OPERAÇÕES ESPECIAIS

As Operações Especiais compreendem vários tipos de unidades e atividades. As Forças de Operações Especiais (FOpEsp) são um tema muito procurado pelos entusiastas de assuntos militares. O termo é bem específico e tem significado bem diferente de Forças Especiais ou Tropas de Elite.

As tropas de elite são divididas em duas categorias gerais como as FOpEsp como o SAS, Boinas Verdes, Rangers e Seals e tropas mais convencionais como os pára-quedistas, forças anfíbias e tropas especializadas em guerra de montanha, guerra na selva e e tropas aeromóveis. Todas costumam fazer parte de Forças de Reação Rápida. As forças anti-terrorismo e policiais podem ou não ser incluídas assim como as forças de apoio de combate como a aviação, guerra psicológica e ações cívico sociais.

As FOpEsp podem ser desbandadas em tempo de paz, mas acabam voltando a ser reconstituídas durante um conflito, principalmente em conflitos não convencionais quando não há um linha de frente bem definida como a guerra contra o terrorismo. As forças convencionais não gostam de unidades com tendência a dar um show a parte e por isto estas unidades tentam manter um perfil "baixo", não aparecendo muito para não criar conflitos.

As FOpEsp têm capacidade de atuar em conflitos de baixa, média e alta intensidade. As FOpEsp não precisam de grandes unidades e a capacidade de adaptação é uma de suas qualidades. Com o fim da Guerra Fria, as operações de baixa e média intensidade passaram a ser o foco principal e sempre foram conflitos numerosos. Praticamente só treinavam para um conflito que nunca existiu durante a Guerra Fria. Agora até o Exército Brasileiro formou uma Brigada de Forças Especiais baseada em Goiânia (GO).

Praticamente todo os países tem a suas FOpEsp, sendo centenas de unidades que poderiam ser citadas. Este artigo foca nas unidades mais famosas como as americanas e inglesas por terem maior experiência de combate ou devido a facilidade para achar dados na bibliografia, mas outras unidades também têm desempenho semelhante ou até melhor que as citadas.

Nas operações recentes no Afeganistão a Força Tarefa K-BAR cobria o sul do país. Era formada por FOpEsp de vários países como os Kommando SpezialKraeft alemães, os Commandos dinamarqueses, os Jaeger Kommando da Noruega, o Joint Task Force 2 (JTF 2) do Canadá e o GROM (Grupa Reagowania Operacyjino Mobilnego) da Polônia, além dos Navy Seals, Special Forces, CTT e US Special Operations Marines. A força tinha um total de 2.000 tropas e realizou 75 operações de combate tipo reconhecimento, designação de alvos e ação direta contra o Talibã e Al Qaeda. Mataram 115 terroristas e capturaram 107 além de destruíram 225 toneladas de armas. Também chamaram 147 ataques aéreos. As tropas que se destacaram nestas operações foram exatamente as polonesas e canadenses e que são pouco conhecidas. O treinamento para operar em regiões árticas foi o que mais ajudou os membros do JTF 2.


Tropas Convencionais versus FOpEsp

Para se ter uma idéia da diferença entre as tropas convencionais e as FOpEsp vamos descrever em termos gerais as táticas e equipamentos soviéticos durante a Guerra Fria. As táticas e equipamentos soviéticos foram projetados para operar no contexto de uma operação estratégica de concentração de força. Esperavam uma guerra total com a coreografia de força e poder de fogo. Assim as táticas eram bem simples e seriam implementadas por recrutas e reservista. O espaçamento dos veículos e a capacidade de desmontar de um blindado, formar uma linha e fazer fogo supressivo eram as principais táticas de uma unidade motorizada. A iniciativa tática não era encorajada pois atrapalharia a coreografia geral.

As tropas usam coletes blindados que pesavam 16kg e levavam muita munição pois os russos priorizam a massa e não a precisão. Mais munição e mochilas ficavam nos BMP que estava sempre próximo. Os russos não têm unidades de infantaria leve e não aguentam um avanço a pé de mais de 1km.

