XM-29 - SABR

O XM-29 SABR (Selectable Assault Battle Rifle), antes conhecido como OICW (Objective Individual Combat Weapon), é um projeto de arma de infantaria americana da próxima geração. 

O SABR foi projetada para ser incorporado na nova unidade de infantaria leve especializada de alta mobilidade chamada Brigade Combat Team (BCT) que deve estar completamente operacional em 2015. O protótipo foi designado XM-29 no US Army em 2002 e o fuzil operacional será chamado de M-29.

Experiências em missões de paz em Kosovo e outros lugares, mostraram que não são tão pacificas assim e confirmou que o US Army precisava de uma arma mais versátil e letal.

Não é nenhum problema com o fuzil M-16/M-4 ou com o lança-granada M-203, mas sim o inimigo que mudou. Os conflitos futuros devem ser mais de baixa intensidade e com menos conflito de alta intensidade tipo "Desert Storm". Haverá até missões tipo anti-terror e anti-drogas. A guerra do futuro também ocorrerá com frequência em cidades e vales do Terceiro Mundo.

O SABR deveria ser o componente letalidade do Land Warrior, iniciado com o demonstrador Century Land Warrior (21 CLW). Também foi planejado para funcionar sozinho. Seria introduzido no Objective Force como arma individual para o Objective Force Warrior. A letalidade do SABR seria uma modernização do Programa Land Warror e Objective Force Warrior, substituindo o fuzil M-4 MWS do Land Warrior.

O SABR foi projetado comoparte integral do Land Warrior/Objective Force Warrior, podendo comunicar-se com outras partes do sistema como o computador tático e HMD/IHAS. O SABR será ligado a rede do campo de batalha, se beneficiando de toda a capacidade da força.

Histórico

A história do SABR iniciou em 1986 quando a Escola de Infantaria em Fort Benning publicou o "Small Arms System 2000" (SAS-2000). Apesar da tendência da época de usar munição sem cápsula e munição flechete, as pesquisas e desenvolvimentos do programa Advanced Combat Rifle (ACR), o SAS-2000 concluiu que as armas convencionais leves já atingiram o ápice tecnológico, e que o único meio de aumentar a probabilidade de acertar o alvo das armas leves é introduzir uma arma que dispare munição explosiva e ogivas de fragmentação, combinadas com pequenas espoletas e tecnologias de pontaria.

Enquanto a maioria das pesquisas na década de 80 nos EUA fossem conduzidas pelo programa ACR, em 1989 o TRADOC publicou o "The Small Arms Master Plan" (SAMP), com requerimentos de uma família de armas "Objective", como a OICW, OPDW e OCSW. O SAMP pontuou que estas arrmas devem usar os últimos desenvolvimentos em computador e tecnologias visual, assim como as armas leves, e combinar munição explosiva e cinéticas em uma única arma, que deverá estar operacional a partir do ano 2000. Os cronogramas e requerimentos de custo e peso estavam fora da realidade, mas o desenvolvimento das "Objective Weapons" iniciaram no início dos anos 90.

O programa SABR foi iniciado em 1994 após aborto do programa Advanced Combat Rifle (ACR) da década de 80 para produzir um novo fuzil mais capaz que o M-16A1. O primeiro conceito apareceu no inicio da década de 90. O primeiro protótipo atirou em 1997.

O SABR iniciou com dois anos de pesquisa e validação do conceito de munição explosiva no meio da década de 80. O conceito básico é uma munição explosiva que dará vantagem tática ao soldado de próxima geração. A característica especial deste projeto deu um novo problema as armas pequenas na área de miniaturização. A tecnologia seria necessária para transformar cada infante num granadeiro.


O SABR/OICW fazia parte do Small Arms Master Plan (SAMP) que incluía a OCSW (Objective Crew Served Weapon), a Objective Sniper Weapon (OSW) e Objective Personal Defense Weapon (OPDW). A OCSW está em desenvolvimento.O objetivo é atingir alvo humano a 1000 metros e veículos 1700 metros. Objective Sniper Weapon (OSW) deve entrar serviço em 2010. Os requerimentos são pesar menos de 6,8kg (ideal 4,5kg); 100% de probabilidade de matar a 1000 metros (desejável 1200m); e atingir alvo material (1.2x1.2m) a 1500 metros (desejável 2km). O Special Operation Command (SOCOM) planeja adquirir 800 fuzis de precisão calibre 12,7mm provisoriamente até a entrada em serviço do OSW. O SAMP iniciou com o Objective Family of Small Arms (OFSA) que era um projeto que buscava acabar com a necessidade de usar a mesma munição para fuzil e metralhadora e passar a usar tecnologias avançadas como munição explosiva e controle de tiro por computador.

