Soldato Futuro

O projeto italiano de modernização de soldado Combattente 2000 foi aprovado pelo governo em julho de 1999. A empresa Marconi Communications SpA (agora parte da Thales) é o contratante do consórcio nacional para estudar a viabilidade de um demonstrador tecnológico. As empresas que participam são a Marconi-Selenia (comunicações e eletrôncos), Galileo Avionica e Larimart (comando e controle), Aero-Sekur (proteção QBR), Sistema Compositi (proteção balística) e Beretta (armas).

Em fevereiro de 2002, o governo italiano aprovou um programa de pesquisa e desenvolvimento de quatro anos (2002-2005) com um custo total de Euro 17 milhões. O programa passou a se chamar Soldato Futuro.

A primeira fase será para a construção de um demonstrador de tecnologia, com a fase seguinte cobrindo a construção de vários protótipos nas versões "comandante" e "fuzileiro", além de testes e avaliação. O teste do primeiro demonstrador de tecnologia foi iniciado em abril de 2004 com o protótipo definitivo pronto para testes no fim de 2005. Deve entrar em operação em 2007. A possibilidade de combinar o Soldato Futuro com o programa alemão IdZ também foi estudada, mas não foi possível harmonizar os respectivos interesses nacionais.  

Como outros programas, o Soltato Futuro irá melhoras as capacidades do soldado individual nos campos de letalidade, comando e controle, sobrevivência, mobilidade e sustentação. O sistema será completamente integrado a nível de solado e pelotão até as cadeias de comando a nível nacional e internacional.

O objetivo é criar um sistema de soldado modular, de arquitetura aberta, flexível e reconfigurável para novas tecnologias e cenários, e compatível com sistemas semelhantes de outros paises. O programa esta sendo acompanhado pelo SSSIWG ("Soldier System Standardization Industrial Working Group").

O demonstrador de tecnologia atual irá verificar ergonomia e peso. Tem três variantes com a maior parte em comum: comandante de pelotão, fuzileiro e granadeiro. A base destes elementos é o C2 da Marconi-Selenia, Galileo e Larimart formado de um computador compacto menor que um maço de cigarros e uma tela de cristal liquido de quatro polegadas no punho esquerdo. O sistema usa bússola digital, mapas digitais, imagens de satélite e terminal GPS.

O comandante de pelotão tem um mostrador maior. As mensagem de texto, dados e voz serão feitas pelo rádio Individual Pocket Radio da Marconi-Selenia. O Individual Pocket Radio opera na frequencia de 800-900MHz com alcance de 1300 metros. Estee alcance foi especificado pelo exército italiano como sendo a maior distância entre os membros de um grupo de combate na condição de dispersão máxima. O radio opera com modulação de espectro alargado para garantir baixa probabilidade de interceptação e detecção. Outro requerimento é operar por no mínimo 24 horas.  O fone de ouvido da Larimart terá um sensor fisiológico da Galileo que passa dados das condições de saúde para o comandante de pelotão.


Itens do sistema C2 da esquerda para direita: computador, CTD  (CONTROLLO TRAFFICO DATI - controle de trafego de dados), display de punho de 8 polegadas do comandante de pelotão, microfone e fone de ouvido com sensor fisiológico embutido; módulo de distribuição; célula de combustível; bateria primaria, bateria secundaria.


Mostrador do fuzileiro de 4 polegadas.

A arma individual (Individual Weapon) será baseada no novo fuzil da Beretta com calibre 5,56mm da OTAN baseado no fuzil AR-70/90 com capacidade ambidestro. Será 25% mais leve com o uso de material composto. O granadeiro terá  um lança-granadas de 40mm no fuzil. Os optrônicos do granadeiros são da Galileo.


Individual Weapon da Bereta usa munição 5,56x45mm da OTAN. A forma baseada na CX4-STORM da Beretta. O lança-granadas pesa total 1kg e tem versão singela tipo pistola.

A mira eletrônica IWS (Integrated Weapon System) foi desenvolvida pela Beretta e Galileo Avionica sendo parte do subsistema de armas. O IWS combina sistemas de pontaria eletrônicos para descobrir, identificar e engajar alvos além da capacidade do inimigo (equipado com os meios atuais), em qualquer tempo e baixa condição de luminosidade, de noite ou de dia. Um apontador laser no alto do modulo é usado para tiro instintivo. Os outros três canais de tiro são uma câmera térmica não refrigerada, um visor convencional e uma câmera digital.

