FORÇAS TIPO COMANDOS
Commandos Britânicos
Em 1940 os britânicos resolveram criar
tropas especializadas para realizar
guerra não convencional como guerrilha atrás das linhas
inimigas e incursões
anfíbias tipo "hit and run" com duração
máxima de 48 horas. As forças
convencionais usam tropas numerosas por longos períodos.
Os
Commandos foram
criados por
Winston Churchil que se inspirou nos Kommandos boers sul-africanos que
combatiam tropas britânicas. Os Boers faziam
operações de penetração profunda e
sabotagem,
desequilibrando o conflito em favor dos rebeldes durante muito tempo.
Durante a Guerra dos
Boers a campanha foi
convencional no inicio, mas no final eram cerca de 8 mil africaners ocupando
a atenção
de 450.000 britânicos, ou dez vezes mais que no inicio. As
lições foram muito bem aprendidas pelos
britânicos. Churchil queria uma tropa com capacidade similar para não ter
uma postura defensiva
nesta fase da guerra.
Os britânicos não foram os primeiros a criar tropas de assalto. Durante a Primeira Guerra Mundial, os italianos criaram o Reparti d'assalto" (Unidades de Assalto) ou Arditis que fariam o assalto inicial para as tropas convencionais passarem dando um certo grau de mobilidade a guerra de trincheira. Os Alemães criaram as Sturmtruppen com função semelhante.
A operação dos Commandos iniciram
logo após a fuga de Dunkerque. Enquanto o
exército se preparou para a defesa, os Commandos foram criados para
atacar. Entre
as missões estavam a captura de prisioneiros, reconhecimento,
sabotagem,
bloqueio de linhas de comunicações, espalhar alarmes
falsos, incomodação, mobilização de
tropas, guerra psicológica, coleta de inteligência,
reconhecimento de praia e
defesa em profundidade.
Eram especializados em
assalto anfíbio servindo de ponta de lança de ataques
maiores e auxiliando
depois em operações regulares. Seriam usados para tomar
pontos vitais, baterias
costeiras e guardar de flancos. As características das
ações dos Commandos eram
ter capacidade de operar por curto período (cerca de 24
horas), independentemente, sendo capaz de alta dispersão,
mas não resistem
a ataques ou superam certos tipos de defesas. Os Commandos não tem
armas pesadas,
a não ser o fuzil anti-carro, pois não tem
intenção de formar defesas ou passar
por defesas pesadas.
Inicialmente foram formadas 10 Companhias de incursões
anfíbias com 21 oficiais
e 268 soldados cada, divididos em tropas de 20 homens. Depois foram formadas
Companhias de 500 homens com 12 no total. Ainda em 1940 foram formados 5
batalhões (Commandos) de 2 companhias de 500 homens divididos em
10 tropas de 50
homens ou duas seções de 5 tropas. Estas unidades
formaram uma brigada de
operações especiais. A Brigada foi reformada ainda em
1940 com 5 batalhões,
cada uma com duas Companhias de 10 tropas ou pelotões de 50
homens. Os pelotões
eram divididos em duas seções de duas
sub-seções. As unidades eram consideradas
grandes, difíceis de controlar, e nem cabiam nos navios da
época. As companhias
passaram a ter 65 homens para caber em dois LCA.
Os Commandos eram diferentes da infantaria comum por não terem
armas pesadas e
linha administrativa de suprimento. O número de tropas total
ainda era pequeno
em relação ao exército britânico, mas ganhou
antipatia das forças convencionais
pois retirou os melhores oficiais e sargentos de outras unidades.
O treinamento durava três meses e incluía
demolição, combate corpo-a-corpo, assalto,
guerra urbana, navegação, operações
anfíbias, sobrevivência, montanhismo,
natação, táticas de emboscada, avanço
silencioso, reação a emboscada, combate
noturno e bloqueio de estrada. Deviam saber operar todas as armas de
infantaria
e as armas estrangeiras. Os Commandos investiam em furtividade
atacando a noite e
por isso a navegação era importante. Os Commandos as
vezes usavam tênis no
lugar dos coturnos para diminuir o barulho nas missões noturnas.
Deixavam o
equipamento pesado para trás como mochilas e mascaras de
gás. Não tinham
veículos, mas eram treinados para dirigir todos os tipos de
veículos. Tinham que
ser corajosos e vontade inquestionável pois sabiam que podiam ir
para o pelotão
de fuzilamento se capturados.
Os Comandos realizaram pequenas incursões na costa da Franca
para mostrar a
reação britânica. Em três meses foram quatro
desembarques ainda em 1940. A
falta de embarcações adequadas atrapalhou e atrasou
várias operações.