DSD Smal Arms Revolution. Estratégia atual de armas leves do US Army que substitui o SAMP.

O Objective Individual Combat Weapon Advanced Technology Demonstration (OICW-ATD) teria capacidade potencial para substituir o fuzil M-16/M-4 e o lança-granadas M-203.

O OICW-ATD iniciou com gerenciamento do JSSAMP (Joint Service Small Arms Master Plan) para US Army, USMC, USAF, SOOCOM, US Navy e USCG. Agora é gerenciado pelo Program Manager Soldier Weapons Office do Program Executive Office Soldier Systems (PEO Soldier).


O modelo AAI também tinha configuração "bullpup" com peso de 5,45kg. A Hughes era membro do time AAI e era responsável pelo FCS. A AAI usou o M-16A2/M-4 como arma cinética. 

Descrição

O SABR será uma arma leve multi-função e duplo calibre, capaz de disparar projéteis de energia cinética e munição explosiva fragmentada, combinando a letalidade da munição de 20mm e munição cinética de 5,56mm da  NATO, integrado com um sistema de controle de tiro avançado que é parte essencial do sistema.

Foi projetado para o infante que está na linha de frente da batalha, ou na "ponta da espada".  Será uma arma para melhorar capacidade de matar e incapacitar.

O SABR irá incorporar tecnologias que só eram usadas em armas maiores, através de tecnologias de minituarização de espoletas; sistema de controle de tiro integrados; baixo peso, material resistente; e efeitos da munição.

O SABR dará capacidade de longo alcance contra alvos expostos e escondidos. Isto permitira que o soldado ataque alvos a grandes distâncias incluindo alvos escondidos. Este sistema pode revolucionar a guerra assim como a metralhadora. Certamente as tropas armadas com a SABR poderão ter capacidade de engajar alvos a mais de 1000 metros com precisão.

A capacidade revolucionaria é poder engajar alvos além o alcance do fuzil  M-16, principalmente escondidos, em trincheiras, atrás de árvores, dentro de abrigos ou em cima de telhados, além de alvos a distâncias bem maiores. O resultado será o aumento da letalidade e sobrevivência de forma dramática do infante individual. Num engajamento entre dois soldados escondidos, o armado com o SABR pode fazer vigilância e pontaria sem se expor e atingir um inimigo que esteja escondido.

O SABR é uma arma multifuncional "duas em uma" de alta tecnologia que combina uma configuração de fuzil automático de 5,56mm com estojo carregador 30 tiros e um lança-granadas automático de 20mm com estojo de 6 tiros (oito na versão final de produção).

A arma tem dois canos sobrepostos. O de cima é o lança-granadas automático de 20mm baseado no princípio "blow-back". A arma de baixo é um fuzil H&K G-36K modificado designado M-8 no US Army. Os dois usam o mesmo gatilho com um seletor. O controle ambidestro também tem três botões a frente do guarda mato para ativar o telêmetro laser e escolher o alcance manualmente, respectivamente, e interage com o sistema de controle de tiro (TA/FCS).

O SABR foi projetado como um componente integral de um sistema de armas fuzil/lança-granada. O fuzil é o componente secundário. O lança-granadas incorpora telemetria laser com munição de programação automática, óticos diurno/noturno. A munição de 20mm tem computador interno.

Após o atirador medir a distância do alvo usando o telêmetro laser, o sistema de controle de tiro programa automaticamente a ogiva para explodir no ar ao invés de impacto, em situações onde não seria possível a aquisição com sistemas convencionais.

