit de asa para aumentar o alcance e sensor autônomo de guiamento final.

Os kits receberam a designação E (Enhanced) e incluem os modelos EGBU-10, EGBU-12 e EGBU-16. A US Navy e USAF planejavam inicialmente a compra 1.200 Enhanced Paveway. A Raytheon já entregou as Enhanced Paveway II DMLGB Lote 1 para o Reino Unido e o Lote 4, também chamado Paveway IV, para o Reino Unido. A RAF usou A EGBU em combate na operação Southern Watch, Operação Enduring Freedom em 2001/2002 e Operação Iraqi Freedom em 2003.

A Lockheed Martin também produz o kit Paveway II Dual Mode Laser Guided Bomb (DMLGB) como contratante alternativo para programas de modernização dos kits Paveway II. Os kits de modernização podem ser integrados nos kits GBU-10, GBU-12 e GBU-16. A Lockheed Martin venceu um contrato de US$ 65 milhões em novembro 2005 para desenvolver os kits para um programa da US Navy. O contrato de compra US$ 260 milhões foi ganho em agosto de 2007. Os kits já foram testados a partir de um AV-8B Harrier e F/A-18 com 25 disparos. O projeto foca na GBU-12/B e também está planejado a integração na GBU-16/B e GBU-10/B.

Os kits da Lockheed Martin também recebem a designação Enhanced Paveway II sendo que as EGBU-12 foram usadas em 2001 no Afeganistão e em 2003 no Iraque pela USAF e RAF. Também foram selecionados para compra pela Dinamarca e Espanha e talvez a França para uso nos Super Etandart.

DMLGB
Kits Paveway II DMLGB.

Uma DMLGB da Lockheed Martin em um AV-8B.


Kit de guiamento GPS e INS das EGBU.

A US Navy demonstrou o aumento alcance da Paveway II EGBU em 2005 com seis disparos com sucesso. Quatro bombas foram lançadas de caças F/A-18 fora envelope de armas guiadas apenas por GPS ou laser. Os disparos foram realizados a 20 mil pés e a distancia de 20 km.


Paveway III EGBU

A série Paveway III da Raytheon também foram modernizadas com os kits Enhanced Paveway III DMLGB com as mesmas capacidades citadas mais as melhorias dos kits Paveway III. Com um sistema de navegação proporcional as Enhanced Paveway III DMLGB podem grava a posição do laser mesmo se perder o trancamento e voar direto sem muitos desvios de trajetória. Com o piloto automático adaptativo, guiamento proporcional, sensor com varredura e controle de angulo de ataque final a precisão é bem maior. Apenas a GBU-28B/B e C/B tem a opção de funcionar no modo IMU apenas.

Os kits de Enhanced Paveway III DMLGB disponíveis são as EGBU-24E/B em operação nos F/A-18 e F-14, a EGBU-24G/B em operação no F/A-18, a EGBU-27A/B em operação no F-15E, F-16 e F-117, a EGBU-28B/B em operação no F-15E e B-2 e a EGBU-28C/B em operação no F-15E e B-2.

A RAF comprou kits EGBU para suas bombas de 454kg em 2001 por 42 milhoes de libras incluindo apoio logístico. A Enhanced Paveway II entrou em serviço na RAF em 2001 e a Enhanced Paveway III em 2002. Os Harrier da RAF só podem usar as Enhanced Paveway II de 454kg e os Tornado também as Enhanced Paveway III com penetrador. Cerca de 1.700 Enhanced Paveway II e 1.600 Enhanced Paveway III já foram fabricados. A EGBU-24 com a ogiva termobárica BLU-118B foi usada em março de 2002 contra cavernas do complexo de Gardez no Afeganistão. Também foram usadas da Operação Iraq Freedom e mostrou ser boa com mau tempo e contra alvos com premência de tempo (Time Sensitive Target - TST). Os caças que apoiavam as forças de operações especiais tinham preferência para escolher as armas e as Paveway III e EGBU estavam sempre no topo da lista.

Em dezembro de 2007 a Raytheon recebeu um contrato de US$ 161 milhões para fabricação de 1.300 kits EGBU/ Paveway III para a USAF e US Navy.


Paveway IV

Paveway IV

Após o conflito em Kosovo em 1999 o Reino Unido lançou uma concorrência para uma arma de precisão com capacidade qualquer tempo. O requerimento incluía aproveitar os kits de guiamento laser já em uso. O contrato foi de US$ 22,5 milhões. Foram estudados o uso das bombas americanas de 345kg e 908kg americanas e as Mk britânicas. O custo final seria 1/3 a mais que um kit Paveway básico. A vencedora foi a proposta Paveway IV da Raytheon.

A Paveway IV vai entrar em operação em 2007 na RAF com o nome de Precision Guided Bomb ou PGB. Consistem em uma nova bomba Mk82 com melhor capacidade de penetração, uma nova espoleta britânica Height of Burst (HOB) com capacidade "airbust" e um novo receptor de GPS modelo SAASM (Selective Availability Anti Spoofing Module) com melhor resistência a interferência no kit Enhanced Paveway II Enhanced Computer Control Group (ECCG). A bomba também terá modo IMU apenas. Os fabricantes serão a RSL britânica e a Raytheon.

Os requisitos eram aumentar o alcance, maior precisão, mais flexibilidade, capacidade de trocar de alvos, melhor capacidade de penetração e menor dano colateral. A Paveway IV vai equipar o Tornado GR.4, os Harrier GR.9 e o Typhoon F2 substituindo as bombas Paveway II e III, as EGBU e as bombas comuns da série Mk sendo a única arma de ataque das aeronaves britânicas. Em 2007 a Raytheon foi contratada por 24 milhões de libras para integrar a Paveway IV no F-35.

Uma Paveway IV com kit de asas Diamond Back.

Paveway IV

Envelope de vôo das EGBU.

 

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