Carros de Combate Leopard
I no Exército Brasileiro
por Alexandre Beraldi
Com
a
aquisição de 240 Carros de Combate Leopard 1A5 pelo
Exército Brasileiro fica consolidada a opção por
este veículo como espinha dorsal da Cavalaria brasileira,
elevando o número para um total de 368 unidades adquiridas, o
que equivale ao total de CCs M-41 que antes mobiliavam as Unidades da
Arma Ligeira.
Características |
Osório EE-T1 P1 |
Leopard 1A5 |
Comprimento Total |
10,1 m |
9,54 m |
Largura sem saia blindada |
3,20 m |
3,25 m |
Largura com saia blindada |
3,26 m |
3,37 m |
Altura até o teto da torre |
2,37 m |
2,40 m |
Peso |
43.700 kg |
42.400 kg |
Motor |
MWM TB 234 V-12 |
MTU MB 838 Ca-500 V-10 |
Potência |
1015 HP (746 KW) |
830 HP (610 KW) |
Transmissão |
ZF LSG 3000 |
ZF 4 HP 250 |
Suspensão |
Dunlop Hidropneumática com regulagem
de altura |
Sistema de barras de torção com
amortecedores na 1ª, 2ª, 3ª, 6ª e 7ª rodas |
Lagartas |
Diehl de 570 mm |
Diehl de 550 mm |
Capacidade de combustível |
1.354 litros |
985 litros |
Autonomia em asfalto |
550 Km |
600 Km |
Armamento Principal |
01 Canhão L7/M68 105mm |
01 Canhão L7/A3 105mm |
Armamento Secundário |
01 Metralhadora FN M2HB 12,7 mm 01 Hughes X34 7,62 mm |
02 Metralhadoras Rheinmetall MG3 7,62mm |
Munição Principal |
45 munições |
60 munições |
Munição Secundária |
3.000 (7,62mm) + 900 (12,7mm) |
5.500 (7,62mm) |
Sistema de Controle de Fogo |
Canhão e periscópios giro
estabilizados com computador balístico apoiado por
telêmetro laser |
Canhão e periscópios giro
estabilizados com computador balístico apoiado por
telêmetro laser |
Periscópio do Atirador |
Oip LRS 5DNLC (c/ laser e visão
noturna por ampliação de luz residual) |
EMES 18 (c/ laser e câmera
térmica) e uma luneta auxiliar de tiro TZF 1A |
Periscópio do Comandante |
Oip LRS-5DN |
TRP 2A (c/ reprodução
das imagens da câmera térmica do atirador) |
Vejamos
então as diferentes versões deste blindado e, a seguir,
as possibilidades de
atualização/repotencialização interessantes
de serem aplicadas no decorrer do tempo.
Leopard
Nome
genérico do primeiro lote de Carros de Combate recebido no ano
de 1965 pelo Exército Alemão. Estes veículos
possuíam o chassi construído de placas soldadas e a torre
de aço fundido, além de serem equipados com um
periscópio com calculadora de tiro e medidor de alcance TEM 1A.
Eram armados com um canhão L7 A3 de 105mm. Foram produzidos
até o mês de julho de 1966.
Leopard
1A1
Resultado
de
um programa de modernização do Exército
Alemão no ano de 1970. As principais mudanças foram a
introdução de um sistema da norte-americana Cadillac Gage
que proporcionava estabilização hidráulica nos
planos vertical e horizontal para o armamento principal, a
instalação de uma cobertura térmica para o
canhão L7, além da substituição do sistema
de tiro noturno, que utilizava iluminação ativa
infravermelha, pelo novo sistema de periscópios com visão
noturna por ampliação de luz residual. Isto permitia
disparos mais precisos e mais agrupados, a capacidade de atingir alvos
com o Carro de Combate em movimento e a operação noturna
de forma discreta.