Requerimentos: 

Precisão do laser:  +/- 0,5m a 500m e +/- 1m a 1000m
Razão de tiro: munição cinética >850 tpm - efetivo de 300 tpm
Razão de tiro: munição HE >10 tpm
Backup do TA/FCS com alça de mira
Modos auto-esplosivo, "airburst", "MOUT short arm", "PD", "PDD", e auto-destruição
Munição cinética com disparo semi-automático e 2 tiros
Munição auto-esplovsiva com disparo semi-automático
Aumento na probabilidade de incapacitação de 500% em relação ao M-203
Capacidade de derrotar alvo escondido
Efetivo até 1000 metros
Capacidade de letalidade: 20mm auto-esplosivo e 5,56mm cinético
Alcance da munição de 20mm - 1000 metros
Alcance da munição de 5,56mm - semelhante ao M-4
TA/FCS com capacidade dia/noite, e interface sem fio
Redução de peso - objetivo de 6kg carregado ou 4,5kg vazio
Projeto ergonômico
Botões e gatilho ambidestro
Sistema de pontaria com ponto vermelho simples, diurno/noturno
Ajustamento do laser para alvos dentro de prédios e escondido
Minituarização da espoleta e precisão
Desempenho da ogiva e cartucho
Aquisição de alvo e "man-in-the-loop"
Precisão da telemetria laser a várias distâncias
Uso de material composto
Comprimento 890mm
Comprimento do cano do fuzil 250mm
Comprimento do cano do lança-granadas 460mm
Capacidade carregador 20-30 de 5,56mm e 6-10 de 20mm

Cronograma

A fase 1 de estudo foi completada em dezembro de 1994. O SABR iniciou como programa de demonstrador de tecnologia avançada (Advanced Technology Demonstration - ATD). Os projetos que ganham status ATD são considerados tecnologias futuras e tem financiamentos garantidos. Um total de 30 engenheiros do governo e 15 do departamento de defesa estavam envolvidos nos estágios iniciais.

A natureza de ser integrada ao sistema Land Warrior e o orçamento reduzido levou a formação de equipes para concorrer as fases posteriores. A equipes industriais eram lideradas pela AAI Corporation e outra pela Alliant Techsystems. Cada uma recebeu US$95 milhões para construir os protótipos e que iria durar 48 meses na fase de definição e redução de risco.

A fase 2 ou projeto de sistema e demonstração dos subsistemas foi completada em fevereiro de 1996 com a demonstração de tecnologias críticas como munição, controle de tiro, espoleta e a arma em si. As duas equipes tinham ideais diferentes: uma com um fuzil convencional e outra com um bullpup compacto.

A fase 3 de demonstração do protótipo foi entre janeiro de 1997 e janeiro de 1998. Os dois fuzis mostraram a capacidade da munição de 20mm de atingir alvos a 1000 metros de distância.

A JSSAP deu um contrato de US$8,5 milhões para a Alliant Techsystems em abril de 1998 para construir sete protótipos da SABR e 4700 tiros de 20 mm para testes passando para as fases 4 e 5 de construção e testes simulados.

A Alliant Techsystems Integrated Defense recebeu um contrato adicional de US$6.946.000 em 4 de agosto 2000, como incremento do contrato de pesquisa inicial para desenvolver SABR no estado de arte, com um programa de definição e redução de risco.

O SABR entrou na fase de desenvolvimento no ano 2000. O XM-29 foi demonstrado na escola de infantaria americana em Fort Benning em 2002. A fase de desenvolvimento de sistemas e demonstração deve iniciar em 2005 com previsão para durar 12 a 15 meses.

A entrada em serviço foi planejada para 2007 e deve estar operacional em 2009 em tropas de infantaria e forças especiais. O plano inicial era produzir 45 mil SABR a partir de 2006. O custo total do programa deve chegar a US$500 milhões. A ATK já recebeu US$106 milhões para desenvolver a nova arma.

A equipe industrial é formado por um consórcio com a Alliant Techsystems como contratante principal além da integração e desenvolve espoleta e munição; a Heckler and Kock GmbH (H&K) é responsável pelo fuzil da G-36K e a HK Inc. fará a produção da arma nos EUA; o sistema de controle fogo é da Contraves- Brashear Systems e usa software de rastreador de alvos da Octece; a Dynamit Nobel é consultora para propelente; a Omega é responsável pelo treinamento.


Modelo atual do SABR disparando durante a fase 3 do projeto.


Primeiro conceito OICW da ATK em fevereiro 1994. A HK experimentou várias configurações para a arma, incluindo sobrepostos. O fuzil eram mais fácil de usar com ejeção longe da face e dava mais espaço para mecanismo de recuo do 20mm. O gatilho era único para as duas armas com seletor de munição.


Testes de tiro de um modelo OICW da ATK em fevereiro de 1996.


