Combatiente Futuro |
O programa do Combatiente Futuro espanhol nasceu com um objetivo bem
claro:
desenvolver
um combatente individual dentro de um pelotão que seja capaz de
combater em um
campo de batalha digitalizado, em qualquer conflito futuro, e que
não atue
apenas com uma plataforma de armas mas também como um Sensor de
Inteligência e
Sistema de Aquisição de Alvos.
Em outras palavras, não apenas combaterá mas
também obterá informações ao
alcance em tempo real para ser aproveitada pelos escalões
superiores. Será um
verdadeiro coletor de informações e um efetuador de
missões derivadas das
mesmas, contando com todos os equipamentos necessários para
garantir sua
eficiência e capacidade de sobrevivência, assegurando assim
o êxito da missão.
O US Army iniciou um conceito semelhante no inicio da década de
90 chamado
Programa Land Warrior 2000. Em 1994 o Estado Maior da OTAN criou um
programa de
combatente do futuro comum a todos os paises da aliança, mas
como em outros
programas conjuntos o projeto fracassou. A comissão concluiu que
era impossível
criar um modelo único de combatente do futuro. Foram
vários os motivos que
levaram a esta conclusão como as diferentes necessidades e
objetivos de cada
nação, as prioridades que cada nação dava a
seus próprios projetos já iniciados
e que não podiam recomeçar do zero e as pressões
industriais de cada nação.
Desta maneira, se adotou uma solução de compromisso para
que cada nação interessada
desenvolvesse seu próprio sistema com a condição
de que cada um seria
interoperavel com as outras nações aliadas.
Em 1997 foi estabelecido um grupo
de
especialistas para identificar a estratégia inicial para
modernizar os infantes
espanhóis. Iniciando com informações de
países aliados, contatos com industria
e estudos com todos os documentos relevantes levaram a elaborar o
programa que
foi submetido ao Estado Maior do Exército em janeiro de 1999.
Assim, o "Mando de Adiestramiento
y Doctrina (MADOC)" elaborou um
esboço preliminar onde estavam definidos os requerimentos
operativos do
"Combatiente Futuro" e seus requerimentos operacionais as quais
deveriam dar resposta, se existem as tecnologias necessárias e
como aplica-las. Os resultados
passaram a se chamar Combatiente Futuro
e os fundos destinados foram aprovados em junho do mesmo ano.
O Estado Maior do Exército criou a
Oficina do Programa de Combatiente
Futuro, dependendo organicamente do MADOC e funcionalmente ao
Dirección General
de Armamento y Material (DGMA) que se encarregou de definir e
desenvolver o
programa e sua tecnologia até obter um resultado definitivo que
permita dotar
um combatente apto para o campo de batalha do século XXI.
A Oficina do Programa de Combatiente Futuro conta em sua
organização formada
por um chefe do programa (um Coronel), um diretor técnico
(Tenente-Coronel
engenheiro), dois oficiais e três suboficiais especialistas e
quatro tropas
encarregadas das provas e ensaios do material e apoio das atividades
dos
membros do programa. A mesma é supervisionada por uma
comissão do DGMA
encarregado de avaliar e comprovar os avançados do programa.
Esta comissão está presidida pelo Subdiretor de
Tecnologia e Centros do DGAM
(General) e incorpora o chefe do programa a um diretor técnico
do mesmo, a um
local do programa, a um responsável de qualidade e um
responsável pela
logística. O programa Combatiente Futuro está sendo
desenvolvido pela Academia
de Infantaria de Toledo.
Desde o início o programa tem previsto o seguinte
calendário: até 1999 foi
avaliado a necessidade do mesmo e qual eram os requerimentos que
deveriam ser
cumpridos. Durante o ano 2000 foi iniciada a fase de
validação para certificar
se existiam as tecnologias necessárias e se eram viáveis.
Em 2001 a 2003 foi a
fase de definição dos componentes que serão
instalados no Combatente do Futuro.
