Popeye - AGM-142 Have Nap
AGM-142E

Israel iniciou o projeto do míssil Popeye no inicio da década de 80 para uma arma de longo alcance, de ataque de precisão, guiada por TV para atacar alvos de alto valor como bases aéreas, pontes e casamatas. Israel usou a experiência obtida com o projeto da bomba planadora Pyramid e com o uso do míssil Maverick. Inicialmente foi sugerido que era derivado do projeto Condor da US Navy.

Os testes foram no meio da década de 80 e se tornou operacional em 1989 na Força Aérea de Israel.

O Popeye tem construção modular com quatro seções: seção de guiamento e navegação, ogiva, motor foguete, e seção controle. As asas têm uma configuração inusitada com as asas inferiores maiores que as superiores. As superfícies de controle ficam na traseira. O motor foguete sólido de estágio único tem o exaustor abaixo da antena do datalink.

A ogiva é modular podendo ser escolhida e trocada antes da missão com opção de uma ogiva explosiva fragmentada de 340kg com 150kg de explosivo sou um penetrador I-800 de 360kg com 77kg de explosivos. Os israelenses não se preocuparam com uma ogiva muito potente, pois o míssil é muito preciso, com uma precisão (CEP) de 3 metros com a pontaria auxiliada pelo datalink, e atacaria os pontos fracos do alvo. Exemplos de alvos são transformadores, geradores, torres de refrigeração, instalações de combustível (refinarias, depósitos e oleodutos), estações de radar, centros comunicação e instalações de pesquisas.

A navegação de meio curso é por INS com guiamento terminal por TV. As versões mais recentes têm opção de usar um GPS e guiamento terminal por imagem infravermelha. A câmera de TV CCD tem campo de visão de com 1,2 x 1,5 e 4,5 x 3,4 graus. As versões mais recentes têm campo de visão de 1,4 e 4 graus. O sensor de TV é usado nos últimos 30 segundos de vôo.

O casulo de datalink pesa 393kg com 3,53m de comprimento e 53cm de diâmetro. O casulo de datalink tem antenas para frente e para trás. Um gravador de vídeo é usado para análise dos dados pós-vôo.

O Popeye pode ser disparado a baixa altitude com alcance de 45km ou a grande altitude com alcance de mais de 70km. A Rafael israelense cita dois níveis de alcance stand-off: o "regular" é de 50-60km a grande altitude e 20-25km a baixa altitude, para a aeronave evitar as defesas e ainda precisa de escolta de caças. O alcance "real" é 50% maior que estes valores.

A Popeye tem 4,8 m de comprimento, 52cm de diâmetro, 2m de envergadura e pesa 1.380kg. O alcance máximo é tido como 78km.

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Imagem de uma Popeye 2 mostrando detalhes da antena do datalink acima do exaustor do motor foguete.

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Testes de uma Popeye a partir de um F-4E.

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Imagem do vídeo de uma Popeye durante testes em Israel.

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Demonstração da precisão da Popeye durante um teste.


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A Popeye tem vários modos de disparo podendo usar várias configurações de trajetória: horizontal, vertical, com inercial por GPS/INS e final com sensor IIR ou TV.


AGM-142 Have Nap

No fim da década de 80 a USAF queria uma arma convencional de longo alcance para armar seus B-52 para atacar alvos fixos de alto valor fora do alcance das defesas aéreas em terra. A Popeye estava sendo introduzida nos F-4E israelenses e em 1988 a USAF contratou a Rafael e Boeing para integrar a arma nos seus B-52G/H com o projeto Have Nap. O Popeye seria a primeira arma de precisão do B-52.

O AGM-142 Have Nap é um desenvolvimento do Popeye da Rafael israelense em conjunto com a Lockheed Martin com algumas modificações locais. A arma é produzida nos EUA pela Precision Guided Systems United States (PGSUS) formada pela Rafael e Lockheed Martin. A designação original do míssil era AGM-142 Raptor, mas com o nome sendo usado pelo F-22 Raptor o míssil passou a ser chamado de Have Nap que era o nome do programa.

A avaliação da USAF foi completada em 1990 com sete sucessos em oito disparos. Até 1997 foram 20 testes vôo completos. De 34 testes na USAF foram apenas 23 acertos. Um B-52G testou a AGM-142 na Austrália, mas o teste não esta relacionado com a compra australiana e sim para mostrar que pode engajar alvos de precisão bem fora do continente americano. Só Israel e Austrália tinham um local disponível para a operação.