A Alliant Techsystems e Heckler & Koch mudou o projeto do fuzil do SABR (acima) para a configuração Bullpup depois dos resultados dos testes iniciais. A diminuição do peso foi o fator principal diminuindo para 6,35kg com objetivo de 4,5-5,45kg. O carregador de 8 tiros ficava atrás do gatilho. O recuo foi diminuído para 4EJ do 20mm, ou o mesmo do M-16A2.

O programa mais recente do XM-29 foi para verificar a segurança e lançar um programa de engenharia da arma, TA/FCS e munição. Os testes foram concluídos em janeiro de 2002 com 180 tiros disparados para confirmar a precisão da explosão no ar, segurança, e avaliação ambiental a distâncias de 100m, 350m e 500m.

A munição passou por todos testes de segurança. Também demonstrou modos de operação, incluindo espoleta com contagem de giro, detonação por impacto, auto-destruição, e espoletamento a curta distância (para uso a curta distância em terreno urbano).

O M-29 será implementado em blocos de modernização. O Block 1 será o sistema inicial que terá capacidade de receber novas tecnologias como sensores avançados, material composto, células de energia, cano de cerâmica e conector sem fio. A equipe ATK passou para fase de desenvolvimento e fabricação do Block 1.

O TA/FCS será modernizado para diminuir o peso e integrar sensores de ultima geração. O modelo operacional vai se comunicar com o HMD do Land Warrior e dividir o sistema de energia.

A arma também vai diminuir o peso e aumentar a rusticidade. O peso de cada parte ou componente será estudado para ser diminuído. O sistema deverá ser reforçado para resistir ao campo de batalha, como tropas pára-quedistas e embarcado em navio sem diminuir o desempenho. Será efetivo em pé, agachado, ajoelhado, sentado, deitado e em trincheira.

Para entrar na fase de desenvolvimento o SABR deve pesar menos de 8kg carregado com cinco HEAB e 20 cartuchos de 5,56mm, TA/FCS, suprimento de força e bandoleira.

O peso do demonstrador com 30 tiros de 5,56mm e pelo menos oito de 20mm é considerado alto (8kg) com requerimento de produzir uma versão operacional de 6kg. Mas ainda será mais pesado que a M-16A2. Só a redução do peso já é uma vantagem de desempenho.

O M-16/M-203, com carregador de 30 tiros de 5,56mm e uma granada  de 40mm, e com adição de uma mira térmica TWS, mira ótica, luz de pontaria e laser pesa entre 6,4 a 9kg. A granada do SABR pesa 1/4 da granada de 40mm. Uma carga de 18 tiros de 40mm pesa 6,3kg e 18 granadas 20mm pesa a metade.

Embora as granadas 40x46mm sejam mais pesados que a da SABR, a capacidade semi-automática irá assegurar que granadas menores sejam disparadas mais rapidamente que as de tiro único. A quantidade de explosivo em peso em determinado tempo que chega ao alvo favorece o SABR.

No meio da década de 90 e com planos para adquirir 40-50 mil armas, o projeto SABR iria custar US$10 mil para cada arma com dólar de 1995, enquanto em dólar de 2001 deverá ficar entre US$25-39 mil cada fuzil (custo total inclui aquisição, custo do ciclo de vida e apoio).

O SABR é considerado caro, apesar do M-16 com M-203 e visão noturno (TWS) testado no Land Warrior em 1998 fosse mais caro ainda (US$29 mil). O MWS completo com apontador laser, bússola digital e TWS usado pelo Land Warrior custa US$35 mil. Só o M-16A2 custa US$340 (configuração básica sem visor noturno e lança-granadas M-203).

O custo da munição é outro problema. A munição auto-explosiva custa entre US$25-30 em 1999, com a versão de treino bem mais barata. A granada de 40mm custa US$20.

Por outro lado o sistema é bem preciso e tem grande capacidade de incapacitação. A relação custo-benefício é consideravelmente maior, ou cinco vezes melhor a 300 metros, em relação ao M-16. O custo de engajamento com M-203 será US$80-100 contra US$30 do SABR para atingir 100% de probabilidade de incapacitação. O número total de alvos por peso de munição levada também favorece a SABR.

O objetivo original era substituir todos os M-16A2 na infantaria. Logo ficou claro que seria caro, além da duvidosa necessidade de equipar todo infante com um lança-granadas como arma primária. O programa foi revisado e deveria substituir seletivamente o M-16 e carabina M-4 equipados com o lança-granadas M-203 e carabina M-4.