Armas como o fuzil AK-47 não precisava ser preciso. As tropas nem eram treinadas para ter boa pontaria. Na doutrina russa todas as tropas fazem supressão e se for possível, bater alvos. Tem muita munição no BMP para isso. A arma só precisa ser confiável e fácil de manter e operar. No ocidente apenas a metralhadora faz supressão. As outras tropas avançam e usam suas armas para matar.

No Afeganistão, os guerrilheiros não se acomodavam a estas táticas. Não faziam trincheiras e nem esperavam a artilharia atacar. Forças Spetsnaz, aeromóveis e pára-quedistas eram mais inovadoras. Os comboios tinha um caminhão de comando na frente com antenas a mais. Eram sempre atacados primeiro e nunca tentavam esconder colocando outra antenas nos outros caminhões ou mudando de posição no comboio. O comboio perdia o controle rápido em uma emboscada quando destruíam o caminhão de comando e não podiam chamar reforços.


Tipos de FOpEsp

Existem vários tipos de FOpEsp e tendem a ser especializadas. As FOpEsp não podem fazer a missão da outra. As missões básicas das FOpEsp são ação direta, contra-terrorismo, guerra irregular, operações psicológicas, operações de inteligência e reconhecimento especial. Estas missões devem ser realizadas em qualquer terreno, operando como força irregular ou contra forças irregulares, dentro ou fora da fronteira do país.

Os Comandos ou Rangers são forças convencionais de infantaria leve que realizam as missões iniciais ou as mais difíceis como tomada de objetivos e resgate de armas e pessoal atrás das linhas inimigas. Estas tropas são treinadas em táticas de infantaria, sabotagem, técnicas de incursão e técnicas de resistência. Podem atuar em pequenos grupos realizando incursões/raids rápidos de surpresa. O termo americano geral é Direct Action (DA), traduzido como Ação Direta, ou o lado "negro" das FOpEsp. A Força Delta, Rangers e o Seals Team Six (não existem mais) são bons exemplos de tropas especializadas em ação direta ou o uso da própria força para atingir um objetivo. As operações de ação direta são realizadas contra alvos estratégicos que não podem ser atacados por outros meios. Este ataque também pode ser psicológico ou econômico, além do físico.

Os comandos, terrestres ou anfíbios, têm a função de levar a guerra ao inimigo e não tem postura defensiva. As ações na retaguarda levam ao deslocamento de tropas para proteção de alvos estratégicos, e de certa forma, aliviando as tropas na linha de frente. Por exemplo, incursões dos Comandos britânicos em 1941 a um viaduto na Itália levou a mobilizar tropas para defender vários pontos estratégicos pelo país. Outras incursões britânicas na costa da França forçou os alemães a deslocar várias Divisões para este local, mas que acabou tendo como efeito colateral uma reação menor na Normandia. Os Royal Marines britânicos, também uma força tipo comandos/rangers, fizeram incursões na costa da Coréia do Norte a partir de dois contratorpedeiros americanos. Atacaram estradas de ferro, túneis e pontes levando a distribuição de tropas pelo país e aliviando a linha de frente.

O lado "verde" ou "branco" são as operações de inteligência, vigilância, reconhecimento especial, ações psicológicas e apoio a guerra não convencional. As unidades mais conhecidas do tipo são as patrulhas de longo alcance (Long Range Patrol - LRP) que fazem penetração passiva para reconhecimento estratégico atrás das linhas, e também podem ser usados os Rangers, as Forças Especiais americanas (Boina Verdes) e alguns esquadrões dos Seals que fazem guerra não convencional apoiando a Esquadra.

As Forças Especiais (Special Forces) são unidades especializados em guerra não convencional como guerrilha e anti-guerrilha. Podem treinar tropas de países amigos ou fazer guerrilha em território inimigo. As Forças Especiais (FE) são treinadas para fazer guerra psicológica, dominando "corações e mentes".

