Programas de Modernização de Soldados



Introdução

O fim da Guerra Fria e o aumento do número de conflitos de baixa intensidade e pequena escala aumentou a importância das tropas desmontadas. A infantaria terá papel cada vez mais importante em operação não militares. Sempre haverá necessidade de tropas para ocupar o terreno e engajar o inimigo em combate aproximado.

Os acontecimento recentes estão demonstrando que a natureza dos conflitos estão mudando desde o fim da Guerra Fria. Os exércitos em ação por sociedades avançadas não se baseiam mais em número para terem sucesso. Uma força armada profissional substituiu os conscritos e o custo de pessoal está dominando os orçamentos de defesa.

O advento do campo de batalha aberto e não linear, junto com a diminuição do número de soldados, significa que cada soldado agora tem que se mover, comunicar e se suportar em áreas maiores que antes. Para vencer a batalha ainda será necessário concentrar poder de combate para derrotar o inimigo com perdas mínimas. O centro de gravidade passou da massa de tropa e blindados para os sistemas de Comando e Controle (C4I), Guerra Eletrônica e fogos em profundidade e apoio aéreo, geralmente na retaguarda. As tropas em terra continuam importantes para preencher falhas na cobertura de sensores remotos, distinguir entre combatentes e não-combatentes, ajudar na detecção de alvos e resolver ambiguidades na designação de alvos.

Combinado com estas mudanças estão a necessidade de usar de forma eficaz recursos limitados junto com a necessidade adicional para manter as obrigações ao redor do mundo como missões de paz. O resultado é que os exércitos estão dando grande ênfase as pequenas unidades que usam o equipamento, treinamento e liderança como multiplicadores de força para ajudar a conquistar o objetivo.

Desde 1945 dois terços das guerras eram guerras domésticas ou guerras civis. Nos últimos 11 anos, de 56 guerras, apenas três eram inter-governamentais. Os conflitos não se mantém em fronteiras, ar e mar, mas também no campo político, social e econômica assim como informação e espacial. Não existe mais declaração de guerra. Os conflitos do futuro serão caracterizados pela dinâmica da escalada. Meios de guerra assimétrica tendem a ser a regra ao invés de exceção.

O direito internacional terá participação além do nível nacional. A luta entre forças regulares verá a presença de forças não regulares, como terroristas. O local será a floresta e cidades consideradas mais difíceis para os mais fortes. A divisão entre combatentes e não-combatentes não terá linha divisória. População civil será um meio de guerra.


A tecnologia moderna permite que os adversários em potencial sejam mais letais, mais camuflados e mais protegidos que antes. As operações provavelmente irão acontecer em locais desconhecidos. As tarefas do infante terá que executar estão aumentando. Estes requerimentos precisam de uma nova concepção de projeto de equipamentos de infantaria.

Estas formações serão pequenas em termo de pessoal e tamanho do equipamento. Fora as plataformas que as levam ao campo de batalha, elas levarão tudo que precisam com ela: sensores, armas e munições, sistemas de comando e controle, comida e água, medicamentos e suprimento de energia.

As operações de pequena unidade também inclui o transito por longas distâncias até sustentar combate aproximado em área restrita como cidade e terreno complexo. O combate em localidade é um fator determinante nesta conduta.

Para os EUA em particular, os conceitos atuais de operação são focados em entrada rápida de pequenas unidades para atingir efeito estratégico, com necessidade mínima de base avançada.

Estas unidades devem tomar controle rápido de grandes campos de batalha e operar efetivamente até formações grandes e tradicionais cheguem. Elas pode esperar entrar em combate contra tropas irregulares e até blindados pesados, operando entre não-combatentes, numa grande variedade de ambiente físico e eletrônico.

O soldado atual está engajado em novas táticas como a atuação numa linha de frente pouco definida e sempre atua apoiado por meios de apoio de fogo como aviação, artilharia e blindados capazes de realizar fogo de precisão.

A forma de guerrear mudou para todas as forças. O combate a pé não mudou tanto. Ainda é caótico e sangrento onde a coragem e moral do infante continuam tendo importância. Se o soldado tiver que ser efetivo no campo de batalha moderno, além da moral e coragem, terá que ter capacidades melhoradas e com custo-eficiência aceitável.

O soldado desmontado também é indispensável para realizar busca em áreas urbanas, coletar informações, desempenhar operações especiais ou operar em áreas confinadas onde blindados e helicópteros não podem intervir. Em operações de paz, as tropas desmontadas são capazes de estabelecer um contato humano com a população civil que é essencial para o sucesso.

Aeronaves furtivas e robôs de todos os tipos estão presentes num campo de batalha com muita informação e meios de detecção. Por outro lado, estas mudanças também favorecem a ação em terra. Neste conjunto de estratégicas o uso da força é decidida pelo tipo de engajamento para prevenir o aumento da violência ou impor pela força a lei internacional.

