TÁTICAS DE PATRULHAS DE RECONHECIMENTO

O reconhecimento atrás das linhas é uma missão tradicional das FOpEsp, ou ficar de olho nas atividades inimigas escondidas. No Vietnã, esta missão era muito importante pois a selva escondia as operações inimigas do reconhecimento aéreo. No Vietnã, as patrulhas aprendiam a reconhecer os sinais da presença do Vietcong (VC) ou do Exército do Vietnã do Norte (EVN) na área. Uma tropa sempre deixa sinais que passou pelo local e quando passou, deixando a assinatura da presença ou passagem. O Vietcong tendia a ser barulhento e descuidados quando achavam que estavam seguros em suas bases, mas dividiam as tropas para ver se estavam sendo seguidos. Um meio fácil de detectar unidades do Exército do Vietnã do Norte era pelo cheiro da maconha que usavam antes dos ataques.

A principal tática das patrulhas de longo alcance (LRRP) é não atirar de volta em caso de tiro próximo. O inimigo pode estar fazendo reconhecimento pelo fogo. As LRRP sempre fugiam ao primeiro disparo. Usam granadas e fumaça para quebrar o contato. Uma missão com sucesso é não entrar em contato com o inimigo e nem deixar saber que estavam presentes. A mentalidade de "se move, vamos matar" não tem vez nas LRRP. Operando atrás das linhas, estão sempre em menor número, precisam de apoio externo e agir furtivamente. Os Rangers filipinos no Vietnã calcularam que em 95% das patrulhas eles que iniciaram os combates.

Um exemplo de missão com sucesso das LRRP no Vietnã era detectar uma força que se preparava para atacar uma base americana, enviar sua localização e posição, e quebrar contato para que o inimigo fosse atacado por uma força de manobra ou pela artilharia. Um objetivo era evitar um ataque de surpresa contra a base. O objetivo nunca é atacar, mas localizar, obter a composição das tropas e o curso de ação provável, sendo parte do ciclo de "informação–inteligência-ação".

As LRRP no Vietnã podiam usar uniformes não regulamentares como ponchos e mochila locais e camuflagem de tiras de tigre (tiger strip), mas era um perigo se entrassem em contato com helicópteros de reconhecimento ou ataque pois não tinham rádios para se comunicar com as aeronaves. Sandálias dos vietcongs eram usadas para cruzar as trilhas e quando usavam roupas do vietcong chegavam a ser cumprimentados se cruzassem com o inimigo. Estas roupas eram um problema na extração em uma zona de pouso "quente" pois o piloto podia confundir se estava sendo atacado ou pegando os LRRP. O vietcong sabia que podia usar os rádios capturados e lançar fumaça para marcar a zona de pouso.

Para aumentar a furtividade, as meias eram usadas para cobrir itens de metais para evitar barulho. Os LRRP não se barbeiam ou tomam banho no dia anterior da patrulha e usam roupas lavadas só com água.

LRRP Vietna
As patrulhas de LRRP no Vietnã variavam de 4 a 8 homens. Para comer, a patrulha forma um círculo com a face voltada para fora e próximos para avisar com toques. Os membros da LRRP não podem roncar durante o sono. Um dos motivos para evitar contato é o pequeno tamanho da equipe. Outro é atrapalhar a missão de inteligência. Um helicóptero de ataque leva até 15-20 minutos para chegar. O Exército do Vietnã do Norte tinha equipes de rastreadores para caçar as LRRPs e tinham a cabeça a prêmio. Um inimigo que sempre enfrentavam eram o mau tempo, o frio e roupas molhadas, além dos insetos.

Observação móvel é um conceito criado pelo SAS, com a patrulha se movendo em fila única, cada um cobrindo um setor. O pointman (batedor) vai na frente e o ideal é ser do país onde operam e conhecer a língua local, para ouvir conversa ou passar ordens falsas. É a posição mais importante pois é responsável por detectar armadilhas, deve ver ou ouvir o inimigo primeiro, tendo que ser ser bem treinado, estar sempre alerta e ter boa forma física. O pointman pode escolher sua arma e preferem as escopetas, submetralhadoras ou um fuzil potente como o M-14.