Em 2004 está previsto o inicio do projeto e desenvolvimento dos
componentes
definitivos para passar para a fase de produção e
fabricação em 2007, com
previsão para entrada em serviço em 2010. Está
prevista a aquisição de cerca de
10.000 unidades da primeira geração do Combatiente Futuro.
Simultaneamente com a entrada em serviço da primeira
geração Combatiente de Infantaria
Ligeira/Mecanizada de
primeira geração - CIL-1G) está previsto o
desenvolvimento da segunda geração(CIL-2G) em 2010 e o estudo de uma terceira geração em
2020 (CIL-3G) aproveitando de
novas tecnologias que aparecerão no mercado futuramente.
A geração atual terá duas fases:
- Fase 1 - de viabilidade da primeira geração, projeto preliminar e planejamento de desenvolvimento. Esta fase deve analisar os requerimentos de sistema, ou projeto conceitual, e as diferentes opções para tornar o sistema CIL-1G viável. Foi completada em dezembro de 2000.
- Fase 2 - de desenvolvimento e testes com a configuração do protótipo a nível de soldado e pelotão, que deve ser iniciada em abril de 2003, com previsão para terminar em dezembro.
No fim de 2003 eram realizadas as etapas
finais da fase de definição do
programa estimando-se que não haveria atrasos ao iniciar 2004
com a nova fase
de desenvolvimento.
O capacete terá uma câmera no capacete e um HMD
para mostrar dados e imagens.
Planejamento do Sistema
Durante o projeto do sistema em seu conjunto foi procurado uma completa
integração entre os elementos distintos de modo que todos
trabalhem entre si
para obter um sistema integrado. As partes do sistema incluem um
computador
portátil, um capacete integrado, um traje de
proteção, armamento e seus
sistemas de sustentação.
O computador é o cérebro do sistema e seu software deve
controlar todas as
necessidades do combatente como informações
táticas e logísticas, vigilância
médica do soldado, sistema de pontaria e visão noturna
ajustados à arma do
combatente interconectados ao cano do mesmo, geração e
reconhecimento de voz,
gestão de informações e controlar os
periféricos como GPS, rádio e visores.
Todo este sistema será auxiliado por um sistema de apoio que
inclui sensores
biomédicos, consumíveis (rações e
munição), equipamento de primeiros socorros e
fontes de energia (baterias atualmente). Estão sendo estudados
sistemas que
transformam o calor humano em energia. Todo o conjunto é
integrado em um traje
de proteção que inclui os elementos de forma
ergonômica de modo que se garanta
a comodidade do combatente, sua mobilidade e a proteção
contra fogos inimigos
com proteção balística e camuflagem. Todos os
membros do pelotão serão ligados
por uma WLAN (rede sem fio).
Para atingir estes objetivos foram seguidas algumas
considerações básicas para
atingir a máxima eficiência e funcionalidade como emprego
de tecnologia já
existente no mercado, sem exigir pesquisas especificas para este fim.
O programa Land Warrior do US Army já comprovou que era caro, em
recursos
econômicos e tempo, o desenvolvimento de tecnologias
próprias para o sistema. A
introdução de tecnologia comercial acelerou e
barateou o programa Land
Warrior.
As tecnologias foram estudadas de modo a saber se eram
necessárias ou se seriam
motivo de distração ou complicação
desnecessária. Um exemplo é o vídeo cassete
doméstics que podem ter uma centena de funções,
mas a maioria dos usuários usam
sempre as mesmas funções: reproduzir, avançar,
rebobinar, parar imagem,
fotografia e gravação por relógio. As outras
funções são usadas raramente e
difíceis de aprender. O programa Combatente Futuro terá o
mesmo objetivo de
simplificação.
Na fase atual de definição do programa o objetivo
não é criar protótipos
operacionais e sim demonstradores de tecnologia para ensaiar a
viabilidade das
tecnologias e sistemas disponíveis e submetê-los a testes para
verificar sua
validade e se cumprem os requerimentos tecnológicos em
condições operativas.