Foram
também adicionadas saias blindadas feitas de aço e
borracha para proteger o trem de rodagem, além de uma nova
esteira com almofadas de borracha para redução do
ruído. Com todas estas alterações a viatura passou
a pesar 41.500 kg.
Leopard 1A1A1
Resultado
de
outra modernização promovida pelo Exército
Alemão a partir de 1974, onde se incorporou blindagem adicional
à torre, aumentando o peso total para 42.500 kg.
Leopard 1A1A2
Resultado
da
incorporação, no início dos anos 80, de um novo
sistema de tiro noturno por ampliação de luz residual,
denominado PZB 200, que fora projetado para o Carro de Combate Leopard
2. Este sistema constituía-se de um compartimento retangular
colocado na porção superior-direita da torre, o qual
continha uma câmera de televisão capaz de detectar imagens
a menos de 0.1 lux (LLLTV), que enviava as imagens produzidas para dois
monitores instalados, respectivamente, no posto do atirador e no posto
do comandante.
Leopard 1A1A3
Idem
ao
anterior, porém com novos rádios digitais VHF SEM80/90.
Leopard 1A2
Representantes
do quinto lote a ser produzido para o Exército Alemão a
partir do ano de 1974, possuíam como diferencial uma torre de
aço fundido com blindagem mais espessa. A única forma de
diferenciar estes veículos daqueles Leopard 1A1 modernizados dos
lotes anteriores é observando-se a cobertura do
periscópio com calculadora de tiro e medidor de alcance TEM 1A:
na versão A2 a cobertura é ovalada, já na A1
modernizada, ela é circular. Apesar destes veículos
não terem recebido a blindagem adicional na torre como os
Leopard 1A1A1, seu peso de combate também era 42.500 kg, em
virtude da nova torre.
Leopard 1A2A1
Idem
ao
anterior, porém com o sistema de tiro PZB 200, instalado em 1980.
Leopard
1A2A2
Idem
ao
Leopard 1A2, mas com rádios digitais VHF SEM80/90.
Leopard 1A2A3
Idem
ao
Leopard 1A2, porém com o sistema de tiro PZB 200 e rádios
digitais VHF SEM80/90.
Leopard
1A3
Esta é a designação dada aos últimos 110 veículos do quinto lote, que receberam uma nova torre construída a partir de chapas de aço soldadas e incorporando blindagem composta, o que permitiu que, mesmo se mantendo uma proteção blindada idêntica à das versões anteriores, o espaço interno fosse aumentado em 1,2 m2.
Foi
introduzido um novo periscópio com calculadora de tiro
independente para o comandante da viatura, denominado TRP 2A, sendo
que, com todas estas mudanças, o peso ainda se manteve em 42.500
Kg.
Leopard
1A3A1
Idem
ao
anterior, porém com o sistema de tiro PZB 200, instalado em 1980.
Leopard
1A3A2
Idem
ao
Leopard 1A3, mas com rádios digitais VHF SEM80/90.
Leopard
1A3A3
Idem
ao
Leopard 1A3, porém com o sistema de tiro PZB 200 e rádios
digitais VHF SEM80/90.
Leopard 1A4
São os 250 veículos do sexto lote, recebidos em 1974, que possuem a torre da versão A3 dotada de um novo sistema de controle de fogo. Este sistema é composto por um periscópio independente e estabilizado para o comandante, modelo PERI R12, e de um telêmetro laser/luneta calculadora de tiro EMES 12A1, acoplado ao canhão estabilizado, para o atirador, sendo todo o sistema controlado por um computador balístico central. Esta versão é facilmente identificada pela cabeça do periscópio PERI R12, instalada logo à frente da escotilha do comandante. Com a instalação do computador de tiro perdeu-se espaço interno, assim sendo, o paiol teve sua capacidade reduzida de 60 para 55 cartuchos de 105 mm.