O M-29 devia equipar quatro membros do grupo de combate (squad) de nove membros do Interim Brigade Combat Teams - IBCT ou brigada de peso médio futuro. Seria usado para apoio de fogo a nível de pelotão e do mesmo modo que o M-203, porém com melhor precisão, letalidade e flexibilidade. O número total indeterminado mas a aquisição pode chegar a  40-45 mil como planejado inicialmente. O M-16 será comprado até 2009.

O USMC investiram US$3 milhões no programa e não estão entusiasmados. Também esperam trocar apenas o M-16/M-203. O SABR poderia ser exportado e deve incluir uma versão piorada para países aliados.

Em um combate simulado o SABR mostrou o potencial do longo alcance. Uma unidade virtual de M-16/M-203 sofreu grandes baixas (70). A unidade equipada com a SABR diminuíram as perdas (apenas uma baixa) devido a capacidade de longo alcance e por ser capaz de derrotar alvos escondidos. Em combate a única estatística que conta é a sobrevivência do soldado. O SABR mostrou que deverá ser útil em combate urbano e florestas.

O fuzil M-16 é preciso, mas na mão de soldado com estresse de combate o desempenho diminui. Também não atinge alvo escondido e o alcance do M-203 é de 250-300 metros.

O efeito no inimigo deve ser desmoralizador. Quando souberem que o inimigo tem uma arma que pode atingi-lo escondido, na trincheira, ou em esquinas, o pânico pode tomar conta das tropas e toda unidade pode se render ou fugir. Por outro lado, tropas mais experientes podem aprender contramedidas para a SABR.


Descrição do SABR. A bateria fica na coronha.


Versões estudadas para o SABR:
1 - SABR na configuração atual e com novo TA/FCS incorporando um sensor de imagem térmica

2 - SABR com uma submetralhadora HK PDW calibre 4,6mm no lugar do fuzil G-36
3 - SABR simplificada com kit para funcionar sem arma cinética e mira simples

Munição Explosiva

O programa ACR já tinha mostrado as limitações da munição cinética. O JSSAP manteve o calibre 5,56mm mas a munição auto-esplosiva passou a ser mais importante. O calibre de 20mm vai substituir o lança-granadas M-203 de 40mm que já tinha problemas para acertar o primeiro tiro.

O JSSAP iniciou com o calibre de 30mm como base. Testes iniciais compararam a letalidade e relação com peso. O calibre de 20mm maximizava o número de tiros carregados, mas não era tão efetivo como o calibre maior. Foi concluído que o custo maior de desenvolvimento da munição era para o de 20mm. As duas equipes mostraram que este calibre preenchia o requerimento de letalidade.

A Alliant Tech usava tecnologia de contagem de voltas na espoleta. O infante determinada a distância do alvo e entrava os dados no computador de tiro. Esta informação era usada para calcular o número de voltas para atingir o alvo e explodia. Também tinha opção com detonação por impacto.

O fuzil da AAI usava espoleta eletrônica com opção de impacto. As duas munições preencheram os requisitos de derrotar tropa com colete a prova de baa escondidos a 1000 metros .

Os estudos do JSSAP mostraram que um soldado podia atingir uma probabilidade de incapacitar (Pi) de 90% a 500 metros e 50% a 1000 metros com munição explosiva de 20mm. Era o padrão para as duas equipes.

Cada projétil pesava 115 grama. Os dois conceitos tinham carregador de 6 tiros. A AAI afirma que o governo queria de 10 tiros. A carga por soldado deve ser de 30 projéteis, com mais quatro carregadores extras ou 3,4kg de carga de munição total. Munição sem cartucho foi estudada para diminuir o peso, mas não implementado.
 

XM-1018 High Explosive Air Bursting (HEAB)

O componente mais revolucionário do SABR é o lança-granadas semi-automático de 20mm, que pode ser destacado da "arma cinética" ou fuzil do SABR mas não pode ser usado sozinho. Os dois elementos podem ser separados com a simples remoção de um pino.

O recuo é menor que o do fuzil M-14 de 7,62mm ou pouco maior que o M-16, sendo possível o disparo repetido sem danificar a arma ou ferir o ombro do soldado. Para isto é usado um sistema de "buffering" no componente.

O lança-granadas é alimentado por um carregador destacável de 6 tiros (oito na versão final de produção) com razão de tiro de 10 tiros por minutos. O alcance do lança-granadas é de 1000 metros com capacidade de programar a munição para explodir acima do alvo, inundando o alvo com fragmentos.