O segundo membro observa as árvores ou acima e a esquerda. O terceiro membro observa a direita e vai alternando direita e esquerda com os outros membros. O último da fila (tailgunner ou sweeper) vigia a retaguarda e também tenta esconder passos e sinais da passagem da equipe. A separação entre os membros deve ser suficiente para evitar que um granada ou mina possa atingir dois ou mais membros.

O pointman fica bem a afastado na frente e em uma emboscada a patrulha só perderá um homem. Se o inimigo for esperto deixará o pointman passar e ataca o resto. Em uma emboscada, a equipe não ajuda o pointman, mas dá cobertura com fogo e fumaça para ele voltar. Se for ajudar não vai direto e sim manobra pelo flanco do inimigo. Se o inimigo disparar apenas um de cada vez fica difícil saber quantos são.

Para manter a furtividade, as patrulhas usam sinais de mãos. Se for necessário falar é feito direto no ouvido com sussurro. A comunicação de rádio é feita com sinais e código Morse e o mínimo com palavras. Um adágio das forças de reconhecimento bem simples é "não acredite em nada que ouvir e só metade do que ver". Outra dica para comportar-se nas patrulhas é: ficar alerta, reportar o que ver, lembrar-se do que ouvir, e pensar antes de agir".

Andar a noite na selva era perigoso pois não era possível ver nada e qualquer barulho atraia a atenção do inimigo. Cobras no chão não são vistas, mas a movimentação de dia era muito mais perigosa que à noite nos lugares sem mata como nos pântanos e alagados.

No Vietnã, os pára-quedistas e tropas do SAS australianos realizavam patrulhas em pequenos grupos por longo período apoiando uma Brigada estacionada no país. Os Australianos faziam patrulhas silenciosas, furtivas e lentas com a força dispersa em uma grande área. A mensagem que passavam era "você nunca saberá onde estamos, mas nós o encontraremos".

As táticas de patrulha australiana no Vietnã era usar um grupo de esclarecimento com dois homens na frente. Enquanto um avança o outro cobre. Esta dupla fica na frente do grupo principal. O grupo principal era dividido em grupo de comando com o comandante e o operador de radio, e o grupo de ataque com uma peça de metralhadora e um grupo de fuzileiros armados com fuzil e lança-granadas.

Já os americanos lutavam como se estivessem continuando a guerra da Coréia, só que com helicópteros. Atuavam em grandes formações, barulhentas, procurando forçar o contato e com mobilidade e apoio intenso do tipo Patrulha de Combate. Passavam o recado de "estamos aqui, venha e pague o preço". Quando o Exército do Vietnã do Norte passou a atuar com mais freqüência no Vietnã do sul, as tropas dos EUA sempre atuavam em formação mínima de duas companhias após uma companhia ter sido derrotada por um Regimento. Também atuavam sempre no alcance da artilharia amiga.

Os SAS australianos faziam patrulha de reconhecimento-emboscada (recce-ambush patrol) que durava entre 10-14 dias com um grupo de cinco operadores. No inicio a patrulha era de quatro membros com o líder, scout, operador de rádio e padioleiro. Depois recebeu um assistente de líder. Mais um membro pode ser adicionado nas missões de emboscadas. Na Malásia, a patrulha podia durar várias semanas onde havia muita água potável. A emboscada era tentada no final e era um objetivo secundário. O importante era coletar dados de inteligência. O SAS também participavam de forças maiores para grandes emboscadas, incursões e cerco.

O SAS foi responsável por 500 mortos com apenas uma perda. Em uma ocasião, seis patrulhas do SAS atuaram por seis semanas, vigiando 15 mil metros de rotas de aproximação de uma base australiana. A força inimiga foi detectada e a base atacou unida sem precisar se preocupar com o flanco descoberto. Apenas uma companhia do batalhão ficou na base para defesa. O SAS conseguia o máximo de informação com o mínimo de recursos, aplicando o principio de economia de força.

As táticas australianas foram baseadas na experiência na guerra anti-guerrilha na Malásia, e usavam duas habilidades básicas da infantaria que são a patrulha e a emboscada. Os americanos usavam táticas baseadas em tecnologia e não em treinamento das habilidades. Os próprios americanos consideravam os australianos mais profissionais.