O primeiro grande raid anfíbio foi em Vaagso na costa da Noruega. Foi
feito
por dois Commandos com apoio de artilharia naval. Quando chegaram na praia os
navios passaram a dar cobertura com granadas de fumaça. Os
Alemães levaram 30
mil tropas para proteger a costa norueguesa deixando outras
áreas livres. Isto
mostrou ser muito custo efetivo mostrando resultados desproporcionais
ao
tamanho. Os raids e ameaças de raids forçaram os
alemães a deslocar tropas para
posições defensivas fixas que poderiam estar atuando em
outros lugares. O valor dos
Commandos
estava no efeito e não no tamanho da força devido ao
efeito psicológico do
inimigo não saber onde será o próximo ataque. Esta
eficiência acabou inspirando a criação do SAS, o SBS e as tropas
pára-quedistas.
Com a diminuição do interesse em raids em 1943, passaram a
atuar como infantaria
leve a adição de uma seção de transporte e administrativo,
diluindo sua
eficiência, como o seu uso na Normandia. Tinham pouca estrutura
administrativa pois operavam a partir do país e por curto
período. Como não
treinavam operações defensivas tiveram muitas perdas
quando aturam como tropas
convencionais.
O uso como forças convencionais levou a problemas
administrativos, falta de
apoio de fogo e treinamento inadequado. O uso da surpresa, velocidade,
escuridão e
planejamento meticuloso não funciona contra forças
convencionais em operações
ofensivas e defensivas e sim para incursões. Em 1943, os Commandos foram
reorganizados novamente para operações de larga escala
convencional além de
raids. A experiência na invasão do norte da África
mostrou que seriam melhor
usados em formação maiores ou vários Commandos
juntos. Isto ajudou na mudança
de função.
Os Commandos passaram a ter unidades especiais como a Tropa 101 de
canoeiros do
6o Commamdo e outra do 8o Comando. Estas tropas formaram a base para o
SBS.
Apenas o Segundo Commando recebeu treinamento de pára-quedismo, mas
se transformou
no 11 SAS e depois em batalhão pára-quedista.
Uma unidade similar aos Commandos foi formada no Oriente
Médio, mais usada como força convencional e sem armas de apoio. Os Chindits
eram uma força britânica tipo LRP (Long Range
Penetration). Atuaram em Burma em
1943. Faziam infiltração por ar ou terra atrás das
linhas japoneses para atacar
sua retaguarda e eram bem efetivas. Recebiam suprimento aéreo e
apoio aéreo dos
EUA. O uso da LRP acabou eliminando a linha de frente neste
cenário. A selva
causou a maioria das baixas devido as doenças do que as
ações de combate.
Royal Marines
Os erros dos britânicos na campanha
anfíbia de Galipoli, em 1915, mostrou
que os britânicos precisavam de tropas especializadas e treinadas
neste tipo de
operação para não repetir erros básicos
como escolha de praia e apoio logístico
inadequado.
Na Segunda Guerra Mundial, a Royal Navy formou mais
nove Commandos para
operações especiais chegando a 70 mil homens (voltou a 13
mil depois da
guerra). Alguns grupos anfíbios da Segunda Guerra Mundial se
tornaram o SBS.
Os Royal Marines (RM) se diferenciam de outras tropas de fuzileiros navais por serem tropas convencionais com capacidade de realizar operações de pequenas unidades como incursões e reconhecimento, com seleção rigorosa, e não apenas infantaria naval, com função e organização diferente que as caracteriza como tropas tipo comandos.
Os RM não só desembarcam de
helicópteros ou embarcações anfíbias, mas
vão na frente ou fazem incursões. Tem
papel estratégico e por isso tem capacidade para operar em
vários terrenos, de
assalto anfíbio em praia, até selva, montanha, deserto e
ártico. Não são bons
em operações contra forças blindadas, mas
não operam isolados. Os membros tem treinamento em
pára-quedismo, assalto aéreo e SCUBA.
Os RM tem uma seção de guerra em
montanha e ártico (Mountain & Artic
Warfare) cujas equipes operam em grupo de quatro para missões de
reconhecimento nestas regiões.
Foram
criadas para operar no flanco norte da OTAN (Noruega). O curso inclui
montanhismo, sobrevivência, sniper e reconhecimento com os
membros passando as
habilidades para outros membros não treinados.