Leopard
1A5
É
o
resultado de um estudo originado no início dos anos 80 com a
finalidade de manter o poder de combate e a capacidade de
sobrevivência do Leopard 1 para além do ano 2000. Assim
sendo, o Carro de Combate, originalmente desenhado para combater os
T-55 e T-62 soviéticos, teve que ser redesenhado para fazer
frente aos novos T-64B, T-72B, T-72M1 e T-80B. Para atingir esta meta
foram melhoradas a capacidade de combater à noite e com mau
tempo, disparar em movimento contra alvos também em movimento, e
calcular com exatidão a solução de tiro, com a
velocidade e a precisão necessárias para abater um grande
número dos compactos blindados russos.
Foi
criado o
Sistema de Controle de Tiro Krupp-Atlas Electronik EMES 18,
desenvolvido a partir do EMES 15 que equipava os novos Leopard 2. Ele
é composto por um bloco ótico montado sobre a torre, no
lado direito, que contém uma câmera de imagens
térmicas da Carl Zeiss, um periscópio ótico com
ampliação de imagens e um telêmetro laser, tudo com
visão através de um espelho giro estabilizado protegido
por duas comportas blindadas, sendo possível utilizar o sistema
com capacidade reduzida mesmo com as comportas fechadas, pois aquela do
lado direito possui uma pequena abertura para
visualização.
O
computador
de tiro, derivado daquele do Leopard 2, é instalado sob o
assento do comandante, e é capaz de calcular a
solução de tiro para até sete tipos diferentes de
munição até a distância de 4000 m. Os
dinamarqueses, que também utilizam o Leopard 1A5, disparam a
distâncias ainda maiores, calculando o ponto de impacto com o
auxílio de calculadoras de mão. O computador de tiro tem
um painel de controle idêntico ao do Leopard 2, bem como um
sistema automático de detecção e análise de
falhas.
Um
periscópio independente do comandante modelo TRP 2A, igual ao do
Leopard 1A3, é instalado, porém numa
posição um pouco mais elevada para poder enxergar sobre o
EMES 18. A luneta de tiro auxiliar TZF 1A do atirador também
é mantida nesta versão, para servir como sistema de tiro
de emergência. Foi instalado também um colimador da Carl
Zeiss, com um sistema de referência da boca do cano para permitir
a rápida calibragem do conjunto canhão/miras.
Uma
nova torre
foi desenvolvida, maior que aquela das versões anteriores, para
abrigar todos os novos sistemas e a munição extra,
voltando o paiol a comportar 60 munições. Esta nova torre
vem previamente preparada para aceitar o canhão Rheinmetall L44
de 120mm do Leopard 2 em futuras modernizações. A
movimentação e estabilização da torre e do
canhão são obtidas por um sistema hidráulico SRK.
Ao contrário, os Leopard A5NO e A5NO2 da Noruega utilizam
controles de torre e canhão totalmente elétricos. Uma
outra atualização essencial para cumprir os novos
requisitos foi a introdução da munição
APFSDS, conhecida como “flecha”, para fazer frente às novas
blindagens russas.
O
trem de
rodagem foi atualizado com barras de torção mais
resistentes e pontos de montagem dos amortecedores construídos
de maneira a suportar melhor as exigências de maior velocidade de
deslocamento em terreno irregular. Os periscópios do motorista
ganharam um novo sistema de limpeza.
Um total de 1.225 Leopard 1A1A1 foram convertidos para o novo padrão 1A5.
Leopard
1A5A1
Idem
ao
Leopard 1A5, mas com rádios digitais VHF SEM80/90.
Leopard
1A6
É
um
Leopard 1A5 com o canhão L44 de 120mm do Leopard 2 e mais uma
blindagem adicional de aspecto similar à do novo veículo.
Apenas um foi convertido para este padrão, no ano de 1987, e
depois o projeto foi arquivado, optando-se pela aquisição
de mais veículos Leopard 2.