SASR LRRP
O SAS australiano tinha conduta padronizada para o caso de contato com inimigo para concentrar fogo. As armas eram modificadas para exagerar a assinatura de brilho e som. Levavam muita munição ou pelo menos o dobro do normal. Investiam muito na camuflagem cobrindo todos os itens assim como as mãos e a face. As armas também eram camufladas. As patrulhas tinham pelo menos dois lança-granadas XM-148 e dois FAL. Levavam pelo menos 15 granadas de fumaça por patrulha sendo quatro para os lança-granadas. Cada um levava no mínimo 160 tiros de FAL, ou 200 de M-16, ou 10 granadas de 40mm.

SASR LRRP
As tropas do SAS tinham liberdade para escolher os kits e testar. O FAL foi equipado com um carregador de 30 tiros e foi convertido para o modo automático. O supressor de chamas foi retirado e uma manete frontal foi adiciona. Podia receber um contador de passo se necessário. Alguns foram convertidos para carabina diminuindo o tamanho do cano. Outros receberam o supressor de chamas da submetralhadora M-3 fazendo o barulho parecer com uma metralhadora calibre 12,7mm. Alguns receberam lança-granadas de 40mm. O objetivo era aumentar a assinatura do disparo. Se detectados, a patrulha passa de furtivo para agressão barulhenta para cobrir a retirada. A precisão é secundária ao volume de fogo. O objetivo é confundir o inimigo nos primeiros segundos, com barulho e brilho dos disparos. Uma patrulha de cinco operadores tem que mostrar que são mais numerosas, tentando fugir antes do inimigo descobrir.

O MAC-SOG (Military Assistance Command - Studies and Observations Group) do US Army eram FOpEsp de várias serviços e países que atuaram no Vietnã para realizar patrulha de longo alcance e ação direta em território inimigo como o Vietnã do Norte, Laos e Camboja. O MAC-SOG iniciou suas operações em 1956 com a CIA e as Forças Especiais ajudando o Vietnã do Sul a realizar a missão. No inicio tentaram fazer guerrilha no Vietnã do Norte sem sucesso. Operaram até 1971 onde realizavam as missões mais difíceis e perigosas da guerra.

A maioria dos cerca de dois mil membros do MAC-SOG eram das Forças Especiais americanas. Eram divididos em equipe Delta (Destacamento 52), Sigma (Destacamento 56) e Omega (Destacamento 50). As equipes tinham seis times de seis membros composto de dois americanos e quatro asiáticos. Depois as missões passaram a ser realizadas só com americanos na maioria das vezes. Tinham ajuda de forças de reação rápida para o caso de contato com o inimigo. Os métodos de infiltração incluía o HALO. O MAC-SOG realizou Patrulhas de Combate com as forças MIKE (tropas locais treinadas pelas Forças Especiais), coleta de informações, designação e alvos para artilharia e apoio aéreo, avaliação de danos de batalha, resgate de combate, resgate de prisioneiros, captura de pessoal para inteligência, despistamento, operações psicológicas e outras. Tropas da marinha faziam raids e reconhecimento na costa do Vietnã do Norte.

As operações do MAC-SOG eram controladas diretamente pelo Pentágono e realizavam as missões mais perigosas como reconhecimento e emboscada na trilha Ho-Chi-Minh e também faziam resgate de combate e resgate de prisioneiros. Sua operação resultou no desvio de cerca de quatro Divisões do Vietnã do Norte para vigiar a trilha Ho-Chi-Minh.

MAC-SOG
Enquanto alguns infantes que atuavam no Vietnã do Sul raramente viam inimigos, os membros do MAC-SOG estavam no meio da colméia. Em uma ocasião uma equipe de 14 operadores combateram um regimento inteiro. As baixas entre os membros do MAC-SOG chegaram a 100%, metade morta e o resto ferido pelo menos uma vez, mas tinham o maior "kill ratio" da guerra que em 1970 foi de 158 para 1. Dos 58 membros capturados, apenas um voltou vivo depois de fugir e mesmo assim por pensarem que estava quase morto e não fizeram muita guarda. A reação dos vietnamitas contra o MAC-SOG foi colocar pontos de escuta para detectar a infiltração de helicópteros e vigiar os poucos locais de pouso de helicópteros. Também passaram a rastrear as equipes, estudaram seu padrão de atuação como o movimento noturnos, fases da lua e iniciaram emboscadas contra as patrulhas do MAC-SOG. Espiões em Saigon passavam os planos das missões. Com o aumento das baixas, o tempo de cada missão passou de cinco para dois dias.