A chave do aumento da letalidade e sobrevivência do SABR é a munição XM-1018 High Explosive Air Bursting (HEAB). Ela dará capacidade letal da cadeia sensor-atirador-alvo. Consiste de uma espoleta no centro do corpo com um ogiva de fragmentação controlada em cada lado. Este projeto foi escolhido por maximizar a letalidade. A munição já foi demonstrado com sucesso em janeiro de 2002.


Munição HEAB com ilustração mostrando os circuitos internos.


Esquema interno da HEAB e protótipo do projétil completo. A munição HEAB atual tem duas ogivas, uma a frente e outra atrás do projétil com eletrônicos entre elas. Está sendo estudado o desenvolvimento de uma munição de carga oca de baixo custo de 20mm com espoleta de impacto para ser usada contra blindados leves e casamatas. Outra alternativa é o uso de munição termobárica já testada com o M-203. Enquanto uma granada comum pode destruir uma porta ou a entrada da porta, uma granada termobárica pode destruir toda a construção ao redor.

As tecnologias chaves para implementar a HEAB foram a miniaturização; eletrônicos reforçados; confiabilidade da munição; sistema de segurança e espoletamento; sistema de interface com a arma, sistema TA/FSC e munição; letalidade da ogiva dupla; propulsão uniforme da munição; e coice da arma.

O que torna este sistema único é a capacidade de dar informação eletrônica de distÂncia para ajustar automaticamente o ponto de pontaria, e para programar a espoleta automaticamente. O que o soldado tem que fazer é apontar, ligar o laser, ajustar a pontaria e disparar.

Teoricamente o sistema pode ser programado remotamente usando sistema de informação do campo de batalha, e disparado sob cobertura.

A HEAB terá espoleta programável com interface com o TA/FCS para programação automática da espoleta. O confiabilidade não é menor que a M-406 HE/M433 HE Dual Purpose (HEDP) de 40mm.


Uma família de cartuchos será desenvolvido como treinamento, tiro com indicador de explosão e festim.


Comparação de tamanho da munição HEAB e 5,56mm

O alcance máximo é de 1000 metros com probabilidade de atingir alvo de 50% a 500 metros contra alvo exposto, e 30-50% a 1000 metros contra alvo escondido. O objetivo de incapacitação é de 50% a 300 metros contra alvos de ponto e 20% contra alvos escondidos a 300 metros. A ogiva auto-explosiva pré-fragmentada tem capacidade de perfurar colete tipo PASGT e cobertura leve no alcance de 1000 metros. O alcance é 2-3 vezes o alcance da granada de 40mm.

A efetividade contra pessoal e alvos com blindagem leve será maior que o cartucho M-433 do M-203 e M-855 do M-16A2. A M-203 tem capacidade de incapacitar de 10% a 300 metros com um disparo só. O objetivo cinco vezes melhor foi atingido nos testes.


Efeito da munição HEAB no modo "airbust"


Comparação entre o M-203 (a esquerda) que só podia atingir alvos diretamente com a HEAB que pode explodir bem acima do alvo e com precisão.

O projétil "inteligente" auto-explosivo é programado automaticamente pelo sistema de controle de tiro com indução de voltagem ao redor do cano. O principio é muito simples: como a granada é estabilizada por rotação, o computador calcula o número de giros que corresponde ao alcance do alvo, e programa a espoleta para detonar no momento apropriado. Qualquer que seja a velocidade inicial, a distância por giro será constante, compensando qualquer variação da fabricação ou ambiente.

Em combate aproximado (menos de 25 metros) pode não fazer diferença usar o lança-granadas pois não é usado explosivo nesta situação. A espoleta só arma após 70 metros, mas pode ser feito uma que arma após 20m.

O atirador pode escolher entre quatro modos de tiro:

- PD (Point Detonation) ou detonação de ponto ou detona ao contato. O PD também é o modo "default".

- PDD (Point Detonation Delay) permitindo que a granada penetre no alvo antes de explodir, detonando após passar por janela, porta ou parede.

- "Air Burst" para detonação no ar. Neste modo o soldado encontra o alvo com TA/FCS, mira no inimigo e dispara. A opção "bursting" é selecionada no painel do controle de tiro. Um telêmetro laser programa a granada para explodir numa distância determinada.