No Vietnã, o treinamento de saúde e engenharia das FE americanas (Boinas Verdes) ajudava a população local que em troca lutava ao seu lado contra o Vietcong. O Vietcong aproveitava da participação passiva da população local que podia providenciar abrigo, comida e informações. Como dizem as FE, “o fazendeiro de hoje é o guerrilheiro de amanhã”. A função das FE era evitar que tivessem contato com o Vietcong. O USMC está formando dois batalhões de FE semelhantes aos Boinas Verdes do US Army (US Special Operations Marines).

Os Rangers, Comandos, FE e LRPs se diferenciam de outras unidades que compõem as unidades convencionais por terem treinamento especial para realizar missões que as tropas convencionais não são capazes como ação direta de pequenas unidades (táticas de incursão), operações atrás das linhas, guerra não convencional, patrulha de longo alcance e coleta de informações. Também tem qualificações especiais como pára-quedismo e mergulho, usados para inserção e infiltração e atuarem a longa distância, além de técnicas de demolição e interrogação.

Todas as unidades de FOpEsp podem ter unidades internas ainda mais especializadas com contra-terrorismo, sniper, demolição, veículos, resgate, etc. 


Mitos

As FOpEsp não são formadas por Rambos ou Schwarzeneggers que ficam de pé durante o combate ou saem atirando e matando todo mundo como nos filmes. Não são super-homens, mas soldados super treinados e capazes de fazer mais, melhor, mais rápido ou, principalmente, as missões mais difíceis. Dependendo da missão evitam lutar a todo custo. O processo de seleção é para evitar que tipos assim entrem nas unidades. As FOpEsp são muito valiosas para lutar por qualquer coisa. O mais importante é saber quando não agir.

O desempenho das FOpEsp sempre se faz notar em combate. Por exemplo, um pelotão de 18 Force Recons do USMC, atuando em uma colina no Vietnã, ficou por dois dias designando alvos para a artilharia e aeronaves de apoio aéreo aproximado. Foram atacados por um batalhão sofrendo 6 mortos e 12 feridos. Quando resgatados só tinham oito tiros de sobra.

A capacidade varia muito de uma tropa para outra. Os Comandos Navais israelenses gastavam em média três tiros por "kill" pois eram todos treinados em sniper. Já as tropas de reconhecimento do Exército gastavam em média dois carregadores por "kill". Contra tropas inimigas o desempenho também costuma ser superior. Na luta antiguerrilha na Rodesia, as FOpEsp britânicas tinham uma "kill ratio" (perdas x mortos) de 10 contra 1, os fuzileiros americanos no Vietnã tinham um "kill ratio" de 7 contra 1 e os Marines Britânicos na Malásia, 7 contra 1. Os Seals eram chamados no Vietnã de demônios de cara verde. Foram 46 mortos, mas com um "kill ratio" de mais de 50 x 1 com 2.000 inimigos mortos mais 2.000 capturados. Obviamente, em todos estes casos, eram guerrilheiros mal treinados. Contra tropas convencionais são enviadas outras tropas convencionais.

As operações especiais precisam de tropas com qualidades como inteligência, iniciativa, atenção, capacidade física, capacidade de agir com frieza em quaisquer condições e ter habilidades que as tropas convencionais não tem. Seu perfil psicológico deve ter inteligência, caráter, bravura, lealdade, dedicação, um profundo sentimento de profissionalismo, maturidade (a idade ideal é entre 24 e 32 anos), responsabilidade e autodisciplina. Devem gostar da vida rústica no campo ao invés do conforto da vida civil. Devem ter mentalidade ofensiva enquanto as tropas convencionais se preocupam em sobreviver e voltar para casa vivas. Enquantos os operadores são todos voluntários, as tropas convencionais são geralmente formadas por conscritos.

As FOpEsp são formadas a partir de veteranos como sargentos com experiência de comando, reputação de confiança e profissionalismo. Tendo origem variada os membros de uma unidade já começam tendo experiência anterior em blindados, artilharia, engenharia, comunicações, etc.

