PROGRAMAS DE MODERNIZAÇÃO DE SOLDADOS

PARTE 2 – ARMAMENTOS

por Alexandre Beraldi

Neste tópico abordaremos a evolução do armamento de emprego individual e coletivo nos anos recentes e sua aplicabilidade nos Programas de Modernização de Soldados. Focaremos nosso estudo inicialmente nas armas já em produção, em dotação ou em estágio avançado de testes junto à tropa, reservando um título à parte, ao final, para os projetos e conceitos em desenvolvimento.


Extrato de uma apresentação do US Army, com a demonstração da evolução pretendia dos armamentos em dotação naquela força.

Desta forma, dividiremos o estudo nos seguintes subtítulos:

-        Fuzis de Assalto

-        Metralhadoras Leves

-        Armas de Emprego Coletivo e Fuzis de Precisão

-        Armas de Defesa Pessoal (PDW)

-        Armas do Futuro

INTRODUÇÃO

O Armamento e sua distribuição nas Organizações Militares

Antes de falarmos sobre o armamento em si, faz-se necessária uma breve explicação sobre a organização das Unidades Militares e a distribuição dos vários tipos de armamentos pela tropa. Isto ocorre porque por vezes sou abordado com perguntas do tipo: Por que existem metralhadoras leves, médias e pesadas? Não seria melhor se fossem adotadas somente metralhadoras leves? Por que todo o soldado não leva um lançador de granadas? Ou ainda, por que quando vejo os soldados norte-americanos na televisão eles não estão todos com fuzis M-16? O fato de haver várias armas não traz problemas logísticos? De fato a respostas para estas perguntas demandam uma explicação mais pormenorizada de doutrina e tática de emprego das pequenas unidades militares, técnicas e táticas de assalto de posições inimigas, bem como defesa de posições. De forma resumida, temos que o armamento de dotação de pequenas unidades militares deve garantir a maior versatilidade possível para possibilitar o cumprimento de toda e qualquer missão ofensiva ou defensiva imaginável, na medida em que o campo de batalha é cheio de surpresas e a variedade de alvos é enorme, sendo que as unidades podem passar de ações ofensivas para as defensivas num piscar de olhos, e vice-versa, por isso mesmo fazendo-se necessário material que possa satisfazer esta demanda. Uma breve explicação sobre a organização das Unidades Militares e uma visão superficial do armamento empregado pode ajudar a esclarecer estas dúvidas.

Nas diversas forças armadas do mundo, os exércitos tendem a seguir um mesmo padrão de organização, variando apenas no que diz respeito ao número de determinadas unidades e ao efetivo que as compõe. Quanto à área operacional, de forma bem genérica, um Exército normalmente divide-se em Divisões, que se subdividem em Brigadas, as quais são compostas por diversas Unidades específicas, denominadas Batalhões, Grupos ou Regimentos, que podem ser de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Comunicações, Engenharia, Intendência, Comando, etc., ou seja, são de uma Arma ou Serviço específico. Estas Unidades, por sua vez, dividem-se em Companhias ou Esquadrões, os quais se subdividem em Pelotões, que podem ainda se desdobrar em Grupos de Combate e Escalões. O Exército Brasileiro adota mais ou menos este padrão, assim como o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. Como tentar esmiuçar a organização e dotação de armamento de uma diversidade e complexidade tão grande de Unidades é trabalho suficiente para um Doutorado, e está longe do que nos propomos aqui, vamos focar especificamente no Pelotão de Infantaria.

O Pelotão de Infantaria analisado terá uma organização genérica proposta pelo autor, haja vista que mesmo em nossas FFAA a organização dos Pelotões de Infantaria varia de acordo com a Unidade a que está relacionado, se de Selva, Aeromóvel, Blindado, etc., cada um com seu efetivo e desdobramento peculiares.

Estas variações também ocorrem com outras Forças Armadas, como as dos EUA, onde um Pelotão de Infantaria simples, Aeromóvel ou Pára-quedista é composto de três “Squads” (Grupos de Combate) de oito cabos e soldados chefiados por um Sargento, com mais um “Weapons Squad” (Grupo de Armas de Apoio) de oito homens operando duas metralhadoras médias e dois lança-mísseis anti-carro, chefiados também por um Sargento, e um “HQ Squad” (Grupo de Comando) com três homens, sendo um Oficial Comandante, um Sargento Auxiliar e um Operador de Rádio, num total de 39 homens.  Já um Pelotão de Infantaria “Ranger” troca o “Weapons Squad” de nove homens acima mencionado por um “Machine Gun Squad” (Grupo de Metralhadoras) com nove homens operando três metralhadoras médias, chefiados por um Sargento, elevando o efetivo total do Pelotão para 40 homens. Enquanto isso, o Pelotão de Infantaria Leve não tem um “Weapons Squad” e nem um “Machine Gun Squad” à parte, ao invés disso ele integra quatro homens operando duas metralhadoras médias no “HQ Squad”, totalizando assim 34 homens.

A gama de possibilidades explorada pelos Exércitos é enorme e por si só merecedora de uma análise à parte, mas com certeza a organização adotada por nossas FFAA é aquela que se mostrou mais eficaz e mais compatível com o terreno e os meios de transporte utilizados no cenário nacional, levando-se em conta, por exemplo, o número de assentos disponíveis nos Pantera, Cougar, M-113 e Urutus, bem como o número de veículos existentes em cada Pelotão ou Esquadrilha, sendo estes os fatores primários para planejamento de tal organização.

O Pelotão de Infantaria e seu Armamento

Nosso Pelotão de Infantaria tem a seguinte organização:


O Grupo de Comando é composto por seis homens, sendo um Oficial Comandante de Pelotão, um Sargento Auxiliar que é seu Subcomandante, um Cabo Rádio-Operador que é o responsável pelo estabelecimento de comunicações com os outros pelotões e com o Comando da Companhia ou do Batalhão, um Sargento “Caçador” que, juntamente com seu Cabo Observador, exercem as funções de equipe “Sniper” do Pelotão e Observador Avançado para o Grupo de Morteiros integrante do Pelotão de Armas de Apoio da Companhia, bem como para o Pelotão de Morteiros do Batalhão, e, por fim, um Sargento Enfermeiro, responsável pelo tratamento e evacuação de feridos. Os três primeiros combatentes são armados com Fuzil de Assalto, ao passo que o Caçador é armado com um fuzil apropriado para tiros de precisão, e seu Observador, que é responsável por sua cobertura e proteção, com uma Metralhadora Leve. O Sargento Enfermeiro também leva um Fuzil de Assalto.