O míssil foi considerado caro, US$1 milhão cada. Os EUA gastou US$250 milhões para comprar 240 mísseis. Por outro lado, os alvos compensam, por exemplo, um radar de controle tiro de míssil SAM custa cerca de US$ 10 milhões e convém usar uma arma de US$ 1 milhão ao invés de arriscar uma aeronave bem mais cara com armas de curto alcance.

Um programa de melhorias foi iniciado em 1993 para diminuir custos, logística e manutenção. Foi disponibilizado o penetrador I-800 e em 1998 passou a ter disponível o guiamento por imagem infravermelha com o sensor Z-seeker" (Z = Zoom). Em 1998 foi iniciado o projeto AGM-142 Air Force Mission Support System (AFMSS) Weapon Planning Module (WPM). O WPM permite que o navegador-radar do B-52 planeje a missão do Have Nap junto com a missão do B-52.

Na USAF a seção de propulsão tem a designação WPU-14/B e usa a espoleta de impacto FMU-124C/B. O casulo do datalinlk é designado AN/ASW-55. O míssil se comunica com a aeronave pela interface 1760.

A versão com guiamento por TV é a AGM-142B. A versão com sensor IIR é a AGM-142B com sensor IIR. A versão equipada com a ogiva penetradora I-800 e guiamento por TV tem a designação AGM-142C e com guiamento IIR AGM-142D. A versão de treino é a ATM-142A, o míssil cativo é o CATM-142A e o de manuseio é o DATM-142A.

Popeye
O B-52 leva dois mísseis AGM-142 em um cabido e outro míssil e o casulo do datalink AN/ASW-55 em outro cabide. A bomba é controlada pelo navegador.

Popeye

Testes da Have Nap a partir de um B-52.


Popeye II Have Lite

A versão mais recente da Popeye é a Popeye 2, ou Popeye Lite ou Have Lite. A última é fabricada pela PGSUS. A designação nos EUA é AGM-142E.

A Popeye 2/Have Lite foi projetada para equipar caças monopostos para atacar alvos de alto valor em terra ou no mar, como casamatas, centros industriais, baterias de mísseis SAM, pontes e navios. Com a adição de um GPS facilitou ainda mais o uso por aeronaves monoposta. A AGM-142E introduziu o novo sensor de imagem infravermelha Z-seeker com dois campos de visão. O peso diminuiu de 1.385kg da Popeye original para 1.135kg podendo ser levada pelo F-16 abaixo do limite de 1.200kg. O comprimento foi reduzido de 4,85m pra 4,25m com um motor foguete menor.

Popeye
Imagem de um teste da AGM-142E a partir de um F-16. O disparo foi feito em 2002. A aeronave voava a Mach 0,7 a 8.700 pés. Depois do disparo o míssil voou uma trilha até o alvo guiado por GPS. A aeronave deu meia volta logo após o disparo e continuou controlando o míssil com o datalink.

Have Nap 2
Uma AGM-142E nas asas de um F-16. A imagem permite ver detalhes do sensor de TV CCD.


Popeye 3 - Popeye Turbo

O Popeye 3 ou Popeye Turbo seria a versão com propulsão a turbojato. Foi proposta em 1994 para a concorrência CASOM do Reino Unido. O Popeye 3 teria asas dobráveis e alcance de 200km. Não foi selecionado na decisão tomada em 1996.

Em maio 2000, foi anunciado a realização de vários testes secretos de mísseis cruise a partir de dois submarinos israelenses da classe Dolphin. Os mísseis seriam capazes de levar ogivas nucleares a uma distância de 1.500km. A ogiva pesaria 200kg sendo 6kg de Plutônio. A versão lançada do ar estaria disponível em 2002 com alcance de 200 a 350km. Os submarinos da classe Dolphin tem com característica a instalação de seis tubos de torpedos de 533mm e mais quatro de 650mm. Os tubos maiores seriam ideais para lançar mísseis cruise.

Popeye Turbo
Mockup do Popeye Turbo mostrada na feira aérea de Paris em 1995.

Popeye Turbo
Mockup do Popeye Turbo.
 

Usuários

A Popeye 1 se tornou operacional em Israel em 1989 nos F-15B/D e F-4E depois armando também os F-15I. Israel testou a Popeye 2 em 1994 nos seus F-16 e adquiriu em 1995.