Operação Desert Storm

As Forças Especiais americanas forneceram seis equipes de reconhecimento (RT - Recon Team) para cobrir a fronteira com o Kuwait e a Arábia Saudita em 1991. Patrulhavam a noite junto com as FE da Arábia Saudita.

Pouco antes da invasão do Iraque, foram inseridas 12 equipes de LRRP das FE americanas atrás das linhas. Apenas duas não foram detectadas. Várias foram extraíram logo no início ou por estarem comprometidas, ou esperaram quando o dia clareou. O terreno plano e deserto e a população local levaram ao fracasso da maioria das patrulhas.

Uma das equipes foi destacada para fazer LRP na rodovia 7 apoiando o XVIII Corpo. Os Aliados sabiam que os carros de combate T-72 só eram usados pela Guarda Republicana e assim podiam saber que tipo de unidade estava operando na área de operação da unidade. A equipe seria posicionada próximo do rio Shatt al Gharraf observando a rodovia próxima a mais de 250 km da fronteira. Seria formado um posto de observação (PO) para observar o tráfego para o norte e outro para o sul a 5km da estrada. Reportariam para a base a cada 4-6 horas a não ser que seja um alvo importante como um lançador de mísseis Scud. Um canal de irrigação seria usado para movimentação. Eram quatro tropas em cada PO. Enquanto um observa com um periscópio especial o outro anotava os dados, enquanto os outros dois descansam. Cada um levava uma mochila pesando cerca de 80 kg incluindo 20 litros de água. A missão deveria durar 7 dias. Como a bota de selva que usavam deixava uma marca facilmente distinguível na areia do deserto, colocaram um plástico para tampar a sola.

A inserção foi no dia 23 de janeiro, um dia antes do início da ofensiva terrestre, apoiada por dois MH-60 Black Hawk operando no limite do alcance. As aeronaves voavam muito baixo e rápido e uma até atingiu uma duna de areia com a roda traseira. No local de inserção fizeram várias inserções falsas, pousando por 10 segundos em vários locais, as vezes voando alto para serem detectados pelo radar.

No planejamento de missão foram informados que os Árabes não gostavam de cães, mas quando os helicópteros partiram começaram a ouvir cães latindo ao redor ao longe. Logo perceberam que não consideraram os que moravam no campo. A equipe se moveu para uma posição defensiva a centenas de metros e começaram a acostumar os ouvidos com os sons ao redor. Começaram a cavar na posição e notaram que o solo de agricultura era mais duro que a areia o que não daria para acabar até amanhecer. Esconderam-se no canal até a noite e outra equipe achou um local com areia.

Pensaram que os agricultores seriam como os americanos que plantavam e vão dar uma olhada de vez em quando. Os iraquianos não tinham TV e nem vídeo-game para as crianças que brincavam fora com freqüência. Logo as crianças começaram a se aproximar até ver os quatro operadores em uma posição. Deixaram fugir e chamaram a exfiltração imediata. Mudaram de posição e não notaram ninguém vindo. Logo cancelaram a exfiltração com a intenção de achar outra posição a noite.

As crianças voltaram a noite com adultos e deixaram fugir novamente. Desta vez voltaram em 20 minutos e chamaram moradores de uma vila próxima. Logo apareceram caminhões na estrada. As equipes amontoaram tudo que não daria para levar de volta e colocaram explosivos C4 com detonador de tempo. Levaram apenas um rádio e chamaram apoio aéreo aproximado que levaria 20 minutos, mas o inimigo estava a 1 minuto e fechando o cerco.

Enquanto procuravam um bom local de defesa, os iraquianos começaram a atirar e eram os civis que atiravam bem pois eram caçadores. Os soldados iraquianos eram pouco treinados pois ficavam sempre de pé. Deviam ser tropas de retaguarda. A equipe tinha dois M-203 e começaram a disparar. Deram sorte pois uma ponte próxima foi atacada e os civis fugiram. Alguns membros eram treinados como sniper e começaram a atingir os iraquianos a distância. As tropas não ficaram nervosas atirando no automático. Miravam calmamente para acertar.