De
outra forma, testar os equipamentos existentes atualmente, comprovar
que
cumprem os requisitos e investigar como adaptar aos protótipos
atuais. Ao
cumprir esta fase de definição o programa se
moverá para as seguintes áreas:
comando e controle, letalidade, sustentação, letalidade,
sobrevivência,
mobilidade e treinamento e simulação.
Comando e Controle
O sistema de comando e controle se fundamente na idéia de que o
comandante do
pelotão, e por isto os integrantes do mesmo, tenham em todo
momento e graças à
variedade de equipamentos carregados, um conhecimento completo de onde
se
encontram cada combatente sob comando, conhecendo seu estado operativo
e
proporcionando uma informação completa da
situação tática em que se encontra.
Em outras palavras Consciência da Situação.
Este é um exemplo claro do uso de produtos comerciais (COTS) e
tecnologia de
duplo uso. O WLAN civil já é usado para unir
controladores a curta distância,
sendo usado em qualquer empresa moderna. O WLAN já cobre cerca
de 80% do
território espanhol. O Programa Combatiente Futuro se
servirá do mesmo meio da
mesma maneira. Por exemplo, os executivos usam este sistema para
transmitir
mensagem quando estão em uma ponte aérea.
Desta maneira o comandante de pelotão está conectado com
todos seus homens, de
modo que todo pelotão está interconectado entre si com a
WLAN, e em contato com
escalões superiores com os rádios da família PR4G.
O uso da WLAN será um saldo a frente pois supõe-se que
toda informação
reconhecida pelo computador portátil de cada infante está
transmitindo de
imediato para seu líder, incluindo as imagens captadas pelos
visores. Assim o
líder pode ver o que os outros soldados vêem. O comandante
pode submeter
qualquer informação adicional fazendo
retroalimentação para os subordinados.
Desta maneira se consegue uma completa consciência da
situação para todo o
conjunto da área de operações do pelotão.
Como sistema de uso duplo, o mesmo tem aplicação militar
e policial, bombeiro,
resgate, busca e salvamento, etc.
Nos
demonstradores atuais em desenvolvimento, as mensagens entre o comando
superior
e a manipulação dos mesmos devem ser feita em uma
visualização tática a base de
mostradores que não devem ser um empecilho pois durante a
batalha nada mais
fácil que perder coisas como um objeto do tamanho de
lápis. Por isto, na fase
seguinte de projeto se optou por um sistema de reconhecimento e
síntese de voz
mediante os instrumentos definidos na fase atual.
Os escalões superiores estão equipados com um sistema de
geração de simbologia tática
nos mapas ou imagens no sistema mestre que não são
mostradas para o baixo
escalão. O comandante superior terá a visão mais
geral da situação tática e
dará ordens aos subordinados pelo WLAN. Os soldados não
poderão manipular os símbolos
como se estivessem em um vídeo-game ou jogo de PC.
Outros sistemas como sensores fisiológicos, telêmetros
laser, câmeras fotográficas
digitais ou vídeo podem se juntar ao sistema aumentando a
eficácia e as fontes
de informações.
O computador terá um teclado para manipular os dados.
O Sistema de Comando e Controle inclui visores externos.
Itens do sistema de comando e controle.
Letalidade
O fuzil HK G-36 será a arma das forças armadas espanholas
e foi escolhida para
o programa. A arma foi equipada com sistemas de pontaria para uso em
posição
protegida e em condições de baixa visibilidade e para ser
um sensor de coleta
de informações.
Com o novo fuzil o combatente poderá disparar a arma escondido
atrás de uma
arvore, esquina ou parede, sem expor o corpo, usando os sensores da
arma para aquisição
de alvo e pontaria. A arma terá câmeras de vídeo e
sensores térmicos ou sensor
noturno. O sensor será conectado por cabo ao computador e
enviará as imagens
para o visor no capacete (HMD).