A USAF recebeu 86 mísseis AGM-142 e quatro casulos de datalink entre 1990 a 1991 entrando em operação em 1992. A encomenda original foi de 154 mísseis seguido de mais 54 em 1996. A AGM-142 estava disponível para uso na operação Desert Storm, mas não foi usada. Motivos políticos evitaram que uma arma israelense fosse usada para atacar um país árabe. Um total de 200 mísseis foram comprados até 1995. Depois 30 sensores IIR substituíram os sensores de TV em alguns mísseis. Outros 205 mísseis foram comprados em 1998. O contrato de 250 mísseis AGM-142 para a USAF e Austrália custaram US$ 133 milhões. O substituto do AGM-142 na USAF deve ser o JASSM e foi retirado de serviço junto com outras armas sofisticadas como a GBU-15 e AGM-130 com as JDAM e JSOW sendo usadas para as mesmas funções com custo de operação bem mais baixos.

A AGM-142 participou de concorrências na Grécia (100 mísseis), Espanha e UAE. A Grécia e UAE escolheram o Scalp e a Espanha o Taurus. A Índia se interessou na compra da Popeye em 1999, mas não adquiriu a arma.

A Austrália escolheu o AGM-142E para armar seus F-111C em 1996 concorrendo com o Popeye israelense e o AGM-130. O míssil seria uma resposta a proliferação de mísseis SAMs de longo alcance na região.

Só o AGM-142 e o AGM-130 foram avaliados. As analises técnicas incluíam a integração, disparo da arma e comparação com uma arma genérica. Foram estudados cenários de sobrevivência da arma e da aeronave lançadora contra ameaças possíveis até 2010. A letalidade focava na precisão e efetividade da ogiva contra vários tipos de alvos. A efetividade determinaria o estoque de armas necessárias.

A precisão semelhante dos concorrentes acabou focando a análise de letalidade na ogiva. A AGM-142 tinha uma ogiva suficiente para a grande maioria dos alvos enquanto a AGM-130 tinha pouca vantagem adicional e com maior risco de causar dano colateral. Os australianos queriam ter duas opções de ogiva, de fragmentação e penetrador. No caso da ogiva de penetração o que mais contra é a velocidade, o ângulo de impacto e a resistência do penetrador e não o peso. O maior alcance da AGM-142 dava melhor capacidade de sobrevivência com dano aceitável. O poder de destruição da AGM-130 não compensava e assim a AGM-142 foi considerada mais custo efetiva, apesar do AGM-130 ser um pouco mais barato.

A encomenda foi de 51 mísseis do modelo AGM-142E com sensor Z-seeker e ogiva penetradora. O primeiro lote de 20 mísseis custou US$ 13 milhões. Devido a demora de integração do software o míssil só se tornou operacional em 2006. O programa Follow-On Stand-Off Weapons (FOSOW) deve substituir a AGM-142 tendo sido escolhido o míssil JASSM americano.

A Austrália pretende usar a Popeye também na função anti-navio. Comparado com o míssil Harpoon, a Popeye tem uma ogiva com o dobro da potencia e pode selecionar o ponto de impacto no local mais vulnerável como na linha d’água. O alcance é similar ao Harpoon a grande altitude e sem alerta do MAGE.

Popeye

Casulo do datalink da AGM-142 nas asas de um F-111C australiano.

Popeye
A AGM-142E pode ser levada aos pares no F-111C.

F-111C

A Austrália testou dois AGM-142E a partir do F-111C em julho de 2005. Os mísseis atingiram os alvos com sucessos.

AGM-142

Os F-111 australianos testam o uso da AGM-142 contra alvos navais.

Em 1997 a Turquia comprou 116 mísseis Popeye para armar seus F-4E Terminator modernizados. Outra fonte cita 30 Popeye 1 e 120 Popeye 2 incluindo produção local. O F-4E usa o radar EL/M-2032 com modos SAR para passar coordenadas do alvo para a Popeye.

A versão AGM-142F-2 da PGSUS foi exportada para Israel com sensor Z-seeker e penetrador I-800. A encomenda foi de 45 mísseis em 1998 e 41 no ano 2000 para armar os F-16I.

Popeye

Em 1999, a Coréia do Sul comprou as versões AGM-142G com ogiva I-800 e TV CCD baseada na AGM-142E e a AGM-142H com sensor Z-seeker.

Uso Operacional

Durante o conflito no Golfo em 1991 a USAF tinha disponível oito B-52G prontos para usar o AGM-142. Os mísseis não foram usados por ser politicamente perigoso usar uma arma israelense contra um país árabe. Suspeitasse que fizeram missões "scud hunter" a média e grande altitude. O B-52 recebeu um telescópio ótico no cabide central da asa. Depois o míssil foi adaptado para uso em seis B-52H.