As FOpEsp tem que ter mentalidade inovadora, para criar respostas a desafios, e estão sempre desenvolvendo e testando novas idéias, táticas, conceitos e armas. Na Segunda Guerra, o SAS criaram as granadas stunt usadas até hoje e a bomba Lewis para sabotadores. No treino anti-terror dos SAS inclui testar e treinar em qualquer tipo de cenário possível, repetidamente, de prédios a aeronaves, testados técnicas e táticas.

Os Comandos britânicos da Segunda Guerra Mundial podiam morar fora do quartel para reforçar a autoconfiança. Para encorajar a iniciativa podiam fazer sugestões para melhorar as táticas, equipamentos e armas. Experiências com os pára-quedistas israelenses, em marcha prolongada, mostrou que dos três batalhões que receberam suprimentos diferentes, um com pouca água, outro com muita água, outro com água e comida suficiente, mostrou que o que tinha muita água sempre tinha melhor desempenho no fim da marcha forçada. Isto vai contra a idéia que as tropas tem que se acostumar com pouca água.

O que faz as FOpEsp diferentes das forças convencionais, além da seleção rigorosa, é o treinamento bem variado como navegação, combate noturno, comunicações, demolição, primeiros socorros, defesa pessoal, sobrevivência, resistência a interrogatório, guerra urbana, montanhismo, guerra no ártico, deserto e selva, além de métodos especiais de infiltração e exfiltração como pára-quedismo, mergulho e assalto anfíbio. O treinamento de mobilidade inclui saber dirigir vários tipos de veículos e em alta velocidade. No SAS australiano cada tropa é especializada em alguma técnica de infiltração como queda livre, montanhismo, barcos, scuba e veículos do deserto. A seleção e o treinamento rigoroso resultam em uma grande taxa de desistência. Além de treinar a mais, no tempo livre fazem treinamento cruzado, ficando muito pouco tempo em tarefas cotidianas do quartel. As habilidades diminuem se ficam sem treinar. Assim como jogador de futebol tem que treinar com freqüência. Isso não acontece com os super-heróis.

As FOpEsp dão muita importância a capacidade e habilidades e não a hierarquia. Em uma estrutura convencional a hierarquia pode limitar a capacidade de um individuo que depois demonstra ser um ótimo operador.

O treinamento das FOpEsp são muito mais frequentes e intensos que as tropas convencionais. Operações repetitivas produzem reflexos militares e mentalidade própria. O treinamento intenso e variado elevava a moral e cria uma sensação de importância e capacidade. Apenas em treinamento de tomada de prédios os Deltas gastam cerca de 1.000 tiros por membro em um dia. O treinamento também é importante para evitar perdas. No Vietnã foi observado que 2/3 das baixa das pequenas unidades ocorreram nos dois primeiros meses no campo pois o treinamento da época era inadequado.

Para operar no deserto, selva, montanha e ártico é necessário o uso de tropas treinadas, condicionada e equipadas. Não dá tempo de treinar e preparar depois de iniciado as operações e pode resultar em baixa não relacionadas com o combate. Nem todas tropas precisam ser treinadas, mas uma parte é usada para passar dicas para os outros.

Os veteranos das Forças Especiais americanas no Vietnã que passaram a treinar no deserto perceberam que estavam melhor preparados que as FOpEsp árabes durante exercícios conjuntos. Perguntaram como faziam para sobreviver e disseram que eram ajudados por beduínos.

SBS
Uma equipe do SBS realiza treinamento em região ártica. Tropas que treinaram no ártico e selva relatam que preferem o frio pois é mais fácil se aquecer no frio do que se refrescar na selva. Os membros das FOpEsp são chamados de operadores.