O uso de pistolas ou de outras armas de defesa pessoal (PDW) por parte do Comandante de Pelotão e seus Sargentos, no Exército Brasileiro, merece ser ponderado. O porte de uma pistola num coldre de cintura ou do tipo alongado é um fator que denuncia seu usuário como alguém de importância hierárquica ou funcional para os “Snipers” inimigos, tornando-se assim um alvo prioritário em meio à tropa. No Exército Norte-Americano, qualquer combatente, de Soldado a General, pode adquirir por meios próprios e portar sua pistola em combate, desde que esta atenda a certos requisitos, como a padronização de calibre, por exemplo. Isto torna a identificação dos Comandantes, por parte dos Caçadores inimigos, uma tarefa mais complexa, deixando a pistola de ser um “dedo duro”, como também o é a submetralhadora MT-12, que é a arma de dotação dos Graduados em muitas unidades de Infantaria. A realidade Norte-Americana no tocante ao uso de pistolas, acima mencionada, é, contudo, inimaginavelmente distante da nossa, principalmente quando levamos em consideração o atual Estatuto do Desarmamento (do Cidadão, e não dos bandidos), o que lamentavelmente reduz a possibilidade de demanda de produtos de empresas nacionais de material bélico, como a IMBEL e a TAURUS, as quais vir-se-iam extremamente beneficiadas caso todos os combatentes do efetivo fixo das FFAA pudessem ter e portar suas pistolas. É válido também considerarmos que caso se utilize uma veste de combate para portar a arma, que ficaria assim oculta entre outros equipamentos, tal problema é reduzido.

Outro aspecto importante a ser considerado, no tocante ao uso de pistolas, é que nos exércitos mais avançados o operador de Metralhadora Leve ou de Metralhadora Média porta pistola. Isto se deve ao fato de sua arma principal ter alimentação por cinta de elos metálicos, o que torna seu remuniciamento um pouco mais lento do que aquelas armas que utilizam carregadores destacáveis, fazendo com que seus operadores, peças chave para a superioridade de fogo, fiquem mais vulneráveis ao inimigo durante combates aproximados, como os em ambiente urbano ou de selva. É justamente para minimizar esta fraqueza que eles são dotados de pistolas: para terem a possibilidade de se defenderem enquanto municiam suas armas. Como o fato de operarem as metralhadoras já os torna alvos prioritários dos Caçadores inimigos, o porte da pistola não muda em nada sua situação no tocante a este aspecto. É definitivamente uma medida a ser considerada por nossas FFAA.


O Grupo de Combate é composto por nove homens, existindo três Grupos de Combate por Pelotão de Infantaria. Integram-no o Sargento Comandante de Grupo, dois Cabos, que são os Comandantes dos Escalões em que se subdivide o Grupo de Combate, dois Soldados Fuzileiros, dois Soldados Granadeiros e dois Soldados Metralhadores. Todos são armados de Fuzil de Assalto, à exceção dos Soldados Metralhadores, que são armados com Metralhadoras Leves. Cada um dos Soldados Granadeiros têm um lançador de granadas acoplado sob o cano de seu fuzil. Um dos Cabos é responsável por manejar um Canhão Sem Recuo, cabendo ao Soldado Fuzileiro de seu Escalão o transporte da munição para o mesmo. No outro Escalão, o Cabo e o Soldado Fuzileiro que o acompanha portam, cada um, além de seu fuzil, uma Arma Leve Anti-Carro e cargas explosivas de ação horizontal.

 

O Grupo de Armas de Apoio é constituído por nove homens, sendo um Sargento Comandante, dois Cabos Metralhadores, dois Cabos Atiradores de Arma Anti-Carro e quatro Soldados Municiadores. O Sargento Comandante, os Cabos Atiradores de Arma Anti-Carro e todos os Soldados Municiadores são armados de Fuzil de Assalto. Os Cabos Metralhadores portam as Metralhadoras Médias. Dois dos Soldados Municiadores transportam munição reserva para as Metralhadoras Médias, os outros dois transportando cargas reserva (mísseis) para as Armas Anti-Carro. Esta é a configuração para o caso de transporte de Armas Anti-Carro de peso médio, tais como o europeu MILAN 3 da EADS, ou o israelense GILL da Rafael. No caso de uso de Armas Anti-Carro mais pesadas, tais como o brasileiro MSS 1.2 da Mectron, ou o russo KORNET da KBP, apenas um posto de tiro pode ser transportado, dado o maior peso de seus componentes e do míssil em si. Assim, um dos Cabos Atiradores de Arma AC é suprimido, entrando em seu lugar um outro Soldado Municiador, que ajuda no transporte do material.

 

O Escalão de Combate é a menor unidade militar capaz de ser destacada e agir como um grupo coordenado, sendo o resultado da subdivisão de um Grupo de Combate. Sua composição é claramente mostrada acima.

O exemplo de um Pelotão de Infantaria mostrado anteriormente corresponde àquilo que pode ser esperado de um Exército de primeira linha, podendo ser considerado superdimensionado por algumas FFAA de países em desenvolvimento, mas também como o mínimo necessário por aqueles que já combateram em conflitos recentes. O que importa é que ele claramente dá uma idéia da enorme variedade e quantidade de armamentos necessários para sua dotação, de acordo com a missão ou tarefa desempenhada por cada combatente dentro de seu grupo, sem mencionar os diversos outros equipamentos necessários e que não foram ainda mencionados neste capítulo, mas o serão em capítulos posteriores, tais como: rádios transceptores criptografados para o Rádio-Operador e para o Observador, rádios transceptores de curto alcance (HT) para todos os integrantes do Pelotão, Óculos de Visão Noturna (OVN) para a maioria dos integrantes, Lunetas de Tiro com ampliação de Luz Residual para os Metralhadores, Apontadores Laser para tiro noturno com as armas, Binóculos Estabilizados com telêmetro e designador laser, aparelhos de GPS, entre outros.

É claro que o modelo demonstrado não tem a pretensão de ser um padrão a ser adotado, mesmo porque o cenário e o ambiente, além da missão, podem influir na composição de armas e homens. Por exemplo: num ambiente de selva, as Armas Anti-Carro do Grupo de Armas de Apoio poderiam ser substituídas por mísseis terra-ar do tipo IGLA, as equipes das Metralhadoras Médias poderiam ser substituídas por uma equipe de Lançador Automático de Granadas de 40mm, ou ainda todo o Grupo de Armas de Apoio ser constituído por uma equipe de Lançador Automático de Granadas e por uma equipe de Metralhadora pesada calibre .50, entre outras inúmeras possibilidades. Vale salientar que tal configuração foi idealizada visando sua melhor adaptação às tarefas da Infantaria Motorizada, Blindada, Pára-quedista, de Selva ou Aeromóvel, na medida em que cada Pelotão pode ser facilmente transportável por:

-        Duas viaturas MB1720A, do tipo caminhão;

-        Quatro Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) dos modelos M-113, Urutu ou Patria AMV;

-        Uma aeronave C-295M (um Pelotão Pára-quedista);

-        Duas Lanchas de Assalto CB90H;

-        Duas aeronaves HM-3 Cougar ou três aeronaves HM-2 Black Hawk.

Passemos então para a análise dos armamentos em si.


FUZIS DE ASSALTO

Os Russos

Os russos estiveram envolvidos na guerra do Afeganistão de 1979 a 1989, período este em que muita experiência foi ganha, e muitas lições foram aprendidas. As táticas e técnicas de combate foram refinadas para adaptarem-se ao combate moderno, e o armamento foi melhorado. O resultado destas melhorias, no campo do armamento individual para o Infante, foi a criação do Avtomat Nikonova-94, o AN-94, no calibre 5,45x39mm. Enquanto o fuzil AK-74M continua sendo o fuzil padrão da maioria das unidades do exército Russo, a realidade é que o AN-94 já começou a substituí-lo, estando em uso nas unidades de Forças Especiais (Spetsnaz) e junto às tropas do Ministério do Interior, desde o ano de 1994, ano este em que foi inicialmente adotado, sendo que sua versão atual entrou em produção seriada no ano de 1998, na fábrica Izhevsk, que produz as versões modernizadas da conhecida família AK.