A granada é otimizada para espalhar fragmentos de incapacitação (ferir ou matar) num raio de 6 metros. Mesmo se movendo a probabilidade de acerto será alto, com árvores ou prédios a 500 metros, com um único tiro. O M-16 não é precisa nesta distância, e o inimigo pode pode se esconder assim que tiros acertem ao redor.

Com o SABR, um tiro preciso permite atingir o elemento surpresa. A granada pode explodir a 1,5 metros acima do alvo podendo atingir alvo atrás de parede ou deitado. O modo "airburst" dá uma grande vantagem sobre as armas leves atuais que precisam de um acerto direto para serem efetivas, o que permite grande margem de erro de pontaria, e torna possível atingir alvos escondidos.

A munição explosiva também não depende de velocidade para ser efetivo como a munição cinética e não perde efetividade com o aumento do alcance. A desvantagem é a complexidade dos eletrônicos da espoleta, resultando em grande preço por disparo.

- Modo "Window" com detonação no ar numa distância pouco além da leitura do telêmetro (através de janelas, portas, buracos na parede etc.) a cerca de 2-3 metros após o ponto de pontaria que deve ser dentro da estrutura. Ao atingir a janela a explosão é atrasada por milisegundos para explodir dentro do cômodo. Com um tiro normal a explosão seria por impacto na janela, limitando o poder destrutivo.

Este modo é usado contra inimigos em trincheira, atrás de muros ou dentro de construção. Detona logo após o ponto de pontaria. Em prédios pode ser janela ou porta aberta, entrada de caverna ou canto de prédio. Também pode atravessar placas de metal finas como as de automóveis.


SABR demonstrando vários modos com modo "window", "airbust" e alvo móvel com arma cinética.

O modo segurança destrói a granada após 8 segundos se não explodir por impacto e se não atingir um alvo sólido. Este modo evita munição que não explode no campo de batalha.

Nos modos PD e PDD a programação é inibida. O padrão de fragmentação é otimizada com a colocação da espoleta no centro da carga ao invés do nariz, resultando numa fragmentação distribuída num círculo irregular com um diâmetro de 6 metros. Estes avanços tecnológicos e possibilidades operacionais vão muito mais além do que a simples combinação do fuzil de assalto com um lança-granadas como os modelos M-203, AG-36 e HK-79A1.

XM-8 Lightweight Assault Rifle

Em outubro de 2002 a ATK recebeu um contrato de US$8,5 milhões do Army Armament Research, Development, and Engineering Center (ARDEC) para desenvolver o fuzil XM-8 Lightweight Assault Rifle. A Heckler & Koch apoiará o uso do XM-8 como futuro fuzil de assalto leve do Objective Force.

O XM-8 será a arma de "energia cinética" como parte do sistema de arma de infantaria de próxima geração XM-29 (SABR/OICW). Pode ser removido e usado separadamente. Terá letalidade semelhante a carabina Colt M-4 a qual deverá substituir futuramente como arma isolada. Pesando 20% menos deverá diminuir a carga e aumentar a mobilidade que são dois objetivos dos programas Land Warrior e Objective Force Warrior.

O XM-8 é baseado no fuzil alemão G-36K calibre 5.56x45mm padrão da OTAN e terá cadência de tiro idêntica ao M-16 (850 tiros por minuto) com opção de disparar tiro a tiro ou rajada de dois tiros. O XM-8 usará um adaptador para poder usar o carregador de munições de 30 tiros do M-16. O G-36 é conhecido pela confiabilidade e durabilidade. O G-36 já foi adotado pelo Bundeswehr (Exército Alemão).


O XM-8 é baseado no fuzil HK G-36 porém não tem coronha e nem alça de mira e só deve ser usado em emergência como arma de defesa aproximada. Está montada no sistema para combate aproximado ofensivo e defensivo (o lança-granadas tem alcance mínimo de 50-100 metros), ou como arma ofensiva de baixo custo, médio alcance e baixa intensidade. O fuzil original tem carregador transparente que não é compatível com o M-16.


O XM-8 irá substituir o M-4 e M-16 no US Army.


O XM-8 poderia ser destacado e funcionar sozinho sem o lança-granadas.


Os componentes do SABR podem ser separados e o fuzil M-8 pode ser disparado separadamente.