Nas fotos de membros de FOpEsp não se vê tipos musculosos pois não tem que ser fortes e sim resistentes. Durante a seleção das FOpEsp são realizados testes de esforço físico e mental para separar os inaptos. É comum nos filmes do gênero acontecer intrigas onde um membro recalcitrante vai contra a missão. Estes tipos de individuo não passam nos testes ou são facilmente detectados. Como disse uma vez um operador sul-africano: "No primeiro dia eles estão cansados. Ao fim do segundo eles estão exaustos. Ao terceiro assemelham-se ao zumbis. Pensam só em descansar e comer. É então que é analisada a variação de sua personalidade." Na seleção dos Boinas Verdes havia muita punição e abuso dos candidatos. Agora aplicam o mesmo teste a todos e observam a personalidade. Na seleção dos Deltas, os candidatos nem sabem os critérios de seleção e até mantém candidatos recusados por algum tempo para confundir. Fazem testes psicológicos para detectar os que continuam tendo iniciativa em condições de estresse estremo.

As
FOpEsp também não são esta maravilha e seu uso tem vários efeitos colaterais como:

- Drenagem da liderança, com oficiais e sargentos com bom desempenho nas forças convencionais tendo facilidade para ir para as FOpEsp e desfalcando as forças convencionais de bons oficiais e sargentos. As tropas convencionais acham que bons oficiais e sargentos devem estar dispersos na tropa e não concentrados, ou a força fica fraca como um todo.

- Ciclo de seleção-destruição, com as FOpEsp só sendo usadas quando há conflitos. Em 1982 a Argentina formou uma companhia de Comandos com pessoal treinado em comandos e forças especiais e que estavam atuando em outras tropas. Isto mostrou ser desastroso por não estarem acostumados a treinar como uma unidade, sem coesão e sem proficiência. As FOpEsp não se formam da noite para o dia. Leva cerca de dois anos para formar um Force Recon ou Seal e suas habilidades são perecíveis. Os americanos são conhecidos por terem bom desempenho em combate não por causas ideológica, religiosas, patriotismo ou salário, mas por lutarem um como uma equipe. Operações de guerra não convencional precisam ser iniciadas logo no inicio de um conflito. Não dá para iniciar o treinamento e formar unidades de operações especiais depois. O treino em cultura e linguagem leva anos.

- Super alocação de recursos, desproporcional ao tamanho da unidade, que poderia ser usado com tropas convencionais. Por exemplo, a FopEsp canadense Joint Task Force 2 (JTF2) tem cerca de 350 membros e um orçamento anual de US$ 25 milhões. Manter um operador também está ficando caro. Os operadores do SAS estão recebendo um aumento com um sargento experiente ganhando quase US$ 100 mil por ano. O aumento é devido a oferta de trabalhos de segurança no setor civil onde os membros do SAS são bem cotados. O aumento foi dado para não perder o investimento em milhões de dólares feito por 5-10 anos nos operadores, custando mais caro formar um operador novo.

- Má utilização. O maior medo das FOpEsp é ser mal usado pelas autoridades, mas até que gostam de missões convencionais para ver ação, como o uso de tropas do SAS e Delta Force para operações convencionais de larga escala no Afeganistão. As FOpEsp respondem geralmente a um comandante de tropas convencionais que, geralmente, não entende do assunto e não usam as FOpEsp adequadamente, desconhecendo suas capacidades e limitações. As FOpEsp não se encaixam bem em estratégias de guerra de manobra e atrito.

- Origem política. Os Commandos de Churchil e as Forças Especiais de Kennedy corriam o risco de acabar quando seu fundador saísse do poder. Pelo menos as Forças Especiais americanas continuam atuando. No Vietnã eram sete unidades de FE e depois passou para três unidades com o fim do conflito pois a prioridade passou a ser a guerra convencional contra a URSS.

- Ressentimento das forças convencionais. Outras tropas acham que a guerra deve ser vencida por forças convencionais e não com showzinhos particulares. As ForOEsp temiam que o General Norman Schwartzkopf, comandante das tropas durante a invasão do Iraque, não as deixasse operar atrás das linhas para se vingar de quando foi pego no banheiro enquanto as FE atacavam seu posto de comando em um treinamento quando ainda era capitão. A independência dos operadores, a quase igualdade entre os membros, não considerando muito a hierarquia, e o pensamento não convencional irrita em muito os oficiais das tropas convencionais.