Fuzil AN-94 com coronha estendida, vista do lado direito. Note a construção toda em polímero.

A busca pelo AN-94 começou nos idos de 1960, com a insatisfação dos soviéticos com o AKM que, apesar de ser extremamente robusto e confiável, era difícil de ser controlado pelos conscritos, principalmente quando disparado em fogo automático semi-visado, método de tiro base da doutrina de emprego daquele exército, em oposição ao tiro intermitente visado da doutrina ocidental. Eles passaram então a buscar um fuzil mais leve, mais controlável e que disparasse uma munição de pequeno calibre, alta velocidade e baixo recuo.

A história da evolução que levou a esta arma é extremamente longa e cheia de reveses, interesses políticos e vaidades (algo como nosso programa FX) mas, como resumo, temos que no final dos anos 70 o exército russo abriu uma competição denominada Abakan, que levaria ao substituto do AK-74, fuzil que estava acabando de entrar em serviço naquele país, sendo que os principais requisitos que a nova arma deveria atingir eram: melhora na eficiência de 150 a 200% em relação ao AK-74, com menos recuo e maior confiabilidade. Qualquer pessoa que já teve a oportunidade de disparar com um AK-74 e é conhecedora da controlabilidade e rusticidade desta arma sabe o quão difícil é atingir tal meta, mas assim o foi.


Fuzil AN-94 com coronha estendida, vista ao lado esquerdo. Note o seletor de tiro sobre a empunhadura e logo atrás do gatilho, na posição em que é encontrado no fuzil israelense Galil.

 

O arma resultante foi um fuzil de mecanismo completamente inovador e sem similar no ocidente, que produz um resultado semelhante ao Heckler & Koch G11: fogo intermitente, fogo automático com uma cadência teórica de 600 disparos por minuto e fogo automático controlado de dois tiros (burst) com uma cadência teórica de 1800 tiros por minuto!

 
Vista do lado direito do fuzil AN-94, com coronha rebatida. Apesar da aparência, ela não interfere com o gatilho.

É justamente neste sistema de funcionamento, chamado de “blow back shifted pulse (BBSP)” ou, tentando traduzir, funcionamento “por recuo com pulso invertido”, que está a mágica do sistema: no modo intermitente e no automático a arma funciona de forma tradicional, como a maioria dos fuzis de assalto, ou seja, a munição é disparada, os gases são desviados por um evento no final do cano, que direciona-os para um pistão, que faz recuar o mecanismo do ferrolho, destrancando-o e levando-o até o final de seu curso, quando então a cápsula é ejetada e, no movimento à frente, uma nova munição é coletada do carregador, entra na câmara e o ferrolho se fecha atrás dela, girando e trancando, ficando pronto para um novo disparo.


Fuzil AN-94 desmontado. Note a roldana e o cabo de aço que fazem a “mágica” do sistema. A pequena e achatada peça cinza a que o cabo se prende, próxima da câmara de disparo, é a bandeja que faz a alimentação intermediária. Com toda tecnologia e inovação, o número de peças ainda é extremamente reduzido, próximo ao número que compõe o nosso FAL.

Já no modo de “burst” de dois tiros, a coisa é diferente: ao disparar, todo o mecanismo (ferrolho, caixa de culatra e cano) começa a recuar dentro de uma segunda caixa de culatra, que é a externa. Quando o projétil passa pelo evento, os gases são direcionados para o pistão, que começa a recuar, destravando o ferrolho, que por sua vez extrai a cápsula da câmara. Só que, neste momento, uma bandeja acionada por um cabo de aço conectado ao ferrolho, segue em frente, passa sobre o carregador, coleta e coloca uma nova munição na entrada da câmara, ao mesmo tempo em que a anterior é ejetada. O ferrolho volta à frente e a bandeja para trás, trancando sobre a nova munição, e um novo disparo é feito. Só que, enquanto tudo isso ocorreu (em milésimos de segundo) o mecanismo todo ainda está recuando dentro da caixa de culatra! Após o segundo disparo, o mecanismo chega ao final de seu curso e, sob a força de uma mola recuperadora, volta à posição inicial, enquanto ejeta a cápsula deste segundo disparo e realimenta a câmara com uma nova munição. O resultado é bem simples: os dois projéteis resultantes dos disparos deixam o cano antes do recuo atingir o ombro do atirador, saindo praticamente um atrás do outro, sem desvio algum! É tão rápido que, para quem está olhando e ouvindo, parece que apenas um tiro foi dado. Cabe salientar que, com o seletor de tiro em fogo automático, os dois primeiros disparos são feitos à cadência de 1800 TPM e, do terceiro em diante, à 600 TPM.

Na prática, o agrupamento dos projéteis a uma distância de 100 m pode ser coberto pela palma de uma mão. A vantagem em distâncias maiores é óbvia e comprovada: a probabilidade de acerto em um alvo móvel a 300 m é 200% maior que aquela utilizando um fuzil convencional. Um efeito colateral e benéfico é a maior capacidade de incapacitação do alvo: se este está sem colete balístico o poder de parada é o dobro, pois dois projéteis atingem o alvo de forma quase simultânea.

 
Fuzil AN-94 com lançador de granadas de 40mm GP-25 acoplado sob o cano.

Se o alvo está usando uma veste com placa de cerâmica, capaz de deter munição de fuzis, ainda assim pode ser colocado fora de combate em distâncias de até aproximadamente 100m. Explico: ao impactar no colete balístico, o primeiro projétil fragmenta uma porção da placa cerâmica, sendo seus resíduos e os da placa detidos pela camada de Kevlar ou material similar que compõe a parte flexível do colete. Mas, na seqüência, quando o tecido balístico da veste ainda está sob o efeito de “cama elástica” detendo os fragmentos do primeiro impacto, o segundo projétil impacta numa porção já fragilizada da placa de cerâmica, por vir quase que imediatamente atrás do primeiro, passando praticamente ileso por esta, atingindo o tecido balístico em uma situação de estresse máximo do material que, por si só, não é capaz de detê-lo, resultando na fácil perfuração da veste e na incapacitação do combatente.

A parte de todas estas inovações em termos de sistema de funcionamento, o fuzil é relativamente convencional: é construído com toda sua estrutura principal e guarnições em polímero, ao passo que o mecanismo, cano e peças menores são feitos em aço. Utiliza um sistema de trancamento por ferrolho rotativo e configuração dita convencional, com carregador na frente do grupo do gatilho e coronha dobrável. Possui miras mecânicas, com alça de mira em formato de asterisco, com posições para 200-300, 400, 500, 600 e 700m, e massa de mira regulável na vertical e horizontal para “zerar” a arma. A posição de 200-300m da alça, bem como a massa de mira, possuem cápsulas de trítio para permitir o enquadramento de miras à noite ou em condições de baixa visibilidade.


Vista do fuzil AN-94 com um visor intensificador de luz residual dotado de trilho de adaptação integral, e mais uma série de acessórios.