Atualizações/Repotencialização
A
aquisição de um grande número destes blindados
pelo Exército Brasileiro, num processo de
aquisição que tem previsão para durar cinco anos,
deixa clara a intenção de mantê-los em uso por um
longo período. Portanto, em um futuro não muito distante,
pode ser necessária uma atualização de meia vida
destas viaturas, abrangendo os três aspectos principais de um
Carro de Combate, quais sejam: o poder de fogo, a
proteção e a mobilidade. Trataremos então, de
maneira superficial, das possibilidades existentes atualmente para a
melhoria de cada um destes aspectos.
Poder de Fogo
No
tocante ao
poder de fogo, trataremos do armamento principal, do armamento
secundário e da munição.
O canhão L7 A3 empregado pelo Leopard 1A5 mantém boa capacidade de combate até os dias de hoje, principalmente se equipado com as munições mais atuais disponíveis no mercado. Para fins de comparação, montamos uma tabela com as principais munições APFSDS nos calibres 105 mm e 120 mm disponíveis atualmente, onde se pode observar o desempenho real de cada uma delas.
Calibre |
Munição |
Penetrador |
País |
Penetração(1) em RHAe(2) |
105 mm |
Type 95 |
Urânio exaurido |
China |
580 mm |
105 mm |
T-2 HP |
Tungstênio |
Inglaterra |
560 mm |
105 mm |
OFL105F2 |
Urânio exaurido |
França |
520 mm |
105 mm |
M-900 |
Urânio exaurido |
EUA |
520 mm |
105 mm |
DM-63 |
Tungstênio |
Alemanha |
450 mm |
105 mm |
M-426 |
Tungstênio |
Israel |
450 mm |
120 mm |
L-28 |
Urânio exaurido |
Inglaterra |
770 mm |
120 mm |
M-829 A3 |
Urânio exaurido |
EUA |
765 mm |
120 mm |
DM-53 |
Tungstênio |
Alemanha |
730 mm |
(1) = Com relação ao item
penetração, considerar o seguinte:
a) As
munições 105 mm disparadas por canhão da
família L7 e as de 120 mm por canhão L44; e
b) Os alvos
colocados à distância de 2.000 m.
(2) = RHAe (Rolled Homogeneous
Armor
Equivalent). Explicação: Rolled Homogeneous Armor (RHA) é uma
forma de se produzir uma blindagem de material homogêneo que
garanta uniformidade e aumente a resistência à
penetração. Rolled Homogeneous Armor Equivalent (RHAe)
é uma medida criada para determinar a resistência de uma
blindagem composta à penetração, comparando esta
blindagem composta com uma blindagem otimizada em material uniforme
(RHA). Por exemplo: um T-64A tem uma blindagem frontal
da torre composta por 150 mm de aço, 150 mm de alumínio e
40 mm de aço prensados na forma de um “sanduíche”. Estes
340 mm de blindagem composta dão uma proteção
contra munição de energia cinética (APFSDS)
equivalente a 440 mm de blindagem homogênea (RHA). Contra
munição de energia
química, do tipo explosiva de carga oca (HEAT), a
proteção equivale a 550 mm de blindagem homogênea
(RHA).
Note que o
ganho em desempenho quando comparamos a melhor munição de
calibre 120 mm com a melhor munição no calibre 105 mm
é de apenas 33%. Isto, quando considerado o cenário
latino americano, não justifica a opção pelo maior
calibre, a menos que se considere como ameaça os Leopard 2A4
chilenos. No caso de serem levadas em conta Carros de Combate mais
modernos, pode-se fazer necessária uma troca de armamento
principal, passando-se do L7 A3 para alguma outra peça em
calibre 120 mm, tal como o Rheinmetall L44, para o qual a torre do
Leopard 1A5 já se encontra preparada, ou o RUAG L50, com melhor
desempenho balístico e adaptado para uso em blindados de baixa
tonelagem, entre outros. Seguem abaixo duas tabelas para que se possa
comparar a resistência da blindagem dos Carros de Combate,
estabelecendo assim uma comparação com a capacidade de
penetração das diversas munições acima
elencadas. A primeira tabela relaciona os blindados mais modernos
encontrados na América do Sul, e a segunda, os mais
avançados em nível mundial.