Missões das FOpEsp

As missões das FOpEsp são divididas em Ação Direta, Contra-Terrorismo, Guerra Não-Convencional, Reconhecimento Especial, Operações Psicológicas, Defesa Externa, Assuntos Civis e Ações Cívico Social. São missões que não podem ser executadas por tropas convencionais.
As Operações Especiais precisam preencher cinco requerimentos para serem assim designadas: precisam de tropas com treino e equipamentos não convencionais, a missão é politicamente sensível, precisa de uma abordagem não convencional, tem uma oportunidade limitada para ser realizada e precisa de inteligência especializada. As FopEsp apóiam forças convenciones fazendo o que não podem fazer, ou substituindo quando a força é inapropriada.

Algumas atividades convencionais são consideradas "especiais" por necessitar de grande proficiência ou são realizadas sem condições excepcionais. Um exemplo são as missões de ação direta que é feita pelas FOpEsp devido ao grande valor do alvo. Pode ser feita por unidade convencional, mas para garantir sucesso escolhem a melhor força ou devido a necessidade de um método de infiltração especial. Também não é viável treinar uma grande quantidade de tropas convencionais para guerra não convencional com linguagem e cultura de várias regiões do mundo.

As operações de Ação Direta são ataques de curta duração, pequena escala, secretas ou não, e outras ações ofensivas de pequena escala realizadas pelas FOpEsp em ambiente hostil ou politicamente sensível empregando capacidades especiais para tomar, destruir, capturar, explorar, recuperar ou danificar alvos. A ação direta difere das ações ofensivas convencionais em termos de nível de risco físico e político, técnicas operacionais, grau de descriminação e precisa de uso de força para atingir objetivo.

As operações de ação direta incluem:

1 - incursões/raids, emboscadas e assalto direto. Os alvos geralmente estão além da capacidade das forças convencionais como alvos críticos, interdição das linhas de comunicações, capturar de pessoal ou material, e tomar, destruir ou neutralizar instalações. Sabotagem independente e colocação de minas também podem estar incluídas e as missões podem ser realizadas para apoiar operações de despistamento ou em apoio as operações convencionais.

Uma missão é classificada como incursão quando: não é para conquistar e manter o terreno, como usar o pequeno tamanho e mobilidade para tomar um aeroporto até a chegada das forças convencionais; o objetivo é infligir o máximo dano em um curto período, seguido de retirada; é realizada na retaguarda inimiga; e precisa de tropas bem treinadas.

2 - ataques a longa distância usando armas ou operações de inteligência. Pode ser conduzido por plataformas aéreas, marítimas ou terrestres quando não é necessário usar combate aproximado.

3 - aquisição alvo e ataque terminal. As FOpEsp são usadas para identificar alvos para informar o local, designar com laser, becons e outros meios para ataque pela aviação ou artilharia.

4 - operações de recuperação com busca, localização, identificação, resgate e retorno de pessoal, equipamento ou itens.

5 -  operações de destruição de precisão onde o efeito colateral deve ser mínimo, precisando de armas sofisticadas ou detonadas na hora certa. Neste caso, as munições guiadas não podem ser usadas para não danificar outras partes da instalação.

6 - operações anti-superfície contra alvos no mar incluindo combatentes, consistindo de abordagem, busca e tomada de embarcações.

Contra-terrorismo inclui medidas ofensivas para prevenir, deter e responder ao terrorismo. Inclui operações de inteligência, ataque as redes terroristas, resgate de reféns e recuperação de material sensível. As tropas convencionais atuam contra o terrorismo, mas as FOpEsp fazem ação rápida e interagem com a população nativa. As tropas convencionais tem ação permanente no local ou fazem varredura de grande escala. As forças anti-terroristas são só reativas e não realizam todas as missões das forças contra-terroristas.

Guerra Não Convencional são ações militares e paramilitares realizadas em território inimigo ou politicamente sensível. Inclui ações de guerra de guerrilha, evasão e escape, subversão, sabotagem e operações clandestinas. Podem ser operações de longa duração e conduzidas com forças indígenas organizadas, treinadas e apoiadas pelas Forças Especiais.