O comandante do pelotão pode ver pelo WLAN o que os seus
subordinados estão
vendo na arma assim como o sensor no capacete. Assim será
possível aumentar a consciência
da situação e decidir em relação ao melhor
solado posicionado.
O sistema só tem uma limitação que é a
banda do WLAN que só permite ver foto
por foto de uma única câmera. Futuramente este problema
deve estar solucionado
usando linhas ADSL. Estes sistemas de imagem também têm
limitação de qualidade
de imagem quando em movimento por não serem estabilizados.
Fuzil G-36 com sensor térmico.
Conexão do sensor térmico com o WLAN.
Os sensores no capacete auxiliam a letalidade.
Os HMD do futuro serão bem menores, mais leves e
consumirão menos energia.
Os protótipos tem varias opções de sistemas a
serem integrados:
- proteção balística no capacete
- sistema de visualização
- mascara anti-gás
- microfones
- auriculares
- óculos de proteção balística e laser
- válvula de alimentação
Não foi decidido sobre o desenho definitivo. A primeira
geração poderá ser
apenas um projeto ergonômico com a integralidade vindo na segunda
geração.
Este sistema não vai eliminar o treinamento de combate
convencional e nem os exercícios
de tiro clássico. Apenas após os soldados dominarem estas
técnicas é que aprenderão
a usar os novos sistemas. Os testes mostraram que a
adaptação é mais difícil
para os veteranos. Os novatos aprendendo os dois ao mesmo tempo tiveram
menos
dificuldade. Alguns testes mostraram que é mais cômodo
disparar com o fuzil
elevado do que abaixado, ou disparar de lado (atrás de
proteção). O uso do HMD
fazia o soldado perde o equilíbrio ou a consciência da
situação.
Sobrevivência
Uma das principais novidades incorporadas no programa foram os
sensores
médicos que dão ao comandante de pelotão uma
informação completa do estado dos
seus soldados.
Os sensores escolhidos para serem usados no protótipo já
existem no mercado e
são usados em qualquer hospital ou competição
esportiva para medir o pulso,
temperatura, oxigênio sanguíneo, o movimento e o consumo
energético. Com este
sistema o chefe do pelotão pode saber do estado físico de
sua tropa com quatro
tipos de diagnósticos que informam sobre a capacidade de
combate: estável,
atingido, perigo e baixado.
Por serem adquiridos no mercado os demonstradores não podem ser
usados em
combate. O oxímetro precisa pinçar um dedo para medir o
oxigênio no sangue e o
monitor cardíaco precisa ser pregado no tórax com um
esparadrapo. Os protótipos
do futuro integrarão estes sistemas no equipamento de combate
para não
atrapalharem o combatente, sem notar que estão usando.
Todo o conjunto estará integrado em um colete balístico
com sistema modular de
carga para receber elementos distintos como placas blindadas extras. Os
testes
de resistência foram satisfatórios e a blindagem mostrou
ser invulnerável as munições
convencionais de armas leves até 5,56mm.
O sistema tem assinatura térmica reduzida e foi feita uma
cobertura para
atiradores de elite (caçadores e observadores) ou em
missão de infiltração e
observação. A camuflagem da roupa é a mesma usada
pelo Exercito Espanhol e tem
versões para neve e deserto.
Os uniformes do futuro terão sensores fotoelétricos que
captam as cores ao
redor e pigmentos para colorir o uniforme de acordo. Esses equipamentos
ainda
estão em experimentação e a segunda
geração em 2020 deve estar equipada com
este dispositivo.
A roupas terão coberturas extras para frio e chuva.
Poderão operar entre -29
graus Celsius durante 8 horas. Os espanhóis sofreram com a
desidratação e calor
no Iraque em 2003 e agora estão estudando um ar condicionado
portátil de 4kg e
autonomia de duas horas para manter temperatura entre 15-18 graus
Celsius em um
exterior de 45graus.
2004
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