Todos podem ser usados com um monóculo único e a câmera pode ser usada para pontaria escondida transmitindo imagens para o mostrador no punho ou passar as imagens para outros soldados ou escalões superiores.

O IWS também está equipado com uma telêmetro laser e apontador laser visível apenas com NVG. O visor convencional tem zoom de 3 vezes e não precisa de bateria.


O IWS pesa total 1 kg e é bastante compacto sendo totalmente italiano. Fonte de energia vem de baterias de lítio. É instalado em um trilho Picatinny padrão.

O fuzil do granadeiro usa o sistema de controle de tiro GLFCS (Grenade Launcher Fire Control System) para dar coordenadas do alvo para fogo indireto, movendo ou parado. Para usar o soldado aponta para o alvo e aperta botão para ativar telemetro que mede a distância em menos de um segundo. O computador balístico calcula o angulo para lançar granada dependendo da munição. O sistema mostra cruz no IWS indicando a posição para disparo em azimute e inclinação.

Se o alvo está se moendo é possível escolher "alvo móvel" e usar o telêmetro laser por dois segundos para o alvo. O computador calcula a direção de pontaria continuamente. O GLFCS pesa 250 gramas e é colocada a direita do lança-granadas. Tem a mesma capacidade do sistema Noptel norueguês montado no FN F2000 belga, mas não tem capacidade contra alvos móveis.

Outro elemento usado apenas pelo comandante de pelotão é o UAB (Unita' Acquisizione Bersagli  - sistema de aquisição de alvos) da Galileo Avionica. O UAB é similar a um binóculos equipado com câmera térmica, telêmetro classe um, bússola digital e visor ótico. O UAB pode gravar imagem e coordenadas e passar os dados para outras fontes. Pesa 1,8kg e usa baterias de lítio.


UAB, do comandante do pelotão. Pode detectar um homem escondido a 1km de distância e um carro de combate a 2km.

O sistema de roupa e proteção foi desenvolvido pela Sistema Compositi. Os capacetes têm capacidade de proteção melhorados feito de aramida de ultima geração. O projeto aumenta a proteção e integra sistemas de transmissão de voz/rádio. Também está equipado para receber NVG e HMD. Pode ser equipado com visores blindados e óculos anti-laser.

A blindagem individual C3 Combat Body Armour é modular, consistindo da "base" mais leve contra estilhaços e projeteis pequenos até 9x19mm. A proteção aumenta com módulos de aramida, polietileno ou fibra de carbono chegando a dar proteção até munição 7,62mm.

A combinação de roupa também está na fase de pesquisa e desenvolvimento. Será leve, confortável e usará fibra sintética. A camuflagem depende do ambiente que opera e pode usar fibra anti-detecção. Tem capacidade QBR com uso de carbono ativado. Uma jaqueta está sendo desenvolvida onde será instalado os cabos do sistema e controlará a distribuição de peso. Chamado MUS (Modulo Supporto Universale) ou módulo de suporte universal, foi desenvolvido pela Larimart. Fornece fonte de energia e é configurável de acordo com a missão. Inclui células de energia a base de metanol para recarregar baterias e pode usar outras fontes como veículos, navios e aeronaves. A máscara de proteção QBR está sendo desenvolvida pela Aero-Sekur.


Camuflagem de deserto mostrada na Eurosatory. O tecido tem baixa assinatura IR. A camuflagem de deserto tem cromáticos e esquema de cor gerado por computador.


Detalhes do MUS com a antena do Individual Pocket Radio na parte esquerda. Na parte traseira do MUS fica a bateria secundaria, computador e bateria secundaria.


A blindagem C3 Combat Body Armour chega a pesar mais de 10kg no nível de proteção máxima.





A configuração geral do sistema já foi determinada, mas está aberto a modificações de acordo com os resultado dos testes. Uma das características é o uso de tecnologia nacional. Outra característica é que o programa é recente (1999 e iniciou em 2001) e já está na fase de testes. O Land Warrior iniciou há quase 15 anos e só estará pronto em 2005. O projeto italiano só usa tecnologias conhecidas e testadas para diminuir riscos e custos, mas tem sistemas originais como o GLFCS. Outra característica é o sistema sem fio do IWS enquanto os similares de outros países usam cabos para trocar dados.

Próxima parte: MARKUS (Suécia)



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