Reconhecimento Especial são ações de vigilância e reconhecimento feitas como operações especiais em ambiente hostil, sensível, negado ou politicamente sensível para verificar informações de significado estratégico ou operacional usando capacidades não encontradas nas tropas convencionais. Consiste em infiltra atrás das linhas para suprir os comandantes do teatro com dados de inteligência do inimigo ou coletar informações do terreno e população local. Os dados são usados para determinar as capacidades inimigas, intenções e atividades, complementando o reconhecimento convencional. Mesmo com sistemas sofisticados de longo alcance algumas informações só são possíveis de obter com observação visual aproximada.

O reconhecimento especial pode incluir coletar dados meteorológicos, hidrográfico, geográfico e demográfico; designação de alvos, avaliação de área e avaliação de danos de batalha para avaliar o resultado do ataque; reconhecimento armado, localizando e atacando alvos de oportunidade; avaliação de alvo e ameaça detectando, identificando, localizando e avaliando alvos para determinar a melhor arma para destruir, incluindo determinar o dano colateral.

As Operações Psicológicas ou Psyops são realizadas para plantar informações nos inimigos ou países para influenciar as emoções, motivos, objetivos e comportamento de governos, grupos, organizações e indivíduos. O propósito é induzir comportamentos e atitudes favoráveis ao organizador da Psyopys.

As Psyops podem ser feitas capturando espiões inimigos e filmá-los em confissões que desmoralizam o país e famílias; recrutar indivíduos de aparência inocente para ser espiões e sabotadores para que, caso sejam capturados, ponham em duvida suas informações; usar métodos para que qualquer agente capturado implica na captura de outros, maximizando o número de contatos questionáveis; distribuir panfletos; uso de estações de rádio e propaganda; renomear cidades e outros lugares quando capturadas; estratégias tipo "shock and awe"; terrorismo; projetar som desagradável e repetitivamente por longo períodos contra grupo em cerco; usar veículos para criar estações de transmissão móveis.

As Operações de Inteligência tem o objetivo de degradar a capacidade do inimigo de coletar dados e defender as próprias forças para realizar coleta de informações. Pode ser com ação direta, reconhecimento especial, como inteligência primária ou secundária e ações diversionárias para enganar o inimigo de uma ação real.

Defesa interna de países estrangeiros consiste em apoiar países amigos a se defender principalmente treinando suas tropas.

Assuntos Civis consistem em estabelecer, manter e influenciar relações entre as forças militares, autoridades civis e população para facilitar as operações militares.

Ações Cívico Sociais (ACISO) apoiando autoridades e população com infra-estrutura, saúde, abastecimento e construção em apoio as outras missões.

As FopEsp realizam tarefas colaterais, ou tarefas que não treinam, onde geralmente são empregadas como apoio a coalizão, salvamento de combate, operações anti-drogas, ajuda humanitária, operações de paz, etc.

Uma operação especial pode ser pública, secreta ou clandestina. Em uma missão públic  não é feito esforço para ocultar a missão como o treino dos CIDG no Vietnã pelos Boinas Verdes, resgate de reféns e a maioria das missões contra-terroristas. As missões secretas têm o objetivo de esconder a origem do país que a realiza, mas não que a missão está sendo realizada. Por exemplo, a CIA usou “mercenários " para sabotar instalações comunicações, portos e petrolíferas da Nicarágua na década de 1980. Em uma operação clandestina a operação e a identidade do país que a realizam devem ser encobertos. Missões de reconhecimento especial são geralmente clandestinas. Se o inimigo descobre o que foi observado pode alterar o dado invalidando a operação.

Convém ter em mente que as FopEsp não são espiões, que é uma função política. As FopEsp coletam inteligência para auxiliar operações militares e não objetivos políticos e econômicos. Também não são forças policiais. As forças tipo SWAT lembram unidades contra-terroristas, mas são usadas contra criminosos.

   


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