Já era dia e o flare não poderia chamar a atenção das aeronaves acima e não tinham granadas de fumaça para marcar a posição. Tentaram usar espelhos para mostrar a posição para os F-16 que voavam baixo. Mais iraquianos chegavam na rodovia e foram atacados incluindo por blindados. Uma bomba em cacho atacou um flanco matando tropas do tamanho de um pelotão e a equipe conseguiu segurar a posição até a noite. Voltaram a posição inicial para pegar roupas de frio. O resgate estava vindo, mas a experiência do Vietnã de um membro lembrou que o inimigo ficava preparado para isto. Procuraram uma posição onde os dois helicópteros do SOAR poderiam pousar protegidos. Conseguiram fugir sem sofrer ferimentos depois de 10 horas de combate.

Outras equipes de FE fizeram LRP para testar o solo para avaliar se suportaria a passagem dos carros de combate e levaram câmeras para filmar. Outras FE fariam reconhecimento dos flancos após a invasão. Treinaram durante um mês para a missão. Foram pelo menos seis times com o mais distante atuando a mais de 200 km da frente de combate. As equipes de 6-8 operadores eram divididas em duas e atuavam separadas em vários quilômetros.

O VII Corpo usou dois times e não foram detectados. Uma equipe pediu exfiltração de emergência devido a presença de iraquianos. O XVIII Corpo Aeromóvel fez três missões e todas tiveram problemas. Um abortou sob ataque ainda no helicóptero.

Caça aos Scuds

Quando os americanos perceberam que somente as baterias de mísseis Patriots não seriam suficientes para neutralizar a ameaça dos mísseis Scuds iraquianos, foi formada uma força conjunta de caça-bombardeiros e Forças Especiais (SAS e Delta) para localizar e destruir a ameaça. Cerca de 30% de toda capacidade aérea aliada foi desviada para as missões de busca e destruição dos Scuds e seus lançadores.

A missão era importante pois Israel podia reagir e os membros árabes da coalizão poderiam se virar contra os aliados. Os mísseis Scud eram impreciso e obsoleto, mas era usado como arma psicológica por Saddam. Se equipados com cabeça de guerra químicas e biológicas, os Scuds podiam ser uma grande ameaça mesmo sendo imprecisos.

O alcance dos Scud era de 280 a 600km dependendo da versão. Com estes dados foi delimitado as prováveis áreas de disparo chamadas de "scud box". A área de operação dos lançadores de mísseis Scuds foi dividida em três áreas. A primeira estava localiza ao sul da principal rodovia ligando Bagdá a Amã, capital da Jordânia, indo da base aérea H1 até próximo da fronteira saudita. Esta área ficou conhecida como Scud Alley e foi coberta pelos SAS. A segunda ficava ao norte da rodovia e ia até perto da fronteira com a Síria e era chamada de Scud Boulevard. Foi coberta pela Força Delta. Outra área ficava na rodovia Sahb Al Hiri.

As equipes foram equipadas com designadores de alvos a laser para iluminação de alvos para serem atacados por bombas guiadas a laser disparadas por aeronaves de ataque. As tropas localizariam e/ou atacariam os mísseis.
Enquanto as aeronaves voavam alto e cobriam uma área muito grande, não viam bem os alvos no solo. Já as equipes no solo viam bem, tinham boa persistência, mas cobriam uma área pequena. 

 

Um terço da FOpEsp foram designadas para caças os Scuds. Uma companhia de Rangers atuou como força de reação rápida e outras FOpEsp apoiaram as missões de salvamento de combate. O objetivo não era só destruir os mísseis, mas parar os disparos e podia ser com a destruição das instalações de apoio.


O SAS montou patrulhas de vigilância de estrada e colunas móveis de combate. Três patrulhas de oito homens do Esquadrão B atuariam por 10 dias atrás das linhas inimigas montando postos de observação para monitorar as principais rotas usadas pelos lançadores de Scuds. Eram infiltrados e exfiltrados por helicópteros Chinook da RAF.
Os beduínos espalhados na área tinham 50% de chances de denunciar se encontrassem as patrulhas. 


Quatro Colunas Móveis de Combate foram formadas, duas com pessoal do Esquadrão A e duas com o pessoal do Esquadrão D. Cada coluna tinha cerca de 30 homens e 12 veículos. Os veículos eram um caminhão Unimog e entre oito a dez Land Rover 110. Um caminhão de suporte Unimog levava a maioria das cargas como combustível, água, munição, equipamento de proteção QBR, peças sobressalentes e outros itens.