Além dos tradicionais bandoleira, reforçador de tiro de festim e baioneta, esta última com a peculiaridade de ser afixada na lateral da peça que funciona como quebra-chamas e compensador de tiro, a fim de evitar a interferência com o uso do lançador de granadas acoplado sob o cano, outros acessórios que podem ser adaptados à arma são: visores noturnos, miras de ponto vermelho, lunetas e miras laser, todos acoplados ao trilho universal existente na lateral esquerda da arma, que permite por várias vezes a afixação e remoção dos equipamentos óticos, sem que seja necessário ajustá-los novamente à arma.


Vista da alça de mira em formato de asterisco. Os dois buracos na parte superior de uma das aletas são destinados à inserção das cápsulas de trítio para tiro noturno. É justamente esta aleta a da posição de 200-300m. Note que a arma esta ajustada para disparo a 400m, como denota o nº 4 que está gravado na aleta do asterisco que se encontra em posição de uso.


Vista do compensador e quebra-chamas do fuzil. Observe, logo atrás do mesmo, o trilho por onde corre o cano quando este recua juntamente com todo o mecanismo da arma. O resultado é a completa ausência de recuo, mesmo em fogo totalmente automático. De fato, a arma atira como uma carabina calibre .22 LR. Note também as duas elevações sobre a proteção da massa de mira, nas quais são inseridas as cápsulas de trítio. O botão arredondado, na lateral da estrutura, é para a regulagem horizontal da massa de mira, e o engate em forma de “T”, logo abaixo, é para a fixação da baioneta.

Um outro acessório interessante é o novo carregador para 60 cartuchos: ele é, à primeira vista, completamente convencional, com o mesmo formato, curvatura e comprimento que o carregador padrão de 30 cartuchos, mas sua espessura é 50% maior pois, ao invés de ser bifilar, ele é quadrifilar.


Fuzil AN-94 com lançador de granadas e baioneta acoplados. Note como a baioneta, afixada horizontalmente na lateral do cano, não interfere com o lançador de granadas.

O desenvolvimento desta arma continua: já está em testes uma versão em calibre 6mm, mais potente, para substituir a atual munição 5,45x39mm 5N7 atualmente em uso nas Forças Armadas Russas, bem como as versões encurtada, para uso por guarnições de viaturas e tropas especiais, e metralhadora leve, para apoio de fogo dos escalões do grupo de combate.


Outra engenhosidade da arma: o seletor de tiro é acionado pelo polegar, tendo as posições intermitente (1), burst (2) e automático (AB). Já a trava de segurança é um botão independente, sendo acionado pelo dedo indicador: é a peça prateada em formato de semi-círculo, à frente do gatilho. A vantagem tática é que o fuzil pode ser mantido em regime de fogo automático e ser rapidamente destravado por um leve toque do indicador, sem a necessidade de fazer aquela enorme volta de 180º no seletor de tiro, característica de nossos FAL e MD-97. O resultado é a maior rapidez numa eventual reação à emboscada em meio à selva, onde o único remédio imediato é retornar o maior volume de fogo possível.


Esta foto, de uma submetralhadora italiana SPECTRE M4, foi inserida apenas para ilustrar como é o design de um carregador quadrifilar. Note que inicialmente ele é bifilar, tornando-se quadrifilar após alguns centímetros. Este espaço inicial em que ele é mais estreito que é inserido na arma, como pode ser observado. O carregador do fuzil AN-94 segue exatamente o mesmo princípio. (Foto: www.world.guns.ru)

Os Americanos

XM-8

O fuzil XM-8 já foi objeto de uma pequena exposição na matéria em que comentei o fuzil IMBEL MD-97. Trata-se da provável nova arma de dotação do Exército Norte-Americano. Os Marines e a Força Aérea daquele país afirmaram oficialmente que pretendem continuar com as versões atualizadas de suas armas atuais, sendo os fuzileiros com o M-16 A3 e a carabina M-4 A1, e a Arma Aérea com o M-4. Na realidade é tão somente uma tática de economia: eles esperarão o US Army desenvolver, testar, adotar e produzir os lotes iniciais da nova arma, para então adquiri-lo, sem arcar com os custos e percalços das fases anteriores, nem comprometer seus orçamentos de desenvolvimento de tecnologias com o fuzil, haja vista que cada Força tem a sua própria verba para pesquisa e desenvolvimento. É exatamente o que os Marines fizeram com o Carro de Combate M1 Abrams: mantiveram seus M-60A3 em serviço até que o Exército solucionasse todos os “bugs” da nova arma, quando então compraram a versão já melhorada, o M1A1.

Fuzil Heckler & Koch XM-8 em sua versão mais atual, com todos os melhoramentos incorporados após os testes de campo com tropas do US Army. Esta arma vai ser distribuída neste ano de 2005 para uma das Brigadas Stryker atualmente em operação no Iraque, para testes em combate real antes de sua adoção oficial. Uma das maiores vantagens da nova arma sobre a família M-16, além da maior confiabilidade e menor peso, é o preço: custa atualmente US$ 600,00, com previsão para custar US$ 450,00 quando produzido em massa, ao passo que uma Carabina M-4 A1 equipada de forma similar, com visor ótico de ponto vermelho Aimpoint M68, mira laser AN/PEQ-2A e sistema de trilhos R.I.S para incorporar estes acessórios, chega a custar US$ 1050,00.

A adoção de uma arma não americana pelos EUA é sempre motivo de polêmica, vide os casos da pistola Beretta, do caça Harrier e da metralhadora FN MAG, mas desta vez os americanos parecem estar completamente decididos, pois os aspectos positivos são realmente inegáveis. A Heckler & Koch já montou uma fábrica em território norte-americano no ano passado e agora associou-se à gigante americana General Dynamics para produzir a arma. O único ponto de controvérsia que persiste é a questão do calibre. Alguns segmentos do exército querem aproveitar a mudança do armamento para introduzir um novo calibre, uma munição intermediária entre o 5,56x45 OTAN utilizado nas armas da família M-16, entre outras, e o 7,62x51mm OTAN utilizado nas metralhadoras M-240 (a nossa MAG) e nos fuzis “Sniper”: buscam uma munição que seja leve, compacta e de baixo recuo como a primeira, e potente e com longo alcance como a segunda. O motivo é que alguns informes vindos do Afeganistão diziam que a munição 5,56 deixou a desejar, tendo dificuldade em abater os guerrilheiros afegãos com um só disparo nas longas distâncias características do combate de montanha travado naquela região.


Duas versões do fuzil XM-8: o soldado ajoelhado dispara o fuzil tamanho “padrão” com um lançador de granadas XM-320 acoplado sob o cano. O soldado deitado utiliza uma versão de cano alongado, destinada aos “Designated Marksman”, que numa tradução livre significa “Atirador de Escol”, uma função que está sendo atribuída a pelo menos um dos Soldados Fuzileiros de cada um dos Grupos de Combate dos Pelotões de Infantaria dos Exércitos Norte-Americano, Israelense e Britânico. Este soldado é o melhor atirador do GC e, juntamente com o Soldado Metralhador, teria a função de atingir os alvos de valor a uma maior distância, enquanto o GC avança no terreno. Quanto ao lançador de granadas mostrado, nada mais é que uma versão “made in USA” do Heckler & Kock AG36, em dotação nos Exércitos Alemão, Espanhol e Inglês: no caso dos dois primeiros países adaptado ao fuzil H&K G36 e, no Exército Britânico, adaptado ao fuzil SA80A1. Ele tem por finalidade substituir o antiquado M-203 PI, sendo sua principal vantagem o fato de abrir-se para o municiamento basculando o cano para o lado, ao invés de deslizá-lo para frente como o M-203: isto permite que munições de 40mm de maior comprimento possam ser utilizadas, tal como a nova granada com ogiva termobárica, bem mais comprida que a tradicional alto-explosivo.  Outras vantagens são o fato de ser bem mais leve e confiável, por ser construído em plástico e aço, e o fato de utilizar um mecanismo de disparo de ação dupla, que garante muito mais segurança ao atirador – e àqueles que estão à sua volta.