Dois Have Nap foram usados na operação Allied Force 1999. A Allied Force chamou a atenção devido ao grande uso de armas de precisão, mas a AGM-142 não foi precisa e os vídeos não foram mostrados. Um navegador cita que um míssil caiu no meio do vôo. Disparou outro e também caiu no meio do vôo. O alvo era um veiculo de detecção de comunicação e foi destruído duas semanas depois por bombas guiadas a laser. Outras missões com a AGM-142 foram canceladas. Três semanas depois a AGM-142 foi testada no deserto dos EUA com novo software e conseguiu um acerto direto.

Várias AGM-142 foram usadas no Afeganistão contra alvos fortificados em dezembro de 2001.

Israel cita que o míssil tem bom desempenho. Pode ter usado durante as incursões no Líbano em 2006 e parece ter sido usada em uma incursão contra instalações nucleares secretas na Síria em 2007. Notícias da época citam que foram usadas armas de longo alcance contra um alvo que era bem defendido.

Popeye em Israel

A história do desenvolvimento da Popeye está diretamente ligada as ameaças encontradas por Israel durante os conflitos com os vizinhos e a experiência com armas equivalentes.

Em 1979 o Iraque iniciou a construção de uma usina nuclear de Osirak. Israel tentou barrar a construção diplomaticamente sem sucesso e logo passaram a estudar a sua destruição física. O ataque tinha que ser realizado antes da usina iniciar a operação com material nuclear.

Primeiro foi pensado em realizar uma incursão como a de Entebe e logo descartado devido aos riscos. Em 1979 as aeronaves disponíveis em Israel ainda não tinham alcance para atingir a usina. Os KC-130 e A-4 podiam reabastecer outras aeronaves, mas consideravam que seria perigoso realizar a operação sobre o Iraque. Os F-4E podiam disparar armas guiadas, mas não tinham alcance suficiente. Os F-15A/B Baz ainda não tinham recebido os pacotes FAST e nem tinham capacidade de disparar armas guiadas.  

Com o cancelamento da entrega dos F-16 do Irã, Israel recebeu suas encomendas mais cedo e logo aeronave foi escolhida para o ataque. Testaram a aeronave em incursões de longo alcance assim como a precisão das bombas Mk84 com modos CCIP. As armas guiadas disponíveis na época eram fracas e queriam uma arma mais potente. Os F-15 logo receberam nove conjunto FAST que podia equipar quatro aeronaves. Foram testados com duas bombas com sucesso, mas eram poucos. A maioria dos pilotos de F-15 eram ex pilotos de F-4E e todos capacitados para realizar missões de ataque.

Com o inicio da guerra Irã-Iraque, o Irã atacou a usina e logo foi defendida com mísseis SAM e artilharia antiaérea. Os F-15 foram logo escalados para fazer escolta e voaram atrás dos F-16. Um F-15B foi adaptado para operações de comando e recebeu uma antena VHF de longo alcance com um operador no assento traseiro e a antena passando por todo o cockpit.

Com o sucesso da missão os F-15A/B Baz passaram a ter capacidade ar-superfície no Esquadrão Spearhead. A aeronave tinha pontaria similar a do F-16 com modos CCIP/CCRP e melhor que a geração anterior (A-4, F-4 e Kfir). Como era bem superior na arena ar-ar, e os outros já realizavam as missões ar-supeficie, só usaram um esquadrão e mesmo assim para missões longas e contra alvos compensadores. Um F-15 também custava pelo menos quatro vezes mais caro para arriscar contra mísseis SAM e artilharia antiaérea.

Com a demonstração da superioridade do F-15 e F-16 contra os MiGs árabes e das táticas de supressão de defesas contra sistemas de defesa aérea integrada demonstradas na batalha do vale do Bekaa, os árabes passaram a investir em mísseis superfície-superfície. A síria chegou a comprar mísseis SA-5 de longo alcance para reforçar suas defesas.

Com esta nova ameaça Israel passou a dividir a ameaça em círculos concêntricos. A ameaça mais próxima eram os países com fronteira direta. O próximo circulo seriam países com um país como barreiras e o mais distante seriam países com mais de um país como barreira. A ameaça de mísseis superfície-superfície evitou a necessidade de fronteira direta para realizar um ataque e resultou na necessidade de uma capacidade de ataque de longo alcance e o F-15 Baz foi a resposta imediata. Passaram a ser apoiados pelos Boeing 707 adaptados para realizar reabastecimento em vôo e receberam óculos de visão noturna. O F-15 do Esquadrão Speahead foram armados com bombas GBU-15 e os F-15 do esquadrão Double Tail foram adaptados para realizar reconhecimento de longo alcance.