Esta nova situação colocou o infante no centro da ação. As tropas desmontadas são indispensáveis para realizar buscas em áreas urbanas, coletar informações, realizar operações especiais ou operar em áreas confinadas onde blindados e helicópteros não podem intervir.

O soldado terá que atuar no campo de batalha e ele precisa mais que os aspectos tradicionais de coragem e moral elevada e ele precisa de melhorar suas capacidades. O advento do campo de batalha mais espaçado, junto com a redução dos numero de soldados, significa que o soldado tem que se mover, comunicar e ser apoiado em áreas maiores que antes.

A batalha ainda continuará a necessitar da concentração de poder de combate para derrotar o inimigo com poucas perdas. Esta variedade de situação operacional precisa que os soldados e suas unidades sejam mais capazes de adaptar e flexíveis. No início da ação, sempre complexa e sem aviso, será feito por armas combinadas, em ambiente conjunto ou aliado.

As unidades de infantaria, como elementos básicos de todos os deslocamentos de emergência, serão deslocadas por todo o mundo, incluindo área que não são familiares aos soldados. Terão que engajar em combate aproximado, controlar o terreno e o ambiente humano.

O leque de tarefas que o soldado deve desempenhar, particularmente em operação não militares está aumentando. Nesta estrutura, a arma do infante do futuro deve consistir de um conjunto integrado de equipamentos modulares para melhorar, de forma balanceada, suas capacidades de comunicação e observação, sua agressividade, mobilidade e proteção. Como estas ações são sempre longas, esta arma deve ser autônoma.

Neste contexto, a raridade e vulnerabilidade do infante, a principal característica é lutar desmontado. É necessário a otimização do seu uso equipando o infante com sistemas melhores e mais proteção. Este equipamento, para o soldado em engajamento de alta intensidade deve incluir as tecnologia mais recentes. O resultado é uma nova metodologia que está sendo dada aos novos projetos de infantaria.

Isto levou a uma variedade de  programas "Sistemas de Soldado do Futuro" lançados por vários exércitos. Estes programas tem um grande nível de diferença de sofisticação tecnológica e cronogramas de desenvolvimento.

Em termos gerais todos estes programas tem o objetivo de melhorar substancialmente a efetividade de combate e a sobrevivencia do soldado desmontado, assim como a interface com plataformas de apoio como veículos blindados e helicópteros. Ao mesmo tempo, o soldado desmontado deve ser integrado no processo de digitalização da força armadas como o o nível mais baixo (e não menos importante).

A tecnologia desenvolveu até o estágio onde a capacidade de um soldado possam ser consideradas similares as de um tanque ou caça. A miniaturização de eletrônicos, junto com avançados de materiais e roupas protetoras abrem novas possibilidades para os soldados.

Uma regra dos programas de modernização de soldado é que o soldado desmontado não operara sozinho, mas como parte de uma equipe para cumprir uma certa missão em um ambiente determinado. Isto implica que a melhoria da efetividade do soldado individual contribui para a efetividade de toda a equipe. Assim, a equipe e o ambiente são fatores importantes a serem consideradas na melhoria da efetividade do sistema do soldado.

A interação com a equipe e o ambiente também significa que o soldado desmontado deve ser capaz de dar conta do grande fluxo de informações, e ainda contribuir com ele (como enviar imagem para altos escalões).


A conduta passada levava a inconsistências que atrapalhava o desempenho geral do infante. Os óculos de visão noturna, por exemplo, permitem ver o alvo melhor a noite, mas não permitem o uso da mira dos fuzil. Também é muito difícil se comunicar usando rádios e ao mesmo tempo vestir roupas contra guerra química, biológica e radiológica (QBR).


A missão da infantaria é aproximar do inimigo através de fogo ou manobra para destruí-lo ou capturar-lo ou repelir seu ataque pelo fogo, combate aproximado ou contra-ataque. Durante o conflito no Iraque em 2003 os soldados americanos levavam cargas pesadas que diminuíam o desempenho.

O estudo sobre a possibilidade de adicionar tecnologias avançadas para o infante desmontado pela OTAN foi iniciado em 1992. No inicio havia esperança de uma colaboração neste campo. Devido a preferencias nacionais isto não se materializou.

O plano de modernização de soldados da OTAN de 1994 foi assinado por todos os 14 membros , incluindo Austrália, tentando deduzir tecnologias mais úteis formando o Land Group 3/ Working Group 3. 

O WG3 enfatiza a necessidade do equipamento ser tratado como partes de um todo ao invés de componentes separados, para focar na interoperabilidade, apesar de cada país ter um sistema próprio. As cinco áreas funcionais estudadas serão a letalidade, C4I, sobrevivência, sustentação e mobilidade.