 

Os Land Rovers eram armados com metralhadoras 12,7mm, GPMGs, lançadores de granadas M,19 de 40 mm, lançadores de mísseis antitanque Milan, mísseis antiaéreos Stinger e LAWs. Cada um levava de três a quatro homens, além de suprimentos, equipamentos e duas motos.

 

As colunas se moviam a noite e descansavam durante o dia em posições seguras e camufladas. Os homens normalmente estavam armados com pistolas 9 mm, fuzis M-16, muitos com lançadores de granada M230, SLR, rifles L96A e submetralhadoras. As colunas treinaram antes de entrarem no Iraque no Emirados Árabes Unidos. Uma lição destas operações é que as patrulhas do deserto tinha que ser motorizadas.

A experiência das operações do SAS nas patrulhas móveis levou os Deltas a operar também motorizados. Os Deltas chamavam apoio aéreo ou atacavam os alvos diretamente. Um dia antes da rendição foram designados dois alvos. Os A-10 viram do alto que havia muito mais alvos destruindo 20 lançadores de mísseis no local.


Sempre que possível, os veículos seguiram as trilhas dos veículos da frente, para confundir o inimigo a respeito do número real dos veículos da coluna. Todo o tempo durante o qual a equipe não estava viajando era usado para descanso, manutenção e planejamento. Uma série de problemas inesperados foram enfrentados pelas colunas imediatamente após a sua partida. O primeiro deles foram as altas temperaturas de dia e o extremo frio durante a noite.


O SBS cobria o setor central do Iraque. Havia uma linha de fibra ótica na área e receberam a missão de cortá-la. Na incursão na noite de 22 de janeiro foram usados 36 tropas incluindo as FE americanas. Usaram dois helicópteros Chinook da RAF para infiltração. Levaram cerca de 200kg de explosivos e estavam muito bem armados. A área estava repleta de nômades e próximos as forças iraquianas. Os helicópteros mantiveram os motores ligados para extração rápida. A missão demorou 90 minutos para cavar até os cabos.


AS FE americanas realizaram 15 missões durante a Guerra. No máximo quatro equipes operavam atrás das linhas ao mesmo tempo. Os Rangers fizeram uma incursão contra um centro de comunicações próximo da fronteira com a Jordânia. Os helicópteros do SOAR também foram usados para caçar os Scuds e os vídeos gravados foram mostrados na TV.

Na primeira missão eram duas equipes de 8 operadores infiltrados com apoio de helicópteros AH-60 DAP e caças F-15E, F/A-18 e A-10. A operação ocorreu junto com os ataques aéreos. As equipes atuavam a noite e se escondiam de dia vetorando os ataques aéreos.

Em uma ocasião, uma equipe dos Deltas, em uma posição bem camuflada próximo da estrada viu vários beduínos passarem, pararem, olhar para a posição e sair correndo. Horas depois voltaram com tropas do exército iraquiano e tiveram que lutar até chegar a extração. Foram salvos graças ao apoio aéreo dos F-15E.

No dia 7 de fevereiro, uma patrulha dos Delta de 20 operadores fugia de unidades blindadas iraquianas quando o Controlador Aéreo que acompanhava o grupo conseguiu contatar uma dupla de F-15E. Os caças atacaram os iraquianos, destruindo em segundos todo o grupo blindado, além de outros veículos nas redondezas, incluindo o lançador de SCUD que havia sido reportado pela patrulha dos Delta.

Uma patrulha de seis homens foi descoberta quando um garoto iraquiano tropeçou em um dos membros, a equipe recusou-se a matar o menino e entrou em um combate de sete horas contra cerca de 250 soldados iraquianos. Após abater cerca de 150-250 inimigos, a patrulha foi evacuada por helicópteros no último minuto. Em duas ocasiões os F-15E tiveram que ajudar equipes detectadas. Um F-15E usou a luz de pouso para amedrontar uma coluna blindada. Outro usou uma bomba guiada a laser para destruir um helicóptero decolando.