Em 1991 Saddam Hussein identificou Israel como sendo o ponto fraco da coalizão e tentou atacá-lo para entrar em guerra e desmanchar a coalizão. Se Israel reagisse os países árabes iriam tirar o apoio aos EUA. Israel logo preparou a força de F-15 Baz para o contra ataque. Fariam "Scud Hunter". Israel temiam um ataque de mísseis Scud seguido de aeronaves Su-24 armados com armas químicas e as patrulhas de combate aéreo aumentaram. O esquadrão Spearhead estava pronto para retaliar e em uma ocasião quase decolaram.

Saddam lançou 40 mísseis Scud entre os dias 19 a 25 de janeiro e a coalizão enviou baterias de mísseis Patriot para proteger. Depois os ataques diminuíram. Foram 200 feridos e um morto, além de outro que sofreu um ataque cardíaco e um sufocado com mascara anti-gás.

A dificuldade da coalizão em encontrar e destruir os lançador Scud levou os vizinhos de Israel a investir neste tipo de armas. Assim, Israel foi forçado a investir em sistemas defensivos e ofensivos contra este tipo de armas. Os F-15 logo foram pensados em voar patrulhas de combate aéreo em locais de disparo atacando os mísseis logo após serem disparados. Primeiro Israel precisava modificar o radar e as armas para engajar alvos acelerando na vertical. Estudos da época mostrou ser viável. Depois pensado em usar aeronaves não tripuladas de longo alcance e grande altitude (classe HALE) armados com mísseis.

Os F-15B/D foram modificados para disparar os mísseis Popeye contra centros de comando, instalações e bases de mísseis. O alcance era bem maior que o da GBU-15 já em uso. O programa de integração foi iniciado em 1987 e acelerado após a guerra do Golfo em 1991.

Em 1993 Israel iniciou um programa para aquisição de um caça de logo alcance multifuncional para liberar os outros F-15 para as missões ar-ar. Queriam comprar o suficiente para dois esquadrões. Os F-16 e F/A-18 concorreram e não eram desejáveis devido ao alcance modesto. O F-15E mostrou ser bem mais adequado, mas não podia ser exportado. Os EUA acabaram liberando uma versão menos sofisticada e mostrou ser capaz de atuar a noite, mau tempo e longo alcance, sendo fácil de integrar com armas avançadas.

Devido ao preço só poderia equipar um esquadrão. O orçamento de US$ 1,8 bilhões da época cobria a compra de 55 caças F-16C/D ou 45 caças F/A-18 e apenas 28 caças F-15E. Foi estudado uma compra mista de 10 caças F-15E e outro esquadrão de F-16 ou F/A-18. Sem a previsão de comprar mais aeronaves ficaram só com o F-15E. A liberação de 50 caças F-16A/B usados reforçou a compra só de F-15E.

A Força Aérea de Israel continuou a procura de outras opções. A Lockheed Martin propôs o F-16ES (Enhanced Strategic) equipado com tanques conformais (CFT). Outra proposta foi a compra de dois esquadrões de F-16C/D e um esquadrão de F-111F por bem menos de US$ 1,8 bilhões no lugar de F-15E e F-16A/B usados. Os estudos mostraram que o F-111F tinha uma capacidade impressionante, mas não tinha capacidade qualquer tempo verdadeira e sem a capacidade ar-ar do F-15. A manutenção de itens obsoletos seria um pesadelo. No final a compra do F-15I foi aprovada em janeiro de 1994 por US$ 2 bilhões para compra de 21 aeronaves. Em dezembro de 1995 foi realizada a compra de mais quatro aeronaves por US$ 253 milhões. A aeronave foi chamada localmente de Raam (trovão) para enfatizar a diferença com os modelos F-15A/B/C/D.

O F-15I recebeu novas armas, sistemas de guerra eletrônica e de Comando & Controle. Os sistemas C2 consistia em quatro rádios de curto e longo alcance com comunicações segura e um datalink da Rafael. Os sistema de guerra eletrônica eram sistemas passivos e ativos da Elisra. O piloto e navegador receberam capacete DASH e vários tipos de armas guiadas. O F-15I foi entregue em 1998 e entrou em combate já em janeiro de 1999 no Líbano. Em um ataque em 24 de junho de 199 duas pontes foram destruídas a noite pela mesma aeronave armada com quatro bombas GBU-10. O próximo passo foi a compra de caças F-16I e chegou a pensar em comprar mais F-15I e ainda pode ser uma opção caso o programa F-35 JSF sofra atrasos.

Popeye
Um F-15D se preparam para decolar armados com os mísseis Popeye em uma configuração assimétrica. O casulo do datalink pode ser visível na fuselagem. A Popeye é a arma preferida dos F-15 Baz, F-15I Raam e F-4E após 1986.

 

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