Carro de Combate |
País |
Porção
frontal da torre |
Porção
frontal superior do chassi |
||
EC(1) |
EQ(2) |
EC(1) |
EQ(2) |
||
Leopard 2A4 |
Chile |
690 mm |
1290 mm |
600 mm |
710 mm |
Leopard 1A5 |
Brasil |
470 mm |
450 mm |
140 mm |
140 mm |
Leopard 1V |
Chile |
250 mm |
480 mm |
140 mm |
140 mm |
Leopard 1A1 |
Brasil |
250 mm |
480 mm |
140 mm |
140 mm |
M-60 A3 TTS |
Brasil |
240 mm |
260 mm |
250 mm |
275 mm |
AMX-30 B2 |
Chile |
260 mm |
450 mm |
240 mm |
265 mm |
AMX-30 EM2 |
Colômbia |
230 mm |
380 mm |
240 mm |
260 mm |
AMX-30 V |
Venezuela |
230 mm |
380 mm |
240 mm |
260 mm |
Ti-67 (T-55) |
Uruguai |
230 mm |
230 mm |
190 mm |
190 mm |
T-55 AM2 (BDD) |
Peru |
520 mm |
480 mm |
330 mm |
420 mm |
(1) = proteção
contra
munição de Energia Cinética (APFSDS)
(2) =
proteção contra
munição de Energia Química, do tipo explosiva de
carga oca (HEAT)
Carro de Combate |
País |
Porção
frontal da torre |
Porção
frontal superior do chassi |
||
EC(1) |
EQ(2) |
EC(1) |
EQ(2) |
||
Leopard 2A6 |
Alemanha |
940 mm |
1960 mm |
620 mm |
800 mm |
M-1 A1 |
EUA |
450 mm |
800 mm |
490 mm |
800 mm |
M-1 A2 |
EUA |
900 mm |
1620 mm |
590 mm |
1050 mm |
M-1 A2 SEP |
EUA |
960 mm |
1620 mm |
590 mm |
1050 mm |
Challenger 2 |
Inglaterra |
960 mm |
1700 mm |
660 mm |
1000 mm |
T-80 U |
Rússia |
850 mm |
1450 mm |
780 mm |
1080 mm |
T-90 |
Rússia |
920 mm |
1340 mm |
710 mm |
1070 mm |
Merkava 4 |
Israel |
1030 mm |
1340 mm |
760 mm |
1380 mm |
Leclerc |
França |
800 mm |
1750 mm |
600 mm |
1060 mm |
Type 99 |
China |
800 mm |
1050 mm |
630 mm |
860 mm |
(1) = proteção contra
munição de Energia Cinética (APFSDS)
(2)
= proteção contra munição de Energia
Química, do tipo explosiva de carga oca (HEAT)
Tão
importante quanto o tipo e calibre de canhão empregado é
a munição utilizada. Um canhão de 105 mm com
munição de última geração é
mais eficiente na penetração de blindagens do que um
canhão de 120 mm com munição de
gerações anteriores. Portanto, a escolha da
munição é parte fundamental para
obtenção do maior rendimento possível do armamento
principal. No caso de munições de Energia
Cinética, do tipo APFSDS, que é a principal
munição anti-carro de um Carro de Combate, aquelas que
possuem penetrador de urânio exaurido costumam ser mais eficazes,
se bem que a nova geração de penetradores de
tungstênio têm desempenho equivalente.
Munição
israelense M-426 APFSDS, com penetrador de tungstênio, em uso no
Exército Israelense e em diversos países europeus.