Até o final da guerra, as FOpEsp tinham sido envolvidos na destruição de muitas instalações de comunicações e destruíram cerca de um terço dos lançadores de Scuds. Com o uso de muitos alvos falsos, não tinham tempo para distinguir e atacavam tudo devido a pressa. Tiveram sucesso e os disparos de Scud diminuíram de uma média de cinco disparos por dia no início do conflito para um disparo por dia no fim do conflito. Israel não retaliou e a coalizão manteve-se intacta.

Era esperado um grande número de baixas devido ao terreno perigoso, com temperaturas geladas, chuvas e granizo, além de inúmeros problemas de inteligência e de comunicações. Apenas quatro operadores foram perdidos sendo três membros da equipe SAS B20 e um motoqueiro de uma Coluna Móvel de Combate. Os oito membros da patrulha B20 foram responsáveis por cerca de 200 mortos no lado iraquiano enquanto era perseguida.

Os operadores do Sayeret MATKAL (Unidade 767), a principal unidade das FOpEsp israelense, foram enviados ao Iraque para coletar dados sobre a movimentação do exército iraquiano. No inicio era pouca a possibilidade de um ataque ao Iraque, mas logo começaram a caçar os lançadoees de mísseis Scuds. As tropas operavam em Land Rover e começaram a atacar os Scud com mísseis anti-carro. Usavam helicópteros CH-53 para infiltração e exfiltração. Não tinham apoio aéreo aproximado disponível, mas nenhum foi detectado ou atacado e não sofreram baixas.

LRP SF
Uma equipe de Forças Especiais americana em um PO no Afeganistão. 

Pelopes

No Exército Brasileiro e em outros paises é comum encontrar um pelotão de reconhecimento orgânico na unidade, aqui chamado de Pelopes (Pelotão de Operações Especiais), com pelo menos um pelotão por Batalhão e as vezes um por Companhia.
Na linguagem militar brasileira, "Scout" é o esclarecedor, elemento da infantaria incumbido de realizar o reconhecimento de combate.

A 101 Divisão Aeromóvel americana no Vietnã tinha um pelotão de reconhecimento e comando em cada batalhão. O pelotão tinha 20 tropas e era chamada de Aerorifle Platon (ARP). Inicialmente operavam com sete Jipes armados com metralhadoras M-60 e canhões de 105mm. O terreno era inadequado para uso de veículos e passaram a operar a pé realizando reconhecimento de curto alcance, emboscadas, avaliação de danos de batalha e segurança de aeronaves derrubadas. Chamavam a artilharia e forças de reação rápida se necessário. O pelotão atuava em patrulhas de reconhecimento de quatro tropas e só reportava contatos. Com mais tropas, as vezes nove, faziam emboscadas e chamavam a artilharia e apoio aéreo aproximado.

A missão primordial dos pelotões de reconhecimento é dar informações do campo de batalha e pode auxiliar no controle tático posicionando as Companhias e pelotões do batalhão. Fazem reconhecimento de zona, área, rota, cobertura, vigilância de áreas críticas, ligação e guiamento de forças de manobra. Diferem do reconhecimento de longo alcance por não atuar a longa distância usando método de infiltração especial. As LRRPs gastam pelo menos cinco dias com o planejamento. Menos que isso é reconhecimento convencional e correm o risco de serem detectados e não estarem preparados. No reconhecimento convencional é usado um grupo de combate mais bem armado.

O reconhecimento de área relacionasse com o terreno e atividade inimiga na área como uma ponte ou característica terrestre. Pode ser feito por um grupo de combate ou até todo o pelotão. O reconhecimento visual é dividido em longo e curto alcance. As ações durante a missão de reconhecimento, segundo a doutrina americana são: movimento e ocupação do ORP (Objective Rally Point), reconhecimento do líder, ações no objetivo, retirada e disseminação das informações.

O Objective Rally Point é onde se faz as últimas preparações, refazer a camuflagem, inspecionar as armas e retirar o equipamento ótico das mochilas. Pode ser um local para formar um cachê de armas e é para onde se retorna depois da missão. Deve ficar fora das vista e alcance das armas inimigas e deve ser adequado para ser defendido por um curto período.

As ações no objetivo incluem ver o alvo de vários locais e direções, se for necessário, movimentando-se vagarosamente ao redor. Elementos de segurança podem ser posicionados para o caso de apoio direto ou indireto no objetivo. A retirada e disseminação das informações é feita no ORP e o líder debrifa com as tropas para saber se as informações são suficientes e adequadas.




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