TA/FCS

O segundo elemento do SABR é o sistema de aquisição de alvos e controle de tiro (Target Acquisition/Fire Control System - TA/FCS) que usa um processador multifuncional para detectar alvos animados e inanimados, estacionários ou móveis, de dia ou a noite, medindo sua distÂncia com um telêmetro laser, e calculando uma solução balística considerando fatores como condições atmosféricas, paralaxe, modo da espoleta e assim por diante.

O telêmetro laser dispara pulsos até os alvos e calcula a distância precisamente. O computador analisa os pulsos, compensando variações leves na pontaria e aerobalística da munição na trilha de vôo. O TA/FCS usa as informações do telêmetro laser para determinar o alcance preciso e transmitir estas informações para a espoleta da granada.

A pontaria é através de uma interface tipo ponto vermelho (luz IR de pontaria) com brilho variável que também é o ponto de pontaria do telêmetro. O atirador escolhe entre três modos de visão: diurno com zoom de 3 vezes sem bateria e ângulo de visão de 11 graus; câmera de TV CCD com opção de zoom de 6 vezes; e visão noturna que está na fase de protótipo e que deve ser um sensor de imagem térmica integrado não refrigerado na versão final e com zoom de 3 vezes. Uma bússola digital é mostrada na tela.

O sistema de controle de tiro inclui um modo de rastreio por vídeo, que pode funcionar junto com o telêmetro laser para seguir os movimentos do alvo. O TF/FCS coloca barras ao redor do alvo móvel e determina distância automaticamente. Se o alvo pára ou é perdido, as barras permanecem na última posição do alvo.

O computador balístico monitora vários fatores que afetam a precisão da arma. Este inclui ângulo da arma (sensor de atitude com inclinometro), munição, temperatura ambiental (sensor ambiental), opção de espoleta, angulo de visada (acima ou para baixo). O último fator leva a arma a disparar acima do ponto de pontaria e é importante em ângulos agudos e longas distâncias.

Na estrutura do Programa Land Warrior e Objetctive Force Warrior, todos os dados poderão ser transmitidos para o computador via conexão sem fio, e mostradas no HMD/IHAS, além da capacidade dos óticos de visão direta. O TA/FCS terá módulo IFF, apontador laser e treinamento integrado.

O TA/FCS combinado com a granada de 20mm irá superar as capacidade das ameaças, e aumentar a capacidade de sobrevivência. O SABR terá capacidade de adquirir alvos e detonar projétil de 20mm com precisão de um metro acima da ameaça.


O controle de tiro avançou de massa de alça de mira para miras diurnas e noturnas e agora para intensificadores de imagem. A tecnologia do SABR é derivada das usadas nos carros de combate. O TA/FCS pesa pouco mais de dois quilos. O TA/FCS é a parte mais complicada e cara do sistema. O lança-granadas ainda pode ser disparado em caso de dano no TA/FCS com modo de impacto direto (PD), assim como o fuzil. O visor da Brasher LP é alimentado por uma bateria de lítio BB2847 modificada.

O TA/FCS melhora a pontaria em condições ruins. Mesmo que a arma não esteja pronta para o Land Warrior, o TA/FCS será disponível. A tecnologia também poderá ser adaptada para outros fuzis.


Corte interno de um dos protótipos do TA/FCS.
Os planos para o TA/FCS eram diminuir o peso de 3,15kg para menos de 1,2kg; campo de visão de 10 graus para mais de 13 graus; probabilidade de rastrear alvos a 700 metros de 70% para 90% a 500 metros; imagem térmica integrada; uso de energia de 12W e 40W de pico para 3W e 9W  respectivamente; capacidade de resistir a quedas e mal tempo (rusticidade); integração com o Land Warrior e OFW; sensor laser multifunção e fusão de sensores.


Imagem térmica do TA/FCS. O sensor térmico deveria ter pelo menos 320x240 pixel com campo de visão de 15 graus para detectar alvos humanos a 500m.


Imagem de TV do TA/FCS.

 

Última versão do TA/FCS testada com o Land Warrior.



Atualizado em  15 de abril de 2004

Próxima Parte: Fuzil PAPOP francês


Voltar ao Sistemas de Armas


2003-2004 ©Sistemas de Armas
Site criado e mantido por Fábio Castro


     Opinião

  FórumDê a sua opinião sobre os assuntos mostrados no Sistemas de Armas
  Assine a lista para receber informações sobre atualizações e participar das discussões enviando um email
  em branco para sistemasarmas-subscribe@yahoogrupos.com.br