A participação dos RM no desembarque na
operação Musketeer em Port Said, em
1956, para liberar o canal de Suez, recém tomado pelos
egípcios, foi marcante
para as operações anfíbias. A Royal Navy usou 22
helicópteros a partir de dois
porta-aviões desembarcando 415 tropas do 45 Comando e 22
toneladas de carga em
quatro ondas de assalto. Usaram uma zona de pouso secundária em um desembarque sem
oposição. Foi o primeiro assalto aeromóvel da
história e iniciou a tática
de "stick" ou grupo de tropas levadas por helicóptero e seguido
depois de apoio extra.
Após esta experiência os RM passaram
a ter esquadrões próprios equipados com os
helicópteros Scout com papel de reconhecimento, ligação,
evacuação médica, táxi e
anti-carro. Foram substituídos pelos Gazelles e agora usam o Lynx
equipados
com o míssil TOW. Outra
conseqüência foi o uso de porta-helicópteros (LPH)
usados para infiltração e
apoio, e como base permanente de um Comando, servindo de base
móvel em
deslocamento estratégico.
O primeiro "Commando
Carrier", o HMS Bulwark, entrou em operação em 1962 sendo
capaz de levar
um batalhão, com apoio de artilharia e engenharia. Foi seguido
do HMS Albion. A
experiência foi copiada pelo USMC. O LPH permite ficar
além do horizonte e sem
ser vistos da costa. No Chipre, em 1956, os RM desenvolveram
técnicas de
patrulha aeromóvel com helicópteros.
Em 1961, o Iraque
ameaçou invadir o Kuwait. O LPH HMS Bulwark estava em
treinamento no Golfo Pérsico e deslocou para o local. O Iraque
não reagiu.
A Brigada de Comando 3 dos RM é formada pelo 45 Commando, 42
Commando e
40 Commando cada um equivalente a um batalhão. A brigada tem
tropas de
apoio como defesa aérea, embarcações e artilharia
leve.
Depois de experiência
nas Falklands criaram uma unidade de embarcações e
desenvolveram táticas
adaptadas da Segunda Guerra Mundial como a "black pig" com uma
embarcação puxando botes infláveis rebocados
até o objetivo, e a "brown
sow" escondendo uma embarcação de desembarque no litoral
para lançar
raids e patrulhas. Botes infláveis semi-rígidos RHIB
foram usados nas Malvinas
como táxi e para infiltração. Participaram de um ataque
diversionário com o SAS e o SBS
em Wireless Ridge para apoiar o Segundo Batalhão de
Pára-quedistas que resultou
em uma batalha violenta.
Os RM também é usado como fonte de
destacamentos em navios e fazem proteção de navios
mercantes. No Golfo, os RM
defendiam navios auxiliares com metralhadores e mísseis Javelin
para defesa
aérea. Outras missões dos RM são a abordagem de navios,
proteger portos, bases navais e
plataformas de petróleo.
SBS
Os membros do RM podem ir para o SBS (Special Boat Service) após outra
seleção.
Se selecionados entram em outra tropa de elite recebendo treinamento em
pára-quedismo,
mergulho, canoísmo, reconhecimento de praia, sabotagem,
demolição, inteligência
e contra-terrorismo.
O SBS agora faz parte do Grupo de Forças Especiais do Reino
Unido (UKSF) desde 1987 e passou a ter três esquadrões e
não seções, com 250 operadores no total. O
Esquadrão C é especialista em infiltrações
secretas usando canoas. O Esquadrão M é especialista em
contra-terrorismo marítimo e embarcações de
assaltos (como barcos infláveis e
rígido-infláveis). Consiste nas tropas Preta, Ouro e
Roxa. A tropas Preta é especializada em operações
contra-terroristas usando helicópteros. O Esquadrão S
foca
no
uso de mini-submarinos e em veículos de transporte de
mergulhadores. Cada tropa operacional tem cerca de dezesseis
operadores que podem se dividir em oito pares por canoa, quatro patrulhas
de quatro homens ou duas equipes em barcos pequenos.
Operador do SBS nas Malvinas. Está caracterizado
com uma unidade de elite por não usar itens padronizados como
gorro preto,
fuzil M-16 camuflado, cobertura do coturno e carregar de
munição no
peito (que dificulta deitar e se arrastar). Os membros do SBS foram na
frente da
Força Tarefa
britânicas em submarinos para selecionar locais desembarque,
checar minas e obstáculos
nas praias. Atacaram tropas argentinas em Fanning Head, na entrada de
San Carlos,
onde usaram uma câmera térmica pela primeira vez na
história. Atuaram depois
como patrulhas de longo alcance e realizaram missões de
despistamento junto com
o SAS. O SBS e o SAS ajudaram a recapturar a ilha de Geórgia do
Sul. Serviram
como tropa de abordagem ao tomar um navio de vigilância argentino.