Desde setembro de 2000, o WG3 foi substituído pelo Topical Group on Soldier System Interoperability (TG1). O TG1 é composto por usuários e/ou empresas dos países na OTAN, PfP e Austrália (como continuação do WG3), e tem cinco mandatos para assegurar que os sistemas de soldado do futuro serão interoperáveis num nível ainda a ser definido. Baseado neste mandado o TG1 tem as seguintes tarefas:

- Criar condições para a interoperabilidade dos sistemas de soldado

- Estabelecer o nível em que esta interoperabilidade é viável

- Facilitar a troca de informações entre os vários programas

- Padronizar os procedimentos de testes e avaliação dos sistemas de soldado

- Assegurar o nível de padronização através dos STANAGs

- Explorar o potencial de adoção de subsistemas, modulos ou componentes idênticos para vários sistemas de soldado


Somente na última década o soldado esta sendo visto como  um sistema de armas com papel importante no campo de batalha digital. O infante a pé sempre foi uma arma adaptável. Este processo esta sendo ajudado pelas novas tecnologias de computação, miniaturização e eletrônicos baratos, geralmente desenvolvidos COTS. Os soldados modernos são familiarizados com jogos de computador e vídeo games e esta tecnologia não é novidade. Se esta tecnologia não mostrar ser uma necessidade real, os soldados poderão considerar como apenas "outra pedra na mochila". Os obstáculos para os novos sistemas de soldados são a tecnologia, o peso, o tamanho, o consumo de energia, a durabilidade, o treinamento, a logística e a integração.

Os novos equipamentos devem permitir a escolha dos melhores sistemas para a missão particular. As tecnologias já estão disponíveis e a dificuldade é torná-los "amigáveis". Um infante não gosta de reduzir sua mobilidade para aumentar o poder de fogo ou proteção. Ele tende a remover estes item durante o combate e isto requer a aceitação de realidades na especificação e desenvolvimento de equipamentos. O uso de roupas de combate padrão OTAN pode parecer bom no papel, mas não é o caso num mundo onde as tropas compram suas próprias roupas da guerra do Vietnã que eram mais leves e confortáveis.


Durante a feira de Equipamento do Exército Britânico em Aldershot realizada em 1984, a empresa Sicon mostrou a sua idealização do soldado do século XXI. A proposta mostrava a necessidade de usar roupas protetoras contra agentes QBR e adaptável as mudanças climáticas. O sistema era otimizada para uma guerra mundial, a adaptação para qualquer clima não descarta a possibilidade de participar em conflitos menores. O modelo usava um "colete tático" que substituiu o cinto, alças, bandoleiras e mochila. O sistema era modular para acrescentar mochila, rádios, armadura etc. A roupa porosa permitia que a pele respire e era aquecida eletricamente. A botas eram blindadas para proteger contra minas. A arma tinha cano duplo com arma cinética (fuzil automático) e lança-granadas. Mísseis podiam ser levados nas costas. O capacete estabilizado teria detector laser, intensificador de imagem e camera de vídeo. Uma tela mostraria os dados para o combatente. Os comandos seriam dados por comandos de voz.


O espectro de conflito que o soldado do futuro irá enfrentar. Quanto maior for a ameaça menor será a possibilidade de surgir. As Forças Armadas Brasileiras estão sempre enfrentando ameaças de contrabando e tráfico de drogas nas fronteiras, atacando pistas clandestinas, operando em forças de paz (Haiti e Angola), mas raramente entram em uma ação de maior escala.

Os programas de modernização de soldados conhecidos são:

África do Sul - African Warrior
Alemanha - Soldat Infanterist der Zukunft (Idz)
Austrália - Project Land 125 - Wundurra
Bélgica - Combat Clothing and Equipment
Canada - Integrated Protective Clothing and Equipment (IPCE)
Cingapura - Advanced Combat Man System (ACMS)
Egito - IESS
Espanha - Combatiente Futuro

EUA - Land Warrior
EUA - Objective Force Warrior - OFW
EUA - Marine Expeditionary Rifle Squad (USMC)
França - Fantassin A Equipements et Liaison INtEgres (FELIN)
Holanda - Dutch Dismounted Soldier System (D2S2)
Israel - ANOG
Itália - Soldato Futuro
Noruega - NORMANS (Norwegian Modular Arctic Network Soldier)
Reino Unido - Future Infantry Soldier Technology - FIST
Romenia - Infantryman 2015
Rússia - Projeto Wolf / Soldier 2000
Suécia - MARKUS / Saab Warrior

A Dinamarca, Grécia e Portugal tem programas mais modestos.

Atualizado em  30 de agosto de 2004

Próxima parte: Programa Land Warrior


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