D
a esquerda para a direita: munição 6,5x39mm Grendel, munição 5,56x45mm OTAN e munição 6,8x43mm SPC.


Na seqüência: munição .30-30, munição 6,8x43mm SPC, munição 7,62x51mm OTAN e munição 5,56x45mm OTAN.

A vantagem da munição é que os mesmos carregadores padrão M-16 podem ser utilizados, bastando uma troca do cano e da cabeça de trancamento do ferrolho para converter a arma de 5,56x45mm OTAN para o 6,8x43mm SPC. A balística é similar à da munição .30-30, com poder de parada calculado como sendo 50% maior que o da munição 5,56 OTAN. A Barrett, que produz os fuzis “Sniper” calibre .50 para as FFAA dos EUA e de diversos outros países, já está produzindo um kit de conversão para os M-4 e M-16, que os transforma para o novo calibre, havendo notícias que o USSOCOM (United States Special Operations Command, ou Comando de Operações Especiais dos EUA) havia comprado, nos anos de 2003 e 2004, algumas centenas destes kits.


Ao lado: versão compacta do fuzil XM-8. Este modelo está com uma capa de caixa da culatra, não tendo uma coronha. A capa da caixa de culatra pode ser substituída por uma coronha retrátil estilo H&K MP-5, ou por uma coronha dobrável estilo H&K G36 ou Para-Fal. Pode ainda utilizar uma coronha fixa com comprimento ajustável. A versão da foto destina-se ao uso por tripulação de aeronaves e blindados.


Folder da Heckler & Koch USA mostrando todas as opções do fuzil XM-8, de cima para baixo: fuzil convencional, fuzil com lançador de granadas, o fuzil compacto descrito na ilustração anterior, fuzil para Atiradores de Escol e fuzil automático pesado, semelhante ao nosso FAP, para cumprir as funções de Metralhadora Leve nos GC. No quadro ao lado, todos os acessórios que proporcionam a modularidade da arma.


Outra Foto da versão compacta do fuzil XM-8, mas desta vez com coronha fixa com regulagem de comprimento.


Soldado Norte-Americano avalia o fuzil XM-8.


As munições mais cotadas para isso eram, inicialmente, a 6,5x39mm Grendel e a 6,8x43mm Special Purpose Cartridge. Posteriormente focou-se na 6,8mm SPC, sendo que alguns Fuzis M-4 A1 das Forças Especiais foram modificados para calçar o novo calibre e utilizados em combate no Afeganistão e no Iraque, obtendo resultados promissores.

Há notícias sendo veiculadas de que, em dezembro de 2004, uma versão em calibre 6,8x43mm do XM-8 começou a ser avaliada pela tropa do US Army, somente em treinamentos.

Começaram também os testes com a nova munição 5,56x45mm OTAN com cápsula de polímero, que reduz em até 30% o peso da munição transportada e ainda evita o problema de disparo espontâneo devido ao superaquecimento do cano da arma, conhecido como “Cook Off”.

Na realidade a cápsula toda não é em polímero, e sim a maior parte de seu corpo, sendo a base do cartucho e o culote no tradicional cobre. A munição já é vendida comercialmente nos EUA, sendo mais barata que a convencional, com cápsula inteiramente de cobre. A única desvantagem é que não pode ser recarregada.


Aspecto da munição com cápsula de polímero: pode ser produzida em diversas cores.


Embalagem da munição com cápsula de polímero vendida pela Natec no mercado norte-americano.


Cinta de elos metálicos para alimentar a Metralhadora Leve FN Minimi: o cofre de 200 cartuchos que normalmente pesa 3,25 kg passa a pesar 2,5 kg com a nova munição.

Outro acessório a ser introduzido com o fuzil XM-8 é a nova baioneta de combate, agora com fio duplo e formato de adaga para facilitar a penetração em vestes balísticas. Ela também possui em sua bainha um alicate destacável para cortar arame farpado. Antes as baionetas vinham com um orifício em formato retangular próximo à ponta da lâmina, que ao ser combinado com uma lâmina em forma de “c” na extremidade da bainha, formava um alicate para cortar arame. Porém descobriu-se que esta configuração fragilizava demais a ponta da baioneta (sua parte mais importante), havendo casos em que elas se partiram durante treinamentos, ao estocar os bonecos de palha e pneus usados como “inimigos”, daí o motivo da alteração do novo modelo, que é fabricado pela tradicional cutelaria Camillus dos EUA, famosa pelas facas que produzia para os SEAL à época do Vietnã.


Baioneta Camillus CAM-1 do fuzil XM-8, juntamente com seu acessórios.


Baioneta CAM-1 e acessórios, prontos para o transporte.

O fuzil XM-8, em resumo, trata-se de um fuzil de configuração convencional, com carregador situado à frente do grupo de gatilho e coronha com regulagem de comprimento, própria para adaptar a arma ao tamanho do atirador e às suas vestes, pois o uso de colete balístico, vestes de combate e roupas de inverno, por exemplo, demanda uma arma de coronha mais curta, ao passo que apenas o uso de um leve uniforme de selva demanda uma coronha de maior comprimento. Já existem versões desta coronha regulável que também são rebatíveis ou dobráveis, como àquela de nosso Para-Fal. O funcionamento do fuzil também é convencional, com tomada de gases por evento próximo à boca do cano, que aciona um pistão leve de curto curso, o qual movimenta o transportador do ferrolho e a cabeça de trancamento rotativa com oito ressaltos, similar àquela do M-16. A maior parte da arma é construída em polímero, restringindo-se o uso de aço às peças essenciais do mecanismo, tais como cano, cabeça do ferrolho, pistão, pinos e molas, o que reduz dramaticamente o peso da arma, diminui as necessidades de manutenção e lubrificação, e aumenta a durabilidade e resistência. A confiabilidade da arma, resultado do uso do mecanismo de ferrolho rotativo combinado com o pistão, similar ao do AR-18 e do AK-47, é extremamente elevada, muito superior ao do nosso FAL, que usa um mecanismo de pistão, porém com ferrolho basculante, e ao do AR-15/M-16, que usa o ferrolho rotativo, mas sem pistão, lançando os gases diretamente na caixa da culatra, o que faz com que o acúmulo de resíduos de pólvora no mecanismo leve o fuzil a travar-se e parar de funcionar, se a manutenção e limpeza freqüente não forem realizadas. E aqui abro um parêntese.