Os Rangers americanos iniciaram como cópias dos Commandos
britânicos da Segunda Guerra Mundial.
Quando os
britânicos usaram os Commandos para incursões
anfíbias e atrás das linhas os
americanos acompanharam para tentar criar suas própria unidades
de choque e
assalto. O nome seria Ranger por ser um nome mais americano enquanto os
Commandos era um termo mais britânico. O primeiro batalhão
de Ranger tinha seis
companhias de 62 tropas.
O tamanho era ditado pelo tamanho das embarcações
anfíbias e eram bem menores
que uma Companhia comum.
Os Rangers tem uma história de formar unidades
provisórias, sem continuidade de
treinamento, doutrina e experiência e sempre mal usadas. Na
Segunda Guerra
Mundial, foram formados seis batalhões de Rangers na Europa, um
no Pacifico e um
na Ásia (Marauders). Foram todos desmantelados no fim da guerra.
Eram tidas
como provisórias para missões especiais. Foi estudado uma
proposta de uma
companhia de reconhecimento Ranger em 1946 e um grupo Ranger em 1948, mas
não
saíram do papel. Voltaram a atuar na Guerra da Coréia e
depois como LRP no
Vietnã. Depois do Vietnã que se tornaram unidades
permanentes. Os primeiros
Rangers foram até dizimados na Itália, operando
atrás das linhas e
ficando sem munição. Cercados não podiam receber
suprimentos, reforços ou fugir.
Durante a invasão da Coréia do Sul, os norte coreanos
usaram regimentos
não de forma convencional, mas para infiltrar nas linhas
coreanas e tomar
objetivos na retaguarda. Os EUA logo perceberam a importância dos ataques
e queriam ter a mesma capacidade.
O terreno montanhoso era ideal para estas infiltrações de
pequenas unidades.
Assim formaram as Companhias Marauders, uma
para cada divisão, para atacar postos de comando, centros de
comando e centros logísticos. Foi recomendado o nome de Airborne Ranger Company. Os membros
tinham
que ser pára-quedistas e recebiam treinamento de sabotagem,
incursões, marcha
forçada, demolição, armas, navegação
e direção de artilharia. Foram formadas
quatro companhias inicialmente e depois mais quatro até janeiro
de 1951.
Enquanto os Rangers
treinam para realizar missões
de reconhecimento com tempo de resposta de menos de 24 horas, e
realizam incursões
rápidas, mas com menos de 100 horas e com preparação
até de alguns meses, as FE são usadas mais
para investimento a longo prazo, quando é antecipado a
presença prolongado na área
de operação. As FE tem cadeia logística e
administrativa, enquanto os Rangers não, dependendo de outras
unidades para operar por muito tempo.
A primeira operação que seria realizada pelos Rangers
modernos seria a tomada
do aeroporto de Manzariyeh no Irã em 1980 durante a
operação "Eagle
Claw" para levar o resto das tropas que viriam de Teerã com
reféns. A extração
seria com cargueiros C-141. A operação foi cancelada. Os
Rangers atuaram na
invasão de Granada em 1983. Com o sucesso o regimento 75 passou
a ter mais um batalhão
chegando a um total de três. Um batalhão está sempre de
prontidão e responde em 18 horas para
ação em qualquer lugar do mundo. A próxima operação foi na
invasão do Panamá com vários
saltos de pára-quedas no país. Na guerra do Golfo em 1991, os Rangers foram usados como
força de reação
rápida. Nas operações na Somália os Rangers
operaram apoiando a força Delta. Em
2001, nas operações no Afeganistão, os Rangers
participaram de dois saltos
operacionais em aeroportos além de várias
incursões onde
poderia ter tropas do
Talibã e Al-Qaeda.
Os Rangers tem equipes especializadas como este
membro do Building Clearing Team (BCT) especializado em "limpar"
prédios. Seriam usados na tomada de uma base no Irã
durante a missão Eagle Claw
para resgate de reféns na embaixada americana em Teerã.
Jipe M151A2 dos Rangers de uma equipe de segurança
e bloqueio de estrada. O M151 pode ser levado de C-141, C-130, HH-53 e
CH-47.
Pode ser armado com metralhadoras M-60 ou levar um canhão sem recuo
M-67 de 90mm, LAWs e minas Claymore. Os Ranger são tropas de infantaria
de alta prontidão capazes de se mover por terra, mar e ar.
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