A munição secundária e de emprego geral dos Carros de Combate foi, por muito tempo, aquela do tipo alto explosivo com carga oca (HEAT), para uso anti-pessoal, anti-material e anti-carro com blindagem leve. Hoje a tendência é sua substituição pelas modernas munições de alto explosivo com espoleta programável e efeito de fragmentação (HE-FRAG) para uso anti-pessoal e anti-material, e pelas munições guiadas por feixe de laser ou com cabeça buscadora de imagens infravermelha, dotadas de ogiva de alto explosivo com carga oca, para uso anti-carro de longo alcance.
Dentre
as
munições de alto explosivo com espoleta
programável e efeito de fragmentação (HE-FRAG)
temos, entre outras de diversas procedências, a APAM israelense
nos calibres 105 mm e 120 mm, que possui uma espoleta
programável com funções de tempo, impacto e
retardo, capaz de ser usada para atingir tropas abrigadas ou dispersas
no terreno, para o que utiliza a função de tempo
programável, lançando seis cargas de alto explosivo com
fragmentação sobre a área do alvo, ou em combates
urbanos, para demolir construções (espoleta na
função retardo) ou abrir passagens em paredes (espoleta
na função impacto).
Vistas da
munição APAM no
calibre 105 mm.
Outra
munição israelense interessante é a LAHAT,
basicamente um míssil lançado do canhão com
guiamento por feixe de laser, capaz de atingir alvos a até 8.000
m de distância com extrema precisão, podendo ser utilizada
em dois modos de vôo: retilíneo com impacto direto, para
uso contra helicópteros armados com mísseis anti-carro,
ou trajetória parabólica com impacto em ângulo
próximo da vertical, para atingir a parte superior da torre dos
Carros de Combate adversários, porção esta menos
protegida pela blindagem.
Vista
da munição LAHAT no calibre 105mm
Uma
outra
medida praticamente inevitável no médio prazo é a
substituição do armamento secundário, composto por
duas metralhadoras Rheinmetall MG3, que são praticamente
metralhadoras MG42 da 2ª Guerra Mundial com cano e câmara
redimensionados para calçar o calibre 7,62x51mm OTAN, por
metralhadoras FN MAG, haja vista não haver apoio
logístico no Brasil para as primeiras.
A proteção blindada do Leopard 1A5 pode ser considerada adequada para o cenário sul-americano, porém uma simples adição de um pacote de blindagem adicional daria novas dimensões ao poder de combate destes veículos, o que é uma repotencialização simples, rápida e relativamente barata de se fazer. No mercado internacional existem kits de blindagem da própria Krauss-Maffei Wegmann (KMW) alemã, da Rafael israelense, entre outros. Um tipo que vale a pena mencionar é o MEXAS (Modular Expandable Armour System), desenvolvido pela empresa alemã IBD e adotada pelo Exército Canadense para equipar seus Leopard C2 (1A5), dotando-os de proteção blindada capaz de fazer frente às munições de última geração.
Duas vistas do Leopard C2 (leopard 1A5)
Canadense com a blindagem MEXAS, da IBD.
Mobilidade
A
menos
viável das mudanças, por envolver grandes custos e
mão de obra. Seria interessante utilizar um motor MTU MT 881 ou
um MTU MB 871 para trazer o Leopard 1A5 para um nível de
mobilidade um pouco superior ao que possuía o EE-T1 P1
Osório, e ainda reduzir seu consumo de combustível, mas
isto pode ser considerado algo supérfluo face nosso
cenário de emprego, principalmente se observadas as VBTT ou VBCI
eventualmente empregadas para acompanhar os Carros de Combate em nosso
Exército.
Acima: à esquerda, moderno motor MTU MB 871
de 1200 HP (880 KW) e, à direita, o motor MTU MB 838 Ca-500 de
830 HP (610 KW) que equipa os Leopard 1A5
Referência
Leopard 1: Main Battle
Tank 1965-1995, Michael Jerchel, Ed. New Vanguard, 1996.
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