Muito tem se escrito sobre a superioridade do FAL em relação a outras armas de design mais atualizado, o que é muito bonito de se escrever, mas que na realidade é, a meu ver, parte de um nacionalismo inconseqüente que se recusa a enxergar a realidade dos fatos, querendo passar para o público interno a idéia que o equipamento de nossas FFAA não deve nada àquele dos países desenvolvidos. Isso me faz recordar daquela história de um exercício de combate aéreo simulado, desenvolvido no torneio “Red Flag” dos EUA, em que nossos caças F-5E abateram os F-15C dos EUA, o que foi motivo de glória e devaneios utópico-nacionalistas: pode ter ocorrido esta situação devido à tática e técnica empregada, fator surpresa e etc., mas daí dá para dizer que o F-5E é melhor que o F-15C? Vamos falar sério! Depois desta ocorrência, e após os americanos terem analisado a tática utilizada e onde eles erraram, quantas vezes mais vocês acham que um F-5E abateu um F-15C? É o mesmo caso que ocorreu com os Mirage 2000 franceses versus Mirage III brasileiros em um exercício realizado por estas bandas: na primeira vez os franceses foram surpreendidos, mas e depois? Não adianta, a superioridade militar é uma combinação do melhor equipamento com a melhor tática de emprego. A superioridade militar baseada somente na tática inovadora pode dar vantagem uma ou duas vezes, mas depois que o inimigo compreendeu seu funcionamento e onde vinha errando, já era...

Mas voltando ao caso do FAL: dizer que a arma fica parada, fechada, apoiada em um suporte sob a chuva, sol, vento, etc. por vários dias e depois ao ser acionada dispara sem problemas é o mínimo que pode se esperar de qualquer arma que se proponha ser uma arma de emprego militar. Agora dizer que outras armas de uso consagrado não o fazem, isso não dá para engolir. Dá até para imaginar as condições do teste: um Para-Fal novo e com a manutenção impecável, dado o domínio que a tropa brasileira tem sobre esta arma, com cada micro dobra das voltas de cada parafuso rigorosamente limpa e a munição nova, por ser a munição padrão do EB, de dotação de uma Unidade que é Centro de Excelência. No outro lado do ringue, um M-16 A2, uma arma que os combatentes do Exército vêem mais na televisão do que ao vivo, com mecanismo de funcionamento não totalmente compreendido, haja vista ter ferrolho de trancamento rotativo e sistema de tomada de gases sem pistão, ao invés do ferrolho basculante e pistão do FAL, e “com a manutenção recomendada pelo fabricante”, ou seja, abriu-se o manual deu-se uma olhadela e pronto. Será que o venturi de transporte dos gases foi corretamente desmontado e limpo no seu interior, pois ele demanda uma escova calibre .17 que não vem com a arma e que não existe no EB, que utiliza escova calibre .30 para a limpeza das armas. Será que o alojamento do percussor foi limpo e a mola de retenção em “v” foi colocada na posição correta? Será que os três anéis de vedação da cabeça do ferrolho foram mantidos desalinhados? Pergunto isso por que, segundo relatos, a arma nem disparou. Não disparou por quê? Será que a face da cabeça do ferrolho foi lubrificada e o óleo contaminou a espoleta da munição de um dia para o outro? Ou será que o carregador foi lubrificado, contaminando a munição? Que munição estava sendo utilizada? Era nova? Por que esta não é a munição de dotação do EB, e pode ter sido utilizada uma munição emprestada ou cedida por outra Força ou por uma Polícia, que não vai dar munição nova para “torrar” em testes. Veja bem, não digo isso por ser um fã do fuzil M-16. Não sou, pois prefiro muito mais um fuzil AK-101 (AK-74M em calibre 5,56x45 OTAN) ou um fuzil Sig Sauer 551, como o utilizado pelo PARASAR da FAB, mas profissionalmente utilizo um fuzil M-4, que nada mais é do que um M-16 A2 encurtado. Portanto não faço os comentários que fiz por suposição: já participei de diversas operações na região amazônica, nas quais sempre procurei fazer contato com o pessoal do EB, que sempre me apoiou da melhor forma possível (Aliás, aproveito para agradecer publicamente o 1º Ten WELLINGTON JUNIO MATHEUS PIRES, Comandante do 4º Pelotão Especial de Fronteira, em Surucucu/RR, que abrigou toda minha equipe nas instalações daquela Unidade de Fronteira, fornecendo-nos alimentação e abrigo, e até atendimento médico, quando fui acometido por uma daquelas esquisitas enfermidades de selva). Nestes diversos contatos sempre faço um “intercâmbio”, demonstrando e dando instrução sobre o fuzil M-4, que toda a tropa e boa parte dos Oficiais nunca sequer viu de perto, portanto acredito que a manutenção dada à arma durante as avaliações não foi comparável àquela do FAL e, ademais, uma arma que sequer dispara depois de um dia de sol e chuva, como foi relatado, está com algum defeito ou problema, caso contrário, metade do Exército Norte-Americano e a totalidade do Exército Israelense já teriam sido mortos em combate.

E, voltando ao ringue, temos ainda um HK-33, provavelmente um fuzil emprestado pela FAB, pois é sua arma de dotação, que já contabiliza mais de 25 anos de uso, com um mecanismo de trancamento por roletes e sem pistão, ou seja, um funcionamento totalmente “alienígena” para quem está acostumado com o FAL e, provavelmente, desacompanhado de seu manual: este não precisa nem de comentários.

Deixando a brincadeira de lado, temos que observar seriamente o seguinte: os israelenses utilizavam o FAL na Guerra dos Seis Dias e a arma deixou muito a desejar naqueles ferozes combates, pois seu cano aquecia demais com uso contínuo, mesmo que em fogo semi-automático, causando a detonação espontânea dos cartuchos, e o mecanismo não suportava o acúmulo de resíduos de pólvora e o ingresso ocasional de areia, que levavam à pane de trancamento incompleto do ferrolho. Como o FAL não tinha um botão auxiliar para o trancamento manual do ferrolho, como o M-16 o tem, sendo este o botão arredondado atrás da janela de ejeção, e nem tão pouco a alavanca de manejo do FAL é afixada ao transportador do ferrolho, como no caso do AK-47, quando esta pane ocorria, só havia duas soluções possíveis: ou o combatente desmontava o fuzil em meio ao combate e limpava os ressaltos de trancamento do ferrolho basculante, ou ele sentava e começava a chorar. Os Sul-Africanos, que também usavam o FAL, passaram pelos mesmos problemas quando o usaram em combate real. O resultado é que os Israelenses, admirados com a confiabilidade da arma de seus adversários, o AK-47, copiaram seu design e seu mecanismo, adaptando-o a um calibre ocidental, dando origem ao famoso fuzil de assalto Galil. Os Sul-Africanos procuraram se esforçar menos e apenas copiaram o Galil dos israelenses, produzindo-o sob a designação de R4. Disto tiramos uma lição, que merece ser analisada, e que é tecnicamente comprovada: o mecanismo de funcionamento por ferrolho basculante empregado no FAL é muito menos confiável que o mecanismo de ferrolho rotativo, empregado na totalidade dos fuzis de assalto de projeto recente. Isto, somado ao fato de o FAL não possuir meios de trancar o ferrolho manualmente em caso de pane, pois não possui o botão de trancamento auxiliar e nem a alavanca de manejo afixada ao transportador do ferrolho, torna-o uma arma muito menos confiável do que outros fuzis de assalto de projeto mais recente. É a realidade, é mecânico e é comprovado em combate. Tanto é assim que o fuzil IMBEL MD-97, da fabricante do nosso FAL, deixou de utilizar o mecanismo de ferrolho basculante, adotando para a nova arma o trancamento por ferrolho rotativo, bem como a dotando de um botão auxiliar para trancamento manual do ferrolho em caso de pane. É a comprovação da realidade dos fatos, mais uma vez. E fecha parêntese.


Transportador do ferrolho, com cabeça do ferrolho rotativa, do fuzil XM-8.

Ainda quanto à confiabilidade do XM-8, o fabricante alega que a arma pode dispara 15 mil tiros sem necessidade de manutenção, o que corresponde a quase toda vida útil de uma arma deste tipo, e que em caso de necessidade, por ter construção em polímero e peças metálicas com tratamento anti-corrosivo “marine coat”, pode ser limpa com água e sabão.


Ao lado: fuzil de assalto XM-8 desmontado para a manutenção de primeiro escalão, onde se nota o reduzido número de componentes e a construção quase que integralmente em polímero.

A arma aceita carregadores plásticos bifilares de 30 cartuchos e carregadores circulares Beta C-Mag de 100 cartuchos, ambos em plástico e que não necessitam de qualquer lubrificação, sendo muito mais resistentes e confiáveis que os tradicionais carregadores de alumínio do M-16.


Acima: o carregador Beta C-Mag, com capacidade para 100 cartuchos, é disponível para vários modelos de fuzis, entre eles os que utilizam carregador padrão M-16, o H&K G36, o Steyr Aug e o Sig Sauer 551. Há informações que o CFN da MB já adquiriu este tipo de carregador para os fuzis M-4 dos combatentes do Batalhão Toneleiro.


Acima: visão em corte que mostra o funcionamento do carregador Beta C-Mag.

O sistema de mira, que utilizava somente componentes óticos, foi complementado e melhorado como resultado das avaliações junto à tropa. O principal componente do chamado Módulo de Mira Integrado é um visor ótico que projeta um ponto vermelho sobre a lente, sendo que este ponto tem regulagem de intensidade para uso durante o dia, à noite e à noite em conjunto com Óculos de Visão Noturna (OVN). Ele permite a visada com os dois olhos abertos e sem a necessidade de, como nas miras mecânicas, focalizar três planos distintos, quais sejam a alça de mira, a massa e o alvo, o que reduz sensivelmente a acuidade visual, estreita o campo de visão e aumenta o tempo necessário para o enquadramento do alvo. O visor ótico, assim como os demais componentes do módulo, tiram suas energias de um módulo de bateria composto por duas pilhas pequenas, tamanho “AA” que, com todos os sistemas ligados na potência máxima, duram 700h. No caso de o visor ficar sem baterias, há um retículo fixo gravado na lente e ajustado de fábrica para 200-300m. Os outros componentes do módulo são: um apontador laser de freqüência Infravermelha (IV), também para o tiro noturno em conjunto com os OVN, já que ele é invisível ao olho nu, e um iluminador ou lanterna IV, também invisível ao olho nu, destinado à busca de alvos em ambientes fechados em que não haja nenhuma fonte de luz residual para alimentar os OVN. Tanto o iluminador como o apontador IV são colimados e podem ser usados em conjunto, com o ponto de mira aparecendo no centro do facho da lanterna. Este módulo visa substituir a combinação atualmente utilizada pelo US Army em todos os seus fuzis de assalto e metralhadoras leves, qual seja o visor ótico Aimpoint Comp M modelo M68 e o apontador e iluminador IV AN/PEQ-2A, com as vantagens do menor custo, do uso de apenas uma fonte de baterias para todo conjunto, da ausência de cabos ou fios para o acionamento e da facilidade do ajuste, pois ao se ajustar uma das miras do módulo para um determinado ponto de impacto, todas as outras são automaticamente ajustadas para o mesmo ponto, facilitando o trabalho de “zerar” todos os sistemas de mira da arma. Caso o modulo venha a quebrar ou danificar-se em combate ele pode ser imediatamente destacado, para ser substituído ou para permitir o uso das miras mecânicas dobráveis, que ficam alojadas na alça de transporte: a alça de mira sendo regulável de 200 a 600m, em incrementos de 100m, e a massa de mira ajustável na horizontal e na vertical, para “zerar” o ponto de visada.

A surpresa na corrida: o Fuzil de Assalto SCAR

Enquanto o Exército Norte-Americano testava e decidia-se pelo Heckler e Koch XM-8, o Comando de Operações Especiais dos EUA (USSOCOM) emitiu um requisito para um fuzil de assalto leve e modular, com confiabilidade e precisão maior do que aquela do fuzil de assalto M-4 A1 SOPMOD utilizado até então, que pudesse ser convertido em menos de 20 minutos pelo próprio operador, através da troca de alguns poucos componentes modulares, para utilizar as munições 5,56x45mm OTAN, 7,62x51mm OTAN, 6,8x43mm SPC e 7,62x39mm M43, esta última do AK-47, bem como ser compatível com os carregadores padrão M-16 e AK-47, além de algum carregador de fuzil de assalto calibre 7,62x51mm em grande disponibilidade no mercado e de uso e distribuição mundial. Eram também requisitos a serem atingidos: uma confiabilidade de pelo menos 15 mil disparos sem falhas atribuíveis à arma, sendo o desejável 35 mil disparos; uma vida útil de 90 mil disparos para a arma e de 15 mil disparos para o cano; e uma precisão capaz de produzir um agrupamento de 75 mm à uma distância de 300 metros, utilizando as munições calibre 5,56 e a 7,62 padrão OTAN.

Pareciam requisitos difíceis até para o fuzil XM-8, até que no dia cinco de novembro de 2004 o contrato foi vencido pela FN USA, uma subsidiária da Fabrique Nationale Herstal (FN Herstal) belga, que produz as metralhadoras M-249 (Minimi) e M-240 (MAG) nos EUA, e que tem uma subsidiária no Brasil, a FN do Brasil, que produz (ou produzia) algumas peças do nosso FAL. O fuzil de assalto vencedor da competição foi o SCAR, uma abreviatura para “Special Operations Capable Assault Rifle”, ou Fuzil de Assalto Apto a Operações Especiais, sendo que a pronúncia de SCAR em inglês equivale a “scare”, que significa “medo” ou “pavor”.

 

O SCAR nada mais é do que uma metade superior melhorada do fuzil de assalto FNC, combinada com a metade inferior melhorada de um M-16 ou M-4, ou seja, mais ou menos a combinação que fizeram com o IMBEL MD-97. Analisemos por partes: a metade superior utiliza um mecanismo de recuo curto por pistão de gases, solucionando assim o maior problema de confiabilidade da família M-16, combinado com um mecanismo de ferrolho rotativo. Mas é justamente no ferrolho rotativo que está o “pulo do gato” no que diz respeito à confiabilidade: ao invés de utilizar de sete a nove ressaltos de trancamento como na família M-16, no AR-18, no H&K G36, no XM-8 e até no MD-97, o SCAR utiliza apenas dois ressaltos de trancamento, como na família AK-47, que lhe confere muito mais rusticidade, resistência e confiabilidade em ambientes que vão desde a neve até as areias do deserto, passando por selvas e lamaçais. É justamente o mecanismo presente no fuzil FN Herstal FNC, testado nos mais diversos ambientes, e comprovadamente com as qualidades e características similares às do robusto AK, tendo sido adotado pelos Exércitos da Bélgica, Suécia e da Indonésia.


Fuzil FNC disparando em condições adversas.


Outra vista do fuzil de assalto FNC da FN Herstal.

A maior melhoria desta metade superior consiste em uma cobertura integral, que vai desde a parte posterior da caixa de culatra até a parte frontal do êmbolo de gases, cobrindo também todo o cano, sobre a qual encontra-se um enorme trilho de acessórios padrão Picatinny M1913, capaz de receber os mais variados equipamentos, em que encontra-se afixada a alça de mira regulável e dobrável, bem como um visor ótico Aimpoint M68. Existem também os trilhos de acessórios sob todo o comprimento do cano e nas laterais deste, posições estas que podem receber empunhaduras verticais, lançadores de granadas, espingardas calibre 12, lanternas, apontadores laser, bipés, etc. A massa de mira encontra-se afixada num poste sobre a válvula de tomada de gases e a alavanca de manejo, solidária ao ferrolho, pode ser atarraxada tanto do lado esquerdo como também do lado direito, facilitando a vida de destros e canhotos.

Na metade inferior conecta-se e articula-se com a metade superior através de dois pinos de desmontagem, de maneira similar à família M-16 e diferente de nosso FAL/MD-97, que utiliza um parafuso na articulação e um fecho em “L” para trancamento. A vantagem do sistema norte-americano, que se traduz na modularidade da arma, é o fato de que com um simples puxar de pinos é possível intercambiar a metade superior da arma com uma nova metade inferior e vice versa, permitindo o uso de uma ampla variedade de calibres e carregadores.


Vista do lado esquerdo do Fuzil de Assalto SCAR L. Note o seletor de tiro com as posições segurança (S), fogo semi-automático (1) e fogo automático (A), bem próximas umas das outras, num giro de apenas 90º, constituindo-se em uma melhoria tática importante. Observe também a porção esquerda do retém ambidestro do carregador, o retém do ferrolho no estilo M-16 e a coronha com botão giratório próximo a sua parte posterior, o qual permite a regulagem de comprimento da mesma. Visível também na foto a alça de mira regulável, que se encontra dobrada na posição fora de uso, para não interferir com a visada através da mira ótica Aimpoint M68. Pode-se ver também que o fuzil leva como acessório, preso ao trilho inferior, uma empunhadura vertical, que facilita o controle em fogo automático e aumenta a manobrabilidade da arma em combates de curto alcance e em ambientes fechados.

A metade inferior utiliza uma configuração similar à da família M-16, porém com as seguintes diferenças: o seletor de tiro e segurança tem um curso bem menor, de apenas 90º, ao invés dos 180º do M-16 e do FAL; o retém do carregador é maior e ambidestro; a empunhadura é a mesma utilizada na Metralhadora Leve M-249 e no fuzil FNC; e, por fim, a coronha tem um design similar à do XM-8, com regulagem de comprimento e apoio plástico para o rosto, e pode ser dobrada para a direita, como em nosso Para-Fal. Este apoio plástico para o rosto, apesar de parecer cosmético, é extremamente vantajoso, pois permite um ajuste melhor na hora da visada e a manutenção da posição nos tiros subseqüentes, conceito este chamado “cheek weld” ou “bochecha colada” pelos atiradores de arma longa. O fato de apoiar-se o rosto numa peça plástica é também vantajoso para aqueles que combatem em ambientes muito frios ou na neve, pois apoiar a bochecha na coronha metálica congelada de um Para-Fal não deve ser uma experiência agradável, principalmente quando ela começa ir pra frente e para trás violentamente durante os disparos.

A arma é oferecida em duas versões básicas o SCAR L, de “light” ou “leve”, nos calibres 5,56x45mm OTAN ou 6,8x43mm SPC, utilizando carregadores padrão M-16. E o SCAR H, de “heavy” ou “pesado”, nos calibres 7,62x51mm OTAN ou 7,62x39mm M43, sendo que no primeiro caso a arma usa carregadores padrão do FAL! Já para a munição M43 são utilizados carregadores do AK-47, disponíveis em qualquer farmácia ou padaria do Oriente Médio, sendo que atendem aos requisitos das Forças Especiais de utilizarem a munição e os carregadores encontrados no campo, para dependerem menos de apoio logístico externo.


Vista do lado direito do Fuzil de Assalto SCAR H na versão com cano curto. Veja que a arma está utilizando um carregador padrão do FAL. A nova arma porém, não utiliza o sistema de nosso conhecido fuzil, no qual um ressalto ou “dente” existente na parte da frente do carregador é encaixado na parte da frente da caixa da culatra, para então girar o carregador para cima e travá-lo sob a força do retém. Ao invés disso, há um alojamento de carregador padrão M-16, no qual há o espaço para o carregador e um entalhe ou canaleta por onde corre o “dente” existente na porção anterior do carregador, não interferindo assim na inserção do mesmo, sendo o encaixe do retém padrão do carregador FAL aproveitado para realizar o travamento pelo retém do carregador da arma, também similar ao do M-16. Este sistema de alojamento foi adotado por garantir maior segurança e proteger mais o carregador contra impactos laterais. No mais, observe que o restante do fuzil é muito similar ao SCAR L.


Vista do lado direito do Fuzil de Assalto SCAR L. Note o seletor de tiro ambidestro e a alavanca de manejo afixada deste lado. Esta é a versa com cano longo.

A arma também é oferecida com três comprimentos de cano, sendo o SCAR H, com cano longo e pesado de 20 polegadas, o novo fuzil padrão dos Caçadores das Forças Especiais daquele país.

Na realidade serão produzidas três subvariantes dos fuzis SCAR L e SCAR H: o SCAR S, de “Standard” ou “Padrão”, o SCAR CQC, de “Close Quarters Combat” ou “Combate de Curto Alcance” e o SCAR SV, de “Sniper Variant” ou “Modelo para Caçadores”. O SCAR L modelo Standard mede 850 mm com a coronha estendida e 620 mm com a coronha dobrada, pesando em torno de 3,5 kg vazio. Ele usa carregadores de 30 cartuchos padrão M-16 para as munições 5,56 OTAN ou 6,8 SPC, tendo uma cadência de fogo teórica de 600 disparos por minuto. Já o SCAR H modelo Standard mede 997 mm e 770 mm com a coronha estendida ou dobrada, respectivamente. Pesa vazio 3,86 kg e dispara a uma cadência teórica de 600 TPM. Utiliza carregadores de 20 cartuchos padrão FAL para as munições 7,62 OTAN, e carregadores de 30 cartuchos padrão AK-47 para as munições 7,62 russas.

O contrato assinado é para 84.000 SCAR-L Standard, 28.000 SCAR-L CQC, 12.000 SCAR-L SV, 15.000 SCAR-H Standard, 7.000 SCAR-H CQC e 12.000 SCAR-H SV. A produção mensal será de 2.000 SCAR L e 500 SCAR H. Como se pode perceber, estas quantias são suficientes para armar todas as FFAA brasileiras, mas na realidade destinam-se tão somente ao Comando de Operações Especiais dos EUA (USSOCOM).

Próxima Parte: Heckler & Koch G36, MD-97 e continuação de armamentos.


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